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Prévia do material em texto

Antropologia Cultural
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Introdução à Antropologia
• Introdução;
• Evolução dos Conhecimentos;
• Antropologia: Campo de Abordagem Científica;
• Identidades Culturais: Proposições Conceituaia;
• Identidades Culturais na Sociedade em Rede;
• Considerações Finais.
• Conhecer a Antropologia como Ciência que estuda a diversidade cultural humana
e a formação das identidades culturais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Introdução à Antropologia
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Introdução à Antropologia
Introdução
Esta Unidade apresenta a evolução do conhecimento científico na Área das 
Ciências Sociais, com ênfase na Antropologia. Vamos estudar como surge essa 
Ciência, qual seu objeto de estudo e sua importância para compreensão das diver-
sidades que distinguem os povos e a existência das identidades culturais.
Evolução dos Conhecimentos
Tudo o que a Humanidade reuniu ao longo de sua existência são conhecimen-
tos. Foi por necessidade que o ser humano primitivo passou a observar seu habitat 
e extrair dele sua forma de sobrevivência.
Esse homem primitivo, valendo-se dos sentidos, passou a observar mais e logo 
conheceu melhor as plantas, mudou de lugar, aprendeu a lidar com os animais 
ferozes, a caçar, a enfrentar as mudanças climáticas e a se proteger da Natureza.
Logo esse conhecimento necessário para sobreviver – inerente ao humano, so-
mou-se à sua capacidade de imaginação, interpretação e curiosidade. 
Aos poucos, o homem primitivo criou objetos, armas, desenvolveu meios e mo-
dos de alimentação e passou a praticar a arte da cura. 
Para explicar a sequência dos acontecimentos, criaram-se mitos; foram compos-
tos cultos mágicos para favorecer os espíritos que, no seu entendimento, dirigiam 
as forças do mundo.
Homem primitivo produzindo fogo: https://goo.gl/JsyHAv
Ex
pl
or
Os povos antigos que viviam nos vales dos rios Tigre e Eufrates e das margens 
do rio Nilo, por exemplo, baseados em cálculos numéricos, descobriram formas 
para medir áreas e volumes de águas e prever cheias.
Dessa forma, esses povos podiam prever a travessia de um território para outro, 
compreender as cheias dos rios, plantar no entorno; também estabeleceram o ca-
lendário para marcar a época dos principais acontecimentos, além de perceber um 
fenômeno observando os céus e registrando os eclipses.
Euclides organizou os conhecimentos empíricos dos egípcios e criou a Geome-
tria. Aristóteles, no século IV a. C., fez um estudo sobre os Planetas e os Corpos 
Celestes, que perdurou vários séculos até Galileu Galilei, no século XVII, até Galileu 
estudar suas teorias sobre as Ciências Naturais e fazer uma revolução: ele compro-
vou que tudo se movimenta no espaço! E que a Terra gira em torno de seu próprio 
eixo e o Sol em torno da Terra. 
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9
A Inquisição se ocupou desse assunto e não gostou nada quando se deparou 
com a ciência de Galileu contestando seus ensinamentos seculares.
Figura 1 – Ilustração mostrando Galileu
Fonte: Wikimedia Commons
Em 1609, Galileu Galilei construiu um telescópio muito moderno para a época e explorou os 
céus como jamais havia sido feito antes. Suas descobertas foram publicadas no livro Siderus 
Nuntius (Mensageiro das Estrelas), em 1610. Galileu defendeu a tese de Copérnico de 
que a Terra não fi cava no centro do Universo. Essa teoria era contrária ao dogma da Igreja 
e por isso foi perseguido, processado duas vezes e obrigado a negar (abjurar) suas ideias 
publicamente. Por estudar longas horas fi cou cego; morreu numa prisão domiciliar perto de 
Florença, em 1642.
Ex
pl
or
Devemos nos lembrar de que antes de falarmos do profícuo período renascen-
tista em que se inicia a corrente de contestadores do autoritarismo da Igreja e das 
monarquias, como de certa forma estava fazendo cientificamente Galileu, durante 
dez séculos, a Humanidade viveu o que os historiadores chamam de “Período das 
Trevas” – A Idade Média. Nesse período, que vai do século V ao século XV, o co-
nhecimento ficou concentrado em poder das elites: a nobreza e o clero. 
