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Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Lombossacralgia Considera-se dor crônica a que dura no mínimo 3 meses, mas que pode causar sofrimento por anos, demandando tratamento farmacológico adequado e terapias múltiplas, pois abala os laços familiares, interpessoais, sociais, laborais e educacionais, além de fragilizar afetiva e emocionalmente o paciente. O mecanismo que transforma uma dor aguda e crônica é a plasticidade mal-adaptativa do sistema nociceptivo (baixa capacidade de dessensibilização). A dor crônica nociceptiva é resultado da estimulação dos nociceptores por longo período, como ocorre nos casos de tumores que comprimem os receptores sensoriais. A recepção e a transmissão central da informação nociceptiva ocorre de forma adequada e a dor é prolongada porque o estímulo é contínuo. A dor crônica neuropática decorre de atividade neural patológica diferente da dor crônica nociceptiva em diferentes níveis do sistema nervoso: periférico, SNC ou sistema nervoso autônomo. Uma lesão em nervo periférico pode modificar a excitabilidade da membrana, gerando potenciais de ação espontâneos. Dor crônica é o “código mãe” de sete códigos correspondentes às principais condições dolorosas crônicas: ● dor crônica primária; ● dor crônica relacionada ao câncer; ● dor crônica pós-traumática ou pós-cirúrgica; ● dor crônica neuropática; ● dor crônica relacionada a cefaleia ou dor orofacial secundária; ● dor crônica visceral secundária; ● dor crônica musculoesquelética secundária. > Fisiopatologia da lombocialtagia O nervo ciático é formado pelas raízes nervosas dos segmentos L4, L5, S1, S2 e S3 da coluna lombo-sacra. Após seu trajeto na pelve, o nervo sai da bacia, passa pela musculatura glútea próximo ao quadril e percorre a parte posterior da coxa, dividindo-se na parte inferior da coxa em nervo tibial e fibular comum. Ciática ou ciatalgia é a dor ao longo do trajeto do nervo ciático, geralmente resultado do comprometimento da raiz nervosa na coluna, mas também pode ser por compressão ou inflamação do próprio nervo. Quando além da dor no trajeto do nervo o paciente apresentar dor lombar, usa-se o termo “lombociatalgia”. 1 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria A dor aguda geralmente ocorre após a prática de atividades físicas e é de início súbito com duração inferior a 6 semanas, e dor crônica é quando perdura por mais de 12 semanas. Quanto à evolução, podem ser persistentes, episódicas ou recorrentes. Caracteriza-se por dor mecânica em região da coluna, geralmente desencadeada ou agravada por esforço físico ou posição ortostática prolongada e aliviada por repouso, posição supina ou flexão anterior da coluna. Pode manifestar-se desde à altura dos arcos costais inferiores até a região glútea. Acomete principalmente idosos, têm alta prevalência na população geral e é uma das principais razões para absenteísmo ao trabalho. Fatores como ocupação, obesidade, sedentarismo, ansiedade, depressão, tabagismo, causas trabalhistas, gestação e má postura estão relacionados ao risco de desenvolvimento e cronificação. Pode também vir acompanhada de ciatalgia, caracterizada por dor neuropática com irradiação para membro inferior, geralmente unilateral, até abaixo do joelho, reproduzida por estresse sobre as raízes do nervo ciático. A dor no nervo ciático é principalmente devido a compressão, pois a compressão da raiz do nervo causa edema, isquemia e inflamação. Esse processo inflamatório no caso de uma hérnia de disco acaba causando a dor tanto pelos impulsos que vão percorrer o nervo como também pelos impulsos de dor originados nos tecidos vizinhos (dura-máter, ligamentos e vasos sanguíneos) que também serão afetados pela compressão causada. Outras etiologias incluem causas não esqueléticas de compressão da raiz nervosa e mecanismos não compressivos, como infecção, inflamação, neoplasia e doença vascular. Na coluna vertebral existe um equilíbrio mecânico entre