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NÓDULOS MAMÁRIOS · Introdução -> As mamas começam a se desenvolver na puberdade. Esse desenvolvimento é estimulado pelos estrogênios do ciclo sexual feminino mensal; os estrogênios estimulam o crescimento da parte glandular das mamas, além do depósito de gordura que dá massa às mamas. Além disso, ocorre crescimento bem mais intenso durante o estado de altos níveis de estrogênio da gravidez, e só então o tecido glandular fica inteiramente desenvolvido para a produção de leite. ->O tecido da mama varia de consistência de uma mulher para outra. Quando a mulher é mais jovem a mama é predominantemente densa, ou seja, rica em tecido fibroglandular. Entretanto, com o passar da idade, as mamas sofrem um processo de lipossubstituição (tecido fibroglandular é substituído por tecido gorduroso), se tornando cada vez mais ricas em tecido gorduroso e, portanto, menos densas. · Etiologias Comuns de Nódulo de Mama · A maioria dos nódulos nas mamas são benignos, ou seja, não significam câncer. Entretanto, é necessário realizar exames para diferenciar nódulos benignos de malignos. 1°) Alterações Fibrocísticas Definição: As alterações fibrocísticas são as causas mais frequentes de nódulos nas mamas e estão relacionadas com alterações hormonais. Essas alterações são mais frequentes nas mulheres entre a 2ª e a 5ª década de vida e são raras nas mulheres pós-menopausa que não fazem tratamento de reposição hormonal. Em geral, as alterações fibrocísticas evidenciam-se por massas mamárias nodulares, que são mais proeminentes e dolorosas durante a fase lútea – ou de predomínio da progesterona – do ciclo menstrual. Características do nódulo: (a) – Aparecem na semana anterior ao período menstrual e desaparecem uma semana após o fim do ciclo menstrual (b) – Dolorosos e duros (c) – Geralmente acometem apenas uma mama 2°) Cistos Simples Definição: Os cistos geralmente ocorrem em mulheres na pré-menopausa, acima dos 40 anos, e raramente viram câncer, de forma que não é necessário nenhum tratamento específico. Características do nódulo: (a) – Comumente acometem as duas mamas (são nódulos bilaterais) (b) – Podem mudar de tamanho durante o período menstrual (c) – Podem se tornar dolorosos quando a mulher ingere cafeína 3°) Fibroadenoma Definição: É o tipo de nódulo mais frequente em mulheres jovens, com idade entre 20 a 40 anos, ocorrendo por crescimento exagerado de glândulas produtoras de leite e do tecido mamário Características do nódulo: (a) – Forma arredondada (b) – Ligeiramente duros (c) – Podem se movimentar livremente pela mama (d) – Indolores (na maioria dos casos) 4°) Mastopatia Diabética Definição: Tipo raro e grave de mastite que aparece apenas em mulheres com diabetes insulinodependentes – caracterizada por inflamação na mama que causa dor, vermelhidão e aparecimento de um ou mais nódulos, podendo ser confundidos com câncer. 5°) Lipoma Definição: O lipoma resulta do acúmulo de tecido gorduroso na mama, podendo ser retirado através de cirurgia apenas por razões estéticas. Características do nódulo: (a) - Amolecidos (b) – Podem se mover pela mama (c) – Em alguns casos podem ser duros, podendo ser confundidos com câncer 6°) Infecções da Mama (Mastite) Definição: A mastite durante a gravidez e após o parto podem provocar a inflamação dos tecidos e ductos mamários, levando ao aparecimento de nódulos. Características do nódulo: (a) - Dolorosos (b) – A mama é acompanhada de sinais flogísticos (rubor, dor, edema) 7°) Câncer de mama Definição: Existe vários tipos de câncer de mama, entretanto os principais são o câncer ductal in situ (CDIS), câncer lobular in situ (CLIS) – este não é um câncer verdadeiramente, mas sim uma lesão pré-maligna, câncer ductal invasivo (ou câncer NTE) e câncer lobular invasivo. Dentre esses citados, o tipo de câncer mais comum é o câncer ductal invasivo (ou câncer NTE), o qual embarga vários subtipos, como câncer luminal A, câncer triplo positivo e câncer triplo negativo. Características do nódulo: (a) - Indolor (b) – Duro (c) – Forma irregular e diferente do tecido mamário ao redor (d) – Fixos ou móveis (geralmente fixos) (e) – Profundo Fatores de Risco para câncer de mama: (a) – Idade avançada (pico entre 75 a 80 anos) (b) – Sexo feminino (fator de risco mais importante) (c) – Etnia branca não hispânica (d) – Histórico pessoal ou familiar de primeiro grau de câncer de mama (e) – Consumo excessivo de álcool (f) – Excesso de peso após menopausa (principalmente obesidade central) (g) – Sedentarismo (h) – Exposição à radiação ionizante (i) – Menarca antes dos 12 anos (menarca precoce) (j) – Nuliparidade (nunca ter tido filho) (k) – Mamas muito densas (ricas em tecido fibroglandular) (l) – Primeira gravidez após os 30 anos (m) – Ter amamentado por pouco tempo ou não ter amamentado (n) – Menopausa tardia (menopausa após os 52 anos) (o) – Ter realizado terapia de reposição hormonal (estrogênio/progesterona) (p) – Alterações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2 (q) – Depressão Manifestações Clínicas do Câncer de Mama: (a) – Presença de nódulo na mama (geralmente é um nódulo indolor, duro, de formato irregular, podendo ser fixo ou móveis e