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Prof. Me. Flaviano Pierangeli
UNIDADE II
Ilicitude e Culpabilidade
 Conceito: consiste em um juízo de reprovação social, em relação ao autor e ao fato por ele 
praticado. 
 Ex.: “A” deverá ser punido por roubo porque podia e devia agir de outro modo, sem violar 
bem penal juridicamente tutelado.
 Momento da análise sobre culpabilidade: após a prática de fato típico e antijurídico.
 Fundamento da culpabilidade: possibilidade de o agente agir de modo a não violar a 
legislação penal (equilíbrio social).
5. Culpabilidade
 Teoria Psicológica da Culpabilidade: sistema clássico.
 Ideia: liame psicológico entre a conduta e o resultado.
 Responsabilidade: imputabilidade + dolo/culpa.
 Teoria Normativa ou Psiconormativa da Culpabilidade: sistema neoclássico.
 Ideia: reprovabilidade. 
 Responsabilidade: imputabilidade + dolo/culpa + exigibilidade de conduta diversa.
 Teoria Normativa Pura da Culpabilidade: sistema finalista.
 Ideia: juízo de reprovação.
 Responsabilidades: .imputabilidade 
.potencial consciência da ilicitude
.exigibilidade de conduta diversa
 Dolo/culpa: deslocamento para o fato típico.
5. Culpabilidade – teorias 
 Variações da Teoria Pura da Culpabilidade (descriminantes putativas).
 Teoria Extremada: toda descriminante putativa revela um erro de proibição.
 Teoria Limitada: diferencia as descriminantes putativas.
 Situação de fato = erro de tipo (art. 20, § 1º). Ex.: “A” supõe traficar drogas, vender 
pó branco.
 Situação de direito = erro de proibição (art. 21). Ex.: “A” 
colide carro contra um muro. 
 Foge para evitar “flagrante” por suposto crime de dano 
culposo.
5. Culpabilidade – teorias 
 Natureza jurídica: variável. 
 Teoria finalista tripartida: requisito do crime, ao lado do fato típico e da ilicitude.
crime = fato típico + antijurídico + culpável.
 Teoria finalista bipartida: pressuposto de aplicação da pena. 
crime = fato típico + antijurídico.
5. Culpabilidade – teoria adotada pelo Código Penal
Espécies de culpabilidade:
 Formal: construção abstrata da sanção atribuível aos tipos penais, dentro de limites mínimo
e máximo.
 Critério: quanto mais reprovável a conduta, mais rigorosa a punição. 
- proteção à vida humana prevalece em relação à honra. 
 Material: juízo de reprovabilidade concreto ao agente que tenha crime. 
 Critério: dosimetria da punição de acordo com o princípio da individualização da pena.
 Coculpabilidade: culpabilidade imputável ao Estado, em 
virtude de sua responsabilidade social diante da não inserção 
de um indivíduo que, por tal situação, se projeta para a 
criminalidade (ZAFFARONI; PIERANGELI).
5. Culpabilidade 
Elementos da culpabilidade:
 Imputabilidade (arts. 26/28, CP): a capacidade do agente de entender o caráter ilícito do 
fato ou de se determinar de acordo com esse entendimento;
 Potencial consciência da ilicitude (art. 21, CP): a possibilidade de conhecer a 
antijuridicidade do fato;
 Exigibilidade de conduta diversa (art. 22, CP): a 
possibilidade e a exigibilidade de atuar conforme o Direito.
5. Culpabilidade 
 Dirimentes da culpabilidade: variáveis conforme o requisito da culpabilidade.
 Imputabilidade: afastável por: .doença mental; 
.desenvolvimento mental retardado ou incompleto; e
.embriaguez acidental completa.
 Potencial consciência da ilicitude: afastável pelo erro de proibição inevitável.
 Exigibilidade de conduta diversa: afastável pela:
.coação moral irresistível; 
.obediência hierárquica à ordem não manifestação ilegal.
5. Culpabilidade 
São elementos da culpabilidade:
a) A culpabilidade formal e a culpabilidade material.
b) A imputabilidade aliada ao dolo e à culpa.
c) A reprovabilidade e a coculpabilidade.
d) A imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
e) O dolo e a culpa.
Interatividade
São elementos da culpabilidade:
a) A culpabilidade formal e a culpabilidade material.
b) A imputabilidade aliada ao dolo e à culpa.
c) A reprovabilidade e a coculpabilidade.
d) A imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
e) O dolo e a culpa.
Resposta
Conceito de imputabilidade:
 Capacidade para entender o caráter ilícito do fato e de se determinar de acordo com 
esse entendimento.
 Reunião das capacidades mentais de entendimento e de autodeterminação.
 Compreensão sobre o que é certo ou errado, além do autocontrole.
 Avaliação da capacidade no momento da conduta.
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
Hipóteses de inimputabilidade:
 doença mental;
 desenvolvimento mental incompleto;
 desenvolvimento mental retardado;
 embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
Critérios de aferição da inimputabilidade:
 Biológico: considera a causa geradora da inimputabilidade de acordo com a lei. É 
irrelevante a capacidade de entendimento e de autodeterminação. 