o segmento anterior da unidade anátomo funcional (corpos vertebrais e disco) e o segmento posterior (articulações interapofisárias ou zigoapofisárias). Quando ocorre a ação de forças mecânicas sobre essas estruturas, pode haver um desequilíbrio levando à dor por estimulação direta de terminações nervosas aí existentes, ou pela liberação de substâncias do núcleo pulposo que desencadeiam dor e processo inflamatório pela degeneração do disco intervertebral. Todas as estruturas do segmento motor podem constituir causas de dor. Porém, há evidências de que o ponto central seria o disco intervertebral (85% dos casos) –discopatias– cuja degeneração aumentaria a carga nas facetas articulares e alteraria a distribuição de cargas no platô vertebral e osso subcondral. 2 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria O disco degenerado tem sua capacidade de nutrição pela difusão passiva reduzida, levando a um acúmulo de íon hidrogênio que estimula receptores químicos de dor, situados na parte externa do anel fibroso. As discopatias compreendem as fissuras, rupturas, abaulamentos, diminuição da altura do disco e hérnias que podem ser protrusas e extrusas. Essas alterações degenerativas do disco intervertebral acrescentam um esforço adicional nas outras estruturas de suporte da coluna como as articulações das facetas, ligamentos e cápsulas articulares. Consequentemente, espessamento da membrana sinovial e cápsula articular, formação de tecido cicatricial, diminuição do espaço articular nas articulações facetárias, formação de osteófitos e esclerose do osso subcondral. Essas alterações são responsáveis pela dor em 10% a 15% dos pacientes com lombalgia crônica e lombociatalgia. Causas não mecânicas localizadas ● Inflamatórias: As principais causas são as espondiloartropatias soronegativas, como a espondilite anquilosante (doença que causa fusão das vértebras e processo inflamatório das articulações, gerando dor). Artrite reumatóide: as articulações vão sendo desgastadas, gerando dor lombar. Fibromialgia: alteração inflamatória gerando dor. ● Infecciosas (poucos casos): Geralmente um caso associado com estafilococos. Pode ser causada pela tuberculose que atinge a região óssea (mal de pott). Paciente refere febre associada, pode aparecer em pacientes que usam drogas intravenosas ou com uma infecção recente. ● Metabólicas: Osteoporose, osteomalácia (amolecimento do osso) e hiperparatireoidismo (altera metabolismo do cálcio, gerando uma fraqueza óssea), originando fraturas vertebrais que consequentemente levarão a transtornos biomecânicos nas unidades anátomo-funcionais provocando a lombalgia ou lombociatalgia. ● Psicossomáticas: Causas emocionais que podem levar à lombalgia ou agravar outras causas já existentes. Protrusão discal: Processo inflamatório sobre a raiz nervosa causada pela reação inflamatória consequente a aumento de pressão intradiscal e protrusão do disco intervertebral no interior do canal vertebral. 3 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Hérnia de disco: Condição em que além do processo inflamatório sobre a raiz nervosa há uma compressão mecânica dessa raiz pelo disco intervertebral, com prevalência de 5%. Tal condição tem maior incidência entre a terceira e quarta décadas de vida. Isso, pois nessa fase da vida o processo degenerativo do disco intervertebral encontra-se em um momento em que ainda há pressão no interior do núcleo pulposo, porém o ânulo fibroso já apresenta redução de sua capacidade de resistir a essa pressão interna. Com isso ocorrem rupturas no ânulo fibroso e consequente compressão de uma raiz nervosa no interior do canal vertebral ou no forâmen intervertebral. Estenose de canal vertebral:Condição que pode ser congênita, na minoria dos casos e degenerativa, na maioria, em que o diâmetro do canal vertebral está entre 10 e 12mm secundário ao espessamento ósseo das lâminas e facetas articulares, hipertrofia do ligamento amarelo, ossificação do ligamento longitudinal posterior e hiperlordose. Tal condição está relacionada à compressão nervosa mecânica e também a insuficiência vascular e isquemia relativa. 