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GOTA - RESUMO PERGUNTAS - Qual a influência do consumo de cerveja e de carne para o quadro de Paulo? (Ver relação com outras bebidas alcoólicas) As purinas da dieta são geralmente convertidas em ácido úrico pelas células da mucosa intestinal. A maior parte do ácido úrico entra no sangue e é excretada pela urina. Por essa razão, indivíduos com tendência a desenvolver gota devem ser cautelosos quanto ao consumo de alimentos que contenham altas quantidades de ácidos nucléicos, como miúdos de animais, anchovas, sard inhas ou leguminosas, como o feijão. O restante das purinas da dieta é metabolizado pela flora intestinal.) aumento da degradação do nucleotídeo purina, como se vê com o uso abusivo de álcool - O que é gota e o que a causa? A gota (doença articular) é causada pela deposição de cristais de urato, os quais são ingeridos por fagócitos e ativam o inflamossomo, resultando na produção de IL-1 e inflamação aguda. Gota é uma artrite progressiva que começa como uma monoartrite ou oligoartrite intermitente nas extremidades inferiores e pode progredir durante anos ou décadas para uma poliartrite debilitante, crônica e destrutiva envolvendo qualquer articulação periférica do corpo. Também considerado na definição da gota está o espectro das condições clínicas resultantes da deposição de cristais de UMS nos tecidos subcutâneos e rins, que se manifestam como depósitos tofáceos, celulite inflamatória, nefropatia de urato e cálculos renais. Simplificando, hiperuricemia ocorre quando a produção de urato não é equilibrada pela excreção renal. Em 90% de todos os pacientes com gota, a causa deste desequilíbrio é menor excreção renal. Os restantes 10% dos casos de gota são causados por superprodução de purina ou uma combinação de superprodução e menor excreção. - Quais são as manifestações clínicas de gota? Características Clínicas Quatro estágios são classicamente reconhecidos: (1) hiperuricemia assintomática, (2) artrite gotosa aguda, (3) gota “intercrítica” e (4) gota tofácea crônica. A hiperuricemia assintomática aparece ao redor da puberdade em homens e após a menopausa em mulheres. Após um longo intervalo de anos, a artrite aguda aparece na forma de início súbito, dor articular excruciante associada a eritema localizado e calor; sintomas constitucionais são incomuns, exceto, possivelmente, febre moderada. A vasta maioria dos primeiros ataques é monoarticular; 50% ocorrem na primeira articulação metatarsofalângica (do dedão do pé) e 90% no dorso do pé, tornozelo, calcanhar ou punho. Caso não seja tratada, a artrite gotosa aguda pode durar horas a semanas, mas gradualmente se resolve e o paciente entra em um período intercrítico assintomático. Na ausência de terapia apropriada, os ataques recorrem a intervalos mais curtos e frequentemente se tornam poliarticulares. Finalmente, após uma década ou mais, os sintomas falham em se resolver completamente após cada ataque, e a doença progride para gota tofácea crônica. Nesse estágio, as radiografias mostram uma característica erosão óssea justa-articular causada pelos depósitos de cristais e pela perda do espaço articular. A progressão leva a uma severa doença incapacitante. As manifestações renais da gota podem aparecer como cólicas renais associadas à passagem de cascalho e cálculos, e podem evoluir para nefropatia gotosa crônica. Cerca de 20% das pessoas com gota crônica morrem de insuficiência renal. - Qual o metabolismo do acido úrico (formação, transporte, degradação e excreção) e qual sua relação com a gota? O ácido úrico é o produto final do catabolismo de purinas; consequentemente, a síntese de uratos aumentada tipicamente reflete alguma anormalidade na produção de nucleotídeos à base de purinas. A síntese de nucleotídeos com bases purínicas envolve duas vias diferentes, porém interligadas: as vias de novo e de salvamento. A síntese de nucleotídeos com bases purínicas envolve duas vias diferentes, porém interligadas: as vias de novo e de salvamento. A via de novo está envolvida na síntese de nucleotídeos com bases purínicas a partir de precursores não purínicos. A via de salvamento está envolvida na síntese de nucleotídeos com bases purínicas a partir de bases purínicas livres, derivadas da ingesta dietária e através do catabolismo de ácidos nucleicos e de nucleotídeos com bases purínicas. O ácido úrico circulante é livremente filtrado pelo glomérulo e virtualmente reabsorvido por completo nos túbulos proximais do rim. Pequena fração do ácido úrico reabsorvido é subsequentemente secretada pelo néfron distal e excretada na urina. Qualquer que seja a causa, os níveis aumentados de ácido úrico no sangue e em outros líquidos corporais (p. ex., no líquido sinovial) levam à precipitação de cristais de urato monossódico, o que leva a uma cadeia de eventos que culmina na injúria articular. Os cristais de urato são considerados ativadores diretos do sistema complemento, levando à produção de mediadores quimiotáticos e pró-inflamatórios. Os cristais são fagocitados por macrófagos e estimula a produção da citocina IL-1 que é um mediador da inflamação e causa acúmulo local de