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d) execução por quantia certa (824, CPC) É a obrigação em que o credor pretende que o devedor pague determinada quantia em dinheiro. Se o devedor não paga, o Estado-Juiz toma o seu patrimônio (dinheiro ou bens) para satisfação da obrigação. A execução por quantia certa se processará com os seguintes atos processuais: A) Petição Inicial - Requisitos do 319, do CPC - Memória discriminada de cálculo, indicando o valor do débito e seus acréscimos - Se o credor desejar poderá já indicar na inicial qual bem deverá ser penhorado para satisfação do crédito. B) Despacho Inicial - O magistrado examinará a inicial e poderá determinar emenda no prazo de 15 dias, acaso haja alguma falha. - Se tudo estiver em termos, o magistrado determinará a citação do devedor para que pague a quantia indicada no prazo de 3 dias, sob pena de penhora. - O magistrado fixará 10% de honorários de sucumbência devidos ao credor, que serão reduzidos à metade, acaso seja realizado o pagamento em 3 dias. "Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado. § 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade. § 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente." C) Citação - Admite-se todas as formas de citação (em especial Oficial de Justiça ou AR) - Executado é citado para pagar em 3 dias (sob pena de penhora) e para oferecer embargos à execução em 15 dias. "Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.” - Assim, com a citação passa a fluir 2 prazos distintos para o executado: realizar o pagamento (3 dias contados a partir da efetiva citação) e opor embargos à execução (15 dias contados a partir da juntada do mandado de citação cumprido). - Como o início da contagem dos prazos tem origem distinta, necessário que seja expedido mandado de citação em duas vias (uma para cada ato que o executado deverá praticar). - Realizada a citação, o oficial aguardará o prazo de 3 dias para pagamento. Se o mesmo não for efetivado, o oficial poderá realizar a penhora dos bens do executado (preferencialmente os bens indicados pelo credor). "Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação. § 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado. § 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente." - Se o credor não tiver indicado bens, o oficial poderá em diligência os localizar. Acaso o oficial não os localize, o magistrado poderá determinar que o devedor indique os bens. - Se o executado não indicar bens praticará ato atentatório a dignidade da justiça (774, V, CPC) e o mesmo sofrerá as sanções previstas no parágrafo único do artigo 74, CPC) "Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: I - frauda a execução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus. Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. - Por fim, com a juntada do mandado de citação ao processo, inicia-se a contagem do prazo de 15 dias para o executado apresentar seus embargos à execução. "Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231 . § 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. § 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado: I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens; II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo." D) Arresto (830, CPC) - Trata-se do bloqueio de bens do executado antes do mesmo ser citado (Arresto executivo). - Assim, quando o oficial não localiza o executado para realizar a citação, mas encontra seus bens, poderá realizar o arresto destes (para que não desapareçam/ não se percam). - A constrição se realizada antes de que o devedor seja citado (arresto executivo). - Para que seja válido e possa ser convertido em penhora posteriormente, deverá o oficial lavrar um termo de arresto e nomear um depositário (incumbência de zelar pela preservação do bem arrestado). - Após realizado o arresto, o oficial de justiça tentará por mais duas vezes citar o devedor (dez dias subsequentes ao arresto). Se encontrar, fará a citação pessoal, caso contrário poderá realizar citação com hora certa ou edital (citação ficta). Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução. § 1º Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido. § 2º Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa. § 3º Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo. E) Curador Especial - Sempre que a citação for realizada na modalidade ficta (edital ou hora certa), e o executado não responder, é obrigatório constituir a este um curador especial (súmula 196, STJ), que poderá apresentar embargos à execução. - O curador especial, neste caso, somente poderá apresentar os embargos à execução, se houver argumentos para apresentá-lo, não podendo fazer por meio de negativa geral. - Acaso não haja nenhuma alegação, o curador ficará dispensado de apresentar embargos à execução, mas deverá acompanhar a execução e se manifestar sobre os atos praticados, preservando direitos do executado. F) Pagamento Se o executado realizar o pagamento integral do débito, acrescido de correção monetária, juros, multa e honorários sucumbenciais fixados no despacho inicial (pela metade) no prazo de 3 dias, a execução poderá ser extinta. G) Penhora É o ato de constrição que tem por finalidade individualizar os bens do patrimônio do devedor que ficarão afetados ao pagamento do débito. O credor já na inicial poderá indicar os bens do devedor passíveis de penhora e que possam satisfazer o crédito deste. O artigo 835, CPC arrola ordem de prioridade dos bens penhoráveis, porém nãopossui caráter rígido, vejamos: Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV - veículos de via terrestre; V - bens imóveis; VI - bens móveis em geral; VII - semoventes; VIII - navios e aeronaves; IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos; XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros direitos. Ademais, deve-se respeitar a impenhorabilidade dos bens, prevista no artigo 833, CPC, conforme já estudado na teoria geral da execução. Art. 833. São impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. Se o credor não indicar bens com a inicial, e o devedor não realizar o pagamento em 3 dias, o Oficial de Justiça munido de mandado de penhora, poderá buscar bens penhoráveis do devedor. Acaso o Oficial não encontre referidos bens, o magistrado intimará o devedor para que indique bens penhoráveis. Se o devedor tiver bens penhoráveis e não os indicar, incorrerá nas penas de ato atentatório à dignidade da justiça. - penhora "online" Se realiza por meio de comandos emitidos pelo magistrado às instituições financeiras para que sejam bloqueadas contas bancárias do devedor. Artigo 854, CPC autoriza que o magistrado requisite por meio eletrônico informações bancárias do devedor, bem como determine o bloqueio (indisponibilidade) dos ativos financeiros do excecutado. (Não é necessário prévio conhecimento do devedor). Após o bloqueio, o executado será intimado (advogado) ou pessoalmente. Se o bloqueio recair sobre ativos impenhoráveis, o executado pode se manifestar em 5 dias e o juiz determina a liberação em 24 horas. Se o executado não se manifestar em 5 dias, o se a manifestação for rejeitada, o bloqueio se converterá em penhora e o valor será transferido a uma conta judicial vinculada ao processo. (Não é necessário lavrar termo de penhora). Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução. § 1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo. § 2º Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente. § 3º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que: I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis; II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros. § 4º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3º, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas. § 5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução. § 6º Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que, em até 24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade. § 7º As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de determinação de penhora previstas neste artigo far- se-ão por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional. § 8º A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz. § 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei. - penhora de imóveis e de veículos automotores (845, § 1º) Esta penhora bloqueia bens imóveis e/ou automóveis que estejam em nome do devedor. Pode ser realizada por auto ou termo. Auto: realizada por oficial de justiça (requerido pelo credor). Termo: quanto houver certidão imobiliária nos autos (dispensa oficial de justiça). - penhora de créditos e penhora no rosto dos autos A penhora pode recair sobre todos os bens (corpóreos ou incorpóreos) do devedor. Inclusive sobre seus créditos. Se o credito estiver consubstanciado em um título de crédito o credor poderá fazer a apreensão do título. No