4 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Síndrome pós-laminectomia: Cerca de 10 a 40% dos pacientes que são submetidos a cirurgia de coluna lombar para alívio da dor, independente da técnica cirúrgica utilizada, evoluem com dor crônica neuropática no membro inferior que é responsável pela perda da QV. Tal condição tem etiologia multifatorial e está relacionada a eventos pré, intra e pós-operatórios. Síndrome do piriforme/pseudo ciatalgia: Cerca de 6% dos casos de ciatalgia lombar podem ser relacionados à síndrome do piriforme. Tal condição está relacionada à compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme ou mesmo pelo tendão desse músculo no assoalho pélvico. Isso ocorre quando há hipertrofia, inflamação ou variação anatômica do músculo. Porém, diferente da dor ciática verdadeira, o paciente sente importante dor no quadril que pode ser tão substancial a ponto de causar claudicação. Também pode ser causada ciatalgia por tumor espinal (metastático ou primário), fratura vertebral, espondilolistese. 5 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria > Quadro clínico Dor e sintomas sensoriais como parestesia, disestesia, anestesia ou hiperestesia que envolvem um dermátomo lombossacral específico. A parestesia ocorre em 65% dos casos, irradiando dor em aproximadamente 35% e dormência em aproximadamente 25%. Pode ter Hiperalgesia: dor exagerada (desproporcional) a um estímulo habitualmente doloroso; Alodínia: dor devido a um estímulo que normalmente não provoca dor. Além da dor, os pacientes com lesão significativa do nervo ciático nessa região também se queixam de fraqueza que afeta a maior parte da musculatura da perna, incluindo os isquiotibiais, bem como marcha claudicante. A flexão, extensão, abdução e adução do quadril e extensão do joelho são normais. A perda sensorial envolve todo o território fibular, tibial e sural. O reflexo do joelho é normal, mas o reflexo do tornozelo não pode ser obtido. ● Dor que irradia da coluna lombar para a parte posterior da coxa e da perna; ● Aumento da dor na perna com tosse, espirro ou estiramento da coluna; ● Aumento da dor com a manobra de elevar o membro inferior esticado se o paciente estiver deitado. > Rotina semiológica para diagnóstico e manobras especiais Anamnese: Na anamnese do paciente com dor lombar devemos questionar o tempo de evolução dos sintomas, fatores precipitantes, localização, característica, severidade, irradiação e fatores de alívio e de piora da dor. Você vai analisar se o quadro clínico é compatível com ciatalgia. Outros sintomas que frequentemente ajudam no diagnóstico da dor lombar é a piora da dor com tosse, espirro ou manobra de Valsalva, o que sugere herniação discal na maioria dos casos. Dor lombar que se irradia para os membros inferiores, ocorre ao deambular ou em ortostatismo e alivia ao sentar-se ou ao flexionar a coluna para a frente é típica de neuroclaudicação e sugere estenose espinhal central. 6 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Já a lombalgia com presença de disfunção intestinal ou urinária pode sinalizar a compressão severa da cauda equina (compressão aguda de múltiplas raízes, causando disfunção esfincteriana), condição que necessita de avaliação cirúrgica imediata. Exame físico: ● Inspecione o alinhamento da coluna. ● Palpe os processos espinhosos e os músculos paravertebrais. ● Faça percussão a procura de pontos dolorosos. ● Teste a amplitude dos movimentos: - flexão frontal (75°) - hiperextensão (30°) - inclinação lateral (30°) - rotação O exame em si precisa ser feito com o paciente somente de roupas íntimas para que seja possível a visualização da coluna. Depois disso é preciso partir para o exame neurológico completo (força, sensibilidade e reflexos). Deve-se avaliar a sensibilidade de cada dermátomo, da força muscular bilateralmente, por meio da resistência