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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES COM AFECÇÕES DERMATOLÓGICAS Conceitos histológicos da pele - funções Proteção estrutural (agentes físicos, mecânicos e biológicos); Barreira química e mecânica; Manutenção da homeostase (glândulas sudoríparas – termorregulação e equilíbrio hidroeletrolítico); Síntese da vitamina D; Órgão sensorial para percepção de pressão, dor e temperatura. LESÕES ELEMENTARES alterações que ocorrem na superfície tegumentar, geradas por causas físicas, químicas, animadas, psíquicas ou desconhecidas, cujos mecanismos indutores tem natureza circulatória, inflamatória, metabólica, degenerativa ou hiperplásica. As lesões podem ser por: • Modificações da cor (mácula ou mancha) • Lesões com conteúdo sólido( pápulas, nódulos) • Lesões com conteúdo líquido (vesículas, pústulas) • Lesão por solução de continuidade (úlceras, fístulas, fissuras) • Lesões que tendem a eliminação espontânea (escamas, crostas) • Sequelas (atrofia, cicatriz) MÁCULA ERITEMATOSA MÁCULA PURPÚRICA PÁPULA EQUIMOSE NÓDULOS VESÍCULAS PÚSTULAS CROSTAS ESCORIAÇÕES FISSURAS ULCERAÇÕES ATROFIA SENIL CICATRIZ Qualquer ruptura da integridade de um tecido ou órgão, podendo atingir desde a epiderme, até estruturas mais profundas como fáscias, músculos, aponeuroses e órgãos cavitários(Meneghin, 2003). Classificação das feridas Quanto à causa Patológicas Iatrogênicas Intencionais ou cirúrgicas Acidentais ou traumáticas Causadas por fatores externos Evolução Crônicas ou agudas Complexidade Simples ou complexas Comprometimento tecidual Categoria/Grau I, II, III e IV Abertas ou fechadas Espessura Superficial Profunda superficial Profunda Presença ou ausência de infecção Contaminadas Colonizadas, infectadas ou sépticas Não infectadas e limpas Causas das feridas Feridas Traumáticas: são aquelas provocadas acidentalmente por agentes: -Mecânico (contenção, perfuração, corte); -- Químico (iodo, cosméticos, ácido sulfúrico, etc.); -Físico (frio, calor, radiação). Feridas Ulcerativas: são lesões escavadas, circunscritas na pele, formadas pela morte e expulsão do tecido, resultantes de traumatismo ou doenças relacionadas com o impedimento do suprimento sanguíneo. Feridas cirúrgicas Causadas por excisão, incisão ou punção http://www.feridologo.com.br/fcanimaispeconhentos.htm Feridas patológicas •Causadas por fatores endógenos ou lesões secundárias a uma ou mais doenças de base •Formatos e graus de comprometimento diversos •Cicatrização difícil Ferida ulcerativa Feridas ulcerativas Lesão por pressão Úlcera varicosa Feridas ulcerativas Úlceras diabéticas Feridas iatrogênicas Iatrogenia se refere à doença, aos efeitos ou às complicações adversas ocasionadas por procedimentos. Feridas intencionais ou cirúrgicas Decorrentes de procedimentos cirúrgicos, trauma mínimo de tecidos adjacentes, bordos são aproximados por sutura. Feridas Cirúrgicas •Incisa: onde não há perda de tecido e as bordas são geralmente fechadas por sutura; •Excisão: onde há remoção de uma área de pele, ex: área doadora de enxerto. Cirurgia e procedimentos terapêutico-diagnósticos (cateterismo cardíaco, punção de subclávia, biópsia, etc.) Ferida cirúrgica Tipos de feridas traumáticas por agentes Características Agentes perfurantes FAF ( ferimento por arma de fogo) Atrito Superfícies ásperas: ABRASÃO: atinge apenas a epiderme LACERAÇÃO: atinge todas as camadas da pele Inoculação de veneno Aranha, cobra, escorpião Exposição a diversos agentes QUEIMADURA: Lesão causada por agentes térmicos, químicos , elétricos ou radioativos Agentes cortantes Vidro, faca ou navalha Feridas traumáticas: FERIDAS CONTUSAS : Produzidas por objetos rombos ou golpes, sem rotura da superfície da pele, com traumatismo de partes moles, edema e hemorragia. FERIDAS LACERADAS Decorrentes de qualquer origem traumática, com presença de rotura superficial ou profunda da pele , apresentando bordos irregulares. Ferida lacerante Ferida cortocontusa Feridas traumáticas FERIDAS PERFURANTES: Decorrentes de distintos agentes, provocam uma pequena abertura na pele porém profunda e, geralmente grave por lesão de estruturas internas e infecção. AMPUTAÇÕES Resultantes de laceração e separação forçada dos tecidos, afetam freqüentemente as extremidades, com lesões neurovasculares. Ferida perfurante • QUEIMADURAS: Resultantes de contato direto com chama, objetos e líquidos quentes, radiação, corrente elétrica ou frio intenso, a severidade das lesões é variável. Feridas traumáticas Ferida por animais peçonhentos