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Layane Silva REVISÃO - TUTORIA ● Caso 7 - Síndromes de dispneia crônica (asma) 1. Asma Inflamação crônica + hiperreatividade das vias aéreas, podem ter sintomas respiratórios pela limitação do fluxo aéreo expiratório, desencadeado por exercício, exposição a alérgeno, mudanças no clima ou infecções respiratórias virais causando crises episódicas. - Perfil epidemiológico Menos comum nos meninos, mais comum nas mulheres após a puberdade, inicia com < 25 anos, prevalência > 45%, que aumentou em países industrializados pela exposição a micróbios ambientais em uma fase precoce. - Fisiopatologia Episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas com regressão + resposta broncoconstritora exagerada a estímulos + inflamação das vias aéreas Genética: 60% de hereditariedade pelo gene que codifica proteínas transmembranares reticuloendoplasmáticas. Patologia: edema, hiperemia da mucosa e infiltração da mucosa com mastócitos, eosinófilos e linfócitos com fenótipo TH2 por estímulos inflamatórios + deformação mecânica do epitélio pela constrição da musculatura lisa das vias aéreas + parede espessada por depósito de colágeno III e V abaixo da membrana basal. - Asma grave: hipertrofia e hiperplasia das glândulas das vias aéreas e células secretoras da superfície epitelial e glandular, e hiperplasia do músculo liso das vias aéreas - o espessamento da parede pode aumentar a resistência ao fluxo aéreo e estimular responsividade das vias aéreas. - Crise asmática: parede espessa causa oclusão focal das vias aéreas pela mistura de hiperviscoso e agregados de células epiteliais descamadas. Há (1) constrição da musculatura lisa por liberação local de mediadores broncoativos ou neurotransmissores, (2) espessamento do epitélio e (3) líquido no lúmen das vias aéreas. Mediadores da resposta asmática aguda: (1) acetilcolina, causa constrição dos músculos lisos das vias aéreas por estimulação dos receptores muscarínicos M3, liberada dos nervos motores intrapulmonares; (2) histamina, atua na obstrução das vias aéreas, liberado pelos mastócitos; (3) leucotrienos, atuam na contração dos músculos lisos das vias aéreas; (4) lipoxinas, infrarreguladoras das respostas inflamatórias; (5) NO, produzido por células epiteliais das vias aéreas e células inflamatórias - ação broncodilatadora. Alterações fisiológicas: constrição da musculatura lisa + espessamento do epitélio + líquido livre na luz das vias aéreas = obstrução das vias aéreas, aumenta resistência ao fluxo aéreo e reduz velocidade de fluxo na capacidade vital. Oscilações de pressão pleural + alteração mecânica nas paredes causam resistência ao fluxo de ar expiratório, causando fadiga dos músculos respiratórios. Quanto à troca gasosa, o estreitamento das vias causa má distribuição da ventilação com relação à perfusão, que induz hipoxemia. - Fatores de exacerbação/descompensação Fatores potencialmente modificáveis: (1) medicamentos: uso excessivo de SABA, uso irregular de CI, má adesão ao tratamento, técnica inalatória incorreta; (2) comorbidades: DRGE, obesidade, rinossinusite crônica, alergia alimentar, gravidez; (3) exposição: tabagismo, cigarro eletrônico, alérgenos, poluição de ar; (4) fatores psicossociais: problemas psicológicas ou socioeconômicos; (5) função pulmonar: VEF1 baixo < 60%; (6) marcadores inflamatórios tipo 2: eosinofilia, FeNO elevado; e (7) histórico de intubação ou internamento em UTI pela asma há 12 meses. Fatores para desenvolvimento de limitação persistente do fluxo aéreo: (1) história: parto prematuro, baixo peso ao nascer e maior ganho de peso infantil, hipersecreção crônica de muco; (2) medicamentos: falta de tratamento com CI se tiveram exacerbação grave; (3) exposições: fumaça de tabaco, produtos químicos nocivos e ocupacional; (4) investigações: VEF1 inicial baixo, eosinofilia. Fatores de risco para efeitos colaterais: (1) sistêmica: uso frequente de corticosteróide oral, longo prazo, alta dose e/ou ICS potente, uso de inibidores de P450; (2) local: CI potente ou em dose alta, técnica inalatória ruim. - Classificação Fenótipos da asma: (1) asma alérgica: inicia na infância, com história de alergia, há inflamação eosinofílica e boa resposta com CI; (2) não alérgica: escarro neutrofílico, eosinofílico ou com poucas células inflamatórias, tem menor resposta a CI; (3) de início tardio: ocorre pela 1a vez na vida adulta, tendem a ser não-alérgicos e requerem doses mais altas de CI ou são refratários, (4) com limitação persistente do fluxo aéreo: há remodelação da parede das vias aéreas.; (5) com obesidade: sintoma respiratório e inflamação das vias aéreas pouco eosinofílica; (6) induzida pelo exercício físico; (7) ocupacional; (8) agravada pelo local de trabalho; (9) tosse variante de asma: tosse seca recorrente, sem sibilo, desencadeada por alérgenos, com resposta ao BD; (10) noturna; (11) induzida por vírus; (12) de difícil controle. 