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– É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável, causada pela bactéria Treponema pallidum (doença infecto-contagiosa sistêmica); A doença evolui de forma crônica e durante o curso clínico sofre momentos de agudização e latência; Pode acometer múltiplos órgãos, principalmente em na forma terciária. MODOS DE TRANSMISSÃO Contato sexual: principal forma de contaminação nas duas primeiras fases; Transmissão vertical (da mãe para o feto): pode ocorrer tanto em agudização quanto na fase latente; Transfusão sanguínea: 5 dias em sangue refrigerado; TIPOS DE SÍFILIS Primária, secundária e terciária; Congênita CURSO CLÍNICO DA DOENÇA SÍFILIS PRIMÁRIA É caracterizado pelo cancro, que se desenvolve na área de inoculação; Torna-se clinicamente evidente de 3 a 90 dias após a exposição inicial; Geralmente são lesões solitárias e iniciam com lesões papulares com ulceração central; Localização: área genitais (85%), ânus (4%), cavidade oral (4%) e outros locais extragenital (1%); Na cavidade oral, a localização mais comum são os lábios, também podendo afetar língua, palato, gengiva e amígdalas; O lábio superior é mais acometido em homens, enquanto o envolvimento do lábio inferior é predominante nas mulheres; Apresenta-se como uma úlcera de base clara e indolor ou, raramente, como uma proliferação vascular (semelhante a um granuloma piogênico); Lesões Bacterianas Sífilis Hanseniase Tuberculose Lesões fúngicas Paracoccidioid omicose É comum linfadenopatia regional, que pode ser bilateral; O microrganismo se dissemina no corpo através dos vasos linfáticos, preparando o palco para a futura progressão; Caso não seja tratada, a lesão inicial cicatriza dentro de três a oito semanas. SÍFILIS SECUNDÁRIA Disseminada; Identificada clinicamente de quatro a dez semanas após a infecção inicial; As lesões da sífilis secundária podem surgir antes da resolução da lesão primária; Comum ocorrer sintomas sistêmicos: linfadenopatia indolor, dor de garganta, mal-estar, cefaleia, perda de peso, febre e dor musculoesquelética; Sinal consistente: erupção cutânea maculopapular difusa e indolor, disseminada por todo o corpo e que pode acometer inclusive a região palmo-plantar; └ Também pode envolver a cavidade oral como áreas maculopapulares vermelhas; Aparecimento de placas mucosas: áreas focais de exocitose e espongiose intensa da mucosa oral, levando à formação de zonas de mucosa sensível e esbranquiçada; └ Ocasionalmente, várias placas adjacentes podem se fusionar e formar um padrão sinuoso ou semelhante ao caminho de caracol; Condiloma lata (plano): └ É o aparecimento de lesões papilares que podem lembrar papilomas virais; É típico lesões múltiplas; A resolução espontânea em geral ocorre dentro de três a doze semanas; Recidivas podem ocorrer no ano seguinte; Outro tipo de ocorrência é a Lues Maligna, que ocorre principalmente em pacientes com imunossupressão: └ Febre, cefaleia e mialgia; └ Ulcerações necróticas – face e couro cabeludo; SÍFILIS TERCIÁRIA Após a sífilis secundária, os pacientes entram em período de latência, que pode durar de um a trinta anos; No entanto, 30% dos pacientes desenvolvem para a sífilis terciária, que inclui complicações mais sérias; No sistema cardiovascular pode ocorrer aneurisma da aorta ascendente, hipertrofia ventricular esquerda, regurgitação aórtica e insuficiência cardíaca congestiva; No sistema nervoso central (SNC) pode levar a tabes dorsalis, paralisia generalizada, psicose, demência, paresia e até a morte; Goma: └ Ocorrência de focos dispersos de inflamação granulomatosa, que podem afetar a pele, mucosa, tecidos moles, ossos e órgãos internos; └ Apresenta lesão endurecida, nodular ou ulcerada, que pode causar extensa destruição tecidual; Lesões intraorais geralmente acometem o palato ou a língua; └ Quando o palato é envolvido, a ulceração com frequência o perfura em direção à cavidade nasal; └ A língua pode ser difusamente envolvida pelas gomas e apresenta-se aumentada, lobulada e com formato irregular; SÍFILIS CONGÊNITA Três achados diagnósticos patognomônicos (tríade de Hutchinson): └ Dentes de Hutchinson; └ Ceratite ocular intersticial; └ Surdez associada ao comprometimento do 8º par de