do examinador e da gravidade. Manobras especiais: ● Valsalva A exacerbação da dor na compressão radicular também pode ser comprovada através da manobra de Valsalva, ou ainda observa-se irradiação da dor até o pé, o que não acontecia antes. ● Manobra de Lasègue É realizada com o paciente em decúbito dorsal, elevando o membro inferior com a perna estendida. É considerada positiva quando a dor se irradia, ou se exacerba, no trajeto do dermátomo de L4-L5, ou L5-S1, quando a elevação do membro inferior faz um ângulo de 35º a 70º com o plano horizontal. Sua positividade a 60º comprova a compressão radicular. 7 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria ● Teste de Patrick O Teste de Patrick é realizado também com o paciente em decúbito dorsal e com um membro inferior fletido, abduzido e em rotação externa. Com uma das mãos o examinador exerce uma pressão para baixo sobre o joelho ipsilateral e com a outra exerce uma força contra a espinha ilíaca ântero-superior da pelve, no lado contralateral. É muito importante e geralmente positivo se existe alguma doença do quadril ou da articulação sacro-ilíaca, o que é muitas vezes confundido com a compressão do nervo ciático. ● Sinal das pontas Uma maneira simples e eficiente de testar os músculos da panturrilha e os dorsiflexores do tornozelo é a observação da marcha sobre a ponta dos pés e sobre os calcanhares, que testam, respectivamente, a musculatura da panturrilha (S1-S2) e os dorsiflexores do tornozelo (L4-L5). - Não se consegue andar com um dos calcanhares: compressão da raiz L5. - Não se consegue andar com uma das pontas dos pés: compressão da raiz S1. ● Sinal do arco de corda Levanta-se a perna do paciente, como na manobra de Lasègue, até que a dor apareça; nesse momento, faz-se uma flexão do joelho. Havendo redução e/ou desaparecimento da dor, o sinal é considerado positivo para o diagnóstico de hérnia discal. ● Sinal de Bragard O sinal de Bragard é pesquisado realizando-se a manobra do sinal de Laségue com a dorsiflexão do pé como uma forma de sensibilizar o sinal de Laségue. 8 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria ● Brudzinski O paciente em decúbito dorsal é instruído para realizar a flexão ativa da coluna cervical, e o teste é considerado positivo quando a flexão da coluna cervical desencadeia o aparecimento dos sintomas e o paciente realiza a flexão dos joelhos e quadris para aliviá-los. ● Kernig Paciente em posição supina e com o quadril e joelhos fletidos realiza a extensão do joelho. O teste é considerado positivo quando os sintomas aparecem durante a extensão do joelho e são aliviados com sua flexão. ● Dor nas costas a longo prazo e piora progressiva dos sintomas (dor crônica). ● Perda de movimento ou de sensibilidade nas pernas e nos pés. ● Perda de funcionalidade de intestinos e bexiga. ● Mais raramente, lesão medular permanente. Os protocolos aconselham que o diagnóstico por imagem seja somente indicado para pacientes com sinais e sintomas de déficit neurológico severo ou doença séria de base (suspeita de neoplasia, por exemplo). Aqueles pacientes que não obtiveram melhora da lombalgia após 4 a 6 semanas ou os que desenvolveram sinais de alerta para outras condições também estão 9 Maria Tereza TrindadeTeixeira - Medicina Tutoria entre as indicações de investigação por imagem. Desta forma, como uma primeira avaliação, utiliza-se a radiografia da coluna lombossacra, nas incidências ântero-posterior e perfil, para avaliar outras possibilidades como tumor, infecção, espondilose e espondilolistese, além de outras instabilidades de coluna. Exclui doenças sistêmicas, fraturas ou deformidade. Visualiza o espaço intervertebral, calcificações marginais, forame neural, calcificação nas articulações interfacetárias. A tomografia e a ressonância magnética (RNM) são mais sensíveis na detecção precoce de neoplasias e infecções do que a radiografia, mas prefere-se a RNM por representar melhor os tecidos moles e evitar radiação. Para pacientes