1 Layane Silva Controle da asma: controle de sintomas (frequência de sintomas diurnos e noturnos, vigília noturna, limitação de atividade e frequência uso de SABA) e risco de exacerbação. Sintomas diurnos > 2 vezes/semana NÍVEL DE CONTROLE Despertar noturno por asma? Controlado 0 Uso de SABA > 2 vezes/semana Parcialmente 1-2 Limitação de atividade por asma? Descontrolado 3-4 Em menores de 5 anos, considerar 1 vez/semana. Gravidade da asma: - Asma grave: não controlada mesmo com altas doses de CI-LABA, ou requer altas doses de CI-LABA. - Asma moderada: bem controlada com step 3 ou 4. - Asma leve: bem controlada com CI-formoterol se necessário, ou com baixa dose de CI-SABA se necessário. - Tratamento SINTOMAS ADULTOS E ADOLESCENTES 1 < 4-5 dias/semana ou < 2 vezes por mês CI-formoterol se necessário Alternativa: CI-SABA 2 > 2 vezes/mês e < 4-5 dias/semana CI-formoterol se necessário Alternativa: CI (baixa) de manutenção 3 > 4-5 dias/semana, ou despertar noturno por asma < 1 vez/semana CI-formoterol (baixa) de manutenção Alternativa: CI-LABA em dose baixa de manutenção 4 Diários ou despertar noturno > 1 vez/semana + VEF < 60% CI-formoterol (média) de manutenção Alternativa: CI-LABA em dose média de manutenção 5 4 + uso irregular de corticóide oral 4 + LAMA OU dose alta de CI-LABA, anti-IgE, anti IL5/5R, anti-IL4R, anti TSLP - Critérios de gravidade na exacerbação da asma Gravidade é baseada em avaliação retrospectiva, após 2-3 meses de tratamento controlador (necessário para controlar os sintomas e exacerbações), é avaliada após alcançar bom controle e iniciar redução do tratamento para definir dose mínima efetiva ou se a asma ficar descontrolada após meses de terapia máxima otimizada. - Definição de síndrome do lactente sibilante Ou síndrome do bebê chiador é a persistência de sibilos por 30 dias ou mais, ou presença de > 3 episódios de sibilância em 6 meses -pode ser caracterizada como > 3 episódios de sibilância em crianças < 5 anos e > 1 mês. - Transitório: sintomas até 3 anos; - Tardios: tornam-se sintomáticos após os 3 anos; - Persistentes: apresentam sintomas antes e após os 3 anos. 2. Marcha atópica e asma Evolução natural de condições alérgicas observada a partir dos primeiros anos de vida, há predisposição genética de desenvolver doenças alérgicas (asma, rinite e dermatite atópica) - DA é a 1a manifestação, ocorre em 20-30% dos bebês, com manifestações alérgicas graves e persistentes. ● Caso 8 - Síndromes de produção hormonal hipofisária anômala (acromegalia) 1. Acromegalia - Eixo hipotálamo-hipófise e secreção do GH/IGF-1 A regulação hormonal ocorre sob controle do GHRH (estimula) e somatostatina (inibe secreção de GH). - GnRH: age em receptores de membrana acoplados à proteína G estimulatória, ativa cAMP, eleva adenilatociclase, aumenta influxo de Ca, induz e mantém função trófica dos somatotrofos, estimula transcrição do gene do GH. - Grelina: hormônio do TGI, atua no hipotálamo e o sinaliza pelo receptor tipo Ia para induzir a secreção de GH. - Somatostatina: pode ligar- se a 5 receptores acoplados à proteína G inibitória (SSTR). A secreçãoé em pulsos episódicos, intercalados com secreção basal, seus níveis são indetectáveis (< 0,2 μg/ℓ no dia) e há 10 pulsos intermitentes de GH a cada 24 horas, mais frequente à noite (30 μg/ℓ). Ação do GH e IGF-1: GH age no receptor transmembranário nos músculos, fígado e cartilagens, e sobre dímeros promovendo sinalização e clivagem do receptor do GH, libera porção extramembranária, que origina GHBP 1 que prolonga a meia-vida e medeia o transporte celular. O GH liga- se ao receptor e ativa JAK2, ambos são fosforilados, ligando o complexo das STAT, são fosforiladas e translocadas para o núcleo, que transcreve proteínas-alvo do GH. - Somáticos: crescimento linear mediada pelo IGF-1, que atua em tecidos a distância, mas pode ser sintetizado em tecidos -alvo, agindo de modo autócrino/parácrino. Ele circula no plasma ligado a proteínas carreadoras, como IGFBP -3 que é Gh-dependente, age sobre receptores transmembranários, do tipo tirosinaquinase. 