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MÉTODOS DE INTERVENÇÃO ‘ Faculdade de Minas 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 1. INTERVENÇÕES VOLTADAS PARA O TEA ......................................... 4 1.1 O impacto do diagnóstico na família ...................................................... 5 1.2 Métodos de Intervenção ......................................................................... 9 1.3 PECS - Sistema de Comunicação por Troca de Figuras ..................... 16 1.4 ABA - Análise do comportamento aplicada ....................................... 21 1.5 O uso da ABA para ensinar crianças com autismo .............................. 23 1.6 Visão geral de um programa de ABA ................................................... 27 1.6.1 Currículo ........................................................................................ 27 1.6.2 Programas ..................................................................................... 28 1.6.3 Estímulos ....................................................................................... 29 2. TEACCH – TRATAMENTO E EDUCAÇÃO PARA AUTISTAS E CRIANÇAS COM DÉFICITS DE COMUNICAÇÃO .................................................. 30 2.1 Os objetivos do TEACCH ................................................................. 32 3.INTERVENÇÕES REALIZADAS PELO PSICOPEDAGOGO ..................... 34 4. REFERÊNCIAS .................................................................................... 37 ‘ Faculdade de Minas 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade. ‘ Faculdade de Minas 4 1. INTERVENÇÕES VOLTADAS PARA O TEA As intervenções voltadas para o Transtorno de Espectro Autista (TEA) com maiores respaldos científicos são aquelas baseadas na análise aplicada do comportamento, também conhecida por Applied Behavior Analysis (da sigla em inglês ABA - Wong et al., 2015), cujo principal objetivo é a modificação do comportamento por meio da aplicação dos princípios de aprendizagem (Cooper, Heward & William, 2013). Existem inúmeros programas de treinamento voltados para diferentes demandas e faixas etárias, que podem ser divididos em dois tipos de abordagem: modelos de tratamento abrangentes e práticas de intervenção focada (Wong et al., 2015). A primeira abordagem consiste em um conjunto de práticas cuja intenção é alcançar um amplo aprendizado ou desenvolver as habilidades nucleares relacionadas ao TEA. São exemplos de programas abrangentes o programa de intervenção precoce baseada no Modelo Denver e o método de TEACCH (Dawson et al., 2010, Mesibov, Shea & Schopler, 2005). Por outro lado, as práticas de intervenção focada, com o próprio nome indica, procuram intervir sobre um objetivo ou uma habilidade específica, trabalhando um alvo por vez. Wong e colaboradores (2015) realizaram uma revisão sistemática com o intuito de verificar quais modelos dessas práticas possuem evidências científicas que os respaldam. Esse é um estudo muito interessante cujos resultados mostram que o uso de técnicas específicas de manejo de contingências e modelagem, bem como intervenções mediadas por pares ou implementadas por pais (treinamento de pais), se mostra eficaz na modificação do comportamento de pessoas com TEA. Especialmente os programas de treinamento específicos, como o treino de tentativas ‘ Faculdade de Minas 5 discretas e treino de respostas pivô, demonstram ser práticas válidas e muito eficientes (Wong et al., 2015). Nesta apostila vamos discorrer a respeito do programa de intervenção precoce que tem como base o Modelo Denver e o método de TEACCH, exatamente por serem programas estruturados e abrangentes. Além disso, vamos apresentar o treino de tentativas discretas e o treino de respostas pivô por serem programas pautados pelo ABA, mas com propostas distintas. Por fim, mas não menos importante. As técnicas de ABA podem ser aplicadas pelos próprios pais ou cuidadores. O objetivo de aprofundar nas intervenções voltadas para a família é o papel fundamental que os pais têm sobre o desenvolvimento dos filhos. Porém, não vamos discutir apenas o impacto dos pais sobre os filhos, queremos também analisar o impacto dos filhos sobre os pais, especialmente o impacto do diagnóstico sobre a família. 1.1 O impacto do diagnóstico na família 0 que todo profissional que trabalha com pais de crianças com TEA precisa considerar é o impacto do diagnóstico na dinâmica familiar. O "peso" cultural de ter um familiar com um trans torno neuropsiquiátrico é muito grande, por isso é importante ter o máximo de conhecimento e de informações possíveis sobre a doença, já que a desinformação pode aumentar ainda mais o estigma que o indivíduo carrega. Um relato clínico muito comum das famílias é o longo processo diagnóstico. Muitas famílias chegam aos consultórios médicos ou psicológicos, por exemplo, já desgastadas de tanto pular de profissional em profissional. Isso acontece porque a posição de alguns profissionais é lutar contra o discurso do diagnóstico e como ele exclui o indivíduo. Entretanto, é necessário entender que as diferenças individuais existem, e a possibilidade de nomear essas diferenças individuais nos permite usar uma linguagem comum com respaldo de evidências científicas. ‘ Faculdade de Minas 6 A notícia do diagnóstico provoca uma reviravolta na família, que precisa manejar aspectos psicológicos, emocionais, financeiros e até logísticos na organização da rotina. Geralmente, o TEA não é compatível com as expectativas que os pais têm sobre os filhos e eles não sabem o que é preciso fazer para lidar com tal situação. Por isso, a primeira intervenção a ser realizada é a psicoeducação, que normalmente é feita junto com a notícia sobre o diagnóstico. A psicoeducação é uma intervenção psicossocial breve que propicia o entendimento do paciente e de sua família acerca do transtorno e de todo contexto biopsicossocial no qual a criança ou o adolescente está inserido. O uso dessa técnica com a notícia do diagnóstico previne que a família busque informações em fontes não confiáveis ou sem um embasamento científico. As crianças com TEA, principalmente aquelas com déficits mais globais, apresentam muita dificuldade na aprendizagem de determinadas habilidades, tornando o ensino de tarefas simples (como escovar os dentes, trocar de roupa, usar o banheiro) algo árduo para os pais. Em alguns casos um dos cônjuges pode até acusar o outro como culpado pela incapacidade de educar os