geralmente profundos) (b) – Sinais flogísticos na mama (atentar para carcinoma inflamatório) (c) – Mamilo retraído (d) – Secreção mamilar (secreção láctea, sanguinolenta ou serosa) (e) – Mama com aspecto de casca de laranja (f) – Sinal da doença de Paget na mama · Anamnese I) Identificação Idade: Os tipos de nódulos mamários prevalentes nas mulheres mudam com a idade, enquanto em mulheres mais novas os nódulos são prevalentemente benignos, em mulheres idosas (principalmente entre 75 a 80 anos) há um aumento da prevalência de nódulos de câncer de mama. Sexo: os nódulos mamários são mais prevalentes em mulheres Etnia: o câncer de mama é mais prevalente em mulheres brancas II) QP: ->Deve-se atentar para o diagnóstico diferencial de nódulos benignos e nódulos malignos. III) HDA ->Pergunta-se: (a) – Tempo cronológico da doença (b) – Características do nódulo (se é apenas um nódulo ou se são vários; se é doloroso ou indolor, se é móvel ou fixo; se é de formato regular ou irregular; se é duro ou elástico) (c) – Se há alguma mudança na pele da mama, no mamilo ou na aréola (d) – Sintomas associados (e) – Fatores de melhora ou piora IV) Antecedentes Pessoais ->Pergunta-se: (a) – Se tem histórico de alguma doença crônica (b) – Se está utilizando algum medicamento (c) – Se já realizou algum procedimento cirúrgico nas mamas (d) – Idade da menarca Sexo Masculino Sexo Feminino Puberdade Precoce Aumento do volume testicular antes dos 9 anos Puberdade Precoce Qualquer sinal de maturação sexual antes dos 8 anos Puberdade Atrasada Persistência do estágio pré-puberal após os 16 anos Puberdade Atrasada Telarca e/ou pubarca em idades superiores a 13 e 14 anos ou Menarca após os 16 anos (e) – Idade da menopausa (caso a mulher esteja na pós-menopausa) (f) – Se possui filhos biológicos, com que idade teve eles e por quanto tempo amamentou (g) – Se já realizou terapia de reposição hormonal com estrogênio/progesterona (h) – Se há exposição constante a radiação ionizante V) Histórico familiar ->Pergunta-se: (a) – Se há histórico familiar de alguma doença de mama (b) – Se há histórico familiar de câncer de mama VI) Hábitos de Vida ->Pergunta-se: (a) – Se consome álcool e a frequência e quantidade (atentar para o álcool em excesso) (b) – Se pratica atividade física ou é sedentária OBS.: Atentar para obesidade em mulheres pós-menopausa. · Exame Físico das Mamas ->O exame de mamas tem a função de detectar a presença de nódulos ou outras alterações mamárias. 1°) Inspeção Inspeção Estática: ->Na inspeção estática da mama, o médico deve avaliar: (a) – Forma das mamas (b) – Simetria das mamas (c) – Volume das mamas (d) – Presença de abaulamentos ou retrações (e) – Presença de circulação colateral (f) – Malformações (g) – Presença de sinais flogísticos (eritema, rubor e edema) (h) – Presença de mamiloretraído e retrações de pele (i) – Presença de mama com aspecto de casca de laranja (j) – Observar se há doença de Paget Inspeção Dinâmica: ->Na inspeção dinâmica, o médico deve pedir para a paciente realizar alguns movimentos/manobras: ->Nessa primeira movimentação, o médico vai solicitar a paciente para que primeiro ela eleve os braços, de modo que o médico possa avaliar se há alguma alteração nas mamas da paciente. Após isso, o médico vai pedir para que a paciente bote os braços na cintura e vai, novamente, avaliar se há alguma alteração nas mamas. ->Manobra da mama pendente: A paciente vai se inclinar para frente, enquanto o examinador verifica frontalmente e lateralmente as mamas para ver se apareceu alguma alteração. ->Manobra da contratura peitoral: O médico vai solicitar para que a paciente bote as mãos na cintura e realiza força no músculo peitoral, de modo que o examinador deve verificar se surgiu alguma alteração na mama. 2°) Palpação das cadeias ganglionares ->Palpa-se as cadeias ganglionares cervicais, supraclaviculares, infraclaviculares e cadeias axilares, nesta ordem. ->Características dos linfonodos que devem ser verificados: (a) – Forma (b) – Tamanho (c) – Contorno (d) – Consistência (e) – Mobilidade (f) – Se é doloroso ou não ->Linfonodos indolores, endurecidos e imóveis são característicos de linfonodos com metástase. 3°) Palpação das mamas ->Utiliza-se a técnica de Velpeau, para palpar superficialmente (utilizando-se as mãos espalmadas em movimentos circulares para palpar as mamas) e a técnica de Bloodgood, para palpar profundamente (utilizando a ponta dos dedos para palpar as mamas) as mamas ->As mamas devem ser palpadas em um único sentido, começando do quadrante superior lateral e seguindo o sentido horário, do centro para a periferia da mama. ->No fim da palpação, ainda deve-se realizar a expressão papilar, em busca de secreções serosas, lácteas ou sanguinolentas. · Exames Complementares 1°) Mamografia (Padrão-Ouro) ->A mamografia é um exame de raio-x das mamas. Ela consiste em radiografar cada mama em uma sequência de incidências, de cima (craniocaudal), de lado (médio-lateral) e às vezes em ângulo (oblíquo), para visualizá-la completamente. ->O exame é realizado em um aparelho de raio-X especial, o mamógrafo. A partir da atenuação dos raio-X pelos diferentes constituintes das mamas, este dispositivo produz imagens em alta resolução. ->Imagens de mamografia permitem detectar alterações mamárias, como massas ou focos de microcalcificações, que podem sugerir a presença de lesão neoplásica. ->A densidade das mamas é o fator mais importante na sensibilidade da mamografia. Os tumores malignos são densos (imagens claras ao raio-X) e, portanto, em uma mamografia, podem não ser diferenciados se o tecido mamário normal também for denso (também claro). Essa situação é comum em mulheres jovens e, por isso, a mamografia não é indicada para essa população. O ultrassom de mamas tem ótima utilidade nesses casos. 