2 Layane Silva - Metabólicos: há ação direta do GH sobre carboidratos, lipídios e proteínas. - Epidemiologia Doença rara e subdiagnosticada, prevalência de 2,8 a 13,7 casos/100.000 e incidência de 2-11 novos casos/milhão, mais comum entre 30-50 anos. Tem evolução insidiosa, diagnóstico em 5-10 anos após os primeiros sinais. - Fisiopatologia A regulação do GH ocorre sob o controle do GHRH, que estimula a secreção pela hipófise anterior, e somatostatina, inibe tal secreção. O GH estimula IGF-1, que é sintetizado no fígado e atua na regulação do eixo somatotrófico pela retroalimentação negativa no hipotálamo e hipófise, age no crescimento longitudinal dos ossos, remodelação óssea, redução da adiposidade e aumento da massa magra. Quando o excesso de GH e IGF-1 ocorre na infância ou adolescência, quando as cartilagens epifisárias ainda não fecharam, há aumento anormal da estatura (gigantismo) - na fase adulta, após o fechamento das cartilagens epifisárias, causa acromegalia. - Abordagem diagnóstica Inclui avaliação de aspectos clínicos, laboratoriais e radiológicos, valores de GH > 1 ng/mℓ com IGF-1 acima do VR para idade confirmam o diagnóstico e GH <0,4 ng/mℓ com IGF-1 normal afastam acromegalia. Deve-se solicitar RNM da sela túrcica para investigar adenoma hipofisário e, se suspeita de acromegalia por produção ectópica de GHRH, dosar GHRH e exames de imagem toracoabdominais. - Tratamento Cirúrgico: realizada por via transesfenoidal (microscópica e/ou endoscópica) em micro e macroadenomas com alta probabilidade de cura (intrasselares) ou transcraniana em tumores grandes com volumosa expansão suprasselar. Medicamentoso: (1) análogos da somatostatina, que se ligam aos receptores SSTR2 dos somatotrofos, ativam a proteína G inibitória e cAMP e secreção de GH, normalizando os níveis de GH e IGF-1 e reduzindo a massa tumoral; (2) agonistas dopaminérgicos, apenas a cabergolina, por sua capacidade de ligação com os receptores D2 ser maior e sua ação ser mais prolongada; (3) antagonista do receptor do GH (Pegvisomanto) atua perifericamente nos receptores de GH, usado nos casos de falência da cirurgia.. - Indicação: macroadenoma com expansão extrasselar e baixa taxa de cura pela cirurgia, risco cirúrgico elevado e/ou que recusam cirurgia e pacientes não curados pela cirurgia. Radioterapia: eficaz no controle da doença, uso restrito por potenciais efeitos colaterais a médio e longo prazo, apenas em casos não controlados por cirurgia e medicamentos. 2. Complicações Distúrbio insidioso, progressão gradual, por compressão do tumor em estruturas adjacentes (cefaleia, distúrbios visuais ou hipopituitarismo); exposição prolongada e excessiva ao GH; ou complicações do excesso de GH (cardiovascular, respiratória, endócrina, metabólica e neoplásica). - Metabólicas: em excesso, provoca RI, aumento da produção hepática de glicose e menor oxidação e captação da glicose nos tecidos periféricos - hiperinsulinismo, intolerância à glicose e DM. - Musculoesqueléticas: alargamento do nariz, aumento dos lábios e da mandíbula + prognatismo (separação dos dentes e má oclusão), macroglossia, aumento dos arcos zigomáticos e fronte proeminente. Além de visceromegalias (língua, tireoide, coração, glândulas salivares, fígado, baço e rins), hipertrofia prostática e hepatoesplenomegalia (rara). ● Caso 9 - Síndrome astênica (Cushing exógena) 1. Síndrome de Cushing - Tipos (endógeno vs. exógeno) Endógena: (1) dependente de ACTH: problemas no eixo hipotálamo-hipofisário ou tumores secretagogos de CRH/ ACTH, como adenoma hipofisário secretor de ACTH, causa perda de sensibilidade à inibição (feedback negativo na hipófise), e capacidade de autorregulação causa níveis altos de glicocorticóides (hipercortisolismo); (2) independente de ACTH: doenças primárias da suprarrenal, como adenoma benigno que produz cortisol de forma autônoma, suprime liberação de ACTH, e atrofia as células adrenais. Exógena: administração prolongada de glicocorticóides, tem manifestações em doses de prednisona > 7,5 mg/dia, e o uso prolongado pode causar atrofia reversível da suprarrenal. - Epidemiologia A SC endógena é mais comum em adultos, com idade de 41,4 anos ao diagnóstico e sexo feminino (3:1), é uma doença rara, com incidência de 0,7 a 2,4 casos novos por milhão de habitantes por ano e prevalência de 37 a 39 por milhão. - Manifestações clínicas - Cutâneas: pletora facial, fácies em lua cheia, acne, hirsutismo, estrias violáceas, gibosidade (aumento de tecido adiposo na região dorsal do pescoço), pele fina e atrófica (má cicatrização de ferimentos e forma hematomas). 