entanto, se o credito decorrer de um direito de ação do devedor, o credor se sub rogará nos direitos de crédito do executado (devedor). A penhora no rosto dos autos recai sobre eventual direito do executado discutido em processo judicial. Enquanto não julgado, o credor possui apenas uma expectativa do direito de crédito. Após julgamento, o crédito poderá ser revertido em proveito do credor. Assim, realizada a penhora no rosto dos autos, o credor poderá: - aguardar o fim do processo - tentar alienar o crédito objeto do litígio - Se sub-rogar no direito de crédito do devedor, tornando-se titular do direito objetodo litígio. - penhora de frutos ou rendimentos de coisa móvel ou imóvel A penhora pode recair sobre os frutos e rendimentos de determinado bem. O magistrado é quem define a forma de recebimento do credito (menos gravosa ao executado). Tal penhora, exige a nomeação de um administrador judicial que prestará contas mensalmente sobre os frutos ou rendimentos recebidos. Para bens imóveis, necessária a averbação no RI (publicidade à terceiros). Ex. Penhorar os alugueis de um imóvel ao invés de determinar a penhora do próprio bem imóvel. - penhora de percentual de faturamento de empresa (866, CPC Somente será deferida quando o executado não tiver outros bens penhoráveis/ou se tiver somente bens de difícil alienação/ ou bens insuficientes para saldar o débito. Nestes casos, a penhora recairá sobre parte do faturamento (percentual fixado pelo magistrado), de modo a satisfazer o crédito do enxequete em tempo razoável, sem, contudo, comprometer o exercício da atividade empresarial. O administrador judicial nomeado pelo juiz deverá prestar contas mensalmente e entregar em juízo os valores recebidos, com os respectivos balancetes mensais. Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de empresa. § 1º O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial. § 2º O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submeterá à aprovação judicial a forma de sua atuação e prestará contas mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida. § 3º Na penhora de percentual de faturamento de empresa, observar- se-á, no que couber, o disposto quanto ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel. Averbação da penhora - Se a penhora recair sobre bens imóveis - registro no respectivo RI (844, CPC). - Se a penhora recair sobre bens móveis (carros, barcos, motos, ônibus, caminhões, obras de arte) - registro no respectivo órgão competente. - Finalidade da averbação - dar publicidade da penhora. (Gera presunção absoluta de conhecimento de terceiros). - Súmula 35, STJ: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente." - Se não realizada a averbação, a penhora ainda assim produz efeitos, apenas não dá publicidade à terceiros, admitindo embargos de terceiros com alegação de boa-fé. - A averbação será realizada com a apresentação da cópia do auto/termo de penhora ao respectivo órgão de registro (podendo ser eletrônica - 837,CPC), sem a necessidade de mandado judicial. Redução ou ampliação da penhora (874, CPC) - Se após a avaliação dos bens penhorados, constatar-se desencontro entre o valor do débito e o valor avaliado, as partes podem requerer ampliação ou redução da penhora ao magistrado. - O magistrado não poderá determinar redução ou ampliação de ofício. - Antes do magistrado decidir, sempre ouvirá a parte contrária. Substituição do bem penhorado (847 a 858, CPC) A substituição da penhora somente poderá ser deferida pelo juiz quando a penhora: - não obedece a ordem legal (835, CPC) - Não incide sobre os bens designados por lei/contrato ou ato judicial (hipotecas, alienação fididuciária, etc). - Recai sobre bens situados em outra comarca (se houver bens) - Recai sobre bens já penhorados, quando existe outros livres - Recai sobre bens de baixa liquidez - Não consegue realizar a alienação judicial do bem - O executado não indique ou omita o valor dos bens. Pode ainda substituir a penhora por fiança bancária ou seguro garantia judicial (correspondente ao valor do débito mais 30%). Procedimento para a substituição da penhora (853, CPC) - A substituição poderá ser requerida por quaisquer das partes; - Recebido o pedido, o magistrado concederá prazo de 3 dias à parte contrária - Ouvida a parte, o magistrado decidirá sobre o deferimento ou não da substituição da penhora. Art. 853. Quando uma das partes requerer alguma das medidas previstas nesta Subseção, o juiz ouvirá sempre