Ferida por animais peçonhentos CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS DE ACORDO COM A PERDA TECIDUAL Perda superficial: Envolve acometimento da epiderme, manifesta- se por edema e rubor dos bordos da ferida, não há sangramentos, ocorre a repitelização. Perda parcial: Envolve acometimento da epiderme e parte da derme, há presença de exsudato, sangramento e formação de crosta. Perda total: Envolve acometimento da epiderme, derme, subcutâneo, tecido gorduroso subjacente e até exposição óssea. TIPOS DE FERIDAS CRÔNICAS Úlcera venosa (insuficiência venosa) Resultante da hipertensão venosa de MMII. Insuficiência arterial (insuficiência arterial) Produz lesões resultantes da incapacidade de resposta à demanda metabólica. Úlcera por neoplasia A integridade da superfície da pele pode ser interrompida por uma lesão neoplásica, podendo tratar-se de um tumor primário ou metastático. QUADRO COMPARATIVO: ULCERAS VENOSAS X ÚLCERAS ARTERIAIS TIPOS DE FERIDAS CRÔNICAS Úlcera metabólica A DM pode afetar a resposta inflamatória e produzir lesões neurovasculares, infecções e feridas crônicas. Lesão por pressão Produzida por isquemia em consequência à pressão constante sobre proeminência óssea, determinando comprometimentos variáveis. Lesão por pressão ▪ Lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. ▪ Ocorre como resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento. ▪ A tolerância do tecido mole à pressão e ao cisalhamento pode também ser afetada pelo microclima, nutrição, perfusão, comorbidades e pela sua condição.. Lesão por pressão - LP • sacro 24 % • glúteo 23 % • trocanter 15 % • calcâneo 9 % • maléolo 7 % LOCAIS DE RISCO Lesão por pressão Lesão por pressão FATORES DE RISCO PARA LP 1. diminuição sensorial 2. diminuição da função motora 3. alteração do nível de consciência 4. presença de equipamentos como gesso, tração, equipamentos ortopédicos, sondas, cateteres FORÇA DE CISALHAMENTO FORÇA DE CISALHAMENTO FORÇA DE FRICÇÃO ▪ Umidade = sua presença aumenta até em cinco vezes o risco de desenvolvimento de UPP ▪ Nutrição deficiente = devido a atrofia muscular e diminuição do tecido subcutâneo, aumentando assim a pressão nas saliências ósseas. Além de dificultar o processo de cicatrização da ferida pela diminuição da albumina sérica ▪ Edema = no edema existe diminuição da circulação e oxigênio local ▪ Anemia = diminuição de circulação e oxigenação local ▪ Obesidade = o tecido adiposo é pobremente vascularizado ▪ Circulação periférica diminuída = baixa oferta de oxigênio FATORES DE RISCO PARA LP ESTÁGIO 1 Pele íntegra com eritema que não embranquece ▪ pele hiperemiada por 5 minutos depois da remoção da pressão pele quente ▪ Pele íntegra com área localizada de eritema que não embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. ESTÁGIO 2: PERDA DA PELE EM SUA ESPESSURA PARCIAL COM EXPOSIÇÃO DA DERME ▪ Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme. O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. ▪ se a pressão for aliviada, a úlcera pode cicatrizar dentro de1 a 2 semanas ESTÁGIO 3: PERDA DA PELE EM SUA ESPESSURA TOTAL ◦ Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de granulação e lesão com bordas enroladas estão presentes. ◦ a cicatrização pode levar meses Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular ▪ Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. ▪ drenagem fétida e trajetos fistulares profundos ▪ a cicatrização pode demorar meses ou até anos Não Classificável: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível ◦ Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. ◦ Ao ser removido (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. ◦ Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser removida. ◦ a cicatrização pode demorar meses ou até anos Lesão por Pressão Tissular Profunda: descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece. Pele intacta ou não, com área localizada e persistente de descoloração vermelha escura, marrom ou púrpura que não embranquece ou separação epidérmica que mostra lesão com leito escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento. Estágio 2 Estágio 1 Estágio 3 Estágio 4 ESCALA DE BRADEN Superfícies de Apoio Condições de regeneração celular Condição clínica local e sistêmica do paciente ⚫ Localização da ferida ⚫Causa da ferida ⚫Estado geral do paciente: descompensações sistêmicas, distúrbios coagulação, aspectos nutricionais, etc Potencial para desenvolvimento, manutenção, reparação ou complicação de lesões ⚫ Idade ⚫ Localização