3 Layane Silva - Sexuais: disfunção gonádica (hipogonadismo), irregularidades menstruais, virilização/puberdade precoce, impotência, diminuição da libido em homens. - Metabólicas: obesidade centrípeta, rápido ganho de peso, HAS e DM, dislipidemia, imunossupressão - Musculoesqueléticas: glicocorticóides reduzem absorção de Ca2 + no TGI e aceleram eliminação via renal, causa menor oferta de Ca2 + para os ossos, desencadeando osteoporose; fraqueza muscular, necrose asséptica de estruturas ósseas, miopatia proximal. - Comportamentais e psiquiátricos: euforia, mudança de humor, depressão, percepção sensorial e padrões de sono. - Investigação laboratorial e de imagem Cortisol livre na urina de 24h: o cortisol plasmático livre é a forma ativa do hormônio, são necessárias 3 amostras, e se positivo os valores estarão > 3 vezes o limite superior. Teste de supressão com dexametasona em dose baixa: são considerados normais valores < 1,8 mcg/dL. Cortisol plasmático ou salivar noturno: a secreção de cortisol tem pico por volta de 23:00, mas nos portadores de Cushing endógeno isso não ocorre e há valores > 130 nmol/L. - ACTH suprimido: patologia primária da suprarrenal, solicitar TC de abdome superior, um tumor < 3 cm é adenoma e > 6 cm pode ser carcinoma. - ACTH aumentado: patologia do eixo hipotálamo-hipófise ou secreção ectópica de ACTH/CRH, solicitar RM de sela túrcica e teste de Liddle 2 (teste de supressão do ACTH em doses de dexametasona mais altas). RM normal + ausência de supressão do cortisol = secreção ectópica de ACTH - solicitar TC de tórax e abdome RM normal + supressão do cortisol = adenoma hipofisário pequeno - solicitar cateterismo de seio petroso inferior. - ACTH normal: estimular a hipófise com CRH exógeno, se não aumentar indica doença primária da suprarrenal, se aumentar muito indica doença da hipófise - Tratamento Doença de Cushing: (1) tratamento de escolha é ressecção transesfenoidal do corticotropinoma, (2) se houver doença persistente, recidiva pós-operatória ou quando o risco cirúrgico for proibitivo: radioterapia (resposta lenta); (3) se doença persistente após cirurgia e radioterapia: adrenalectomia bilateral (repor glico e mineralocorticoide). ACTH ectópico: (1) se estágio avançado de carcinoma de pequenas células do pulmão: paliativo; (2) se associada com síndrome de Cushing: inibidores da esteroidogênese adrenal: Cetoconazol, Mitotano e Metirapona; (3) se casos refratários: adrenalectomia bilateral.Tumores suprarrenais: (1) adenomas: adrenalectomia videolaparoscópica unilateral; (2) tumores > 6 cm: adrenalectomia por via laparotômica tradicional; (3) carcinoma adrenal metastático: Mitotano (repor glico e mineralocorticoide). - Padrão de fraqueza muscular no hipercortisolismo A fraqueza muscular é uma queixa rara, é proximal, motora, de membros superiores e inferiores e cursa com níveis normais de CK. Altas doses de GC por períodos prolongados podem diminuir a força muscular (miopatia esteróide), causando fraqueza muscular progressiva, na musculatura proximal dos membros inferiores e depois envolve os 4 membros, poupando músculos faciais e esfincterianos. Há atrofia seletiva de fibras musculares tipo IIb² (fibras brancas de resposta rápida e com metabolismo glicolítico). - Fisiopatologia: hipercortisolismo x sintomas Glândulas adrenais (ou suprarrenais) são constituídas por: - Córtex: produz esteróides adrenais, glicocorticóides, mineralocorticóides e androgênios - divide-se em: zona glomerulosa, única fonte de aldosterona; zona fasciculada, produz glicocorticoides (cortisol e corticosterona) e androgênios; e zona reticular, que se desenvolve a partir dos 2 anos e produz glicocorticoides e androgênios. - Medula: produz catecolaminas. Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH): ou corticotrofina, produzido pelas células corticotróficas da hipófise anterior, estimula síntese dos glicocorticóides e androgênios adrenais, secreção regulada pelo CRH, produzido pelo hipotálamo, e cortisol inibe biossíntese e secreção de CRH e de ACTH (feedback negativo). Quando os níveis de cortisol ou ACTH estão altos, o ACTH gera feedback negativo para o hipotálamo para que o sinal original seja inibido formando o eixo hipotalâmico hipofisário adrenal (HHA). Os neurônios parvocelulares no núcleo paraventricular do hipotálamo, sofrem sinalizações relacionadas ao ritmo circadiano e estresse, e liberam CRH, que estimula liberação de ACTH pelas células corticotróficas, na hipófise anterior, por (1) ACTH armazenado ou (2) clivagem do POMC. Assim, estimula o córtex adrenal a produzir e liberar o cortisol, promovendo inibição do CRH e de forma secundária do ACTH (feedback negativo). 4 Layane Silva A produção do cortisol é na zona fasciculada, e tem como precursor o colesterol que é catalisado em pregnenolona e produzido pela enzima 11β- hidroxilase. Seu transporte é feito pelas transcortinas e albumina, e promove uma redução na ação da insulina promove RI e hiperglicemia, já no tecido adiposo tem ação mista estimulando lipólise do tecido adiposo subcutâneo e de extremidades + estímulo da lipogênese no tecido troncular subcutâneo e visceral. - Exógeno: GC exógenos atuam no eixo HHA, suprimindo a produção de CRH hipotalâmico e de ACTH hipofisário, causa diminuição da secreção de cortisol endógeno. 2. Lombociatalgia - Epidemiologia É o 3º motivo de consultas médicas, tem se tornado frequente pelo aumento do sedentarismo, acomete entre 58-84% das pessoas, mais comum em mulheres, a maioria dos episódios são agudos, benignos e autolimitados, principal causa de incapacidade e um dos principais motivos de ausência do trabalho. - Apresentação clínica Dor lombar (lombalgia) associada a compressão do nervo ciático, irradia para o MMII seguindo o trajeto do nervo ciático pela irritação (química ou mecânica) de > 1 raiz da coluna lombar, com formigamento, choque e perda de força na perna ou pé por dor forte que irradia para glúteos e pernas - visto que o nervo ciático se origina de raízes nervosas no final da coluna lombar e trafega pela região glútea posterior, coxa, até chegar na perna e no pé - Aguda: dura até 1 mês; - Subaguda: dura de 1-3 meses; - Crônica: dura mais de 3 meses, e ocorre em mais da metade dos dias dos últimos 6 meses. - Recorrente: 1 novo episódio ocorre após 30 dias. - Fatores de risco Hábito de carregar peso, má postura, tabagismo, herança genética, envelhecimento e sedentarismo (manutenção de aptidão musculoesquelética deficiente). Além de outras patologias do disco vertebral como fadiga por excesso de carga, ruptura traumática, alterações degenerativas, fraturas por compressão e protrusão do disco. - Tratamento Repouso e medicação para controlar a dor e atingir a recuperação funcional, se ausência de resposta, podem ser usados procedimentos invasivos como infiltrações na discopatia, tratamento cirúrgico de hérnia de disco no déficit neurológico agudo grave e outros procedimentos cirúrgicos. ● Caso 10 - Síndromes pulmonares obstrutivas e tosse crônica (DPOC) 1. DPOC - Quais as principais causas de tosse crônica? - Síndrome da tosse de vias aéreas superiores: ou gotejamento pós-nasal, tem como causa rinite (alérgica, não alérgica e vasomotora) e sinusite crônica, sensação de gotejamento de secreções na faringe, rinorreia e pigarro. - Asma: “tosse variante da asma”, pode estar associada a outras manifestações de atopia (rinite alérgica, DA), sintomas episódicos ou desencadeados por exercícios, frio e emoções, dispneia e sibilância, e HF de asma. - DRGE: pirose ou gosto amargo na boca, e tosse após as refeições ou ao deitar-se. - Tabagismo: tosse como resposta inflamatória a fumaça. - Bronquite crônica: tosse crônica produtiva diária por pelo menos 3 meses e por 2 anos consecutivos. - Tosse por IECA: ocorre na primeira semana de uso, porém pode levar mais de 6 meses para provocar o sintoma. - Tuberculose: tosse e expectoração por > 3 semanas. - Neoplasia: hemoptise, emagrecimento e/ou tabagismo. - Definição Condição caracterizada pela progressiva obstrução ao fluxo de ar, em grande parte irreversível, com aparecimento em pessoas de meia‑idade ou idosos com histórico de tabagismo, e que não pode ser atribuída a outra doença específica. Há aumento anormal dos espaços aéreos pela destruição e deformação das paredes alveolares (enfisema) + alterações patológicas das vias aéreas de condução associada a tosse persistente e expectoração pelo alargamento anormal das glândulas mucosas no seio das vias aéreas centrais cartilaginosas (bronquite crônica). - Fisiopatologia