com suspeita clínica de doença sistêmica com implicação lombar é prudente solicitar exames de sangue e urina para auxiliarem no diagnóstico. E quando há dúvida entre estenose de coluna ou compressão radicular e outra síndrome neuropática periférica, a eletromiografia e o teste de condução nervosa podem se fazer úteis no diagnóstico. A tomografia computadorizada é um método planar, segmentar, que permite boa avaliação dos desarranjos discais, das alterações degenerativas das faces intervertebrais (platôs vertebrais) e articulações zigapofisárias. Também avalia o canal vertebral, recessos laterais e forames intervertebrais. A sua boa resolução espacial permite melhor definição dos contornos ósseos. A ressonância magnética é um método multiplanar que não utiliza radiação ionizante e com amplo campo de visão. Permite boa avaliação dos desarranjos discais e das alterações degenerativas. É particularmente útil na análise do conteúdo do canal vertebral, incluindo cone medular, raízes da cauda eqüina e medula óssea. A eletroneuromiografia não está indicada nas lombalgias agudas e crônicas e nas lombociatalgias agudas. É o único método que produz informações sobre a fisiologia da raiz nervosa envolvida, ajudando a compor a relevância clínica, sendo, entretanto, fundamental no diagnóstico diferencial das outras doenças do sistema nervoso periférico que possam mimetizar um quadro radicular. É um exame realizado para medir a resposta muscular à estimulação nervosa. Os resultados da EMG podem revelar a presença de disfunção nervosa, disfunção muscular ou problemas com transmissão de sinal nervoso-músculo. A densitometria óssea não está indicada nas lombalgias mecânicas ou não, agudas ou não, como método de investigação inicial, podendo ser útil naqueles casos em que o RX simples mostra a presença de deformidade vertebral, do tipo colapso, 10 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria ou osteopenia radiológica. Neste aspecto, o simples achado de perda de massa óssea, revelado por este exame, não indica que a osteoporose justifique a dor lombar. O médico deve estar alerta também para as várias situações clínicas de osteoporose secundária, nas quais o exame pode ser indicado, como no uso prolongado de corticosteróides, hiperparatireoidismo, etc. É um exame realizado para definir massa óssea em regiões como coluna lombar e fêmur e fazer diagnóstico de osteoporose. É realizado num aparelho de dupla emissão de raio-X, porém com baixa dosagem de radiação. Na mielografia, sob anestesia local, o médico coloca uma agulha no canal medular na parte inferior das costas e injeta um contraste, que se mistura com o líquido espinhal em todo o saco dural. Após o contraste ser injetado, são feitas RX ou TC, o que pode mostrar áreas onde há bloqueio da difusão do contraste. Essas imagens permitem a visualização do estreitamento do canal medular (estenose de canal vertebral e foraminal) ou do nervo, que podem estar causando os sintomas. Indicações: contra indicações de RM ou para visualizar imagens adicionais para diagnóstico. Discografia é um método invasivo. Médico coloca uma agulha dentro do disco e injeta contraste. Em seguida, o paciente é questionado sobre o surgimento da dor e se ela é semelhante a dor usual (AVALIA A DOR). Após a discografia são realizadas RM ou TC para ver a dispersão do contraste. Se houver dispersão: pode indicar ruptura da parede do disco, que às vezes é a fonte da dor. Indicações: apenas nos casos de hérnia de disco com alteração de sinal na RM e quando se deseja saber qual o disco responsável pelo quadro de dor. 11 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Uma abordagem terapêutica correta da lombalgia aguda com a combinação de tratamento conservador, escolas de coluna, orientação ergonômica e fisioterápica é capaz de influenciar sua evolução evitando a cronicidade. > Conservador Repouso: Ficar na posição de decúbito supino, joelhos fletidos e pés apoiados sobre o leito e/ou com flexão das