Na Idade Média, o Teocentrismo foi a fundamentação de grande parte do co-
nhecimento no mundo ocidental, do qual herdamos influência.
Destacamos Santo Agostinho (século V), que vai unir o mundo das ideias de 
Platão, que para ele se traduz na religião, qual seja, o Cristianismo, ao mundo da 
razão aristotélica baseada no conhecimento nato, o conhecimento do real. 
9
UNIDADE Introdução à Antropologia
Santo Agostinho uniu o medo do desconhecido e a utopia do mundo perfeito à 
ideia de paraíso, do sagrado. Para ele, tudo isso só era possível num plano desco-
nhecido – divino, e não na Terra. 
A Terra é lugar de sofrimento, daí a ideia de resignação e conformismo no plano 
real. Mais tarde, São Tomás de Aquino (século XIII) será o grande nome da Filoso-
fia Escolástica, mantendo um pensamento que privilegiava a atividade, a razão e a 
vontade humana. 
Também é importante nos lembramos de Lutero (século XV) e as contestações 
que faz ao Cristianismo ortodoxo, que provocou uma ruptura com a Igreja a partir 
do movimento protestante. 
Descartes, em 1637, publica O discurso do método, em cuja obra o filósofo 
traz uma metodologia para apresentar que a verdade pode ser obtida por meios 
racionais: o racionalismo e a metodologia para desenvolver o Conhecimento Cien-
tífico; então, fica registrado com a célebre frase: “Penso, logo existo!”
Com esse breve contexto, pode-se perceber que antes de Descartes os meios 
para se chegar a descobertas e conhecer algo com profundidade era bastante com-
plicado; porém, ao pensarmos no calendário, na roda, no fogo, na Arquitetura, nas 
Engenharias, nas técnicas de Agricultura, na escrita, na Gastronomia, nos conhe-
cimentos médicos, nas navegações etc., até o século XVII, ainda que no campo do 
abstrato, a Humanidade foi capaz de muitos avanços. 
A partir de Descartes, isto é, do século XVII, do Renascimento em diante, a 
metodologia passa a fazer parte do conhecimento e assim passamos a estudar a 
“Metodologia do Conhecimento Científico”, possibilitando o surgimento de novas 
Áreascientíficas.
Durante os séculos XVII a XVIII, John Locke, Thomas Hobbes, J. Jacques Rousseau 
e Emmanuel Kant, entre outros, ou seja, a base da corrente do pensamento iluminista, 
também contribui para “iluminar” o conhecimento de novas ideias contestatórias, des-
sa vez no campo da política, que culminaram na Revolução Francesa. 
A Revolução Francesa marca historicamente as transformações políticas que 
influenciaram toda a Europa e, mais tarde, o mundo todo. Nesse fato histórico, a 
Monarquia passa a ser substituída pelo Governo liberal, conduzido por uma classe 
burguesa que se fixará no Estado Republicano democrático, modelo que o Brasil 
também adotou.
Com o advento das novas Tecnologias do final do século XVIII e durante todo o 
século XIX, na Inglaterra, a Humanidade se verá em meio à Revolução Industrial. 
Essa Revolução acontece com efeitos bruscos, nunca experimentados antes na His-
tória, e de forma muito acelerada. Nesse momento, a corrente de pensadores posi-
tivistas estará analisando os impactos sociais que a Revolução Industrial irá causar.
Até então, os filósofos davam conta de estudar e interpretar a história, a política, 
a evolução do pensamento etc.
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Em meio a tantas transformações, como vimos nas linhas anteriores, os filósofos 
que eram os grandes sábios e que buscavam explicar a origem do mundo, do ho-
mem, suas relações sociais etc., darão lugar a cientistas especialistas que irão criar 
novos campos de conhecimento.