filhos. Outro aspecto relevante na dinâmica familiar é o estabelecimento de regras.Os pais oscilam entre a rigorosidade e a permissividade, o que é contraindicado para crianças para crianças com TEA. Quanto melhor delimitadas as regras e os combinados, mais favorável é o ambiente para o desenvolvimento das crianças. Até a década de 2000, acreditava-se que as taxas de divórcio em famílias com crianças com autismo eram maiores, entretanto, em 2010, o professor Freedman do Kennedy Krieger Institute, em Baltimore nos EUA, divulgou dados que comprovaram que as taxas de separação de pais de crianças com TEA é semelhante a de pais de crianças com desenvolvimento típico (63% e 64 %, respectivamente) (Kennedy Krieger Institute, 2010). Esses dados aumentaram a discussão sobre os impactos dos diagnósticos na família, mas é importante pontuar que os resultados do professor Freedman são de uma pesquisa transversal, ou seja, os dados foram coletados apenas em um único momento. No mesmo ano de 2010, um estudo longitudinal e, ‘ Faculdade de Minas 7 portanto, mais robusto, observou que as taxas de divórcio são elevadas na primeira década de vida dos filhos e equivalentes entre pais que têm filhos com TEA e com desenvolvimento típico (Harley et al., 2010). Porém, com o passar dos anos, as taxas de divórcio diminuem para as famílias sem crianças com TEA e mantêm-se naquelas com filhos com esse transtorno do neurodesenvolvimento. Para os autores, os resultados são explicados no contexto de que a pressão inicial da parentalidade continua forte para os casais com filhos com TEA, enquanto que para outro grupo de pais, aqueles que conseguem resistir à pressão inicial, organizam as suas demandas familiares. Treinamentos de pais Nos casos de TEA é indispensável uma intervenção para a família e com a família. Em relação às intervenções para a família, citamos a psicoeducação, que para o transtorno em questão deve ser feita em um processo mais longo e cuidadoso, com o intuito de diminuir o estresse e aumentar o engajamento no processo terapêutico das crianças. Além disso, os profissionais podem, em situações que acharem pertinentes, sugerir que a mãe ou o pai (ou ambos) procurem uma ajuda mais individualizada (psicoterapia, terapia de família ou mesmo psiquiatras). A família também pode ser coterapeuta no processo de intervenção da criança e, por isso, apontamos intervenções com a família. Esse tipo de intervenção é conhecido como treinamento de pais (TP) e se mostra muito eficiente no tratamento do TEA. O TP auxilia na generalização de habilidades treinadas com o terapeuta, por parte das crianças, e promove o aumento de práticas parentais positivas e não coercitivas (Whalen & Schreibman, 2003; Pinheiro et al., 2006). As práticas parentais adequadas mostram-se importantíssimas no aumento da qualidade de vida da família à medida que diminuem o estresse e desenvolvem a capacidade de enfrentamento dos pais. O principal objetivo do TP é aprimorar as habilidades dos pais para lidar com os problemas de comportamentos dos filhos e desenvolver estratégias para treinar habilidades específicas da criança, aumentando o seu repertório comportamental. O ‘ Faculdade de Minas 8 TP é fundamentado no ABA, contudo algumas técnicas da terapia cognitivo- comportamental podem ser utilizadas, principalmente, para ajudar os pais no enfretamento de situações adversas. Pinheiro (2013) propôs diferentes formas de atuação do TP segundo os níveis de prevenção à saúde. São elas: primária, secundária e terciária. Na prevenção primária o objetivo é promover a saúde de independentemente da existência de transtornos ou doenças. Nesse caso, a função do TP é orientar os pais sobre os tipos de práticas parentais e prevenir o surgimento de problemas do comportamento decorrentes dessas práticas. Pode se ensinar aos pais, por exemplo, o impacto das interações coercitivas que, além de aumentar a agressividade da criança, diminuem os comportamentos pró-sociais. A ideia é preparar os pais para a paternidade e a maternidade. Nessa modalidade, a intervenção é breve e são ensinadas estratégias mais gerais para trabalhar com os filhos. Nos casos da presença de transtornos ou doenças, trabalham-se sobre a prevenção terciária e secundária, pois as demandas são mais específicas e difíceis de serem resolvidas sem o apoio de um profissional. Se o diagnóstico é realizado cedo, as intervenções são feitas precocemente (esse é o caso da prevenção secundária). Essa modalidade de TP tem como foco promoção e desenvolvimento de habilidades que estão relacionadas ao quadro diagnóstico, sendo a atuação preventiva. Já na prevenção terciária, o objetivo é trabalhar com os problemas de comportamento que já estão instalados, como isolamento social. Nesse nível, procura-se minimizar o impacto dos sintomas da criança e, consequentemente, aumentar o seu nível de funcionalidade e adaptatividade. Não existe protocolo fixo de TP. A abordagem vai depender das características da criança (seu nível de desenvolvimento e grau de prejuízo), dos comportamentos alvos a serem trabalhados e das características dos pais (práticas parentais, personalidade, grau de instrução, presença de transtornos neuropsiquiátricos e comprometimento com o processo). ‘ Faculdade de Minas 9 1.2 Métodos de Intervenção Dentre os métodos intervenções com autismos destacam-se três métodos o PECS, ABA e o TEACH. Segundo Tramujas (2010), a ABA (Apleid Behavior analysis – Análise do Comportamento aplicada), de acordo com o manual de treinamento ABA, é um termo advindo do campo científico do Behaviorismo, que tem como objetivo avaliar, analisar, observar e explicar a associação entre o ambiente e o comportamento humano e a aprendizagem. Esse método pode ser utilizado para ensinar crianças com autismo, sendo usado com base em instruções intensivas e estruturadas, podendo ser utilizado em crianças pequenas. Para Tramujas, os elementos que compõem o currículo de um programa de ABA são: a) Programa de Linguagem Receptiva • Aponta para objetos quando solicitado • Segue instruções de um passo • Aponta para partes do corpo b) Programa Habilidades de Imitação • Imita ações motoras amplas • Imita ações motoras finas • Imita ações com objetos c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais • Tira as roupas • Usa colher e garfo • Usa o toalete (2010, p. 35-36). ‘ Faculdade de Minas 10 O principal fundamento do método TEACCH é o ensino estruturado. As habilidades são ensinadas de