2°) Ultrassonografia ->De forma geral, um ultrassom não é usado como a principal ferramenta de triagem para o câncer de mama. ->Apesar disso, ele tem grande utilidade quando indicado em complementação à mamografia, uma vez que fornece informações adicionais importantes para o diagnóstico de possíveis lesões. ->Outra grande utilidade do ultrassom de mamas é no esclarecimento diagnóstico entre lesões sólidas (maior risco de malignidade) e císticas (menor risco de malignidade). ->O tecido mamário denso é hiperecóico (imagem clara) ao ultrassom, enquanto a maioria dos cânceres de mama é hipoecóico (imagem escura). Portanto, o ultrassom das mamas pode ser capaz de diferenciar lesões neoplásicas em meio ao tecido mamário normal denso. INDICAÇÕES PARA O EXAME MAMOGRAFIA ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA (a) – Todas as mulheres entre 50 e 69 anos (a) – Mulheres com mamas densas (ex.: menores de 30 anos que nunca tiveram filhos) (b) – Necessidade de caracterizar uma lesão descoberta na mamografia como sólida ou cística (com líquido) (c) – Exame complementar de mamas de escolha durante a gravidez, já que não utiliza radiação OBS.: Interpretando os exames de mama: Sistema BI-RADS ->A interpretação dos exames de imagem das mamas é uma tarefa complexa devido à grande diversidade de achados que podem estar presentes. Para padronizar e uniformizar os laudos dos resultados de mamografias e ultrassons de mamas, o Colégio Americano de Radiologia (ACR) instituiu, no final dos anos 80, o sistema BI-RADS. Os achados nos exames de imagem das mamas são classificados em uma das sete categorias descritas na tabela a seguir, para os quais existem recomendações específicas de que conduta deve ser seguida. ->Critérios analisados no BI-RADS: (1) - Composição mamária: analisa a proporção entre tecido fibroglandular e gordura. Reflete a densidade mamária (muita gordura = pouco densa; muito tecido fibroglandular = muito densa). (2) - Massas: descreve presença de nódulos e suas características principais: forma, margens e densidade. (3) - Calcificações: descreve as características, forma e distribuição das calcificações nas mamas. (4) - Analisa a presença de assimetrias entre as mamas. (5) - Avalia presença de linfonodos, dilatação de ductos mamários, alterações de pele e localização das lesões. 3°) Biópsia Mamária ->A biópsia mamária é um procedimento médico realizado para obter uma amostra de tecido da mama para análise histopatológica. É uma técnica importante para diagnosticar várias condições mamárias, incluindo câncer de mama, e é frequentemente realizada quando há uma suspeita de anormalidades no tecido mamário. ->A biópsia mamária pode ser realizada por Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF) que permite análise citológica ou a biópsia por agulha grossa (BAG) que auxilia na análise histológica. Ambos os métodos complementam o exame físico e os exames de imagem na avaliação de uma massa mamária. A PAAF demora menor tempo para sua realização e tem um custo reduzido, no entanto, tem menor probabilidade de ter um diagnóstico específico costumando ter amostras insuficientes o que dificulta as vezes a diferenciação do tipo de lesão. Classificação de Nottingham: classificação histológica do câncer de mama: ->O Sistema de Classificação de Nottingham (SCN), também conhecido como Sistema de Gradação de Nottingham, é um método de classificação histopatológica usado para avaliar o grau de malignidade do câncer de mama. O SCN é amplamente utilizado por patologistas para avaliar amostras de tecido de câncer de mama obtidas por biópsia ou cirurgia. ->Ele se baseia em três critérios principais: grau de formação de glândulas, grau de atipia nuclear e mitose. Cada um desses critérios é avaliado individualmente e atribuído a uma pontuação de 1 a 3, sendo 1 para o grau mais baixo e 3 para o grau mais alto. A pontuação final é obtida somando-se os valores dos três critérios. ->O grau de formação de glândulas avalia o grau de diferenciação das células cancerígenas em relação às células normais da mama. O grau de atipia nuclear mede a variação e a aparência anormal dos núcleos das células cancerígenas. A contagem de mitoses avalia a taxa de divisão celular e o crescimento do tumor. ->Após a pontuação dos três critérios, o SCN classifica o câncer de mama em três graus: grau 1 (bem diferenciado), grau 2 (moderadamente diferenciado) e grau 3 (pouco diferenciado). Essa classificação ajuda a determinar o prognóstico da paciente e a planejar o tratamento adequado. · Rastreio para Câncer de Mama ->Segundo as recomendações do Ministério da Saúde do Brasil: (1) – A mamografia de rastreamento – exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada 2 anos. Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios. (2) - A mamografia permite identificar melhor as lesões mamárias em mulheres após a menopausa. Antes desse período, as mamas são mais densas e a sensibilidadeda mamografia é reduzida, gerando maior número de resultados falso-negativos (resultado negativo para câncer em pacientes com câncer) e também de falsos-positivos (resultado positivo para câncer em pacientes sem câncer), o que gera exposição desnecessária à radiação e a necessidade de realização de mais exames. (3) - O Ministério da Saúde não recomenda o rastreamento com mamografia em mulheres com menos de 50 anos (recomendação contrária forte: os possíveis danos claramente superam os possíveis benefícios). Por isso, também as principais diretrizes e programas de rastreamento do mundo não recomendam o rastreamento de mulheres abaixo desta idade. (4) - O rastreamento com mamografia, mesmo na faixa etária recomendada, implica em riscos que precisam ser conhecidos pelas mulheres. Além dos resultados falso-positivos e falso-negativos, o rastreamento pode identificar cânceres de comportamento indolente, que não ameaçariam a vida da mulher e que acabam sendo tratados (sobrediagnóstico e sobretratamento), expondo-a a riscos e danos associados. As mulheres devem ser orientadas sobre riscos e benefícios do rastreamento mamográfico para que possam, em conjunto com o médico, decidir sobre a realização dos exames de rotina e exercer sua autonomia. (5) - Atualmente não se recomenda o autoexame das mamas como técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do câncer de mama. Grandes estudos sobre o tema demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização – permanece sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano, sem periodicidade e técnica padronizadas como acontecia com o método de autoexame. (6) - A superação das barreiras para redução da mortalidade por câncer de mama no Brasil envolve não apenas o acesso à mamografia de rastreamento, mas controle de fatores de risco conhecidos e, sobretudo, a estruturação da rede assistencial para rápida e oportuna investigação diagnóstica e acesso ao tratamento de qualidade. VULVOVAGINITES · Introdução Definição de Menacme: A mecname é considerado o período entre a primeira e a última menstruação da mulher, ou seja, é o período fértil da mulher. Definição de Climatério: O climatério é definido como o período de vida da mulher compreendido entre o final do período reprodutivo até a senilidade (senectude), sendo considerado o período não reprodutivo, caracterizado por irregularidade no ciclo menstrual. Apresenta duração variável, mas em geral, ocorre entre 40 a 65 anos. Dentro do período de climatério ocorre a menopausa. Definição de Menopausa: A menopausa é definida como a data da última menstruação da mulher por falência ovariana, sendo reconhecido após 12 meses consecutivos de amenorreia. A menopausa ocorre em média aos 51 anos de idade, sendo considerada como menopausa precoce quando se estabelece antes dos 40 anos de idade e menopausa tardia após os 55 anos. Cor da Parede Vaginal: Durante a Menacme -> Cor rosa-pálido Durante a Gestação -> Cor vinhosa Durante a Pós-menopausa -> Cor rosa-pálido mais clara e parede vaginal mais delgada (“fina”) Secreção Vaginal Fisiológica (Normal): (a) – Consistência flocular, cor transparente ou branca, inodora (b) – Sofre influências hormonais, orgânicas e psíquicas (c) – Está intimamente relacionada com as concentrações de estrogênio Sexo Masculino Sexo Feminino Puberdade Precoce Aumento do volume testicular antes dos 9 anos Puberdade Precoce Qualquer sinal de maturação sexual antes dos 8 anos Puberdade Atrasada Persistência do estágio pré-puberal após os 16 anos Puberdade Atrasada Telarca e/ou pubarca em idades superiores a 13 e 14 anos, respectivamente ou Menarca após os 16 anos · Conceitos Iniciais sobre Vulvovaginites Definição de vulvovaginites: Vulvovaginites são infecções da vagina, do cérvix (colo do útero) e do trato genital inferior, podendo ser causadas por agentes biológicos, químicos e irritantes. Causas mais comuns de vulvovaginites: (a) – Candidíase vulvovaginal (CVV) (b) – Tricomoníase (c) – Vaginose bacteriana Medidas Gerais de prevenção para vulvovaginites e vulvovaginoses: (a) – Não usar roupas úmidas por muito tempo (b) – Evitar o uso de roupas com lycra (elastano) (c) – Dormir sem calcinha (deixar a vagina respirar) (d) – Medidas higiênicas gerais: (d.1) – Não fazer uso de ducha vaginal (d.2) – Lavar as calcinhas com sabão de coco ou Johnson neutro e expor ao sol (d.3) – Não fazer uso de absorventes diário (d.4) – Aparar os pelos pubianos – não depilar totalmente (d.5) – Usar sabonete apropriado para lavar a vagina e a vulva (d.6) – Lavar apenas com água a mucosa entre os lábios vaginais e o clítoris (o uso de sabão nessa região retira a proteção da flora vaginal) (d.7) – Limpar e secar a vulva de frente para trás (sentido vulva-ânus) Candidíase Vulvovaginal (CCV) Definição: A CVV se caracteriza pela infecção/infestação vaginal e vulvar por espécies de cândida. Vale