No campo do pensamento social, a Filosofia dará lugar às Ciências Sociais, que 
se subdivide em três áreas: Antropologia, Sociologia e Ciência Política.
As Ciências Sociais surgirão para encontrar explicações para a Sociedade in-
dustrial. As pesquisas, experiências, diagnósticos etc. estarão, a partir de então, 
relacionados diretamente aos modos de produção, ao trabalho assalariado, à orga-
nização social etc., ou seja, os campos de conhecimento se multiplicam, surgindo 
novas áreas de estudo e com elas novas profissões, como por exemplo, economis-
ta, sociólogo, historiador e psicanalista, entre tantas outras. 
No século XX, surge, portanto, o cientista social. As análises e as experiências 
dos pesquisadores, a partir de então, estarão diretamente relacionadas ao Capita-
lismo, à Economia, às relações de trabalho, às desigualdades sociais, à diversidade 
cultural, à urbanização etc. 
Vejamos o que estudam as Ciências Sociais?
Tabela 1 – Estudos das Ciências Sociais
Sociologia
Estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações 
que ocorrem na vida em Sociedade. A sociologia abrange o estudo dos grupos 
sociais, da divisão da Sociedade em camadas, da mobilidade social, dos processos 
de cooperação, competição e conflitos em Sociedade etc.
Antropologia
Estuda as semelhanças e as diferenças culturais entre os vários agrupamentos 
humanos, a origem e a transformação das culturas, bem como os tipos de 
organização familiar, as religiões, o casamento etc.
Política Estuda a distribuição de poder na Sociedade, bem como a formação e o desenvolvimento das diversas formas de Governo.
Fonte: Acervo do Conteudista
O Quadro acima apresenta as Áreas que compõem as Ciências Sociais, de 
forma bastante generalizada. Cada uma dessas Áreas se subdivide em várias ra-
mificações, como, por exemplo, Sociologia da Educação, Antropologia Cultural, 
Políticas Públicas, para citar só algumas.
Novas Metodologias serão introduzidas a partir do século XX, como, por exem-
plo, o uso de dados estatísticos para compreender a Sociedade complexa.
As Metodologias do século XX até nossos dias, então, passam a englobar uma 
série de correntes de pensamento. Ao longo de todo esse tempo sobre o qual ex-
planamos, vamos lembrar que a Ciência está impregnada de axiomas; por isso, o 
Conhecimento Acadêmico-científico, no universo das pesquisas, deverá estar funda-
mento nas fontes historiográficas, etnográficas, bibliográficas e oficiais.
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UNIDADE Introdução à Antropologia
Antropologia: Campo 
de Abordagem Científica
Devido à própria natureza humana, interrogar-se sobre si mesmo é algo que o 
homem nunca deixou de lado, e isso se deu tanto na Ásia, quanto na África, na 
América, na Europa e na Oceania.
O homem pensava sobre si pelo viés artístico, mitológico, teológico ou filosófi-
co, mas nunca de forma científica. 
De fato, isso começou a ocorrer a partir do século XVIII, quando o homem, e 
não mais a natureza, passa a ser o objeto do conhecimento; mas é só na segunda 
metade do século XIX que a Antropologia se atribui objetos empíricos autônomos 
de estudo – as Sociedades primitivas – dando-lhe status de Ciência, finalmente, no 
século XX.
As Sociedades estudadas pelos primeiros antropólogos eram longínquas e con-
flitantes com o pensamento eurocêntrico da época. Para que essas Sociedades pu-
dessem ser objeto de estudo antropológico, deveriam seguir alguns critérios, como: 
• Ter dimensões restritas;
• Deviam ter pouco ou nenhum contato com outros grupos sociais;
• Tecnologia pouco desenvolvida em relação às civilizações industrializadas;
• Pouca especialização das atividades e funções sociais.
Essas características, qualificadas como “simples”, irão permitir a compreensão, 
como numa espécie de Laboratório Social, da organização “complexa” de nossas 
próprias Sociedades.
 Durkheim e Marcel Mauss serão os primeiros a fundar a Antropologia, seguidos 
por Levi-Strauss, Roger Bastide, Laplantine, exemplos de referências importantes 
para os estudos antropológicos, até hoje. 