forma sistemática, e a rotina da criança é bem estabelecida e organizada. A rotina estruturada é crucial para ajudar a criança a prever os acontecimentos, pois, como possuem uma dificuldade para processar as informações de forma global, elas podem não compreender a ordem dos fatos ou acontecimentos, o que aumenta o grau de ansiedade. Além disso, um outro objetivo da rotina estruturada é criar oportunidades para o bom desenvolvimento da criança. São estabelecidos horários para comer, dormir, brincar, entre outras atividades, que são adequados para a idade e o perfil de capacidade do indivíduo. Quando a rotina é livre, muitas vezes quem escolhe os horários e as atividades é a própria criança. Consequentemente, ela se envolve muito mais em situações que estimulam os problemas de comportamento, rigidez, estereotipias, entre outros (Mesibov et al., 2005). Mas será que estruturar a rotina não vai estimular uma maior rigidez na criança com TEA? Elas já gostam que as coisas aconteçam sempre da mesma forma, isso não vai piorar a dificuldade em lidar com mudanças? A resposta é não. O objetivo dessa estratégia não é tornar a criança ainda mais rígida e sim facilitar a sua compreensão sobre os eventos da vida diária e promover hábitos mais saudáveis. Inicialmente a rotina é fixa para criar os novos hábitos, mas gradualmente os pais podemfazer modificações para a criança aprender a lidar com mudanças (Mesibov et al. 2005). Para facilitar a compreensão da criança, a rotina deve ser organizada de forma visual, assim ela notará o encadeamento de eventos. A estruturação também precisa ser pensada sobre o ambiente físico. Na escola, por exemplo, é necessário analisar a disposição dos móveis, a quantidade de estímulos que se tem no ambiente e o volume do barulho dentro da sala de aula, pois é importante reduzir o nível de distração e ansiedade da criança no ambiente es colar (Mesibov et al., 2005). A regra básica do método TEACCH é usar estímulos discriminativos visuais como dicas para ajudar a criança a se organizar e a tomar ‘ Faculdade de Minas 11 decisões. Tanto os pais como os professores podem colocar símbolos em determinados lugares para indicar a sua função, como pôr o desenho de um prato na porta do armário que tem esse utensílio e etiquetas coloridas para discriminar determinados objetos, por exemplo, colocar uma etiqueta de cor específica no copo da criança e em sua toalha para que ela não confunda com a de outrem. Por causa dos problemas no processamento de informação mental, as crianças com TEA podem apresentar dificuldades para compreender o fluxo de atividades, ou seja, entender o que vem antes e o que vem depois e o que elas devem fazer durante a tarefa. Por isso, também é sugerido o uso de um sistema estruturado de atividades (Mesibov et al., 2005). Essa estratégia é especialmente útil nas intervenções no consultório. As atividades que serão feitas durante o entendimento são planejadas e explicitadas para a criança no início da sessão. Novamente isso deve ser feito utilizando o suporte visual, seja através da escrita, seja por meio de figuras, dependendo do grau de desenvolvimento da pessoa. É assinalado o objetivo da atividade, o tempo que será gasto, o que será feito e o que acontecerá depois de finalizar (Mesibov et al., 2005). Essa mesma estratégia pode ser usada para que a criança compreenda o fluxo das atividades cotidianas, como entender o processo do dever de casa, entender o que acontece quando ela for sair com os pais, entre outros. Quando a criança apresenta dificuldades em realizar atividades cotidianas, pode-se utilizar o método passo a passo, que parte do encadeamento comportamental. Aliada a essa técnica, as instruções são mostradas de forma visual e a sequência dos passos são mostradas de forma ilustrada ou escrita, como exemplificado no treinamento de habilidades específicas no tópico de treinamento de pais. A ABA A análise do comportamento aplicada (ABA) é uma abordagem com comprovação cientifica de sua efetividade que envolve a avaliação, o planejamento e a orientação do comportamento habilitado. Compreende o ensinamento intensivo e individualizado das habilidades fundamentais para que o sujeito alcance ‘ Faculdade de Minas 12 independência, sendo que as estratégias se apoiam na análise singular da história de cada um. Esse tipo de terapia ajuda a entender 3 perguntas básicas: ► Como o comportamento funciona? ► De que forma comportamento é afetado pelo meio em que a pessoa vive? ► Como ocorre o aprendizado? A partir desses questionamentos, o método ABA busca trabalhar o impacto da condição autista em situações reais. O objetivo é fazer os comportamentos desejáveis e úteis serem ampliados e diminuir aqueles que são prejudiciais ou que estão afetando negativamente o processo de aprendizagem. Sendo assim, identificar o que devemos ensinar a uma criança autista passa a ser fundamental, pois as mesmas não se ajustam as formas habituais de avaliação. Sendo assim pontuaremos os principais tipos de intervenção educacional como: ABA; PECS; TEACCH. Imagem: 1 ‘ Faculdade de Minas 13 De acordo com Mello (2001) ABA, Analise aplicada do comportamento, é um tratamento comportamental indutivo, tem por objetivo ensinar a criança habilidades, por etapas, que ela não possui. Cada habilidade é ensinada, em geral, em plano individual, de maneira associada a uma indicação ou instrução, levando a criança autista a trabalhar de forma positiva. De acordo com a autora citada acima (2001, p.21), “o método ABA recebe como critica a de supostamente robotizar as crianças, o que nos parece correto, já que a ideia é interferir precocemente o máximo possível, para promover o desenvolvimento da criança, de forma que ela pode ser maximamente independente o mais cedo possível.” A esse método junta -se o uso funcional de figuras de comunicação, conhecido como PECS. O método PECS, Sistema de comunicação através da troca de figuras, foi desenvolvido com o intuito de ajudar crianças e adultos autistas e com outros distúrbios de desenvolvimento a adquirir capacidade de comunicação. Método considerado simples e de baixo custo, e quando bem implantado apresenta resultados inquestionáveis na comunicação através de cartões em crianças que não falam, e na organização da linguagem verbal para as crianças que falam, mas que precisam organizar a linguagem. O TEACCH, tratamento e educação para crianças autistas e com distúrbios da comunicação, segundo Cornelsen (2007), trata-se