 Ex.: menoridade penal (art. 27, CP).
 Psicológico: considera a capacidade de entendimento e de autocontrole, ainda que o 
agente apresente algum retardo mental. Não é adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
 Biopsicológico: inimputável: aquele que, ao tempo da 
infração penal, não tinha capacidade de entender (certo/ 
errado), nem de autocontrole, em razão de doença mental ou 
de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
 Requisitos . causal (déficit);
. cronológico (tempo); e 
. consequencial (incapacidade).
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
 Doença mental: perturbação mental de qualquer ordem de morbidez.
 Ex.: psicose, esquizofrenia, loucura, paranoia, psicopatia, epilepsia etc.
Consequências:
 gera plena incapacidade de entender e de querer (inimputabilidade – art. 26, caput, CP); 
 ausente a culpabilidade, o agente terá praticado crime, embora isento de pena, 
restando-lhe a imposição de medida de segurança (art. 97, CP).
 Obs.: dependência de substância psicotrópica – doença 
mental se afetar a capacidade de entender ou querer do 
agente (arts. 45 e 47, Lei n. 11.343/06).
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
Desenvolvimento mental incompleto:
 desenvolvimento inacabado que indica estágio de inadaptação ao convívio em sociedade:
Menor de 18 anos (art. 2º, da Lei n. 8.069/90): 
 criança (até 12 anos) não pratica delito;
 adolescente (a partir de 12 anos) pratica ato infracional.
 Silvícola inadaptado: indígena não integrado à nossa 
comunidade (art. 7º, do Estatuto do Índio).
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
Desenvolvimento mental retardado:
 pessoa que apresenta reduzidíssima capacidade mental. 
 Leve: débeis mentais;
 Moderado: imbecis;
 Profundo: idiotas.
 Aferição: mediante exame pericial (arts. 149 a 154, CPP). 
 Obs.: surdo-mudo – avaliação caso a caso.
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
Quanto à responsabilidade penal, aquele que, ao tempo da infração penal, não tinha 
capacidade plena de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo 
com esse entendimento, é considerado:
a) Imputável.
b) Culpável.
c) Inimputável.
d) Reprovável.
e) Incorrigível.
Interatividade
Quanto à responsabilidade penal, aquele que, ao tempo da infração penal, não tinha 
capacidade plena de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo 
com esse entendimento, é considerado:
a) Imputável.
b) Culpável.
c) Inimputável.
d) Reprovável.
e) Incorrigível.
Resposta
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior:
 exclui a imputabilidade penal, se retirar inteiramente a capacidade mental (art. 28, 
§1º, CP);
 reduz a pena, se retirar parcialmente a capacidade mental (art. 28, §2º, CP).
 Ex.: por indicação médica, agente ingere remédio que causa reação não mencionada na 
bula.
agente ingere bebida adulterada por 3º, gerandoincapacidade.
 Conceito de embriaguez: intoxicação causada pelo álcool ou 
substância de efeitos análogos.
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
Fases da embriaguez:
 excitação: estado eufórico (“macaco”);
 depressão: confusão mental e irritabilidade (“leão”);
 sono: dormência profunda e perda do controle sobre as funções fisiológicas (“porco”).
Modalidades:
 Completa absoluta falta de entendimento. Só exclui a imputabilidade se for acidental.
 Incompleta relativa falta de entendimento. Não exclui
a imputabilidade.
 Se acidental → circunstância atenuante (art. 66, CP).
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
 Embriaguez patológica: equiparada à doença mental (estado de dependência física 
do álcool).
 Responsabilidade penal: .inimputável (art. 26, caput, CP);
.semi-imputável – pena diminuída ou MS (art. 26, parág. único).
 Embriaguez preordenada (actio libera in causa). 
 Autocolocação do agente em estado de inconsciência. 
 Responsabilidade não exclui a imputabilidade + agrava a 
pena (art. 61, II, “l”, CP).
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
 Emoção e paixão: estados afetivos que revelam perturbações da psique do ser humano.
 Sentimentos: . repentinos (ira, vergonha, prazer erótico, alegria, medo);
. duradouros (ódio, amor, ciúme, ambição, vingança).
 Responsabilidade: .não exclui a imputabilidade (art. 28, I, CP);
.mas pode reduzir a pena: “sob domínio de violenta emoção” (privilégio);
“sob influência de violenta 
emoção” (atenuante).
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
 Semi-imputabilidade (art. 26, parágrafo único, CP).
Conceito: perda de parte da capacidade de entendimento e autodeterminação, em virtude de:
 doença mental ou 
 desenvolvimento mental
 incompleto ou
 retardado.
 Momento de aferição por ocasião da prática delitiva.
 Responsabilidade (art. 98, CP):
. pena reduzida de um terço a dois terços; ou 
. substituir a punição por medida de segurança.