ressaltar que a candidíase não é considerada uma IST. CVV não complicada: Se caracteriza por ser uma infecção esporádica, com intensidade leve a moderada, associada a C. albicans, surgindo em pacientes imunocompetentes. CVV complicada: Se caracteriza por ser uma infecção recorrente, com intensidade acentuada a grave, causada por espécies não albicans de candida, atingindo principalmente mulheres com comprometimento do sistema imunológico (diabetes descompensada, gestantes, imunodeprimidas etc) CVV Recorrente: Ocorrência de CVV não complicada ou complicada por mais de 4 vezes no período de 1 ano. Formas: 85-90% Candida albicans; 5-10% Candida glabrata; até 5% Candida tropicalis · Candida albicans: maioria dos episódios sintomáticos · Candida glabrata: menos sintomática, + resistente ao tratamento – corresponde a maioria dos casos crônicos e recorrentes da CVV Características da Candida: Fungo gram positivo, dimorfo, saprófita do TGI e genital, multiplicação por esporulação. Formas de contágio: (a) – Auto contágio (b) – Contato sexual (oral e genital) (c) – Contato direto com utensílios contaminados Fatores de risco para CVV: (a) – Uso de antibióticos (b) – Maiores níveis plasmáticos de estrogênios e usuárias de contraceptivos orais (c) – Grávidas (d) – Diabetes (e) – Paciente imunodeprimidos ou usuários de remédios que induzem imunossupressão (f) – Pequenos traumas na região vulvar (g) – Dieta alimentar muito ácida (h) – Tricotomia total (depilação total dos pelos púbicos) Manifestações Clínicas: (a) – Prurido vaginal (candidina) -O prurido vaginal se intensifica a noite e é exarcebada pelo calor (b) – Corrimento vaginal -Características do corrimento: I) Cor branca II) Aspecto de leite talhado III) Pequena/média quantidade IV) Espesso grumoso aderido as paredes ou aquoso V) Inodoro VI) pH < 4,5 (pH ácido) (c) – Irritação vaginal (eritema e edema vulvar) (d) – Ardor vulvar (e) – Dispaurenia (dor durante a relação sexual) (f) – Disúria (dor ao urinar) Diagnóstico: ->O diagnóstico, em geral, é clínico 1°) História Clínica -Atentar para os principais sintomas, aspecto do corrimento vaginal, formas de contágio e aos fatores de risco 2°) Exame físico (A) – Inspeção vulvar -O médico deve avaliar a vulva da mulher, observando as alterações típicas da candidíase, bem como o aspecto do corrimento vaginal. (B) – Exame especular (Colposcopia) -No exame especular é possível visualizar o colo do útero, que em geral nos casos de candidíase vai apresentar poucas ou nenhuma alteração, estando presente apenas o corrimento vaginal e, em alguns casos, um leve eritema. -Teste de Schiller (Teste de iodo): Durante o exame especular se realiza também o teste de iodo,que consiste em passar uma solução de iodo no colo do útero e na vagina da paciente. Normalmente, o colo do útero apresenta uma coloração uniforme após a aplicação do iodo. Entretanto, se houver alguma alteração nas células do colo do útero, como lesões pré-cancerosas ou cancerosas, essas células podem não absorver o iodo corretamente, resultando em áreas esbranquiçadas ou manchas na coloração. Nos casos de CVV o teste de iodo dá negativo. 3°) Exames Laboratoriais 3.1°) Cultura de Secreção Vaginal -Recolhe-se uma amostra de secreção vaginal durante o exame especular e com isso, realiza-se uma cultura. Dessa forma, pesquisa-se os microrganismos envolvidos no processo patológico 3.2°) Exame à fresco do conteúdo vaginal -Realiza-se o exame especular e se colhe a secreção vaginal, a qual será posta numa lâmina e “pingada” em cima dessa secreção uma solução de hidróxido de potássio (KOH), a qual vai auxiliar o examinador a definir o tipo de patologia que está presente. Após isso, o examinador deve analisar a lâmina no microscópio. Whifftest (Teste das aminas): O whifftest é feito a partir do contato da solução de hidróxido de potássio (KOH) com a secreção vaginal colhida durante o exame especular. Esse teste parte do princípio que o hidróxido de potássio vai causar a lise das células presentas na secreção vaginal, as quais ao liberarem as aminas putrescina e cadaverina, indicam a presença de vaginose bacteriana ou tricomoníase. Essas aminas são detectadas pelo examinador ao “cheirar” a lâmina após o contato da secreção vaginal com o KOH. Em casos de vaginose bacteriana ou tricomoníase, vai surgir um cheiro forte de peixe estragado. Caso não surja cheiro, a vaginose está praticamente descartada. -Achados para Candidíase: I) Teste de Schiller negativo (teste do iodo) II) pH < 4,5 (pH ácido) III) Teste das aminas negativo (Whifftest) IV) Presença de pseudohifas https://www.youtube.com/watch?v=mL6tMnL4dNg Tratamento: 1°) Orientar acerca das medidas gerais de prevenção 2°) Tratamento específico 2.1°) CVV Não complicada ->Marcada por dose única ou terapia curta. Os esquemas terapêuticos usados são: · Fluconazol 150mg em dose única + repetir 1 dose após 7 dias · Cetoconazol 400mg 1x/dia por 5 dias · Itraconazol 200mg a cada 12h por 1 dia 2.2°) CVV Complicada · Fluconazol 150mg a cada 72h, 3 doses + · Isoconazol creme a 1% Ou · Miconazol creme a 2% Ou · Clotrimazol creme 2.3°) CVV Recorrente · Indução: terapia azólica por 10 a 15 dias (tópica ou oral) · Regime supressivo: · Fluconazol 