de uma intervenção bastante utilizado em todo o mundo, utiliza uma avaliação chamada PEP-R (perfil psicoeducacional revisado) para avaliar a criança, caracterizado como um programa de aprendizado individualizado. Como afirmam Gomes e Silva: Neste método a programação individual de cada aluno é uma das ferramentas essenciais, pois possibilita o entendimento do que está ocorrendo, propicia confiança e segurança. As dificuldades de generalização indicam a necessidade de rotina clara e previsível. Indica visualmente ao estudante quais tarefas serão realizadas, além de instrumento de apoio para ensinar o que vem antes, o que acontece depois, proporcionando o ‘ Faculdade de Minas 14 planejamento de ações e seu encadeamento numa sequência de trabalhos. (GOMES E SILVA ,2007, p.3) Babtista e Bosa (2002) são incisivos ao afirmar que as formas como os autistas comunicam suas necessidades não é imediatamente compreendida, se adotarmos um sistema de comunicação convencional. Assim uma escuta atenta e sem preconceitos permite-nos entender o esforço que as crianças autistas desprendem para se fazer entender, lançam mão de ferramentas que as ajudam a serem compreendidas. Observa-se o interesse dos métodos educacionais em desenvolver a socialização e sobre tudo a linguagem em crianças autistas, sendo a linguagem uma habilidade social, a criança autista tornando-se mais sociável, pode, provavelmente, desenvolvem uma linguagem melhor, assim como se dá em crianças como desenvolvimento normal, a linguagem, também em crianças autistas, se daria através do intercambio verbal no contexto social. Todavia, afirma Lamônica (1992, p. 5) “por causa de sua desvantagem nas habilidades sociais, é necessário proporcionar períodos de interação nos quais devam ser envidados esforços especiais para favorecer a reciprocidade da criança autista, facilitando, assim, a comunicação social”. Assim o ensino da linguagem, aos autistas, deve ser desenvolvido em ambientes naturais da criança, pois o mesmo facilita uma rotina na qual eles respondem melhor aos estímulos. Nilsson (2004, p.52-53) diferencia o aprendizado de uma criança autista e a não autista em uma visão cognitiva. O autista apresenta um pensamento literal concreto, visual, fragmentado. Ocorre um tipo de estímulo sensorial por vez, enquanto que em uma criança não autista ocorre a coordenação de todas as modalidades sensoriais. “Pessoas com autismo pensam de sua própria maneira associativa, e isto torna difícil de manter uma conversação, mesmo quando eles têm a habilidade de usar a linguagem”. Assim os métodos educacionais citados acima, ABA, PECS, TEACCH,de cunho visual é de fundamental importância para a aprendizagem do autista, já que ‘ Faculdade de Minas 15 para o mesmo o pensamento é fragmentado, e pautado na previsibilidade. Usar o lado visual como dispositivo de substituição é oferecer à pessoa com autismo informação facilmente compreensível sobre o que ele fará em que ordem se dará o que vem depois de uma atividade ser terminada e onde as várias atividades deverão ocorrer. Levando sempre em consideração as diferenças entre os educandos e suas particularidades podendo estar sendo feito adaptações de acordo com a realidade diagnostica de cada criança e suas especificações. Neste sentido Nilsson defende que: [...] ao usar a ideia de um programa diário visual individual, é fazê-la conter somente atividades enfadonhas que os alunos já conhecem, sempre apresentadas na mesma ordem. Assim a ideia perde sua função para a pessoa envolvida. Temos de pensar no que poderia interessante para ele, de forma que os conteúdos do dia sejam um acordo entre as coisas que julgamos que ele precisa fazer e coisas que ele prefere fazer. (NILSSON ,2004, p. 57) Para a psicóloga Nunes (2004) o autista insere-se em um grupo de linguagem alternativa, pois poucos desenvolvem a linguagem verbal adequadamente, como notamos em nossos estudos. O objetivo da linguagem alternativa é proporcionar, para o autista, meios não só de expressão como também de compreensão da linguagem oral. Desta forma Amy (2001) afirma a importância de uma educação voltada para a percepção, na imitação e na motricidade, que são ferramentas indispensáveis a comunicação. Onde somente um método não é o bastante, mas sim a mistura entre eles, poder adaptar ao que é necessário no tempo certo e saber que assim poderemos estar contribuindo com o desenvolvimento da criança autista, objetivo maior para a socialização. No entanto há de ser prudente quanto aos resultados, que não são a nosso tempo como aponta a autora citada (2001, p.19), “esperança e decepção são partes permanentes de um trabalho cujos os resultados se medem ao microscópio, em que a noção de tempo se congela em um universo estático e fechado, e em que, dia após dia, o mesmo cerimonial se repete com seus rituais e suas estereotipias”. Portanto, ‘ Faculdade de Minas 16 as várias fontes de pesquisa sobre o autismo e suas peculiaridades, passam a ser inesgotável bem como inspiração para novas investigações que apontem melhores recursos e aplicações, para que se possa chegar ao objetivo maior de socialização. 1.3 PECS - Sistema de Comunicação por Troca de Figuras O PECS foi desenvolvido em 1985 por Andy Bondy, Ph.D. e Lori Frost, MS, CCC-SLP. O protocolo baseia-se na investigação e na prática dos princípios da ABA – sigla em inglês para Análise Comportamental Aplicada (VIEIRA, 2012). O PECS consiste em uma forma alternativa de comunicação por meio da troca de estímulos visuais por objetos ou atividades de interesse. O treinamento para uso do PECS tem como objetivo ensinar comportamento verbal não vocal, para que crianças com déficits na comunicação possam requisitar coisas, produzindo consequências também no seu ambiente social. ‘ Faculdade de Minas 17 Imagem: 2 Nos últimos dez anos a sigla PECS tornou-se bem conhecida. Embora muitas pessoas tenham ouvido falar de PECS, existem muitos mitos e ideias errôneas sobre o que é o PECS, tais como apresenta Vieira (2012): Mito 1: Se usarmos figuras de qualquer tipo estamos usando PECS. Muitas vezes, o uso de figuras para auxiliar na compreensão de instruções verbais ou como suportes visuais (por exemplo, em rotinas ou agenda) é rotulado como PECS. Reconhecemos que essas habilidades são importantes, porém isso não é PECS. Mito 2: Usando o PECS o desenvolvimento da fala será inibido. Em vez de dificultar o desenvolvimento da fala, o PECS irá promovê-la. Vieira (2012) expõe pesquisas