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Marcella Carvalho HÉRNIAS INGUINAIS E FEMORAIS ➔ Anatomia parede abdominal: • cordão espermático: - Ramo genital do nervo genitofemoral; - Plexo pampiniforme (massa principal do cordão espermático); - Artéria testicular; - Ducto deferente; - Fibras musculares cremáster; ➔ O que é? São defeitos na parede abdominal na região inguinal ou femoral que permitem a saída do peritônio com conteúdo abdominal, geralmente omento e eventualmente íleo terminal, ceco, apêndice e sigmoide; ➔ Formam abaulamentos e protrusões recidivantes ou permanentes, visíveis Marcella Carvalho ao exame da região inguinal ou femoral; ➔ Causam desconforto e tendem a aumentar progressivamente de volume quando não tratadas; ➔ Começam de forma lenta e geralmente reduzem-se espontaneamente ou por compressao externa; ➔ O que é Hérnia encarcerada? quando o anel herniário se dilata e o saco herniário aumenta progressivamente, formam-se aderências entre conteúdo herniado e a parede inguinal, o que torna a hérnia permanente, irredutível e encarcerada, ou seja, não sofre redução espontaneamente ou quando pressionada; ➔ O que é Hérnia estrangulada? Ela é causada pelo encarceramento agudo através de um anel herniário estreito, que dificulta retorno do conteúdo herniado. O estrangulamento provoca obstrução intestinal e pode evoluir para isquemia, necrose e gangrena do conteúdo herniado; ➔ O tratamento das hérnias inguinais estranguladas é sempre uma emergência cirúrgica, enquanto para hérnias encarceradas, a necessidade de se realizar a cirurgia depende da existência ou não de um quadro de obstrução intestinal; ➔ Hérnia direta: a protrusão do saco herniário começa em um ponto vulnerável da fáscia transversal, no assoalho do triangulo inguinal (triangulo de Hasselbach) e medialmente aos vasos epigástricos inferiores (VEI); ▫ Representam 40-60% dos casos em adultos, sendo 90% o sexo masculino (idosos e debilitados); ▫ Raras em crianças e mulheres; ▫ Estrangulamento mais raro; ▫ Defeito adquirido na fáscia transversal; ▫ Fora do cordão espermático; → Obs.: forma-se diretamente em um ponto da parede abdominal enfraquecida, que se rompe e permite penetração de um segmento do intestino na bolsa escrotal. ➔ Hérnia indireta: protrusão ocorre pelo anel inguinal profundo, lateralmente aos VEI e progride através do cordão espermático entre as fibras de cremáster; ▫ Mais comum em crianças, jovens e mulheres; ▫ No homem, tende a ser mais volumosa que a direta; ▫ Além de alças intestinais, o saco herniário pode conter partes do cólon, bexiga ou divertículo de Meckel (hérnia de Littré); ▫ Estrangulamento mais comum que na direta; ▫ Persistência do conduto peritônio vaginal; ▫ Dentro do cordão espermático; Marcella Carvalho → Obs.: se forma pela passagem da alça intestinal para interior da bolsa que envolve o testículo através de um ponto frágil, o anel herniário. ➔ Hernia mista: existe o componente direto, através do defeito do assoalho inguinal, associado ao componente indireto, através do anel inguinal profundo alargado. Pode decorrer da evolução de uma hérnia indireta volumosa que leva à destruição do assoalho da região inguinal; ➔ Hérnias inguino-escrotais na criança: é indireta em 99% dos casos. Decorre da falha do processo de obliteração normal do conduto peritônio vaginal (túnica vaginal), antes do nascimento ou nos primeiros meses de vida. ▫ Na hérnia essa comunicação remanescente é ampla e permite passagem de alças intestinais, formando o saco herniário; ▫ Se a abertura for suficiente apenas para passagem de líquido peritoneal, forma-se uma hidrocele; ▫ O encarceramento de alças intestinais no saco herniário é a complicação mais frequente; ➔ Principais fatores de risco hérnia inguinal nos adultos: ✓ Sexo masculino (10:1); ✓ Desnutrição; ✓ Doenças debilitantes; ✓ Idade avançada; ✓ Tosse crônica; ✓ Ascite; ✓ Gravidez; ✓ Trauma local; ✓ Constipação; ✓ Tumores abdominais/pélvicos; ✓ Cirurgias abdominais anteriores; ✓ Levantamento de peso/trabalho pesado; ✓ Etc. ➔ Principais fatores de risco hérnia inguinal em crianças: ✓ Prematuridade; ✓ Sexo masculino; ✓ História familiar; ✓ Criptorquidia; ✓ Hipospadia/epispádia; ✓ Onfalocele/gastrosquise; ✓ Ascite; ✓ Hidropsia; ✓ Diálise peritoneal; ✓ Fibrose cística; ✓ Sindrome de Marfan e outras; ✓ Etc. ➔ Hérnias femorais: protrusão do peritônio e conteúdo herniado ocorre pelo canal femoral em direção a base da coxa entre ligamento lacunar (medial), veia femoral (lateral) trato ileopúbico/ligamento de Thompson (anterior) e ligamento pectíneo/ligamento de Cooper (posterior); ▫ 4-5% das hérnias do adulto; Marcella Carvalho ▫ Diagnóstico mais difícil; ▫ Predominam em mulheres (80%); ▫ Encarceramento é mais comum (25%); ➔ Quando suspeitar? o Hernias inguinais são notadas como um abaulamento intermitente ou recorrente da região inguinal, que desaparece como pressão sobre o local ou em decúbito e reaparece com manobras que aumente a pressão