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1 INTRODUÇÃO A hemorragia digestiva é causa frequente de hospitalização, sendo que 75% das hemorragias terão origem no trato digestivo alto. É considerada uma causa de emergência, levando em consideração que sua mortalidade é de 15 a 20%. LOCALIZAÇÃO A hemorragia digestiva alta – HDA é aquela localizada do esôfago até o ângulo de Treitz em duodeno. • Esôfago • Estômago • Duodeno • Pequena porção do intestino delgado Já a hemorragia digestiva baixa – HDB é localizada da válvula ileocecal até o ânus. • Delgado • Cólon • Reto • Ânus ETIOLOGIA DA HDA As úlceras correspondem a maior parte dos casos de HDA e juntamente com a gastrite erosiva, são responsáveis por 60-70% dos casos de HDA. As úlceras duodenais são um pouco mais frequentes que as úlceras gástricas. Outras etiologias são: • Varizes esofágicas • Síndrome de Mallory-Weiss • Esofagite • Duodenite erosiva • Outras SUBDIVISÕES DA HDA Serão divididas em não varicosa e em varicosa. 1. NÃO VARICOSA INCIDÊNCIA Predominante em idosos • 68% dos pacientes terá acima de 60 anos • 27% dos pacientes terá acima de 80 anos 70-80% dos casos cessa espontaneamente sem conduta endoscópica ou cirúrgica. A predominância é em idoso pois as úlceras tem predomínio nessa idade, devido as comorbidades e a polifarmácia. Apesar das inovações terapêuticas, a mortalidade segue há mesma dos últimos 30 anos. ETIOLOGIA DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA – DUP: 40-50% dos casos. Fatores de risco: • Infecção por H. Pylori • AINES • Acidez gástrica AINEs inibem as prostaglandinas e reduzem a produção de muco e bicarbonato, além de redução do fluxo sanguíneo. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA 2 → Uso de AINES vai ser mais prevalente nas úlceras gástricas → O H. Pylori vai estar mais presente nos casos de úlceras duodenais Em casos de úlcera gástrica, a biópsia é feita obrigatoriamente, já se a úlcera for duodenal, a biópsia não é obrigatória pela alta incidência de H. Pylori nesses casos. A biópsia gástrica é obrigatória pois o principal diagnóstico diferencial é com a neoplasia. Apesar de não biopsiar na úlcera duodenal, a busca por H. Pylori deve ser feita, pelo teste da urease, por exemplo. Complicações: • Sangramento - principal • Perfuração • Obstrução Tratamento: → IBP 6-8 semanas. Se tiver H. Pylori, trata H. Pylori e faz o IBP. Patogenia da úlcera: • Úlceras sangram do vaso em sua base. • Ocorre erosão pelo processo ácido. • Quanto maior a artéria acometida, maior será o sangramento e maior a necessidade de tratamento cirúrgico. • A erosão pelo processo ácido deve chegar no vaso sanguíneo para que ocorra o sangramento. Causas de úlceras pépticas: • Infecciosa – H. Pylori • Medicamentosa – AINE • Malignas – neoplasia gástrica, duodenal • Estados hipersecretores – síndrome de Zollinger-Ellison • Idiopáticas – úlceras de estresse SÍNDROME DE MALLORY-WEISS : Ocorre laceração da mucosa na junção esofagogástrica. • Aumento da pressão intra-esofágica. • Alcoolistas e gestantes é mais comum, devido aos vômitos recorrentes. • Cessa espontaneamente em 90% dos casos. • Terapia endoscópica é feita em alguns casos. Outros tratam apenas com IBP. • Ter cuidado com a síndrome de Boerhaave → ruptura espontânea do estômago. • Quadro de hematêmese. ANGIODISPLASIA : Má formação nos vasos sanguíneos. Pacientes portadores de patologias crônicas como hepatopatas, renais crônicos e doenças hematológicas. • Mais comum de ocorrer no cólon, principalmente o direito. • Causa rara de HD aguda • Sangramento discreto O tratamento é feito pela coagulação dos vasos ou pela ligadura ou injetada adrenalina. NEOPLASIA MALIGNA: • Representa menos de 3% dos casos. • Causa um sangramento grave. • Clinicamente o paciente vai apresentar um síndrome consumptiva (perda involuntária de >10% do peso). • Alta morbimortalidade → poucas opções de terapia endoscópica. Pó hemostático – pouco disponível e resolução por pouco tempo. • Indicação cirúrgica? Se indicação. Hematêmese em sangue vivo ou borra de café + melena. LESÃO DE DIEULAFOY : • Artéria aberrante que penetra a parede gástrica • Não se associa a úlcera • Sangramentos recorrentes • Fraqueza, tontura e síncope • Causa rara • Diagnóstico difícil • O tratamento pode ser feito com adrenalina, clips para junção das paredes. ESOFAGITE EROSIVA: 6,3-15% dos episódios de HDA. • 2ª maior causa de HDA • Clinicamente o paciente irá apresentar pirose, regurgitação e disfagia. • Tratamento – IBP • Principalmente grau C ou D 3 DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO CLÍNICO • Anamnese o Presença de HDA • Hematêmese o Vômitos com sague vermelho o Borra de café • Melena o Fezes enegrecidas com odor fétido e degradação do sangue • Enterorragia o Evacuação com sangue não digerido • Informações adicionais o Número de episódios de sangramento o Uso de medicações o Doença hepática de base o Presença de epigastralgia e pirose o Tumores abdominais • Escore Glasgow-Blatchford • Realizado na admissão • Mais utilizado • Usa parâmetros clínicos e laboratoriais • Prediz o risco de óbito e necessidade de intervenção • Evita uma abordagem agressiva → endoscópica/cirúrgica • Se menor que 2 → EDA eletiva • >=10 → intervenção – transfusão, EDA Avalia ureia, hemoglobina, pulso, pressão e apresentações clínicas, como melena, síncope, doença hepática e insuficiência cardíaca. ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA É o padrão-ouro no diagnóstico. • Tem acurácia de 94% • Realizar preferencialmente de 12-24hrs após o evento • Promove o diagnóstico e o tratamento • Realizar somente após ressuscitação hemodinâmica • Não há necessidade em < 12h TRATAMENTO Ressuscitação volêmica. • Proteção de vias aéreas → intubação orotraqueal. o Sangramento maciço o Rebaixamento do nível de consciência o Agitação psicomotora IOT profilática NÃO é recomendado. • Monitorização de PA, FC, saturação • Oxigenioterapia • Dieta zero • Estabilização hemodinâmica o Infusão de cristaloides – SF ou RL o Ativo: PA 90-100mmHg e FC <100 • Lavagem com SNG – não se recomenda mais. • Exames laboratoriais – hemograma, eletrólitos, tipagem sanguínea, função renal. • Transfusão sanguínea o Manter Hb entre 7-9 mg/dL o Coronariopata manter em 10 mg/dL • Transfusão de plaquetas se contagem abaixo de 50 mil com sangramento ativo • AAS como profilaxia secundária sem necessidade de suspensão • Dupla antiagregação- AAS não deve ser interrompido e IBP como coterapia • Antitrombóticos devem ser reiniciados após a estabilização, preferir <7d. discutir com cardio. TRATAMENTO DA ÚLCERA IBP Estabilização do coágulo e hemorragia → diminui a raxa de ressangramento IBP – • 80mg em bolus EV 4 • 8mg/h por 72h em BIC • Alternativa: IPB VO 12/12h ou bolus EV 12/12h. TRATAMENTO H. PYLORI Erradicação → reduz ressangramento Pesquisa realizada no exame índice preferencialmente (se úlcera) TERAPIA ENDOSCÓPICA Reduz sangramento, cirurgia e mortalidade Deve ser realizada nas primeiras 12-24h TERAPIA QUÍMICA, MECÂNICA OU TÉRMICA Adrenalina, clip, ligadura, eletrocoagulação. CLASSIFICAÇÃO DE FORREST Essa classificação dita a necessidade ou não da terapia endoscópica a partir da maneira com que a úlcera se apresenta. • IA, IB e IIA é obrigatório. • IIB depende do que está embaixo do coágulo. • IIC e III não faz nada. TRATAMENTO CIRÚRGICO OU ANGIOGRAFIA COM EMBOLIZAÇÃO Indicado no tratamento endoscópico ineficaz e em pacientes com necessidade de transfusão >6U concentrado de hemácias. 2. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA INCIDÊNCIA 50-90% dos casos de sangramento. Risco de ressangramento em 48-72h → 70% dos casos nas primeiras 6 semanas. Fatores de risco pararessangramento: • > 60 anos • Varizes de grosso calibre • Sangramento inicial grave • Insuficiência renal PATOGENIA Uma pressão elevada decorrente de um aumento na resistência intra-hepática leva ao fluxo sanguíneo portal alterado. O paciente desenvolve as varizes esofágicas pela resistência causada pelo aumento da pressão porta hepática. ETIOLOGIA Cirrose hepática Esquistossomose hepatoesplênica Doença crônica parenquimatosa do fígado: • Hepatites virais • Álcool • NASH Outros: • Trombose • Alterações de via biliar CLASSIFICAÇÃO DAS VARIZES ESOFÁGICAS Variz de pequeno calibre → até 3mm Variz de médio calibre → 3-5mm Variz de grosso calibre → > 5mm Isso ajuda no risco de sangramento do paciente. CLASSIFICAÇÃO DAS VARIZES GÁSTRICAS DIAGNÓSTICO Quadro clínico mais relevante • Instabilidade hemodinâmica • Morbimortalidade • Presença de estigmas de hepatopatia crônica TRATAMENTO Ressuscitação volêmica 5 Proteção de vias aéreas → IOT. Sangramento maciço → rebaixamento no nível de consciência. • Monitorização – PA, FC, saturação • Oxigenioterapia • Dieta zero • Estabilização hemodinâmica o Infusão de cristaloides o Manter PA 90-100mmHg e FC <100 • Exames laboratoriais • Transfusão sanguínea para manter Hb entre 7-8 e 10 em coronariopatas. • Transfusão de plaquetas se <50mil e com sangramento ativo • Suspender anticoagulantes e antiagregantes plaquetários – discutir com o cardio. FÁRMACOS • Diminuem o fluxo sanguíneo portal • Reduzem a mortalidade e diminuem a necessidade de hemotransfusão • Manter por 3-5 dias • Somatostatina → vasoconstricção esplâncnica e reduz fluxo portal. • Octreoride: análogo de longa duração da somatostatina • Terlipressina: análogo da vasopressina – vasoconstrictor. DEPOIS DE ESTABILIZADO Cirrótico→ • Antibióticos profilaxia • Reduz mortalidade e risco de ressangramento • Por até 7 dias o Ceftriaxona EV 1x/dia o Ciprofloxacino 500mg vo 12/12h o Norfloxacino 400mg VO 12/12h • Alto risco de infecção → encefalopatia/ bilirrubina>3,0g/dL/ desnutrição/ ascite. Profilaxia para encefalopatia hepática → Lactulose 25ml 12/12h para 2-3 evacuações pastosas/dia. Terapia endoscópica → • Realizar em até 12h • Hemostasia inicia/ reduz taxa de ressangramento o Ligadura elástica – escolha o Escleroterapia o Adesivo tecidual Terapia de salvação → Balão de sengs-taken – Blakemore • Ponte para tratamento definitivo – eficiente em 80% • Hematêmese volumosa • Tempo de uso ideal de 6-12h e máximo de 24h • Risco de ruptura esofágica Falha do tratamento → TIPS • HDAV não controlada • Alta taxa de sucesso • Complicação: encefalopatia, abcesso hepático e estenose do TIPS. Cirurgia • Anastomose porto-cava • Descompressão portal seletiva • Mortalidade de até 50% • Função hepática preservada Prevenção de ressangramento varicoso → Profilaxia secundária • Terapia de primeira linha • BB – propranolol + ligadura elástica TIPS na falha da primeira linha de tratamento
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