onde afirmam que quando o PECS é implementado, a fala pode emergir em muitas pessoas. Elas primeiro aprendem “como” se comunicar, ou seja, quais são as regras básicas da comunicação e, em seguida, o uso da fala é promovido através de oportunidades (utilizando altos níveis de reforçadores), fornecendo condições ideais para o aparecimento e desenvolvimento de vocalizações. Mito 3: O PECS é apenas para pessoas que não falam. O PECS fornece um sistema de comunicação muito eficaz para pessoas que não falam e também ensina habilidades importantes para aquelas que falam. O PECS estimula o desenvolvimento da fala e ainda fornece as ferramentas necessárias para o aprendizado de habilidades de comunicação, iniciação e linguagem. Mito 4: O PECS é apenas para crianças mais novas. O PECS tem sido usado ao redor do mundo com pessoas entre 14 meses e 85 anos, apesar de o processo de aprendizagem poder variar para pessoas de idades diferentes e dificuldades de comunicação diversas. O PECS é um sistema de comunicação eficaz e funcional para todas as idades (VIEIRA, 2012). O treino com o PECS se dá via seis fases, que são: 1) Fazer pedidos através da troca de figuras pelos itens desejados; ‘ Faculdade de Minas 18 2) Ir até a tábua de comunicação, apanhar uma figura, ir a um adulto e entregá- la em sua mão; 3) Discriminar figuras; 4) Solicitar itens utilizando várias palavras em frases simples, fixadas na tábua de comunicação; 5) Responder à pergunta: O que você quer? 6) Emitir comentários espontâneos (BONDY; FROST, 2001). Com o PECS, o indivíduo adquire o comportamento verbal não vocal, isto é, aprende a se comunicar funcionalmente emitindo respostas através de consequências mediadas por outra pessoa e por meio de figuras, fazendo a troca de imagens pelos objetos de interesse ou por algum outro reforçador generalizado. (BONDY, 1994). O treino do PECS, inicialmente, ensina o indivíduo a pedir algo que lhe interessa: pode ser um objeto ou até mesmo uma situação (um intervalo, ir ao banheiro, ir para casa etc.). O sujeito aprende a dar uma figura para outra pessoa (representação de um objeto ou de uma situação), que por sua vez lhe entregará o que foi pedido. Indivíduos nessa fase do treino aprendem rapidamente novos comportamentos, pois são imediatamente reforçados pelas consequências de suas respostas (BONDY, 1994). ‘ Faculdade de Minas 19 Imagem: 3 A rápida aprendizagem das habilidades envolvidas no PECS ocorre devido ao contexto estruturado e concreto desse treino que facilita a compreensão da comunicação funcional pelos indivíduos com autismo. Muitos estudos, como o de SHABANI et al. (2002), mostram que quanto mais concreta, ou seja, com mais características físicas, estruturada e específica for o tipo de dica, melhor e mais rápido é o aprendizado de habilidades verbais de sujeitos autistas, se comparado com as dicas auditivas. Os autores do PECS, Bondy e Frost, afirmam que as outras formas de comunicação funcional existentes, como por exemplo a língua de sinais, não são tão eficientes com autistas como o PECS, pois exigem que o interlocutor tenha conhecimento prévio dos sinais utilizados. Já os estímulos visuais usados no ABA do PECS são facilmente reconhecidos por todas as pessoas, pois além de apresentarem uma foto da situação ou do objeto em questão, também apresentam os nomes destes logo abaixo da figura. Esse procedimento, como um todo, também tem se diferenciado dos demais treinos de comunicação alternativa por não exigir uma intervenção muito complexa, por não necessitar de equipamentos caros e porque pode ser realizado em diferentes ‘ Faculdade de Minas 20 ambientes (em casa, na escola, na clínica, etc.), pois o material utilizado é portátil (BONDY; FROST, 2001). Há uma grande variedade de fundamentos teóricos, como artigos científicos e estudo de casos, que pautamtodas as abordagens terapêuticas com autistas, partindo de pressupostos distintos. Os enfoques e estratégias podem ser diversos, porém os objetivos finais são os mesmos: melhorar as habilidades linguísticas, sociais e cognitivas (LOPES-HERRERA SA, 2004). O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para identificar, diagnosticar e tratar indivíduos com distúrbios da comunicação oral e escrita (MARCONDES, 2003). A intervenção precoce e continuada do fonoaudiólogo nos Distúrbios do Desenvolvimento é fundamental para que o quadro clínico apresentado pelos indivíduos portadores do Transtorno do Espectro do Autismo não apresente piora no que tange à sua comunicação geral e, em especial, para o desenvolvimento de sua linguagem receptiva e expressiva, oral, gestual e escrita, capacitando-o para compreender, realizar demandas e agir sobre o ambiente que o cerca (PIETROBON, 2010). A terapia fonoaudiológica é traçada de acordo com as dificuldades e habilidades dessas pessoas, sendo levada em conta a fase de desenvolvimento em que se apresentam. Estas dificuldades caracterizam as principais alterações linguísticas no autismo, influenciando também nos aspectos sociais, familiares, escolares e na qualidade de vida do autista, confirmando assim, a importância da atuação fonoaudiológica no trato dos pacientes com esse diagnóstico. ‘ Faculdade de Minas 21 1.4 ABA - Análise do comportamento aplicada Imagem: 4 Segundo Gadia (2006, p. 430) a ABA é “o foco de terapia comportamental é a conduta mais observada na criança, é o que nos permite compreender como o indivíduo aprende”. De acordo com o manual de treinamento da ABA traduzido em 2005 por Margarida Hofmann Windholz e colaboradores, Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis; abreviando: (ABA) é um termo advindo do campo científico do Behaviorismo, que observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem. Uma vez que um comportamento é analisado, um plano de ação pode ser implementado para modificar aquele comportamento. O Behaviorismo concentra-se na análise objetiva do comportamento observável e mensurável em oposição, por exemplo, à abordagem psicanalítica, que assume que muito do nosso comportamento deve-se a processos inconscientes. ‘ Faculdade de Minas 22 Ivan Pavlov, John B. Watson, Edward Thorndike e B.F. Skinner foram os pioneiros que pesquisaram e descobriram os princípios científicos do Behaviorismo. São considerados os “Pais do Behaviorismo”. O livro de B.F. Skinner, lançado em 1938, “The Behavior of Organisms” (O comportamento dos organismos), descrevia seu mais importante descoberta, o Condicionamento Operante, que é o que usamos atualmente para mudar ou modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem. Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um estímulo reforçador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele comportamento ocorra no futuro. Em português, isso significa que à medida que você vai levando a vida, vão lhe acontecendo coisas que vão aumentar ou diminuir a probabilidade de que você adote determinado comportamento no futuro. Por exemplo, se durante seu caminho para o trabalho você acena e sorri para o motorista do carro ao lado, e ele deixa que você atravesse na sua frente, você provavelmente vai tentar a mesma estratégia no dia seguinte. Seu comportamento de acenar e sorrir ficarão mais frequentes, porque foi reforçado pelo outro motorista! Todos nós aprendemos através de associações e nosso comportamento é “modificado” através das consequências. Tentamos coisas e elas funcionam; então as fazemos novamente. Tentamos coisas e elas não funcionam; então é menos provável que as façamos novamente. Nosso comportamento foi “modificado” pelo resultado ou consequência. Imagem: 5 ‘ Faculdade de Minas 23 Ao lado do Condicionamento Operante, Skinner pesquisou e descreveu os termos: SD (Estímulo Discriminativo = Discriminative Stimulus), Reforçador (Reinforcer), Controle de Estímulo (Stimulus Control), Extinção (Extinction), Esquemas de Reforçamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping). Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de comportamentos humanos. ABA é um termo “guarda-chuva”, descreve uma abordagem científica que pode ser usada para tratar muitas questões diferentes e cobrir muitos tipos diferentes de intervenções. Educação, especificamente Educação Especial para crianças com autismo, é uma das aplicações dessa ciência. 1.5 O uso da ABA para ensinar crianças com autismo Imagem: 6 ‘ Faculdade de Minas 24 Para ensinar crianças com autismo, ABA é usada como base para instruções intensivas e estruturadas em situação de um-para-um. Embora ABA seja um termo “guarda-chuva” que englobe muitas aplicações, as pessoas usam o termo “ABA” como abreviação, para referir-se apenas à metodologia de ensino para crianças com autismo. Um programa de ABA frequentemente começa em casa, quando a criança é muito pequena. A intervenção precoce é importante, mas esse tipo de técnica também pode beneficiar crianças maiores e adultos. A metodologia, técnicas e currículo do programa também podem ser aplicados na escola. A sessão de ABA normalmente é individual, em situação de um-para-um, e a maioria das intervenções precoces seguem uma agenda de ensino em período integral – algo entre 30 a 40 horas semanais. Imagem: 7 O programa é não aversivo – rejeita punições, concentrando-se na premiação do comportamento desejado. O currículo a ser efetivamente seguido depende de ‘ Faculdade de Minas 25 cada criança em particular, mas geralmente é amplo; cobrindo as habilidades acadêmicas, de linguagem, sociais, de cuidados pessoais, motoras e de brincar. O intenso envolvimento da família no programa é uma grande contribuição para o seu sucesso. Muitas técnicas têm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais eficiente e efetivo ainda. Essas “práticas melhoradas” serão incorporadas no Programa “Ajude- nos a aprender” (“Help Us Learn”). Há muitas escolas, organizações e indivíduos que usam ou oferecem consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito próprio de aplicá-las, mas todos usam os mesmos conceitos básicos (ou deveriam usar!). A ciência que apoia a intervenção – a Análise do Comportamento Aplicada – é a mesma; somente a maneira de aplicá-la varia! Pense em ABA fazendo uma analogia com tocar piano. Quando você aprende a tocar, pode tocar rock, música clássica, blues ou jingles. Os sons podem variar, mas todos eles usam a mesma metodologia básica e seguem convenções musicais aceitas por todos. A meta do ensino é, obviamente, que o aprendizado adquirido na sessão de um-para-um, seja generalizado para situações mais cotidianas, como as de casa e da escola. Um bom programa de ABA sempre inclui a generalização do aprendizado. À medida que a criança progride pode tornar-se mais capaz de “aprender incidentalmente”, o que significa simplesmente assimilar linguagem ou conceitos ou habilidades que não são ensinadas diretamente em sessões individuais. Neste ponto, ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de aula ou em uma brincadeira em grupo onde haverá contato com outras crianças. Um bom currículo de ABA deve ter algum equilíbrio entre as atividades – trabalho de mesa, brincar, motora ampla, motora fina, etc.; uma variedade de locações – sala de terapia, casa da família, quarto de dormir, carro, etc.; e uma variedade de professores ou terapeutas. Tudo isso ajudará que a generalização das habilidades fique mais fácil. ‘ Faculdade de Minas 26 Imagem: 8 O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching – DTT) éuma das metodologias de ensino usadas pela ABA. Tem um formato estruturado, comandado pelo professor, e caracteriza-se por dividir sequências complicadas de aprendizado em passos muito pequenos ou “discretos” (separados) ensinados um de cada vez durante uma série de “tentativas”, junto com o reforçamento positivo (prêmios) e o grau de “ajuda 2” que for necessário para que o objetivo seja alcançado. Pense em aprender a jogar futebol – você não começou colocando um uniforme do seu time e apresentando-se como centroavante. Provavelmente, começou aprendendo como chutar e controlar a bola com os pés. Então, depois que desenvolveu essas habilidades, começou a chutar a gol. Se foi sortudo, teve alguém – pai, mãe, um irmão mais velho – que lhe proporcionou muitas oportunidades para praticar (“tentativas!”), muito encorajamento (“reforçamento positivo!”) e que lhe ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse necessário (“dando ajudas!”). É importante notar que apesar do termo “DTT” ser frequentemente usado como sinônimo de “ABA”, ele não o é. A ABA é muito mais abrangente e inclui muitos tipos diferentes de intervenções, estratégias de ensino e manejo comportamental. DTT é um método dentro do campo da ABA. ‘ Faculdade de Minas 27 1.6 Visão geral de um programa de ABA Apresentamos aqui uma rápida visão geral dos elementos que compõem um programa de ABA 1.6.1 Currículo O currículo usado será dividido em uma série de categorias, ou “programas”, tais como habilidades de cuidados