A inalação de partículas nocivas (fumaça de combustíveis de biomassa ou de cigarro), causa inflamação pulmonar, essa resposta é modificada na DPOC, e a resposta inflamatória crônica pode induzir destruição do tecido parenquimatoso (enfisema) e interrupção dos mecanismos de reparo e defesa (fibrose das pequenas vias aéreas), que leva ao aprisionamento de gás e limitação progressiva do fluxo aéreo. Há aumento do número de tipos celulares inflamatórios específicos em diferentes partes do pulmão e alterações estruturais resultantes de lesões e reparos 5 Layane Silva repetidos que aumentam a gravidade da doença e persistem mesmo após cessação do tabagismo. Inflamação: a fumaça quente do cigarro com partículas entra na via aérea e se deposita, onde serão fagocitadas pelos macrófagos, com a cronicidade, o macrófago recruta neutrófilos por citocinas e mediadores (IL-8 e LTB4). Enfisema: aumento anormal dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais (fornecem ventilação para os ácinos), com destruição das paredes alveolares, mas sem fibrose. Bronquite crônica: há aumento das glândulas mucosas e expansão da população de células caliciformes epiteliais brônquicas causando tosse e produção de escarro, que estão associadas a resposta inflamatória leve (neutrófilos, macrófagos e linfócitos T CD8 +) nas vias cartilaginosas. Outras alterações incluem fibrose, metaplasia de células caliciformes e epitélio escamoso de revestimento, aumento do músculo liso nas paredes das vias aéreas e regiões esparsas de formação de tampões mucosos. Vasculatura pulmonar: hipoxemia causa vasoconstrição em pequenas artérias pulmonares e aumento na resistência vascular pulmonar, de forma crônica, há remodelação vascular e HAP irreversível, aumento da musculatura lisa medial e fibrose da íntima dessas artérias. - Diagnóstico Suspeitar se dispneia, tosse crônica ou expectoração e/ou história de exposição a fatores de risco, sendo necessáriaespirometria com VEF1/CVF pós-BD < 0,70 para confirmar limitação persistente do fluxo aéreo. GOLD 1 Leve FEV1 previsto > 80% GOLD 2 Moderado 50% < FEV1 previsto > 80% GOLD 3 Severo 30% < FEV1 previsto > 80% GOLD 4 Muito severo FEV1 previsto < 30% - Apresentação clínica Dispneia crônica e progressiva + tosse com escarro que podem preceder a limitação do fluxo aéreo. Dispneia: sintoma cardinal, causa incapacidade e ansiedade, sensação de aumento do esforço para respirar, peso no peito, falta de ar ou respiração ofegante, frequente aos esforços e mais em mulheres. Tosse crônica: pode ser intermitente ou estar presente todos os dias, muitas vezes ao longo do dia, e pode ser produtiva. Produção de escarro: pouca expectoração persistente com tosse, se ocorre por > 3 meses em 2 anos é bronquite crônica. Chiado e aperto no peito: o sibilo audível pode surgir no nível laríngeo, sibilos inspiratórios ou expiratórios generalizados, aperto no peito associado ao esforço, mal localizado caráter muscular com contração dos músculos intercostais. Fadiga: sensação de cansaço geral impactando a capacidade de realizar as atividades diárias. Pode haver síncope na tosse por aumentos rápidos da pressão intratorácica, fraturas nas costelas após crises de tosses, inchaço do tornozelo que pode indicar cor pulmonale, depressão, ansiedade, perda de peso/muscular e anorexia. - Tratamento Grupo A: tratamento broncodilatador com base em seu efeito sobre a falta de ar, pode ser SABA ou LABA. Grupo B: LABA - iniciar com 2 broncodilatadores se falta de ar grave - provavelmente tem comorbidades que podem aumentar sintomas e impactar o prognóstico. Grupo C: 1 BD de ação longa - LAMA por ser mais eficiente em relação à prevenção de exacerbações. Grupo D: LAMA, tem efeitos na falta de ar e nas exacerbações - em alguns pacientes, a terapia inicial com LABA/ICS pode ser a primeira escolha, pois tem maior probabilidade de reduzir as exacerbações se eosinófilos > 300 células/μL. Oxigenoterapia: pacientes estáveis com (1) PaO2 < 7,3 kPa (55 mmHg) ou SaO2 < 88%, com ou sem hipercapnia confirmada 2 vezes em 3 semanas; (2) PaO2 entre 7,3-8,0 kPa (55-60 mmHg), ou SaO2 de 88%, se evidência de HAP, edema periférico sugestivo de ICC ou policitemia (Ht > 55%). - Critérios de exacerbação aguda de DPOC Evento agudo com mudanças no padrão da dispneia basal ou tosse, padrão da expectoração, coloração do escarro. 