nervoso cranianos Outras alterações pode ser visto, como nariz em sela, palato arqueado, bossa frontal, hidrocefalia, incapacidade intelectual, gomas e neurossífilis; As crianças infectadas com sífilis podem manifestar sinais dentro de duas a três semanas do nascimento; └ Prejuízo no crescimento, febre, icterícia, anemia, hepatoesplenomegalia, rinite, rágades (fissuras cutâneas radiais ao redor da boca) e erupções cutâneas maculopapulares descamativas, ulcerativas ou vesículo-bolhosas As crianças não tratadas que sobrevivem costumam desenvolver a sífilis terciária com danos aos ossos, dentes, olhos, orelhas e cérebro; Altera a formação dos incisivos (incisivos de Hutchinson) e dos molares (molares em amora, molares de Fournier, molares de Moon) └ Os incisivos de Hutchinson apresentam diâmetro mesiodistal maior no terço médio da coroa; └ O terço incisal se afunila em direção à margem incisal, resultando em um dente que lembra a parte ativa de uma chave de fenda; └ Os molares em amora se afunilam em direção à superfície oclusal, com uma superfície constritiva; └ A anatomia oclusal é anormal, com várias projeções globulares desorganizadas que lembram a superfície de uma amora CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS Endarterite Obliteraitva: └ Hipertrofia e proliferação endotelial; └ Fibrose da íntima. DIAGNÓSTICO Grande imitadora de lesões: └ Diagnóstico diferencial: CEC, lesões traumáticas crônicas, tuberculose, histoplasmose; erupções mucocutâneas (líquen plano palmo-plantar, eritema multiforme); lesões destrutivas de linfomas de células T; Apresentação clínica: boa anamnese; Testes sorológicos: └ Exames não treponêmicos: VDRL, RPR (reagente rápido de plasma); └ Exames treponêmicos: TPHA (teste de hemoaglutinação para o T. pallidum); TPPA (teste de aglutinação do T. pallidum); FTA-ABS (absorção de anticorpos treponêmicos fluorescentes). Identificação do patógeno: └ Microscopia de campo escuro; └ Imunofluorescência direta do exsudato; └ Análise histopatológica com impregnação por prata (coloração de Steiner); TRATAMENTO Medicamento de escolha: penicilina; A dose e o esquema de administração variam de acordo com a fase da doença, envolvimento neurológico e estado imunológico do paciente; Prescrição de eritromicina ou tetraciclina para alérgicos; Doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae; └ Bacilo intracelular obrigatório com afinidade por células cutâneas e células dos nervos periféricos; └ Tem baixa infectividade e a exposição raramente resulta em doença clínica Doença de notificação compulsória; Há quinze anos tem sido visto um acentuado decréscimo na sua prevalência; Doença ativa: avança pelos estágios de invasão, proliferação, ulceração e resolução com fibrose; MODOS DE TRANSMISSÃO Vias aéreas superiores (trato respiratório) por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse e espirro; Contato direto com o doente que não iniciaram o tratamento; Período de incubação: 2 a 5 anos; Apresenta afinidades por regiões frias do corpo (pele, cavidade nasal, palato) apresentando-se também em outras regiões, como baço e fígado. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Tipos: └ Indeterminada (paucibacilar) └ Tuberculóide (paucibacilar); └ Lepromatosa (multibacilar); └ Limitrofe (boderline) Lepra paucibacilar– Tuberculóide: └ Ocorre em paciente imunocompetentes (sistema imune da pessoa consegue destruir os bacilos espontaneamente); └ Ocorre reação Th1 (IFN-y e IL-12 e ativação de macrófagos – granulomas); └ Pequeno número de lesões de pele hipopigmentadas e bem circunscritas (até 5 lesões); └ Lesões orais são raras nessa variante; └ O envolvimento neural usualmente resulta em anestesia da pele afetada, frequentemente acompanhada pela perda da sudorese; Lesão paucibacilar – Indeterminada: └ Todos os pacientes passam por essa fase no início da doença, podendo ser ou não perceptível; └ Geralmente afeta crianças abaixo de 10 anos, ou mais raramente adolescentes e adultos que foram contatos de pacientes com hanseníase; └ A lesão de pele geralmente é única, mais clara do que a pele ao redor (mancha), não é elevada, apresenta bordas mal delimitadas e é seca; └ Há perda de sensibilidade térmica e/ou dolorosa; Lepra multibacilar – Lepromatosa - Virchowiana └ Baixa atividade THI e alta TH2 e liberação de IL-4 e IL-10 (supressão de macrófagos) └ Numerosas máculas ou pápulas bem definidas e hipopigmentadas (>5); └ Face leonina – aparência facial deformante; └ Alopécia: o cabelo, incluindo as sobrancelhas e os cílios, é frequentemente perdido └ Diminuição de sensibilidade tátil, dor, sensação de temperatura e perda da sudorese; └ Envolvimento nasal: colapso do dorso nasal – patognomônico. └ A prevalência de lesões orais varia de 19% a 60% └ Acomete mais palato duro, palato mole, gengiva vestibular superior; └ Perda significativa de tecido; └ Destruição do osso subjacente; └ Face leprosa: atrofia da espinha nasal anterior, alterações inflamatórias endonasais, alterações da crista alveolar do maxilar; └ Paralisia facial uni ou bilateral. A Reação Tipo 1 ou Reação Reversa caracteriza-se pelo aparecimento de novas lesões dermatológicas (manchas ou placas), infiltrações, alterações de cor e edema nas lesões antigas, com du sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). A Reação Tipo 2, cuja manifestação clinica mais frequente é o Eritema Nodoso Hansénico (ENH), caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos subcutáneos dolorosos, acompanhados ou não de manifestações sistémicas como: febre, dor articular, mal-estar generalizado, orquite, iridociclites, com ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). Os pacientes de hanseníase devem ser agendados para consulta odontológica e orientados quanto à higiene dental; a boa condição de saúde bucal reduz o risco de reações hansênicas. DIAGNÓSTICO Apresentação clínica; Biópsia e análise histopatológica: Espécimes de biopsia de lepra tuberculoide revelam inflamação granulomatosa com ninhos bem formados de histiócitos epitelioides, linfócitos e células gigantes multinucleadas; Demonstração de microrganismos acidorresistentes em um esfregaço ou no tecido; TRATAMENTO Medicação; Reconstrução de danos; Fisioterapia; Tratamento psicológico; É uma doença infecciosa crônica, causada por Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch); CLASSIFICAÇÃO Tuberculose primária: └ Ocorre em indivíduos não expostos previamente ao microrganismo, envolvendo quase sempre o pulmão; └ Inicialmente, o microrganismo evoca uma resposta inflamatória crônica inespecífica. └ Na maioria das vezes, resulta apenas na formação de um nódulo fibrocalcificado no sítio inicial do envolvimento; └ Microrganismos vivos podem estar presentes nestes nódulos e permanecer latentes por vários anos; └ 5% a 10% dos pacientes progridem de infecção para a doença ativa, sendo frequentemente responsável um estado de imunossupressão; Tuberculose secundária: └ Quando a doença ativa costuma se desenvolver em uma fase mais tardia da vida; └ Reativação do microrganismo em uma pessoa previamente infectada; └ É associada ao comprometimento da defesa do hospedeiro; └ Está associada a medicamentos imunossupressores, diabetes, idade avançada, pobreza e condições de vida superpovoadas. TRANSMISSÃO Acontece por via respiratória: └ Pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), sem tratamento; └ Inalação de aerossóis por um indivíduo suscetível. └ Não se transmite por objetos compartilhados: bacilos que se depositam em objetos dificilmente se dispersam em aerossóis; └ O bacilo é sensível à luz solar e a circulação de ar possibilita a dispersão das partículas infectantes. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A doença afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas; A TB primária é em geral assintomática, embora possa haver febre e efusão pleural; As lesões da tuberculose secundária estão localizadas no ápice pulmonar, porém podem propagar-se para outros sítios através de material infectado expectorado ou através de vasos sanguíneos ou linfáticos; Os pacientes apresentam febre baixa, mal- estar, anorexia, perda de peso e sudorese noturna; Com a progressão pulmonar da doença, desenvolve-se tosse produtiva, usualmente acompanhada de hemoptise ou dor torácica; Diante disso, o principal sintoma da tuberculose pulmonar é a tosse, que pode ser seca ou com muco (produtiva), podendo ter também febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. A