a outra, no prazo de 3 (três) dias, antes de decidir. Parágrafo único. O juiz decidirá de plano qualquer questão suscitada. - É possível ainda ao devedor requerer a substituição do bem penhorado por dinheiro (mais vantajoso ao credor). Não confundir com o pagamento (pois nesta o devedor não apresenta defesa). No caso de substituição por dinheiro, o devedor apresenta defesa e contesta a execução. Segunda penhora (851, CPC) Poderá ser realizada uma segunda penhora, quando: - a primeira for anulada; - executados os bens, o resultado da venda não for suficiente para pagamento do débito; - O exequente desistir da primeira penhora (por já estarem com outra penhora ou por estarem gravados com garantias). Pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem (direito de preferência) Um mesmo bem pode ser penhorado mais de uma vez em execuções diferentes, já que o seu valor pode ser suficiente para saldar diversas dívidas. Portanto, o bem quando levado à hasta pública em qualquer das execuções, formará um concurso de credores para o recebimento decorrente da venda do bem. Neste caso, haverá uma ordem de prioridade/preferência (908, CPC) - primeiro verificar se há algum credor preferencial (trabalhista, fiscal, com garantia real ou condominial). Se mais de um destes, segue-se a ordem das penhoras; - Se não houver credores preferenciais, seguiremos a ordem de efetivação das penhoras, independente do registro ou ajuizamento da ação. (Terá preferência aquele que promoveu a primeira penhora e assim sucessivamente). - Nem sempre terá prioridade no recebimento, aquela execução que promoveu a hasta publica. h) Depositário e sua responsabilidade (839, CPC) A penhora só se concretiza quando bens móveis e imóveis são deixados aos cuidados e guarda de um depositário. No auto de penhora, constará a nomeação do depositário que assinará o referido auto. Súmula 319, STJ - ninguém assinará o termo de depositário contra a sua vontade. "O encargo de depositário de bens penhorados pode ser expressamente recusado." O artigo 840, CPC, estabelece a ordem de prioridade na nomeação do depositário: - Se a penhora for de dinheiro, papéis de crédito e pedras ou metais (BB, CEF, instituição designada pelo Juiz); - Se a penhora for de bens móveis/imóveis urbanos/semoventes - depositário judicial ou caso não haja, o exequente ou se difícil remoção poderá ser nomeado o executado; - Se a penhora for de imóveis rurais, máquinas e utensílios agrícolas, será depositário o executado, mediante caução idônea. Art. 840. Serão preferencialmente depositados: I - as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e as pedras e os metais preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal ou em banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado, ou, na falta desses estabelecimentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo juiz; II - os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judicial; III - os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou úteis à atividade agrícola, mediante caução idônea, em poder do executado. § 1º No caso do inciso II do caput , se não houver depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente. § 2º Os bens poderão ser depositados em poder do executado nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente. Responsabilidade do depositário: - guarda, preservação do bem penhorado -possui a mera detenção sobre o bem - quando o bem for arrematado ou adjudicado, cumpre-lhe entregar o bem. - acaso não faça, cabe a expedição de mandado de imissão na posse ou busca e apreensão (na própria demanda de execução). OBs.: Não há mais a possibilidade de determinar a prisão civil do depositário infiel. i) Avaliação dos bens/Dispensa da avaliação/Nova Avaliação O oficial de justiça, ao realizar a penhora, já promoverá a avaliação do bem, podendo se utilizar de todos os elementos ao seu alcance. Ex.: Anúncios, classificados, pesquisas em imobiliárias, informações de corretores, elementos identificados pelas partes, ou qualquer outra fonte idônea. Se o oficial constatar que não possui condição de promover a avaliação do bem penhorado (exigência de conhecimentos técnicos especializados), informará o juízo (justificando a sua impossibilidade) e o magistrado, nesta hipótese excepcional, poderá nomear um perito avaliador. Quando há designação de perito avaliador, os honorários serão antecipados pelo credor, mas incluído no cálculo do débito (cobrança). O