pessoais, habilidades sociais, habilidades de linguagem, habilidades acadêmicas etc., organizadas em níveis de dificuldade, de maneira que você comece com habilidades básicas, muito simples, e depois as use para desenvolver as mais complexas. Os programas que você seleciona para trabalhar formam seu currículo: a) Programa de Linguagem Receptiva • Aponta para objetos quando solicitado • Segue instruções de um passo • Aponta para partes do corpo b) Programa Habilidades de Imitação • Imita ações motoras amplas • Imita ações motoras finas • Imita ações com objetos c) Programa Habilidades de Cuidados Pessoais • Tira as roupas • Usa colher e garfo ‘ Faculdade de Minas 28 • Usa a toalete 1.6.2 Programas Uma vez selecionados, os programas serão estabelecidos de maneira que todos saibam quais instruções dar, como apresentar os materiais que podem ser usados e qual resposta é aceitável. Há uma terminologia que geralmente é usada para ajudar nisso: a) Estímulo / SD • Conhecido e chamado de “SD” ou “Estímulo Discriminativo”. • A instrução inicial, a exigência, ou comando a ser dado. • Também conhecido como o antecedente. • Especifica a fala e/ou a apresentação dos materiais. b) Tentativa • A sequência completa de apresentar um SD, obter uma resposta (usando quantas dicas/ajudas forem necessárias) e o reforçar da resposta. • Unidade básica de um programa individual, que é praticada durante a sessão. c) Resposta • A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitável(is). d) Reforçador • “Estímulo reforçador” abreviado para “SR+” • Também conhecido como reforçamento ou consequência. • A consequência que segue imediatamente a resposta da criança. e) Ajudas/ Dicas ‘ Faculdade de Minas 29 • Estímulos ou dicas suplementares dadas pelo professor. • Usadas antes ou durante a execução do comportamento. 1.6.3 Estímulos Uma lista de palavras ou ações, uma coleção de materiais, itens, etc. que estão sendo usados para determinado programa (por exemplo: figuras de animais, lista de palavras para praticar, conjunto de blocos de montar, cartões de pistas). a) Aula • O tempo de atividade gasto trabalhando com a criança no seu programa. • Também chamada “sessão” por pessoas que preferem usar linguagem terapêutica. b) Domínio • Os critérios que determinam quando a criança aprendeu a habilidade e está pronta para seguir em frente • A maioria das pessoas está adotando o critério de “fluência” (100% correto e rápido) das pesquisas de Comportamento Verbal. • Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional “80%, ou melhor, em três sessões sucessivas de dez tentativas cada”. c) Dados • Registrar simplesmente como a criança age em cada tentativa. A resposta de uma criança a cada SD pode ser: - correta (indicada por um „+‟ou um „V‟) - incorreta (indicada por „-„ ou um “x”) - sem resposta (indicada por um NR /SR) - Aproximação muito próxima (indicada por um „A‟ ou você pode encontrar „S‟, para Aproximação Sucessiva) ‘ Faculdade de Minas 30 • Anotar dados e monitorar o progresso é uma parte vital da ABA. Se você não tiver uma visão clara e acurada de como a criança está, você pode correr o risco de frustrar e aborrecer a criança e você não vai saber quando está na hora de mudar para um novo programa. d) Método • Descreve qualquer apresentação especial de material, lugar ou estrutura usada. 2. TEACCH – TRATAMENTO E EDUCAÇÃO PARA AUTISTAS E CRIANÇAS COM DÉFICITS DE COMUNICAÇÃO Em 1972 a Assembleia da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, aprovou a legislação que criava a Divisão para o tratamento e educação de crianças autistas e portadoras de problemas de comunicação correlatos dentro do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Estados Unidos. Este programa que recebeu o nome de TEACCH foi inicialmente um programa estadual de serviços para crianças autistas e com problemas de comunicação correlatos e seus familiares visando também o esclarecimento da comunidade local para a compreensão de pessoas com este tipo de problemas. A origem do TEACCH remonta ao início da década de 60 quando foi montado um grupo no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill para atender crianças portadoras de autismo, ou psicose infantil como era mais comum na época. Este grupo atuava a partir da de uma visão psicanalítica, oferecendo liberdade total às crianças e terapia aos pais destas para tentar modificar ‘ Faculdade de Minas 31 sua relação com os filhos, que segundo eles seria a causadora de seus distúrbios. Esta era a visão que se tinha de autismo na época, acreditando-se que a criança autista, devido a problemas causados pelos pais, embora tivesse toda sua capacidade intacta, se recusava executar qualquer tarefa sendo por isso classificada como “intestável” Em 1967, Alpern comprovou através de suas investigações científicas, não só que as crianças eram testáveis, mas também que à medida que se baixava o nível de dificuldade dos testes aplicados diminuía o negativismo da criança e seus problemas de comportamento. Quando Eric Schopler se juntou ao grupo, descontente com os resultados obtidos, solicitou verba federal ao Instituto Nacional de Saúde Mental para poder testar as suas ideias. Schopler acreditava na base neurológica do autismo. Não encontrou através de seus estudos nenhuma diferença substancial entre os pais de crianças autistas e os demais pais (Schopler e Reichler, 1972), portanto propõe uma abordagem diferente que consistia basicamente em uma proposta individualizada de ensino contando com os pais como co-terapeutas. Schopler também demonstrou que ambientes estruturados eram mais positivos na adaptação destas crianças (Schopler, Bhehm, Kinsbourne e Reichler, 1971). Na medida em que a ciência foi avançando e mais estudos foram sendo realizados, as teorias que culpavam os pais foram caindo, a educação foi assumindo um papel cada vez mais importante no tratamento do autismo e os pais, além de coterapeutas, foram também ocupando um papel político importante na luta pelos direitos de seus filhos. O programa TEACCH, nos Estados Unidos, temrecebido reconhecimento nacional e internacional e é visto por um grande número de pessoas como um modelo de serviços, treinamento e pesquisa de excelência. Em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associação Americana de Psiquiatria “pelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre distúrbios de desenvolvimento e implementação de sua efetiva aplicação clínica”. ‘ Faculdade de Minas 32 Imagem: 9 A publicação do Instituto Nacional de Saúde Mental, Families Today, em sua edição para a Conferência Nacional da Casa Branca em 1980 sobre a família, descreveu o TEACCH como o programa de abrangência estadual para crianças autistas, mais efetivo dos Estados Unidos. A divisão de patologias da infância da Associação Americana de Psicologia reconheceu o TEACCH como programa modelo nacional em serviços dirigidos a crianças e seus familiares. O TEACCH tem sido agraciado com um grande número de premiações tanto para os serviços de atendimento quanto aos de treinamento. 