intra- abdominal, como valsava/tosse/sopro; ▪ A maioria é assintomática ou provoca desconforto relacionado ao volume e sensação de peso no local. Alguns queixam de dor com irradiação para face ântero-medial da coxa e para escroto. Pode haver parestesia; o Hérnias inguinoescrotais mais volumosas o diagnóstico é simples à inspeção visual, já hérnias menores exigem mais cuidado ao exame para serem detectadas; o Em todo paciente com quadro de obstrução intestinal com cólicas abdominais, vômitos, distensão abdominal e parada da eliminação de gases e fezes, deve ser considerada possibilidade de hérnia encarcerada; o Hérnia femoral pode ser assintomática por longo tempo, sobretudo em idosos; ▪ Paciente pode se queixar de abaulamento intermitente e sensibilidade ou dor na coxa próximo à virilha; ▪ Primeira manifestação pode ser de encarceramento, com tumefação muito dolorosa, e ser irredutível na região inguinal; o Quando a hérnia não é reduzida precocemente, ocorre quadro de obstrução intestinal, vômitos, dor intensa, distensão abdominal e parada de eliminação de gases e fezes; o Encarceramento persistente leva a edema e isquemia por estrangulamento intestinal, seguido de necrose intestinal e, em alguns casos, isquemia gonadal; ➔ Exame físico: realizar inspeção e palpação do abdômen e toda parede abdominal; examinar região inguinal e escroto procurando tumefações e abaulamentos redutíveis, nódulos, pontos dolorosos à compressao e dilatações venosas; ´ ▫ Manobra de valsava, soprar dorso da mão, tosse, contrair abdômen; ▫ No homem, a protrusão do saco herniário pode ser percebida pela introdução do dedo indicador do examinador no anel inguinal externo, através da invaginação do hemiescroto, enquanto paciente tosse/contrai abdômen; ▫ Quando o anel é largo, é possível aprofundar dedo e tocar o triangulo inguinal/Hasselbach alargado e frouxo na hérnia direta; o Hernia femoral ou crural deve-se procurar abaulamento arredondado e logo abaixo do ligamento inguinal, com paciente deitado e perna abduzida, pendente na beira da mesa. Palpa-se a artéria femoral e procura-se abaulamento medial a ela; ➔ Como confirmar? Diagnostico é clinico. Quando houver duvidas no exame clínico, a melhor conduta é aocmpanhamneto clínico e observação cuidadosa; ▫ USG: confirma/afasta diagnostico, diferencia hernia direta de indireta e femoral, encarcerada de estrangulada e Marcella Carvalho monitora sucesso da redução manual. Útil em obesos, hernias menores/recidivas; ➔ Hernia inguinal direta vs indireta em adultos: o Hérnias inguinoescrotais volumosas,de abaulamento elíptico ou que progridem no sentido medial são geralmente indiretas; o Na hérnia direta o abaulamento é mais arredondado e a progressão para fora é vertical; o Nas hérnias femorais/crurais o abaulamento é abaixo do ligamento inguinal, na raiz da coxa; ➔ Tratamento cirúrgico: é indicado em todo caso diagnosticado tanto em adultos como em crianças, o que significa que a operação não deve ser postergada, pela certeza de piora progressiva com o tempo e pelo risco de encarceramento e estrangulamento; ▫ Princípios gerais de todas as técnicas incluem os seguintes tempos cirúrgicos: 1. Identificar pontos de herniação; 2. Dissecção cuidadosa e isolamento do saco herniário e estruturas próximas; 3. Exploração do conteúdo; 4. Fechamento e ligadura do saco herniário; 5. Estreitamento do orifício do anel inguinal profundo (hérnia indireta); 6. Reconstrução e reforço sem tensão do assoalho inguinal → técnica de Bassini, Mcvay, Shouldice ou Lichtenstein; ➔ Cuidados pré-operatórios: o Redução manual da hérnia encarcerada, lembrando que não deve ser tentada se houver sinal de que o conteúdo herniado está estrangulado e com sofrimento vascular; o Antibioticoprofilaxia recomenda-se uso de cefazolina em pacientes com comorbidades e risco cirúrgico (ASA >3), 1-2gramas cerca de 1 hora antes da incisão, lembrando que a hernioplastia é uma cirurgia limpa; o Anestesia local em adultos apresenta vantagem sobre anestesia geral; o Anestesia geral é indicada para crianças e pacientes mais ansiosos; ➔ Cirurgia laparoscópica da hérnia inguinal: permite correção de hérnias com menor trauma cirúrgico, menor risco de infecção da ferida, recuperação mais rápida, mas com tempo operatório mais longo e custos mais elevado; ▫ Permite diagnostico de sofrimento ou necrose de alça nas hérnias estranguladas, e lado contralateral pode ser examinado; ▫ Não deve ser realizada em: pacientes que sofreram cirurgias abdominais baixas previas, hérnias volumosas com alças intestinais aderidas ao saco herniário e hérnias estranguladas tardias; ➔ Complicações: ✓ Lesao dos vasos deferentes levando a isquemia e atrofia testicular; ✓ Lesão dos vasos do plexo pampiniforme; ✓ Edema local e escrotal; ✓ Lesão de vísceras; ✓ Hidrocele pós-operatória; ✓ Hemorragia/hematoma/infecção da ferida cirúrgica; ✓ Dor local persistente; ✓ Lesão do ileoinguinal;
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