tuberculose extrapulmonar é observada e representa uma proporção cada vez maior dos casos atualmente diagnosticados: └ Em pacientes com AIDS, mais de 50% apresentarão lesões extrapulmonares; └ Qualquer sistema orgânico pode ser afetado, incluindo o sistema linfático, pele, sistema esquelético, sistema nervoso central, rins e o trato gastrintestinal; O envolvimento da cabeça e pescoço pode ser observado: └ Sítios mais comuns: linfonodos cervicais, seguidos pela laringe e pelo ouvido médio; └ Regiões menos envolvidas incluem a cavidade nasal, nasofaringe, cavidade oral, glândula parótida, esôfago e espinha dorsal; └ Lesões orais são incomuns e quando aparecem representam ulcerações crônicas e aumentos de volume, principalmente em língua. DIAGNÓSTICO Cerca de duas a quatro semanas após a exposição inicial, há o desenvolvimento de uma reação de hipersensibilidade mediada por células aos antígenos da tuberculose; └ Essa reação é a base para o teste cutâneo do derivado proteico purificado (PPD) – teste cutâneo da tuberculina; └ O resultado positivo do teste tuberculínico cutâneo indica exposição ao microrganismo e não diferencia a infecção da doença ativa; └ Um resultado negativo do teste tuberculínico cutâneo não exclui totalmente a possibilidade de tuberculose. O diagnóstico da doença ativa deve ser confirmado pelas colorações especiais para o microrganismo e pela cultura de tecido infectado ou do escarro; A identificação do microrganismo em cultura é apropriada; A reação em cadeia da polimerase (PCR) também é utilizada para a identificação do DNA do M. tuberculosis. TRATAMENTO A terapia com múltiplos agentes é o tratamento de escolha para uma infecção ativa e geralmente envolve duas ou mais drogas ativas por vários meses ou anos; Protocolo frequentemente utilizado: oito semanas de pirazinamida, isoniazida, rifampicina e etambutol, seguidas por 16 semanas de isoniazida e rifampicina; A vacina bacilo de Calmette-Guérin (BCG) para TB está disponível para quase 85% da população mundial. Infecção fúngica profunda, ocasionada pelo organismo Paracoccidioides brasiliensis; Micose endêmica mais comum na América do Sul e Central (áreas de florestas tropicais e subtropicais úmidas – áreas rurais); O Dasypus novemcinctus (tatu-galinha)é o hospedeiro do microrganismo P. brasiliensis; └ Embora não haja evidência de que o tatu infecta o homem, ele pode ser o responsável pela disseminação do microrganismo no meio ambiente; Predileção pelo sexo masculino (15:1 entre homens e mulheres); └ Efeito protetor dos hormônios femininos, pois o β-estradiol inibe a transformação da forma de hifa do organismo para a forma de levedura patogênica; CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Os pacientes geralmente são de meia- idade no momento do diagnóstico e a maioria com atividade na agricultura; A maioria dos casos aparece inicialmente como infecções pulmonares após a exposição aos esporos do microrganismo; Embora as infecções em geral sejam autolimitadas, o organismo P. brasiliensis pode se propagar por via hematogênica ou linfática, disseminando-se a diversos tecidos, incluindo os linfonodos, a pele e as adrenais; O envolvimento adrenal resulta em hipoadrenocorticismo (doença de Addison); Outros sintomas: └ Sintomas respiratórios (tosse produtiva persistente, dor torácica, encurtamento da respiração) └ Linfonodos axilares e cervicais geralmente aumentados └ Lesões verrucosas na pele geralmente em face e braços Lesões orais: └ Ulcerações similares a amoras e/ou granulosas que afetam na maioria das vezes a mucosa alveolar, gengiva e palato; └ Lábios, língua, orofaringe e mucosa jugal também estão envolvidos em uma porcentagem significativa dos casos. └ É frequente o envolvimento de mais de um sítio da mucosa oral; └ Pode haver perda dentária; DIAGNÓSTICO A demonstração de leveduras associada às características clinicas é suficiente para estabelecer o diagnóstico de paracoccidioidomicose; Em avaliação histológica de HE: visualização de tecido inflamatório com formação de granulomas Em Grocott-Gomori: visualização dos microorganismos As amostras para cultura podem ser obtidas, mas P. brasiliensis cresce bem lentamente; TRATAMENTO Anfotericina B endovenoso; Itraconazol via oral.