150mg 1x/semana por 6 meses · Itraconazol 400mg 1x/semana por 6 meses · Cetroconazol 100mg 1x/semana por 6 meses 2.4°) CVV em Gestantes · Nistatina por 14 dias · Clotrimazol 1% por 7 dias · Óvulo de violeta de Genciana – 2% · Alcalinação com NaHCO3 TRICOMONÍASE Definição: A tricomoníase é uma IST causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, o qual possui alto poder infectante e pode ser identificado em 30% a 40% dos parceiros masculinos de pacientes infectadas, embora a infecção nos homens seja autolimitada e transitória. Etiologia: Protozoário flagelado e anaeróbio facultativo (Trichomonas vaginalis) · Período de incubação: 4 a 29 dias · Não possui forma cística Transmissão: (a) – Relação sexual (b) – Transmissão não sexual – Objetos compartilhados OBS.: O homem é o vetor Manifestações Clínicas: (a) – Corrimento vaginal -Características do corrimento: I) Cor amarelado ou esverdeado II) Abundante III) Fino ou espesso IV) Espumoso (bolhas grandes) V) Odor fétido VI) pH > 5 (pH básico) (b) – Prurido vulvar (c) – Disúria (d) – Dispaurenia (dor durante relação sexual) (e) – Colpitis macularis ou Colo do útero com aspecto em framboesa ou morango (patognomônico – ocorre em 2% dos casos) Diagnóstico: 1°) História Clínica -Vale ressaltar que o diagnóstico não pode se basear apenas na história clínica, nos casos de suspeita de tricomoníase. 2°) Exame Físico 2.1°) Inspeção Vulvar 2.2°) Exame Especular (Colposcopia) -No exame especular é possível visualizar o colo do útero, podendo-se identificar o cérvix com aspecto em framboesa/morango e a presença do corrimento vaginal. -Teste de Schiller (Teste de iodo): Durante o exame especular se realiza também o teste de iodo, que consiste em passar uma solução de iodo no colo do útero e na vagina da paciente. Normalmente, o colo do útero apresenta uma coloração uniforme após a aplicação do iodo. Entretanto, se houver alguma alteração nas células do colo do útero, como lesões pré-cancerosas ou cancerosas, essas células podem não absorver o iodo corretamente, resultando em áreas esbranquiçadas ou manchas na coloração. Nos casos de tricomoníase o teste de iodo vai dar positivo, apresentando um aspecto tigróide. 3°) Cultura de Secreção Vaginal (Padrão-Ouro) -As amostras de secreção vaginal para cultura devem ser coletadas com swab e técnica específica durante o exame especular. -Esse exame auxilia na detecção de processos infecciosos vaginais, ao possibilitar a identificação dos microrganismos responsáveis pelo processo patológico, de modo a auxiliar no diagnóstico de vaginites e vaginoses. -Whifftest (Teste das aminas) 4°) Exame Citológico (Papanicolau) -Procedimento de triagem amplamente utilizado para detectar alterações nas células do colo do útero, que podem indicar a presença de lesões pré-cancerosas ou cancerígenas. O exame tem como objetivo principal a detecção precoce do câncer de colo do útero, permitindo um tratamento adequado e aumentando as chances de cura. -O procedimento envolve a coleta de células do colo do útero e da região vaginal. Essa coleta é realizada pelo profissional de saúde (geralmente um ginecologista) durante o exame ginecológico de rotina. Uma espátula e uma escova são usadas para coletar as células do colo do útero, que são então transferidas para uma lâmina de vidro ou um meio líquido especial para posterior análise. -As células coletadas são examinadas em laboratório por um citologista, que observa a presença de qualquer anormalidade, como células pré-cancerosas, células cancerígenas, infecções ou inflamações. -Achados para Tricomoníase: I) Teste de Schiller positivo com aspecto tigróide II) pH > 4,5 (pH básico) III) Teste de aminas positivo (Whifftest) IV) Presença do protozoário móvel com leucócitos abundantes Tratamento: 1°) Medidas Gerais (a) – Usar preservativos ou mesmo suspender as relações sexuais durante o tratamento (b) – Ferver as roupas íntimas e de cama para evitar reinfecção 2°) Tratamento específico 2.1°) Tratamento para os casos comuns · Metronidazol 2g, VO, dose única · Na grande maioria dos casos, devemos associar metronizadol tópico – 1 aplicação à noite durante 10/14 dias OBS.: O parceiro sexual deve ser tratado 2.2°) Tratamento para pacientes que não responderam ao tratamento para os casos comuns · Metronidazol, 500mg 2x/dia por 7 dias -> Em casos de falha nesse tratamento: · Metronidazol 500mg, 2x/dia por 7 dias Ou · Caso aja falha do tratamento acima, deve-se encaminhar para o especialista 2.3°) Tricomoníase em gestantes · 1° Trimestre: substância para acidificar o meio · Após o 2° trimestre: metronidazol tópico e metronidazol oral · Após o nascimento, se citologia positiva, usar metronidazol oral (suspender a amamentação por 24 a 48 horas) VAGINOSE BACTERIANA Definição: Consiste em uma síndrome clínica polimicrobiana que ocorre pelo crescimento anormal de bactérias anaeróbias, como Gardnerella vaginalis, Ureaplasma sp., Micoplasma sp. Esse crescimento advém da alteração da microbiota bacteriana vaginal, a qual leva a uma diminuição de lactobacilos e supercrescimento de bactérias anaeróbicas (disbiose). Manifestações Clínicas: ->50 a 70% das mulheres são assintomáticas ->Quando sintomáticas, os sinais e