Na obra Da divisão do trabalho social, de 1893, por exemplo, Durkheim es-
tuda as Sociedades chamando-as de “Sociedades de solidariedade dita mecânica e 
solidariedade orgânica”. 
Segundo Durkheim, na solidariedade mecânica, o indivíduo está diretamente 
ligado à Sociedade, sem que haja intermediário; apresentam-se como um conjunto 
organizado de crenças e sentimentos comuns a quase todos os componentes; é do 
tipo consciência coletiva. A Sociedade tem coerência porque os indivíduos ainda 
não se diferenciam. 
Já a solidariedade orgânica é aquela em que a coletividade resulta de diferen-
ciação. Os indivíduos não se assemelham, são diferentes; é do tipo que produz uma 
consciência individual. 
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Vamos simplificar na Tabela que segue:
Tabela 2 – Sociedade mecânica e sociedade orgânica – Característica
Sociedade Mecânica Sociedade Orgânica
Sociedades primitivas, arcaicas; a consciência individual 
decorre do próprio desenvolvimento histórico; cada 
indivíduo é o que os outros são, não havendo praticamente 
divisão de trabalho, somente a divisão sexual do 
trabalho; ainda não existe a propriedade privada, nem a 
diferenciação entre as pessoas. 
Sociedade moderna, na qual ocorreu a divisão econômica 
do trabalho; tem estrutura segmentária; pressupõe 
diferenciação social que possibilita o crescimento da 
individualidade; caminha para a desintegração social; 
conduz a uma maior coesão social. 
Fonte: Acervo do Conteudista
É a partir dessa análise que Durkheim deduziu a ideia de que o indivíduo nasce 
da Sociedade, e não que a Sociedade nasce dos indivíduos, pois se a solidariedade 
mecânica precedeu a solidariedade orgânica, não se podem, então, explicar os fe-
nômenos da diferenciação social e da solidariedade orgânica a partir dos indivíduos. 
Para dar conta dos estudos culturais, a Antropologia se ramifica em várias Áreas 
de concentração, como Antropologia Religiosa, Antropologia Social, Antropologia 
Urbana, entre várias outras; no entanto, a subdivisão que nos interessa pontuar 
aqui é a Antropologia Cultural.
Segundo Laplantine:
A Antropologia Cultural, seja o modelo utilizado, biológico, psicológico 
ou linguístico, é uma Antropologia frequentemente empírica, que se situa 
do lado da função ou, mais ainda, do sentido, em detrimento da norma e 
do sistema. Mas o que permite essencialmente caracterizar essa tendên-
cia de nossa disciplina é o critério da continuidade ou descontinuidade 
entre a natureza e a cultura de um lado, e entreas próprias culturas, de 
outro. (2007, p. 106)
Importante!
O olhar da Antropologia sobre os estudos sociais consiste em estudar o homem por inteiro 
e estudar o homem em todas as Sociedades, em todos os estados e em todas as épocas.
Em Síntese
Identidades Culturais:
Proposições Conceituais
A partir da Antropologia e de sua ramificação – a Antropologia Cultural, discu-
tiremos a formação das identidades culturais, começando pela definição de identi-
dade que nos apresenta Manuel Castells:
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UNIDADE Introdução à Antropologia
Entendo por identidade o processo de construção de significado com 
base em um atributo cultural, ou ainda um conjunto de atributos cultu-
rais inter-relacionados, o(os) qual(ais) permanece(m) sobre outras fontes 
de significado. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator coletivo, 
pode haver identidades múltiplas. No entanto essa pluralidade é fonte de 
tensão e contradição tanto na auto-representação quanto na ação social”. 
(CASTELLS, 1999, p. 22)
No trecho que emprestamos de Castells para essa nossa reflexão, notamos, logo 
no início, que o autor utiliza a expressão “processo de “construção”, ou seja, se 
identidade é um processo de construção, ela não nasce com o indivíduo, aprende-
-se. Portanto, o indivíduo forma sua identidade de acordo com fatores externos que 
o influenciam, e também pela convivência e experiências de vida em grupo e/ou 
em Sociedade. 