6 Layane Silva 0 Falta de ar em exercícios vigorosos 1 Falta de ar quando corro ou caminho em uma ladeira 2 Anda mais devagar em relação às outras pessoas, ou tem que parar para respirar quando caminho no plano 3 Para para respirar depois de caminhar 100 metros 4 Não tenho fôlego para sair ou falta de ar ao se vestir O CAT avalia: tosse, presença de catarro no peito, aperto no peito, falta de subindo ladeira ou lance de escadas, nível de confiança em sair de casa com a condição pulmonar, sono profundo e nível de energia, classificando de 0 a 5. São classificados como leves (BD de curta ação), moderados (BD de curta ação + ATB e/ou corticosteróides orais) ou graves (hospitalização ou pronto-socorro). 2. Tabagismo e complicações associadas - Fisiopatologia das complicações Nicotina é um fármaco viciante, um dos componentes da fumaça do cigarro, estimula os receptores colinérgicos no cérebro, liberando dopamina que ativa o sistema de recompensa e os subprodutos na fumaça do tabaco induzem o metabolismo enzimático hepático. Efeitos agudos: aumento discreto da FC, PA e FR, sensação de mais energia e excitação, maior capacidade de concentração, menos tensão e ansiedade e sensação de prazer e gratificação, náuseas e redução do apetite. Efeitos crônicos: (1) DAC: lesão endotelial celular, aumentos transitórios da PA e FC, indução a estado pró-trombótico e efeitos adversos nos lipídios séricos; (2) CA de pulmão: tecido pulmonar é diretamente exposto aos carcinógenos inalados; (3) DPOC: tabagismo prejudica os mecanismos de defesa local das vias respiratórias e acelera o declínio da função pulmonar; (4) manchas amareladas nos dentes e dedos, perda de peso, pele seca e enrugada, cabelo fino, tosse crônica e dispneia aos esforços, DMRI, doenças vasculares não cardíacas, outros tipos de câncer, DM, pneumonia, artrite reumatoide e tuberculose. - Estratégias anti-tabagismo Períodos breves de aconselhamento por profissionais de saúde (3 minutos) incitando-o a parar de fumar aumenta as taxas de abandono. - Produtos de reposição de nicotina: goma de mascar de nicotina, inalador, spray nasal, adesivo transdérmico, comprimido sublingual ou pastilha. - Fármacos: (1) vareniclina e nortriptilina aumentam bupropiona longa de abandono e (2) anti-hipertensivo clonidina tem eficácia limitada pelos efeitos colaterais. ● Caso 11- HAS secundária (paragangliomas) 1. HAS secundária - Quando suspeitar e iniciar investigação? Indícios: HAS estágio 3 < 30 anos ou > 55 anos; HAS resistente ou refratária; uso de hormônios exógenos, fármacos ou substâncias que elevam a PA; tríade do feocromocitoma; indícios de apneia obstrutiva do sono; fácies típica ou biotipo de doenças que causam HAS; sopros em territórios arteriais ou massas abdominais; assimetria ou ausência de pulsos em MMII; hipopotassemia espontânea ou severa induzida por diuréticos (< 3 mEq/L); hematúria glomerular - dismórfica, albuminúria ou proteinúria), diminuição do RFG estimado, aumento da creatinina ou alterações de imagem renal. - Principais causas e principais achados - Comuns: DM, obesidade, apneia obstrutiva do sono, aldosteronismo primário, doenças do parênquima renal, doença renovascular. - Raras: feocromocitoma, síndrome de Cushing, hiperplasia adrenal congênita, hiper/hipotireoidismo (mixedema), hiperparatireoidismo primário, acromegalia, coarctação da aorta, aldosteronismo primário e síndromes de excesso de mineralocorticóides. Nefropatias: edema, hematúria, proteinúria, disúria, polaciúria, noctúria, história de infecção urinária, anomalia congênita do trato urinário associada à obstrução do trato urinário. palidez, atraso de crescimento e anemia. Em adultos, causa edema, anorexia, fadiga, creatinina e ureia elevadas, alterações do sedimento urinário. Feocromocitoma: perda de peso com bom apetite, crises de palidez/rubor, cefaléia, sudorese, febre, palpitações, dor abdominal, taquicardia e mal-estar. Hiperaldosteronismo: síncopes, fraqueza muscular, poliúria, câimbras, constipação, distensão abdominal e arritmias. Em adultos, ocorre HAS resistente ao tratamento e/ou com hipopotassemia e/ou com nódulo adrenal. Colagenoses: dores articulares, exantema, febre, edema, alterações hematológicas e dermatológicas. Neurofibromatose: manchas café-com-leite, neurofibromas. Doenças endocrinológicas: obesidade tipo cushingóide e/ou desenvolvimento puberal alterado. Coarctação da aorta: pulsos fracos ou ausentes nos MMII. 7 Layane Silva Estenose de artéria renal: HAS de início