pernas num ângulo de 90° com as coxas e destas com a bacia. O objetivo é retificar a coluna. O repouso é eficaz tanto nas lombalgias, como nas lombociatalgias e ciáticas, mas ele não pode ser prolongado, pois a inatividade tem ação deletéria sobre o aparelho locomotor. O paciente deve ser estimulado a retornar às suas atividades habituais, o mais rapidamente possível. Preconiza-se entre 3-4 dias o tempo de repouso e, no máximo, 5-6 dias. Medicamentos: ● Analgésicos Não Opióides - Paracetamol (acetaminofen) 500mg de 4 a 6 vezes ao dia, nas dores leve a moderada. Cautela em pacientes com hepatopatias e associado a antiinflamatório não hormonal. - Dipirona 500mg até 4 vezes ao dia. ● Analgésicos Opióides Usados em lombalgia aguda e lombociatalgia por hérnias discais resistentes a outros analgésicos, fraturas e metástases. - Fosfato de codeína 30mg 3 a 4 vezes ao dia - Cloridrato de tramadol 100 a 400mg por dia - Oxicodona 5 a 10mg, 3 a 4 vezes ao dia. - Sulfato de morfina: indicação restrita a casos graves ● Antiinflamatórios Não Hormonais (AINH) São utilizados frequentemente, pois apresentam efeitos analgésicos, antiinflamatórios e antipiréticos associados. Uma revisão do “Cochrane Controlled Trials Reistry” mostrou que são efetivos no controle dos sintomas em curto prazo, nas lombalgias mecânicas agudas, e nenhum tipo específico mostrou claramente ser mais efetivo que outro. ● Glicocorticóides Indicados nos casos de lombociatalgia aguda. 12 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria ● Relaxantes Musculares Podem ser associados aos AINHs mostrando melhor resultado do que quando usados isoladamente. - Ciclobenzaprina: 5 a 10 mg/dia, relaxante muscular de ação central estruturalmente relacionados com os antidepressivos tricíclicos. - Carisoprodol: 350 mg/dia, medicação de uso em curto prazo. ● Antidepressivos Indicados nas lombalgias crônicas com componente psicossomático e nas fibromialgias. Infiltração: Apenas as infiltrações epidurais com glicocorticóides, anestésicos e opióides podem ser utilizadas nos casos de lombociatalgia aguda após falha com o tratamento medicamentoso e medidas físicas. Deve ser feita por especialistas experientes e se possível com fluoroscopia. Reabilitação: Deve ser baseada em seis pilares: ● Controle da dor e do processo inflamatório; ● Restauração da amplitude dos movimentos articulares e alongamento dos tecidos moles; ● Melhora da força e resistência musculares; ● Coordenação motora; ● Melhora do condicionamento físico; ● Manutenção de programas de exercícios. O exercício aumenta o nível de ß endorfina no sangue periférico e diminui o pH no interior do disco intervertebral por aumentar a concentração de O2, diminuindo assim, o estímulo doloroso. Acupuntura: Ação analgésica por aumento da endorfina e ACTH através da “hiperestimulação analgésica” proposta por Melzac e Wall na teoria dos “portões”. Nãohá evidências científicas que comprovem o benefício da acupuntura na lombalgia e lombociatalgia. Terapia Comportamental: Nas lombalgias crônicas pode-se reduzir a incapacidade através da mudança dos padrões comportamentais. Há evidências obtidas por meio de meta-análises que demonstram melhora da dor e capacidade funcional na lombalgia crônica, porém não existem evidências de melhora a curto prazo. > Cirurgia 13 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Deve ser baseado no diagnóstico clínico e nos exames por imagens. Na lombalgia mecânica é indicado apenas nos casos resistentes ao tratamento conservador com evolução atípica, podendo ser feitas infiltrações nas discopatias, dos pontos dolorosos e peri-fateratárias além de denervação facetária e artrodese do segmento vertebral. Nas hérnias discais é indicado nos casos de déficit neurológico grave agudo com ou sem dor, nas lombociatalgias de difícil controle álgico após três meses de tratamento conservador e na síndrome da cauda equina. Na síndrome do canal estreito é realizada em caráter individual nos casos incapacitantes