Os fatores externos que interferem na formação das identidades culturais são 
aprendidos pelo indivíduo logo no nascimento, por meio de suas primeiras relações 
sociais experimentadas. Por exemplo: o modelo familiar, o território, as formas de 
comportamento dos seus semelhantes, etnia, a educação recebida, as relações de 
amizade, as crenças e os hábitos alimentares, as relações de produção, a informa-
ção, a língua etc.
Para Castells, a identidade cultural é vista como uma forma de identidade co-
letiva, mas ele também reconhece que um sujeito pode ser formado por muitas 
identidades. Isso significa que somos muitos em um só “em torno de uma identida-
de primária (uma identidade que estrutura as demais) autossustentável ao longo do 
tempo e do espaço” (CASTELLS, p. 23).
Você, caro(a) aluno(a), já parou para pensar que somos, agimos e pensamos de 
diversas formas? 
Utilizamos linguagens distintas, vestimo-nos e nos comportamos de forma dife-
rente, exercendo um determinado papel na família, “outro” na universidade, “ou-
tro” no trabalho, “outro” com os amigos, “outro” em atitudes políticas, “outro” no 
lazer, “outro” no casamento etc. 
Esses “outros” que formam cada indivíduo fazem parte de uma construção iden-
titária que está em constante transformação e nos acompanhará por toda a vida, 
pois somos muito diferentes também na infância, na adolescência, na idade adulta 
e na velhice; portanto, somos muitos “em si”. Isso explica a complexidade e o de-
safio de aqui definir identidade cultural. 
De qualquer forma, arrisquemos uma breve e despretensiosa definição para nos 
respaldarmos em um conceito.
A identidade cultural é um conjunto vivo de valores construídos por meio das 
relações sociais e dos patrimônios simbólicos historicamente compartilhados, que 
estabelecem a comunhão entre os membros de uma Sociedade.
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Identidades Culturais
na Sociedade em Rede
Mais do que nunca, com o surgimento da Internet, a Sociedade conectada que 
se forma passa a viver novas experiências. Ao se conectar em Rede pode, por um 
clique, entrar em contato com pessoas de diversas partes do mundo.
A Internet aproximou pessoas do mundo todo e, logo, as culturas que não 
se conheciam puderam trocar experiências. Essas experiências são extremamente 
positivas porque exigiram, naturalmente, que as pessoas buscassem uma Língua 
universal, o inglês, e pudessem trocar ideias, opiniões, imagens etc. O enriqueci-
mento de informações de quem utiliza as Redes para pesquisar, ou melhor, como 
fonte de conhecimento, é enorme. 
Em contrapartida, esse mesmo espaço é de expressão de opiniões racistas, xe-
nofóbicas, homofóbicas, machistas etc. 
As Redes Sociais aproximam pessoas que produzem uma corrente de amigos 
virtuais, mas produzem, também, um espaço de intolerância, principalmente, po-
lítica e cultural.
Certamente você, caro(a) aluno(a), já teve alguma experiência nas Redes So-
ciais, em que, pelo simples fato de discordar de uma opinião, algumas pessoas 
despejam vocabulários desnecessários e estimulam o ódio quando encontram pes-
soas que apóiam tal tipo de comportamento intolerante, intuindo ser a Internet 
“terra de ninguém”.
No entanto, as ofensas ou a discriminação que ocorrem nas Redes Sociais estão 
movimentando até mesmo o território jurídico para julgar crimes virtuais.
Desde a Revolução Industrial, quando pessoas de todos os cantos se dirigiram 
para os centros industrializados em busca de trabalho, compreender e tolerar a 
pluralidade cultural vem sendo um desafio no mundo todo.
Foi nas cidades modernas do final do século XIX e do início do século XX que o 
processo de transformação das identidades culturais se acelerou. De lá pra cá, com 
o crescimento dos Mercados capitalistas, o inchaço das cidades só vem aumentando.