sintomas incluem: (a) – Corrimento vaginal (Leucorreia) -Características do corrimento: I) Odor fétido (de peixe estragado) II) Cor branco-acizentado III) Aspecto fluido ou cremoso IV) Espumoso (bolhaspequenas) V) pH > 4,5 (pH básico) VI) Odor piora após relação sexual e no período menstrual (b) – Prurido (c) – Irritação vulvar (d) – Dispareunia (pouco frequente) Diagnóstico: 1°) História Clínica 2°) Exame Físico 2.1°) Exame especular -Teste de Schiller: negativo -Não ocorre alteração a nível de colo e vagina (é uma vaginose e não uma vaginite) 3°) Critérios de Amsel 4°) Exame citológico Achados para Vaginose Bacteriana: I) Teste de Schiller negativo (teste do iodo) II) Teste de Whiff positivo (teste das aminas) III) pH > 4,5 (pH básico) IV) Microscopia vaginal evidenciando as Clue Cells V) Diminuição de lactobacilos e supercrescimento de bactérias anaeróbicas OBS.: Clue cells são células epiteliais do epitélio vaginal que se apresentam cobertas por bactérias aderidas, conferindo a elas uma aparência granular ou "pontilhada". Essas células são um achado característico da vaginose bacteriana, uma condição comum que ocorre devido a um desequilíbrio na flora vaginal (disbiose). Tratamento: 1°) Medidas Gerais 2°) Tratamento específico 2.1°) Tratamento usual · Metronidazol 500mg, 4 comp. Em dose única Ou · Metronidazol 500mg, 2x/dia por 7 dias Ou · Metronidazol 400mg, 3x/dia por 7 dias 2.2°) Tratamento para Casos Recorrentes · Metronidazol 500mg ou 400mg (12/12h ou 8/8h) por 10 a 14 dias 2.3°) Tratamento para Gestantes · Metronidazol após o 3° mês de gravidez; Clindamicina + Amoxicilina PAPANICOLAU · Introdução Definição do Exame Papanicolau: É um exame realizado para detectar alterações nas células do colo do útero, principalmente lesões pré-cancerígenas ou cancerígenas. Este exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal; colpocitologia oncótica cervical; ou exame citopatológico. Importância: Esse exame é a principal estratégia para detectar lesões pré-cancerígenas ou cancerígenas precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que a mulher tenha sintomas. EXAME PAPANICOLAU INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES (1) – Todas as mulheres, a partir dos 25 anos de idade que já tenham iniciado a vida sexual (1) – Mulheres sem história de atividade sexual prévia Rotina Recomendada: Iniciar a realização do exame anualmente e após 2 exames negativos consecutivos, deve-se ter um intervalo aumentado para cada 3 anos para a realização desse exame. OBS.: O principal agente causador do câncer de colo de útero é o papilomavírus humano (HPV). Fatores de risco para câncer de colo do útero: (a) – Sexo sem preservativos (b) – Início precoce da vida sexual (c) – Ter múltiplos parceiros sexuais (d) – Histórico de ISTs prévias (e) – Tabagismo (f) – Etilismo (g) – Grande ingesta de alimentos com conservantes e corantes (h) – Sistema imunológico fragilizado (i) – Presença de oncogenes E6 e E7 · Como realizar o Exame Materiais necessários: (a) - Lâmina com extremidade fosca (b) – Espátula de Ayre (c) – Escova endocervical (d) – Luvas descartáveis (e) – Spray fixador (g) - Pinça de Cheron com Gaze (h) – Frasco porta lâmina (i) – Espéculo Preparo do Exame: Orientações para a Paciente (a) – Não ter tido relação sexual nas 72 horas anteriores ao exame (b) – Não utilizar duchas de higiene íntima na vagina (c) – Não utilizar cremes ou lubrificantes vaginais (d) – Não estar menstruada (e) – Solicitar que a paciente esvazie a bexiga antes do exame (f) – Fornecer avental e local reservado para troca de roupa Passo-a-passo do exame: 1°) Deve-se auxiliar a paciente a se posicionar adequadamente na maca (posição de litotomia). Após isso, deve-se cobrir a paciente com um lençol, posicionar o foco de luz de forma adequada e sentar-se de frente para a vulva da paciente. 2°) O examinador deve realizar a inspeção da vulva feminina, buscando a presença de lesões, úlceras, eritemas, verrugas, dentre outras alterações ou sinais sugestivos de ISTs. 3°) O examinador deve por um par de luvas descartáveis 4°) Deve-se inserir o espéculo de maneira oblíquoa na vagina da paciente (importante o espéculo NÃO estar lubrificado, estando no máximo molhado com soro fisiológico). Uma vez o espéculo inserido, deve-se rotacioná-lo a posição de 90° e abri-lo, de modo a permitir a visualização do colo do útero 5°) Realiza-se a inspeção das paredes vaginais e do colo do útero, buscando alterações. Caso necessário, deve-se retirar o excesso de muco com a pinça de Cheron junto com a gaze, mas sem esfregar o colo do útero! 6°) Utiliza-se a espátula de Ayre para a coleta de material citológico. Encaixa-se sua ponta mais longa no orifício externo do colo do útero, girando-a em 360° (caso necessário pode se realizar mais uma rotação). Após isso, deposita-se o material da espátula de Ayre na lâmina com extremidade fosca 7°) Deve-se introduzir a escova endocervical no canal cervical, girando no sentindo horário em 360°. Após isso, deposita-se o material por meio de um movimento anti-horário com a escova na lâmina de extremidade fosca, na porção restante da lâmina. 8°) Utiliza-se o spray fixador na lâmina com as secreções e deposita-se a lâmina no frasco porta lâmina. 