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Feridas, Enxertos e Retalhos 1 🥼 Feridas, Enxertos e Retalhos Reviewed Type Aula Gravada Date Especialidade Cirurgia Geral Apostila Área Cirurgia Geral Cicatrização Fases: processo fisiológico coordenado e dinâmico → cascatas biológicas interligadas: inflamação (4-6 dias), proliferação (4-24 dias) e remodelação (21 dias a 2 anos). Inflamação (D0 a D4): hemostasia e inflamação → primeiro ocorre vasoconstrição (hemostasia) e depois vasodilatação (chegada de mediadores inflamatórios) → células: neutrófilos (24-48h; primeiro a chegar; remover qualquer tecido necrótico, corpo estranho ou bactéria; não são essenciais para cicatrização); macrófagos (3-5° dia; principal célula da fase inflamatória; essenciais para a cicatrização, pois ordenam as outras células); plaquetas → problemas: sangramento, hiperativação inflamatória e infecções. Proliferação (D2 a D21): melhorar o aporte sanguíneo (angiogênese) + formar uma MEC (fibroplasia) + reepitelizar a ferida (reepitelização) → tecido de granulação: vermelho vivo rico em MEC; indicador clínico de que a ferida é enxertável → célula: fibroblasto → problemas: anomalias cicatriciais. Remodelação ou Maturação (D21 a D365): formação do tecido cicatricial propriamente dito → contração da ferida + remodelamento do colágeno → células: miofibroblasto (diferenciação do fibroblasto; responsável pela @May 4, 2023 Feridas, Enxertos e Retalhos 2 contração da ferida) → remodelamento do colágeno é a substituição do colágeno tipo III pelo do tipo I, com aumento da resistência da ferida → problemas: anomalias cicatriciais. Tipos: Primeira Intenção: ferida suturada precocemente → resultado com cicatriz linear. Segunda Intenção: ferida que não pode suturar → limpar e fazer curativo → cicatriz irregular. Terceira Intenção: ferida suturada tardiamente. Fatores que Influenciam: Infecção: principal responsável pelo atraso no fechamento das feridas. Isquemia: não desbridar, pois não irá cicatrizar corretamente → realizar revascularização do membro → desbridar apenas se infectado. Diabetes: interfere em todos os estágios do processo → neuropatia + aterosclerose gera isquemia tecidual, traumas repetidos e infecção. Radiação Ionizante: altera o suprimento sanguíneo. Feridas, Enxertos e Retalhos 3 Idade avançada, desnutrição (hipoalbuminemia < 2), deficiência de vitaminas, drogas exógenas (doxorrubicina e corticoides). Cicatrizes Patológicas: problemas na fase proliferativa, geralmente relacionada com desbalanço no colágeno → cicatrização anormal: cicatriz hipertrófica e queloide. Cicatriz Hipertrófica: mais comum, autolimitada, menor risco de recorrência → relacionada a áreas de tensão (superfícies flexoras, esterno, mamas) → não cresce além dos limites da ferida. Queloide: predisposição genética → não regride espontaneamente → alto risco de recorrência → cresce além dos limites da ferida. Feridas Curativo por Pressão Negativa: curativo à vácuo → temporário → otimiza o leito da ferida → vantagens: promove tecido de granulação; aumento fluxo sanguíneo; reduz edema, exsudato e carga bacteriana; mantém ambiente úmido; proteção mecânica; aproxima as margens da ferida → desvantagens: mais de um tempo cirúrgico; custo elevado → contraindicações: malignidade, feridas infectadas ou mal debridados, lesões isquêmicas, estruturas nobres (grandes vasos, vísceras). Terapia Hiperbárica: a alta concentração de O2 estimula a angiogênese → uso em feridas crônicas refratárias a outras terapia → elevado custo. Feridas Crônicas: úlceras venosas (principal), úlceras arteriais, úlceras diabéticas e lesões por pressão → podem sofre degeneração maligna em CEC agressivo (úlcera de Marjolin). Lesão por Pressão: multifatorial: pressão direta em região da pele por um tempo prolongado, associado a pressão acima da pressão do capilar (> 32 mmHg) e