precoce, acentuada e de difícil controle, e sopro abdominal. Massas abdominais ou nas lojas renais: tumores ou rins policísticos, relatos de traumas ou radioterapia no abdome. Complicações perinatais: cateterismo umbilical, admissão em CTI ou broncodisplasia. Hipotireoidismo: fadiga, ganho de peso, perda de cabelo, HAS diastólica, fraqueza muscular. Hiperparatireoidismo: litíase, osteoporose, sede, depressão, letargia, fraqueza ou espasmos musculares e poliúria. Acromegalia: cefaléia, fadiga, problemas visuais, aumento de mãos, pés e língua. Hipertireoidismo: intolerância ao calor, perda de peso, palpitações, exoftalmia, hipertermia, reflexos exaltados, tremores e taquicardia. 2. HAS endócrina Achados sugestivos: diagnóstico precoce de HA (< 30 anos); HA resistente ou uso de ≥ 4 anti-hipertensivos; HA moderada ou severa (> 150x100 mmHg ou > 180x110 mmHg) ou crises hipertensivas; elevação súbita da PA em normotenso ou controlado prévio; ausência de descenso noturno da PA (<10%) no MAPA; lesões de órgãos alvo relacionadas à HA; hipocalemia basal ou induzida por diurético; achados clínicossugestivos de doença endócrina; história familiar de HA de origem endócrina; incidentaloma adrenal. - Epidemiologia Feocromocitoma: tumor das células cromafins das glândulas adrenais, que provoca a superprodução de catecolaminas, que causam HAS, tem pico de incidência entre 40-50 anos, sendo raros após os 60 anos. - Regra dos 10%: extra-adrenal (paragangliomas), crianças, bilaterais ou múltiplos, recorrência após cirurgia, maligno, familiar, incidentaloma, extra-abdominal e não funcionante. - Apresentação clínica Produção tumoral de catecolaminas vasoativas leva a crises hipertensivas + cefaléia episódica, sudorese e taquicardia ou palpitações; síncope miccional; hipotensão se produção de dopamina; palpitações fortes, tremor, palidez, dispneia, fraqueza generalizada e ataque de pânico; constipação crônica; hipotensão ortostática, turvação visual, papiledema, perda de peso, poliúria, polidipsia, constipação, febre, hiperglicemia, leucocitose e distúrbios psiquiátricos. Clínica: HAS + batimentos cardíacos rápidos e latejantes, sudorese excessiva, tontura ao levantar, respiração rápida, pele fria e úmida, dores de cabeça intensas, dores no peito e abdome, náusea e vômito, distúrbios da visão, formigamento nos dedos das mãos, constipação e ataques de pânico. - Tratamento (clínico e cirúrgico) Cirurgia: adrenalectomia aberta ou laparoscópica. Medicamentos: terapia medicamentosa para HAS pode reduzir o número de paroxismos e as lesões de órgãos-alvo. - Alfa-bloqueadores: previnem noradrenalina de estimular músculos nas paredes de vasos menores, reduzindo a PA. - Beta-bloqueadores: inibem a adrenalina, o coração bate mais devagar e com menos força, e relaxa as veias. - Prognóstico Quando o diagnóstico é precoce e é feita a ressecção total do tumor primário, o prognóstico é bom, pois, na maioria dos casos é um tumor benigno com sobrevida de 96% em 5 anos, já quando é maligno, a sobrevida é 44% em 5 anos. 3. Transtorno ansiosos Síndromes ansiosas de base orgânica: resulta de doença física, fármacos (corticóides, anti-hipertensivos), substâncias (cocaína, álcool) ou outra condição (hipertireoidismo, DPOC). TAG: sintomas ansiosos excessivos, causa insônia, angústia constante, irritabilidade e dificuldade em concentrar-se - além de cefaleia, dor muscular, tontura, dor/queimação no estômago, taquicardia, formigamento e sudorese fria. Transtorno de pânico: crises recorrentes, desenvolvimento de medo de ter novas crises, preocupações com implicações da crise e sofrimento subjetivo significativo + agorafobia. Transtorno de ansiedade de separação: medo e ansiedade relacionados a separar-se de pessoas significativas. Transtornos fóbicos: medo intenso e irracional, desencadeados por situações que não oferecem perigo real. Transtorno de estresse pós-traumático: se desenvolve após exposição a traumas, com recordações vívidas que invadem a consciência + emoções fortes + sensações físicas. TOC: ideias, fantasias e imagens obsessivas e atos, rituais ou comportamentos compulsivos, vividos como pressão sobre o indivíduo, como algo que o obriga e a que se submete. Hipocondria: transtorno de ansiedade de doença, temores e preocupações intensas com a ideia de ter patologia grave, por sensações corporais ou sinais físicos mínimos. 8
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