2.1 Os objetivos do TEACCH O objetivo máximo do TEACCH é apoiar o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudá-lo a conseguir chegar à idade adulta com o máximo de autonomia possível. Isto inclui ajudá-lo a compreender o mundo que o cerca através da aquisição de habilidades de comunicação que lhe permitam relacionar-se com outras pessoas, oferecendo-lhes, até onde for possível, condições de escolher de acordo com suas próprias necessidades. ‘ Faculdade de Minas 33 A meta fundamental é o desenvolvimento da comunicação e da independência e o meio principal para isto é a educação. A avaliação é a ferramenta para a seleção de estratégias, que deverão ser estabelecidas individualmente. O TEACCH desenvolveu o PEP – Perfil Psicoeducacional em 1976 por Schopler e Reichler, com a finalidade de avaliar habilidades e déficits de crianças portadoras de autismo, assim como seu nível de desenvolvimento em 9 diferentes áreas funcionais e comportamentos incomuns em 4 áreas de patologia. O TEACCH ao contrário de métodos comportamentais não ataca os problemas de comportamento diretamente, mas tenta analisar e eliminar as suas 50 causas, procurando indicar visualmente ao estudante quais tarefas serão realizadas, é o instrumento de apoio para ensinar o que vem antes, o que acontece depois, proporcionando o planejamento de ações e seu encadeamento numa sequência de trabalhos. Este pode ser apresentado com diversas formas, por exemplo: ► Com objetos ► Com figuras (desenhos ou fotos) ► Figuras e descrições ► Por Escrito Imagem: 10 ‘ Faculdade de Minas 34 Resumidamente o TEACCH ajuda nas tarefas que devem desenvolver a capacidade para realizar atividades de forma independente, estabelecer relação causa-efeito, noção de sequência (início / meio / fim). São individuais e devem informar ao estudante: ► Qual é a atividade ► O quanto deve trabalhar (quantas vezes, quanto tempo) ► Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a tarefa ► O que vem depois São ensinados primeiramente nas sessões individuais e após apresentar domínio na realização passará a fazê-los de forma sistemática e independente 3.INTERVENÇÕES REALIZADAS PELO PSICOPEDAGOGO Os psicopedagogos conseguem perceber durante o processo avaliativo quais serão as intervenções necessárias para auxiliar na superação das dificuldades percebidas. Gamba e Trento (2009, p. 2) corroboram com essa ideia ao indicarem que, para que o trabalho em uma clínica de psicopedagogia seja realizado com sucesso: O psicopedagogo precisa estar atento às inúmeras possibilidades e intervenção, levando em conta as dificuldades apresentadas pelos clientes que buscam sua ajuda, bem como a própria disponibilidade frente a novos aprendizados demonstrados por este. ‘ Faculdade de Minas 35 O diagnóstico e as intervenções para superar as dificuldades de aprendizagem fazem com que vários profissionais que atuam em suas áreas específicas contribuam no processo; temos em maior evidência a área da educação e da saúde. Cabe ao psicopedagogo avaliar, criar estratégias, estimular as potencialidades e superar as dificuldades, considerando o desenvolvimento dos alunos numa prática de superação, com encaminhamentos indicados para cada processo avaliativo. Dessa forma, vamos buscar a aprendizagem para todos os alunos, especialmente com um maior investimento na orientação de professores, para garantir melhorias no desempenho pedagógico, com estratégias educativas focadas, para que a aprendizagem se realize com qualidade. Muitas vezes, é necessário investir em recursos para a busca da qualidade, quando se sente a necessidade de adaptação nas atividades, novos encaminhamentos pedagógicos, e ainda a formação continuada para os profissionais, com vistas a sanar as dificuldades de aprendizagem. Parceria do psicopedagogo com as outras áreas de trabalho Quando nos referimos a um trabalho de parceria, temos que considerar que todos os profissionais são importantes, e que cada um tem a sua função. A função de educadores, fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos, neurologistas, psiquiatras, é contribuir sempre, pela ampliação do conhecimento teórico, investigando práticas escolares referentes às crianças em situação de não aprendizagem escolar, o que possibilita a criação de ambientes de aprendizagem mais favoráveis para a apropriação dos alunos no mundo simbólico das letras e dos números. Assim, compreendemos um pouco melhor que as dificuldades de aprendizagem existem, e que podemos evitar a exclusão e a não aprendizagem. A escola é um espaço de construção dentro da perspectiva sócio-histórica, como afirma Vygotsky (1995). Se organizada corretamente, a educação permitirá à criança desenvolver-se intelectualmente, viabilizando toa uma série de processos de ‘ Faculdade de Minas 36 desenvolvimento que seriam impossíveis de outro modo. A educação revela-se, portanto, um aspecto internamente necessário e universal do processo de desenvolvimento da criança, considerando as características históricas do homem, e não suas características naturais. O trabalho, quando desenvolvido com uma equipe multidisciplinar, é sempre uma mais valia no que se refere à intervenção de forma direta. Nesse âmbito, podemos e devemos contar com o apoio de vários profissionais. Ao obter o apoio dos profissionais, temos a consciência de que a superação das dificuldades do aluno está sendo garantida pelo profissional responsável, com orientação das unidades escolares que ocorrem de forma direta. Sugestão de Livro Intervenção em Autismo Autor: Miguel Antonio Higueira Cancino e José Flávia Kaufmann 1ª Edição. Ano: 2018, 1ª Edição. Editora: Wak ‘ Faculdade de Minas 37 4. REFERÊNCIAS AMY, Marie Dominique. Enfrentando o autismo: a criança autista seus pais e a relação terapêutica. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2001. 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