neutrófilos e macrófagos nas articulações e membranas sinoviais. Essas células se tornam ativadas, levando à liberação de uma variedade de mediadores adicionais. Os neutrófilos ativados liberam enzimas lisossômicas destrutivas. As citocinas também podem ativar as células sinoviais e as células cartilaginosas a liberar proteases (p. ex., colagenase) que exacerbam a injúria tecidual. A resultante artrite aguda diminui de intensidade em dias a semanas, mesmo se não tratada. Ataques repetidos, entretanto, podem levar a uma lesão permanente vista na artrite tofácea crônica - Qual a relação da cólica nefrética com as dores articulares de Paulo? As manifestações renais da gota podem aparecer como cólicas renais associadas à passagem de cascalho e cálculos, e podem evoluir para nefropatia gotosa crônica. Cerca de 20% das pessoas com gota crônica morrem de insuficiência renal. A nefropatia gotosa se refere a complicações renais associadas à deposição de uratos, formando de forma variável tofos medulares, precipitações intratubulares ou cristais de ácido úrico livres e cálculos renais. principal causa é o aumento da concentração urinária dos constituintes do cálculo, que excede sua solubilidade na urina (supersaturação) Pequenos cálculos podem passar pelo ureter, onde comumente se alojam, produzindo dor intensa típica conhecida como cólica renal ou ureteral, caracterizada por paroxismos de dor no flanco com irradiação para a virilha. Frequentemente nesse momento há hematúria macroscópica. O significado clínico dos cálculos reside na sua capacidade de obstruir o fluxo de urina ou produzir trauma suficiente para causar ulceração e hemorragia. Em ambos os casos, isso predispõe ao surgimento de infecções bacterianas. - Qual a razão do pedido dos exames descritos no caso de Paulo? Raio x, exame de urina, ultrassonografia de abdome e hemograma Exames laboratoriais O nível sérico de ácido úrico é o principal parâmetro laboratorial para o acompanhamento de um paciente com gota. Outros exames, porém, também devem ser solicitados para avaliação de possíveis comorbidades existentes e para vigilância dos eventuais efeitos colaterais das medicações utilizadas. Além do ácido úrico, devem ser periodicamente avaliados: creatinina, glicemia, lipidograma, hemograma e hepatograma. Durante a crise aguda, costuma haver leucocitose, elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS) e da proteína C-reativa (PCR). Antes de iniciar-se o tratamento uricorredutor, deve-se também solicitar uma uricosúria de 24 horas, para determinar se o paciente é hipoexcretor, hiperprodutor ou ambos e, assim, escolher, de forma mais racional, a melhor medicação a ser empregada. Durante a crise aguda, o líquido sinovial tem padrão inflamatório (amarelo, turvo, viscosidade baixa, 20.000 a 100.000 leucócitos/mm3, com > 50% polimorfonucleares- PMN) ou mesmo séptico (purulento, viscosidade baixa, > 80.000 leucócitos, com > 75% PMN). E interessante notar que, mesmo no período intercrítico, o LS costuma mostrar algumas alterações, como discreta redução da viscosidade e alterações da celularidade (aumento no número total de leucócitos e na porcentagem de PMN). Diagnóstico por imagem Durante uma crise aguda de gota, a radiografia simples pode revelar apenas um aumento inespecífico de partes moles. Na fase crônica da doença, depósitos tofáceos intraósseos podem causar erosões ósseas e articulares características (Figura 4A). A doença não tratada pode apresentar grande destruição e deformação osteoarticulares. A radiografia de abdomem pode ser utilizada para achar cálculos renais formados a partir da deposição de cristais de urato monossódico Ultrassonografia Os depósitos de cristais de UMS podem ser visualizados na superfície das cartilagens hialinas, formando um “duplo contorno” articular o que é bastante sugestivo de gota. Também podem ser visualizados pela USG os depósitos tofáceos e as erosões típicas. Não se sabe, no entanto, quanto tempo de hiperuricemia é necessário para haver deposição de cristal detectável ao US ou quanto tempo leva para a extinção dessas imagens após a correção da uricemia. - Qual a atividade e funcionamento do alopurinol? Alopurinol é um fármaco uricostático, a abordagem mais amplamente utilizada. Funciona inibindo a enzima xantina oxidase para evitar a formação de urato. Essa classe de medicamentos é eficaz tanto em superprodutores quanto em hipoexcretores de ácido úrico O tratamento com alopurinol inibe a xantina-oxidase, resultando em um acúmulo de hipoxantina e xantina compostos mais solúveis que o ácido úrico. PRPP IMP Inosina Hipoxantina Xantina Ácido Úrico AMP Adenosina Inosina AMP IMP GMP Guanosina Guanina Hipoxantina O alopurinol é um substrato da xantina-oxidase, que o converte em oxipurinol (aloxantina). O oxipurinol inativa a forma reduzida da enzima permanecendo fortemente ligado ao seu sítio ativo. Quando a xantina-oxidase é inibida, os produtos de excreção do metabolismo das purinas são xantina e hipoxantina, que são mais hidrossolúveis que o ácido úrico e apresentam menor probabilidade de formar depósitos de cristais.
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