e progressivos. Em alguns casos de fraturas por osteoporose podem ser realizadas vertebroplastia, descompressão e artrodese, porém, tais procedimentos são raramente utilizados. Nas lombalgias inflamatórias como a espondilite anquilosante indica-se raramente o tratamento cirúrgico nos casos de dor por compressão do canal vertebral e instabilidade. Nas espondilodiscites (lombalgias infecciosas) é indicado nos casos de evolução desfavorável com o tratamento clínico, recomendando-se a biópsia diagnóstica fechada ou aberta. > Corticóides A zona intermediária da supra-renal, a fasciculada, sintetiza os glicocorticoides (p. ex., cortisol), que estão envolvidos com o metabolismo normal e a resposta ao estresse. Os glicocorticoides servem de retroalimentação inibitória da secreção de ACTH (hormônio adrenocorticotrópico) e CRH (hormônio liberador da corticotropina). Os corticosteroides ligam-se a receptores intracelulares citoplasmáticos específicos nos tecidos-alvo. Os receptores glicocorticoides são amplamente distribuídos pelo organismo, ao passo que os receptores mineralocorticoides estão confinados 14 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria principalmente nos órgãos de excreção, como rins, colo e glândulas salivares e sudoríparas. No cérebro encontram-se receptores mineralocorticoides e glicocorticoides. Após a dimerização, o complexo receptor-hormônio recruta proteínas coativadoras (ou correpressoras) e transloca para o núcleo, onde se fixa em elementos promotores no gene. Ali, ele atua como um fator de transcrição para ativar o gene (quando complexado com ativadores) ou inibi-lo (quando complexado com correpressores), dependendo do tecido. O principal mecanismo de ação anti-inflamatória dos corticoides é o bloqueio duplo da cascata do ácido araquidônico, por meio da indução da lipocortina, que age inibindo a fosfolipase A2 e da inibição das COXs, que possuem papel crucial na mediação da inflamação ao produzir prostaglandinas e prostaciclinas. Também inibem a síntese e liberação de TNF-α, interleucinas de 1 a 8, interferon γ e a ativação de células T por citocinas. Possuem efeito inibidor da função de fibroblastos, com menor produção de colágeno e glicosaminoglicanos e certa redução na cicatrização e reparo. Além disso, agem nas células sanguíneas, reduzindo o número de macrófagos, eosinófilos e linfócitos e suas ações. Aumentam a quantidade de neutrófilos por recrutamento, redistribuindo seu pool, contudo, sem influência significativa na síntese de anticorpos. Efeitos adversos: Os efeitos adversos em geral são dose-dependentes. Como exemplo, nos pacientes com artrite reumatoide, a dose diária de prednisona é o principal fator que permite prever a ocorrência de efeitos adversos. 15 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria A osteoporose é o efeito adverso mais comum, devido à propriedade dos glicocorticoides de suprimir a absorção intestinal de Ca2 +, inibir a formação do osso e diminuir a síntese de hormônios sexuais. Os pacientes são orientados a tomar suplementos de cálcio e vitamina D. A síndrome tipo Cushing clássica (redistribuição da gordura corporal, face de lua cheia, hirsutismo e aumento do apetite) é observada na reposição excessiva de corticosteróides. Também podem ocorrer cataratas na terapia de longa duração com corticoide. Pode-se desenvolver hiperglicemia e diabetes melito. O tratamento tópico também pode causar atrofia da pele, equimoses e estrias púrpuras. https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQ LSfA7fPWuzQj_53mAuXYtEpoAzqJIyYeL qqCe40bbZp6odNTdw/viewform 16 https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfA7fPWuzQj_53mAuXYtEpoAzqJIyYeLqqCe40bbZp6odNTdw/viewform https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfA7fPWuzQj_53mAuXYtEpoAzqJIyYeLqqCe40bbZp6odNTdw/viewform https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfA7fPWuzQj_53mAuXYtEpoAzqJIyYeLqqCe40bbZp6odNTdw/viewform
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