Com a grande imprensa, os jornais, o rádio, o cinema, a TV e a Internet, a 
informação e a noção de que vivemos num mundo extremamente complexo e di-
verso culturalmente só aumentou. 
É fato que existe discriminação, preconceito e intolerância, tanto no mundo real, 
quanto no mundo virtual. Mas é fato, também, que tudo passou a ser declarado 
abertamente nas Redes Sociais. 
Os sentimentos de preconceito contra as diferenças, antes muitas vezes resguar-
dados, estão também ali, cada vez mais canalizados nas Redes Sociais; portanto, 
podem ser combatidos.
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UNIDADE Introdução à Antropologia
Existe punição para crimes virtuais de discriminação?
Foi aprovado, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, o 
PLS 80/2016, que prevê pena de prisão e de multa para quem cometer crimes 
de racismo e discriminação na Internet e para aqueles que repassarem as ofen-
sas adiante. Os acusados estão sujeitos a pegar de dois a cinco anos de prisão, 
além do pagamento de multa.
Observe as figuras a seguir e veja como a Sociedade em Rede vem contribuindo 
não para unificar as culturas, mas sim para reafirmá-las a partir do momento em 
que as pessoas vão se mostrando umas para as outras.
Figura 2 – Oriental usando a Internet
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 3 – Mulçumana usando a Internet
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 4 – Africana usando a Internet
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 5 – Indianas usando a Internet
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 6 – Europeia acessando a Internet pelo celular
Fonte: iStock/Getty Images
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Contudo, podemos perceber que desde o início desta Unidade, quando apresenta-
mos a evolução da Humanidade desde as Sociedades primitivas até a Sociedade con-
temporânea, vemos o quanto a Antropologia pode contribuir para o entendimento e 
o reconhecimento de diversos povos, Línguas, religiões, hábitos e costumes.
A Antropologia iniciou-se com os estudos de Sociedades primitivas, e hoje po-
demos ver que é a Ciência que estuda também as Sociedades mais evoluídas em 
seus aspectos culturais e, o mais interessante, como as identidades culturais vem se 
transformando com o tempo a partir das novas Tecnologias.
Já se imaginou acessando um site para conhecer aquele país dos seus sonhos e 
na palma da mão ter todo tipo de informações sobre o lugar e a cultura que você 
quer conhecer? 
Podemos afirmar, então, que a Antropologia contribui para que aprendamos so-
bre o “outro” e sobre nós mesmos, utilizando as metodologias próprias de sua Área 
cientifica, desde Durkheim, como estudamos acima, até a inclusão das plataformas 
digitais, como ambientes de estudo do comportamento humano, sempre com o 
propósito de, além de conhecer as diferenças culturais, respeitar as pessoas e suas 
culturas, independente de tempo e espaço.
Considerações Finais
NestaUnidade, vimos como surgem as Ciências Sociais e suas ramificações, 
dando ênfase à Antropologia. 
Pudemos conhecer um pouco mais sobre a diversidade cultural e a formação das 
identidades culturais ao longo da História, até chegarmos à contemporaneidade, 
sem negar a importância das Redes Sociais para analisar, conhecer, interpretar e 
aprender sobre culturas diferentes que fazem parte do nosso cotidiano. 
Sem percebermos, muitas vezes estamos fazendo um estudo antropológico quan-
do acessamos a Internet e buscamos conhecer pessoas de outras partes do mundo, 
novos idiomas, gastronomia, religião, política etc. 
Vimos que de Durkheim aos dias de hoje, ainda há muito que aprender sobre 
as diversidades culturais, compreendendo que não há cultura superior ou inferior, 
e sim “culturas”, e aprender sobre elas é demonstração de respeito e tolerância.
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UNIDADE Introdução à Antropologia
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Filmes
A Guerra do Fogo 
https://goo.gl/PDeFr3
 Leitura
Antropologia
https://goo.gl/dYwjc1
Raça Pura
https://goo.gl/rdnhr2
Desigualdades de Gênero, Raça e Etnia
https://goo.gl/qgDV5o
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Referências
CASTELLS, M. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
HALL, S. A identidade cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007.
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