9°) Fecha-se e retira-se cuidadosamente o espéculo do canal vaginal da mulher. Doenças que podem ser detectadas no Exame Papanicolau: (a) – Clamídia (b) – Sífilis (c) – Gonorreia (d) – HPV (e) – Candidíase (f) – Tricomoníase (g) – Vaginose bacteriana (h) – Lesões pré-cancerígenas e lesões cancerígenas ALEITAMENTO MATERNO · Benefícios do Aleitamento Materno (a) – Nutrição e desenvolvimento do bebê (b) – Fortalecimento do sistema imunológico do bebê (c) – Proteção gastrintestinal (IgA) (d) – Benefícios psicológicos tanto para o bebê quanto para a mãe (e) – Melhora da relação entre a mãe e o bebê (f) – Redução do risco de desenvolver doenças crônicas no bebê (como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer antes dos 15 anos, sobrepeso/obesidade) · Contraindicações ao Aleitamento Materno · Nas seguintes situações o aleitamento materno não deve ser recomendado (contraindicações absolutas): (a) – Mães infectadas pelo HIV (b) – Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (c) – Mães usando medicamentos incompatíveis com a amamentação (antineoplásicos e radiofármacos) (d) – Crianças portadoras de Galactosemia · Nas seguintes situações, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação: (a) – Infecção herpéticas, quando há vesículas localizadas na pele da mama (a amamentação deve ser mantida na mama sadia) (b) – Varicela (se a mãe apresentar vesículas na pele 5 dias antes do parto ou até 2 dias após o parto, recomenda-se isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta) (c) – Doença de Chagas (na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente) · Nas seguintes condições maternas, o aleitamento NÃO deve ser contraindicado: (a) – Tuberculose (a mãe deve amamentar usando máscara) (b) – Hanseníase (a mãe deve iniciar tratamento e manter a amamentação) (c) – Hepatite B (a vacinação e a administração de imunoglobulina específica após o nascimento eliminam qualquer risco de transmissão via leite materno) (d) – Hepatite C (a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue materno favorece a transmissão da doença) (e) – Dengue (não há contraindicação à amamentação) (f) – Toxoplasmose OBS.: Vale lembrar que diversos medicamentos, nicotina, álcool e outras substâncias podem ser eliminadas no leite materno, de modo a prejudicar o bebê. · Recomendações quanto ao Aleitamento Materno (A) - Amamentação na 1° hora de vida: A atual recomendação em todo mundo é que a primeira mamada se dá na 1° hora de vida do bebê. O bebê deve ser estimulado a mamar o mais cedo possível, logo após o parto, se a mãe e o bebê estiverem em boas condições e se esse for o desejo da mãe. (B) – Pega Correta: I) O bebê deve pegar no mamilo e numa parte da aréola (deve haver mais aréola visível em cima da boca do bebê do que em baixo) II) O nariz deve estardesobstruído III) As bochechas devem estar arredondadas IV) Os lábios devem ficar virados para fora (boca de “boquinha de peixe”) V) O queixo do bebê deve tocar na mama VI) Não deve haver estalinhos durante a mamada e nem sentir dor VII) A barriga do bebê deve ficar junto com o corpo da mãe SINAIS INDICATIVOS DE TÉCNICA INADEQUADA DE AMAMENTAÇÃO (a) – Bochechas do bebê encovadas a cada sucção (b) – Ruídos da língua (c) – Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada (d) – Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama (e) – Dor durante a amamentação (f) – Bebê com dificuldade de ganhar peso e comprimento (g) – Bebê irritado ou, em casos mais graves, letárgico (indicativo de fome ou desidratação) COMPLICAÇÕES DA PEGA INCORRETA MÃE BEBÊ (a) – Fissuras mamárias ou outros tipos de feridas na mama (b) – Ingurgitamento mamário (c) – Mastite (d) – Ductos lactíferos bloqueados (e) – Dor nos mamilos (f) – Aumento do risco de abscesso mamário (g) – Frustração e desânimo da mãe (a) – Dificuldade de ganho de peso e de comprimento (b) – Desidratação (c) – Cólicas e desconforto abdominal (d) – Dificuldade no desenvolvimento adequado (neuropsicomotor) (c) – Alimentação sob demanda: Recomenda-se que o bebê seja amamentado sempre que mostrar sinais de fome, em vez de seguir um horário rígido de amamentação. Geralmente, as amamentações ocorrem a cada 2 a 3 horas. (d) – Duração da mamada: a duração das mamadas varia de acordo com cada bebê, a tendência é que as mamadas diminuam de tempo à medida que o bebê cresce. (e) – Esvaziamento das mamas: a mãe deve esvaziar totalmente uma mama antes de botar o bebê para sugar a outra mama, pois o leite anterior (o que vem primeiro) é mais rico em água e lactose, enquanto o leite posterior (o que vem no final da sucção total da mama) é o mais nutritivo e rico em gorduras. (f) – Aleitamento materno exclusivo e introdução alimentar: o bebê deve ficar sob o regime de aleitamento materno exclusivo (AME) durante os primeiros 6 meses de vida. Dos 6 meses até os 2 anos de idade, o aleitamento materno deve ser mantido, mas a família deve realizar a introdução alimentar, apresentando alimentos com consistência gradativa até chegar ao alimento que a família come. Dos 2 anos em diante, a criança deve se alimentar normalmente junto com a família.
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