força de cisalhamento → maior risco em áreas de proeminência óssea, principalmente sacral, trocantérica, tornozelos, nuca, etc → classificada pela NPUAP: graus I (apenas eritema; pele íntegra), II (perda parcial da espessura da pele, sem exposição do subcutâneo, pode ter bolha), III (perda total da pele, com exposição do subcutâneo, poupa estruturas mais profundas) e IV (exposição de tecidos profundos); e inclassificável (desbridas necrose até descobrir classificação) → medida mais importante é a mudança de decúbito a cada 2h → evitar contato com urina e fezes, hidratação da pele, compensação de comorbidades, controle de espasticidade, suplementação vitamínica, aporte nutricional, limpeza Feridas, Enxertos e Retalhos 4 com água e sabonete diariamente → graus I e II podem ser tratadas com manejo clínico → graus III e IV devem ter manejo cirúrgico com desbridamento e fechamento. Infecção Necrotizante de Partes Moles: destruição e necrose progressiva nos tecidos moles profundos → fáscia (mais comum), músculo, pele e subcutâneo → geralmente polimicrobiana (tipo I) → no períneo, é chamada de Síndrome de Fournier → diagnóstico tardio → fatores de risco: DM, obesidade, desnutrição, imunossuprimido, porta de entrada (trauma, cirurgia, lesões de pele e mucosas, foliculite) → quadro: agudo e de evolução rápida, com anestesia local, evoluindo com dor, eritema e calor, além de febre; tardiamente apresenta secreção, equimose, necrose e crepitação → diagnóstico: clínico; exames de imagem desnecessários (podem mostrar coleção gasosa) → tratamento: cirúrgico urgente com desbridamento agressivo + ATB de amplo espectro + suporte + programar reabordagem e reconstrução. Tipos de Reconstrução Escala de Complexidade: fechamento primário → enxerto → retalho. Enxerto: transferência de tecido sem suprimento sanguíneo próprio → depende da vascularização do leito receptor. Integração dos Enxertos: nutrido pro embebição plasmática → depois há inosculação → depois neovascularização/maturação. Classificação: Autoenxerto: mesmo indivíduos. Isoenxerto: mesma carga genética. Aloenxerto: indivíduos diferentes. Heteroenxerto ou Xenoenxerto: espécie diferente. Quanto a espessura: parcial: epiderme e parte da derma; vem com dermátomo; área doadora não necessita de sutura; maiores áreas; indicado para queimaduras → total: epiderme e toda a derme; tirado com bisturi + sutura; menos disponibilidade (locais com sobra de pele); melhor resultado estético. Complicações: hematoma (principal); cisalhamento; infecção; vascularização insuficiente; comorbidades. Curativo de Brown: usado para imobilização e compressão. Feridas, Enxertos e Retalhos 5 Retalho: tem o próprio suprimento vascular. Indicações: reparo primário não possível; leito da ferida não permite uso de enxerto → cobertura mais resistente, acolchoada e durável sobre áreas vitais: estruturas nobres, proeminências ósseas (úlceras de pressão), áreas de apoio. Classificação: Composição: simples: apenas um tecido (cutâneo, muscular) → composto: mais de um tecido (miocutâneo, fasciocutâneo…). Suprimento Sanguíneo: aleatório/randômico: pequenos vasos/plexo subdérmico → axial: suprido por vaso nominado. Localização: local: tecidos que encostam no defeito → regional: tecidos das proximidades → à distância: pediculado ou transferência livre (microcirurgia). Principais Retalhos: Romboide: simples, randômico, local. Bilobado (muito usado para nariz): simples, randômico, local. Zetaplastia (aumentar amplitude de movimento): simples, randômico, local. Frontal: simples, axial (artéria supratroclear), regional. TRAM (leva o transverso abdominal para reconstruir mama): composto, axial (artéria epigástrica superior), à distância. Peitoral Maior: composto, axial (artéria toracoacromial), à distância. Complicações: comprometimento vascular principal). Feridas, Enxertos e Retalhos 6