6. Causas excludentes da culpabilidade – imputabilidade 
A autocolocação do agente em estado de inconsciência com a intenção de praticar crime:
a) Não configura crime por atipicidade de conduta.
b) Não configura crime por ausência de culpabilidade.
c) Configura crime culposo.
d) Configura crime doloso em sua modalidade simples.
e) Configura crime doloso com incidência de causa agravante genérica.
Interatividade
A autocolocação do agente em estado de inconsciência com a intenção de praticar crime:
a) Não configura crime por atipicidade de conduta.
b) Não configura crime por ausência de culpabilidade.
c) Configura crime culposo.
d) Configura crime doloso em sua modalidade simples.
e) Configura crime doloso com incidência de causa agravante genérica.
Resposta
 Conceito: possibilidade de compreender o caráter ilícito do fato praticado.
 Art. 21, CP: “O desconhecimento da lei é inescusável”.
 Presunção: todos conhecem a lei
 autor deve ter o conhecimento ou, no mínimo, 
 potencialidade de entender o aspecto criminoso do seu comportamento.
 Avaliação: conjunto de informações recebidas ao longo da 
vida até o momento da conduta.
 Ex.: agressão leve (Lei Maria da Penha). Morador de centro 
urbano e de zona rural.
6. Causas excludentes da culpabilidade – potencial consciência da ilicitude 
Causa de exclusão – erro de proibição:
 Conceito: aquele que incide sobre ilicitude da conduta, afastando a sua culpabilidade.
Modalidades de erro de proibição:
 Escusável erro que as pessoas em geral incorreriam, na mesma situação em que se 
encontra o autor. Ex.: chá de ervas para doente, sem saber que viola lei ambiental.
 Afasta a culpabilidade.
 Inescusável erro do agente, em certa situação, que poderia 
ter sido evitado.
 Ex.: credor invade casa de cliente, para “resolver” dívida. 
 Não afasta a culpabilidade; incide causa de diminuição de 
pena (1/6 e 1/3, art. 21, caput, CP).
6. Causas excludentes da culpabilidade – potencial consciência da ilicitude 
 Conceito: expectativa da sociedade acerca da prática de uma conduta diversa daquela que 
foi praticada pelo agente de um delito.
 Embora pudesse – e devesse – agir de acordo com o Direito, o sujeito opta por violar a 
legislação penal.
 Em sentido contrário, se não era possível exigir do agente outro comportamento, sua 
culpabilidade é excluída.
6. Causas excludentes da culpabilidade – exigibilidade de conduta diversa 
 Art. 22, CP – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, 
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação
ou da ordem.
 Causas de inexigibilidade de conduta diversa: . coação moral irresistível;
. obediência à ordem de superior hierárquico.
Coação:
 Moral: imposição, mediante grave ameaça, para que alguém 
faça ou deixe de fazer algo.
 Irresistível: inviável de ser tolerada pelo coacto. 
 Ex.: “A”, mediante emprego de arma de fogo, ameaça matar 
“B”, caso esse deixe de furtar “C”.
 Obs.: se resistível, a pena pode ser atenuada (art. 65, III, 
“c”, CP).
6. Causas excludentes da culpabilidade – exigibilidade de conduta diversa 
 Obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico:
 subordinação à expressão de vontade emitida por uma autoridade em face de alguém com 
quem mantém relação de superioridade.
 Ex.: oficial de justiça cumpre mandado, com conteúdo alterado pelo 
magistrado, dolosamente.
 Obs.: não manifestamente ilegal aparentemente nos limites da legalidade.
Consequências:
 subordinado (isento de pena): exclui-se a exigibilidade de 
conduta diversa;
 superior hierárquico: responde pelo crime como responsável 
pelo ato ilegal.
6. Causas excludentes da culpabilidade – exigibilidade de conduta diversa 
“A”, chefe de “B”, determina a este que realize a prisão de “C”, em razão de suposta prática de 
crime. Assinale a alternativa correta:
a) “B” responderá por crime, se a ordem for manifestamente ilegal.
b) “B” responderá por crime, se a ordem for aparentemente legal.
c) “B” responderá por crime, se a ordem for legal.
d) “B” não responderá por crime porque atuou em estrito cumprimento do dever legal, 
independentemente da legalidade da ordem.
e) “B” não responderá por crime porque atuou em legítima defesa.
Interatividade
“A”, chefe de “B”, determina a este que realize a prisão de “C”, em razão de suposta prática de 
crime. Assinale a alternativa correta:
a) “B” responderá por crime, se a ordem for manifestamente ilegal.
b) “B” responderá por crime, se a ordem for aparentemente legal.
c) “B” responderá por crime, se a ordem for legal.
d) “B” não responderá por crime porque atuou em estrito cumprimento do dever legal, 
independentemente da legalidade da ordem.
e) “B” não responderá por crime porque atuou em legítima defesa.
Resposta
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – parte especial 3. 10. ed. rev., 
ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2014.
 PIERANGELI, José Henrique. Código Penal comentado artigo por artigo. São Paulo: 
Verbatim, 2013.
 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal 
brasileiro. v. 1, parte geral. 9. ed., rev. e atual. São Paulo: RT, 2011.
Referências
ATÉ A PRÓXIMA!

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