laudo deverá ser entregue em 10 dias. As partes poderão impugnar a avaliação (tanto do oficial quanto do perito), cabendo ao juiz acolher ou não a avaliação realizada. O magistrado poderá solicitar esclarecimentos ao avaliador (oficial ou perito). Poderá ser dispensada a avaliação nas seguintes situações (871, CPC) a) uma das partes aceitar a estimativa apresentada pela outra b) cotação na bolsa comprovada com certidão oficial c) títulos da dívida pública d) veículos em que a pesquisa do preço médio possa ser obtida pela internet. Art. 871. Não se procederá à avaliação quando: I - uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra; II - se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial; III - se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial; IV - se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio de mercado possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de venda divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de mercado. Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do inciso I deste artigo, a avaliação poderá ser realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto ao real valor do bem. Nova avaliação: Em regra não se admite nova avaliação dos mesmos bens. Excepcionalmente (873, CPC) - erro na avaliação ou dolo do avaliador - majoração ou diminuição do valor avaliado - fundada dúvida do valor apresentado Art. 873. É admitida nova avaliação quando: I - qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador; II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem; III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação. Parágrafo único. Aplica-se o art. 480 à nova avaliação prevista no inciso III do caput deste artigo. j) Intimação do Executado Formalizada a penhora, o executado será intimado para que tome ciência do bem penhorado, podendo apontar eventuais erros. (ex.: bem impenhorável). A intimação será dirigida ao advogado do devedor, salvo se não tiver, hipótese em que será pessoal. Se a penhora foi realizada na presença do executado, a intimação será dispensável. Além o devedor, também serão intimados: a) cônjuge (842, CPC) - quando a penhora recai sobre bem do casal, ainda que pertença apenas a um dos cônjuges. b) credor com garantia real (799, I, CPC) - hipotecário, fiduciário, quando a penhora recais sobre bens gravados com garantias. Se não intimar, ineficácia da alienação do bem. O objetivo é garantir o direito de preferência no recebimento do crédito. k) Expropriação É nesta fase do processo de execução que o credor vai alcançar a satisfação de seu direito. A expropriação pode ocorrer de 3 formas: a) com a entrega do bem ao próprio credor; b) com a alienação dos bens (particular ou pública); c) com a apropriação dos frutos e rendimentos de bem móvel ou imóvel A expropriação segue a seguinte ordem de preferência: - Apropriação dos frutos e rendimentos do bem móvel ou imóvel - Adjudicação do bem pelo credor - Alienação do bem (particular ou pública) l) Apropriação de frutos e rendimentos do bem (867 a 869, CPC) Deferida a penhora dos bens, o juiz nomeará administrador judicial, com poderes para gerir o bem. A este será concedida a posse direta do bem, para que seja possível referido bem produzir frutos e rendimentos que serão utilizados para pagar o credor. O devedor ficará com a posse direta do bem e manterá a propriedade que poderá ser alienada acaso não sejam produzidos frutos. m) Adjudicação É uma forma indireta de satisfazer o crédito exequendo. Ocorre com a transferência da propriedade dos bens penhorados ao credor ou a terceiros legitimados. A adjudicação pode ter por objeto bens móveis ou imóveis e só pode ser efetivada pelo valor da avaliação. Depois da avaliação o credor ou terceiro legitimado poderá requerer a adjudicação a qualquer tempo enquanto não for realizada a alienação particular ou pública. Legitimidade para requerer a adjudicação: - ao próprio exequente - aos indicados pelo 889, II a VIII, do CPC - aos credores concorrentes que tenham penhorado o bem - cônjuge, companheiro, descendente ou ascendente do executado Se mais de um legitimado requerer a adjudicação, será realizada uma licitação entre eles. Aquele que oferecer maior valor, terá a preferência, de modo que o valor da adjudicação pode exceder ao valor da avaliação. Em caso de empate, terá preferência o cônjuge, companheiro, descendente e ascendente do devedor (nesta ordem). Se a adjudicação for requerida pelo