da ferida ⚫Causa da ferida Condições de regeneração celular Fatores que influenciam: ⚫ idade, ⚫estado nutricional, ⚫perfusão tissular, ⚫ infecção, ⚫stress, ⚫HAS, ⚫DM, ⚫ tabagismo ⚫doenças cardiovasculares, ⚫escassez de vitamina C, ⚫deficiência de vitamina K, ⚫ falta de zinco, ⚫ fatores genéticos REGENERAÇÃO X REPARAÇÃO LESÃO INFLAMAÇÃO PROLIFERAÇÃO MATURAÇÃO REPARO REPARO TECIDUAL – REGENERAÇÃO CELULAR OU CICATRIZAÇÃO Regeneração celular Complexos eventos celulares e bioquímicos, caracterizando as fases: ◦ Fase inflamatória: edema, eritema, dor e calor ( 1 a 4 dias) ◦ Fase proliferativa: epitelização e síntese de colágeno (5 a 20 dias) ◦ Fase de maturação: Início da reorganização das fibras de colágeno (21 dias a 2 anos) Regeneração celular ◦ INFLAMATÓRIA: 1 – 4 DIAS oFormação de coágulo (agregação plaquetária e ativação da cascata de coagulação) oEdema e exsudato (liberação dos mediadores inflamatórios) oReabsorção do coágulo e resíduos Regeneração celular ◦ PROLIFERATIVA: 5 – 20 DIAS oProdução colágeno pelos fibroblastos oTecido granulação (angiogênese e proliferação de fibroblastos) o> força tensional Evolução da ferida Regeneração celular ◦ MATURAÇÃO: APÓS 21 DIAS oDiminuição dos fibroblastos o> força tensional oFormação da cicatriz Tempo de cicatrização Feridas agudas: Feridas recentes, geralmente de origem traumática (penetrantes,amputações, abrasões, queimaduras, contusões) ou incisionais (procedimentos cirúrgicos). Feridas crônicas: Úlceras associadas à patologias de base (arteriais, venosas, metabólicas), cicatrização lenta, suscetibilidade à complicações. BRIDA CICATRICIAL Mecanismos de cicatrização da ferida Cicatrização por primeira intenção - mínimo de destruição tissular - cicatriza com pouca reação tissular, o tecido de granulação não é visível, a cicatriz é mínima. Mecanismos de cicatrização da ferida Cicatrização por segunda intenção - feridas nas quais as bordas NÃO foram aproximadas. - Forma tecido de granulação e contração das bordas. 1a intenção 2a intenção 3a intenção O que avaliar em uma ferida? Localização anatômica Coloração – basicamente 3 cores: negra, amarela ou vermelha Odor Secreção – quantidade e qualidade ◦ Transudato: líquido claro, constituído por água e eletrólitos ◦ Exsudato: constituído também por células e proteínas Extensão – medir a maior largura e maior comprimento; medir a profundidade Pele circundante – maceração, inflamação, enduração, cianose, palidez AVALIAÇÃO DE FERIDAS Tipos de tecidos maceração Tecido de granulação TECIDO DESVITALIZADO Necroses TECIDO FIBRINOSO ESFACELOS TIPOS DE TECIDOS EPITELIZAÇÃO - revestimento GRANULAÇÃO – proliferação tec conjuntivo NECROSE (ESFACELO E NECROSE ÚMIDA) – tecido morto TIPOS DE TECIDOS IMPORTANTE Transudato: é uma substância altamente fluída que passa através dos vasos, baixo conteúdo de proteínas, células e derivados celulares Exsudato: é um material fluído, composto por derivados celulares, alto conteúdo de proteínas ◦ Tipos de exsudatos ◦ Seroso (1) ◦ Hemorrágico (2) ◦ Supurativo ou purulento(3) ◦ Fibrinoso (4) Cisto: é um trajeto sem saída que se abre em uma superfície epitelial é indicativo da presença de abscesso Fístula: é um trajeto anormal que conecta duas superfícies epiteliais, podendo ser causadas por infecções, traumas, neoplasias, fístula vesical vaginal e outras (CAVERNA) ALGORITMO DE LIMPEZA DE FERIDAS DESBRIDAMENTO Técnica de remoção de tecidos inviáveis Tipos: ◦ Autolítico/Enzimático ◦ curativos ou substâncias com propriedades químicas e autolíticas ◦ Mecânico ◦ uso de jatos de solução salina à pressão de 2 a 10 pressão por metro quadrado, gaze ou qualquer outro material ◦ Cirúrgico ◦ remoção do tecido necrótico por meio de procedimento cirúrgico, com o uso de tesouras ou bisturis PARECER COREN-SP CAT No 013/2009: "Considerando-se os conhecimentos científicos e técnicos adquiridos durante respectivo processo de formação profissional, o enfermeiro poderá assumir o procedimento de desbridamento de lesões, exclusivamente dentro da equipe de enfermagem, seja ele mecânico, enzimático, autolítico e instrumental conservador, cuja situação de necessidade de intervenção cirúrgica esteja descaracterizada.” RESOLUÇÃO 567/2018:Art 1º O Enfermeiro tem autonomia para abertura de Clínica/Consultório de Prevenção e Cuidado de pessoas com feridas, respeitadas as competências técnicas e legais. Art. 3º Cabe ao Enfermeiro da área a participação na avaliação, elaboração de protocolos, seleção e indicação de novas tecnologias em prevenção e tratamento de pessoas com feridas