exequente, o valor da avaliação será abatido do débito, prosseguindo-se a execução pelo saldo remanescente. Se a adjudicação for requerida pelo exequente, e o valor da avaliação for superior ao valor do débito, o credor deverá depositar a diferença. Se a adjudicação for deferida aos demais legitimados, estes deverão depositar integralmente o valor em juízo para pagamento do credor. m) Alienação por iniciativa particular A alienação poderá ser realizada pelo próprio credor ou por meio de corretores credenciados à autoridade judiciária. O magistrado é que vai estabelecer as regras para a venda do bem, forma de publicidade preço mínimo e condições para pagamento e se for o caso, comissão da corretagem. Consumada a transação, o comprador depositará o valor em juízo e será expedida carta de alienação do bem, para registro no respectivo registro e mandado de imissão na posse ou podem de entrega do bem. n) Alienação em leilão judicial Se não houver adjudicação dos bens penhorados, nem requerimento do credor para alienação particular, a expropriação será realizada por leilão judicial, realizada por leiloeiro público. O leilão judicial poderá ser realizado de duas formas: eletrônico ou presencial. O leilão eletrônico deverá seguir a regulamentação específica do Conselho Nacional de Justiça, observadas as garantias processuais das partes. (publicidade, autenticidade e segurança). O leilão presencial será realizado em local determinado pelo juiz e serão designadas duas datas para a sua realização. Na primeira os bens somente poderão ser arrematados pelo preço da avaliação, na segunda por qualquer preço, desde que não seja vil. O edital do leilão presencial deverá indicar duas datas de realização; o valor da avaliação e o valor mínimo para venda que será fixado pelo juiz. O leiloeiro público poderá ser indicado pelo credor ou escolhidopelo magistrado. Ele terá a incumbência de receber o preço e realizar o depósito judicial. A comissão do leiloeiro judicial será fixada pelo magistrado. Procedimentos preparatórios para a realização do Leilão: a) após designar as datas, necessário intimar o executado por seu advogado ou por carta, mandado ou edital. b) intimar o coproprietário do bem penhorado indivisível, para que este possa exercer o seu direito de preferência. c) intimar o titular dos direitos reais, quando o bem penhorado estiver gravado com algum direito real. d) intimar a União, Estado e Município em caso de bens tombados. e) publicar edital com antecedência mínima de 5 dias e com as seguintes informações: a data do leião, o valor da avaliação e o valor mínimo para venda que será fixado pelo juiz. f) o edital deverá ser publicado na internet, afixação no cartório e publicação em jornal de grande circulação. Licitação: O bem objeto do leilão será vendido para aquele que oferecer o maior valor. Qualquer interessado pode participar (inclusive o próprio exequente). Exceções: a) tutores, curadores, testamenteiros, administradores que os bens estejam sob a sua guarda e responsabilidade; b) mandatários quanto aos bens que estejam encarregados pela administração; c) juiz, MP, DP, escrivão, chefe de secretaria e demais servidores e auxiliares da justiça na localidade em que servirem; d) leiloeiros e seus prepostos cuja venda estejam encarregados; e) advogados de quaisquer das partes; No segundo leilão o bem poderá ser vendido por qualquer preço, desde que não seja vil. Cabe ao juiz fixar o valor antes de realizar o leilão, pois o mesmo deve constar no edital. Acaso o juiz não fixe valor, será considerado vil a venda inferior a 50% do valor da avaliação. o) Arrematação O bem será arrematado por quem oferecer o maior valor, exceto oferta a preço vil. O preço será pago imediatamente pelo arrematante, mediante depósito judicial ou por meio eletrônico. Se o arrematante for o exequente e único credor, não precisará depositar o valor, salvo se a venda do bem for superior ao crédito (deposita em 3 dias a diferença). Admite-se a aquisição do bem penhorado em prestações, devendo ser apresentada proposta por escrito até o início do leilão (895, CPC). Realizada a arrematação, será expedido o auto de arrematação, assinado pelo juiz, arrematante e leiloeiro. A partir dessa assinatura, inicia-se o prazo de 10 dias para que se postule a invalidade do leilão. Se não impugnada a arrematação, será expedida a carta que será levada ao respectivo registro do bem.
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