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1 Introdução Estomatologia Palavra de origem grega - Stómato, stomus – “boca” - Lógus – “ciência, estudo, tratado”. Porém, também é conhecido como propedêutica clínica, semiologia, diagnóstico bucal e medicina oral. Estomatologia significa o estudo das doenças da boca. *A patologia também é o estudo das doenças, porém a patologia se relaciona ao estudo microscópico das lesões. A estomatologia está mais relacionada ao estudo clínico, com o diagnóstico, exame e prognóstico. Semiologia Do grego semeyon „sinal, sintoma” e lógus “ciência, estudo, tratado” Ciência que estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sinais e os sintomas e os interpreta, reunindo os elementos necessários para construir o diagnóstico e presumir a evolução da enfermidade. Conceitos importantes Sinal Do latim “signalis” – manifestação, indício ou vestígio. Todo dado sobre a doença que pode ser percebido objetivamente e captado diretamente, pelos órgãos dos sentidos do profissional, durante o exame físico, frequentemente representado pelas lesões fundamentais; ou captado indiretamente por exames complementares. A rigor são alterações objetivas passíveis de descrição e avaliação. Tumefação na face, úlceras, manchas, estalidos e crepitações da articulação temporomandibular (ATM), mobilidade dental... Sintoma Do grego “sympitien” – acontecer Tudo o que é percebido, sentido, vivenciado subjetivamente e relatado pelo paciente na anamnese (p. ex., dor, parestesia, anestesia, queimação, sentimentos, opiniões, apreensões, percepções etc.). *O conjunto de sinais e sintomas a gente chama de quadro clínico, sintomatologia clínica e baseado nos sinais e sintomas chega-se ao diagnóstico. * Alguns dados, dependendo de como são coletados, podem ser sinais ou sintomas – se o paciente relata sentir febre é um sintoma, se o profissional constata hipertermia é um sinal. O mesmo raciocínio é válido para perda de peso, dispneia etc. Sintomatologia ou quadro clínico É o conjunto de sinais e sintomas. Ambos os termos são usados para descrever tudo o que foi relatado pelo paciente e percebido pelo examinador no exame físico. Ex: Disfunção temporomandibular Semiotécnica É o conjunto ordenado de métodos e manobras para a coleta dos sinais e sintomas. Elabora questionamentos e desenvolve modos de obtenção do maior número de sinais e sintomas, mais precisos, fidedignos e completos Ex: aferir a pressão do paciente, verificar a temperatura, vitroscopia... Sinais ou sintomas prodrômicos ou preditivos São também chamados de premonitórios, pelos quais o paciente percebe que irá desenvolver alguma patologia. Por exemplo, os pacientes portadores de enxaqueca podem apresentar sintomatologia prodrômica que se inicia 24 a 48 horas antes de uma crise, tal como hiperatividade, euforia leve, letargia, depressão, vontade de ingerir determinados alimentos, retenção hídrica e bocejos frequentes. O herpes labial recorrente, que é caracterizado por lesões vesiculares na interface pele/lábio, geralmente é precedido por sintomas prodrômicos tais como sensação de queimação, prurido ou formigamento da mucosa na área afetada. Sinais e sintomas patognomônicos São exclusivos de determinada doença; indicam de maneira quase absoluta sua existência, especificando o diagnóstico. Ex: a rigidez da nuca para a meningite, vesículas labiais na infecção pelo vírus do herpes simples, os dentes de Hutchinson (molares em forma de amora e incisivos em forma de barril), presentes na sífilis congênita. * Existe uma condição de fundo imunológico chamada de eritema multiforme e nessa condição podem surgir na pele lesões em formato de alvo 2 (círculos concêntricos) e isso é um sinal patognomônico do eritema multiforme. Exame Clínico O objetivo do exame clínico é a colheita de dados que constituirão a base do diagnóstico. Para um bom exame clínico exige-se apuro dos sentidos capacidade de observação bom senso critério e discernimento conhecimento básico sobre a doença * Para se estabelecer um diagnóstico eu tenho que me basear em sinais e sintomas e devo colher as informações embasadas em conhecimento científico. Causas e erros no diagnóstico Ignorância ou falta de conhecimento; Exame mal feito os mais comuns; Erros de interpretação de dados clínicos ou de resultados de exames complementares. * Deve-se ter consciência do por que de cada pergunta da anamnese, visto que dependendo da resposta do paciente será necessário aprofundar a pergunta ou não. Exame Clínico O exame clínico divide-se em : I - Anamnese ou exame subjetivo. II - Exame físico ou exame objetivo. De acordo com a OMS: “Saúde é o bem-estar físico, mental e social, e não somente, como se poderia supor, ausência de doenças.” Anamnese ou exame subjetivo O termo anamnese origina-se do grego e significa recordar ou, mais precisamente, trazer de volta à memória (ana [trazer de volta] + mnesis [memória]). Na anamnese vale dizer, identificar e recordar os eventos ligados à biografia – história de vida e história psicossocial –, queixa principal, história da doença atual, antecedentes hereditários, hábitos e vícios, história médica e tratamento médico atual do paciente. A anamnese torna possível registrar os sintomas que motivaram a consulta e os dados relacionados que são imprescindíveis à elaboração do diagnóstico correto. *Perguntar ao paciente o que trouxe aquela consulta? Se for por conta de dor perguntar quando ela começou? Como é a dor? Existe alguém da família com a mesma dor? *É importante que o profissional compreenda que a etapa de coleta de dados é fundamental para toda a sequência de elaboração do diagnóstico, propiciando um percurso mais rápido e seguro até o diagnóstico final e consequente tratamento. * É importante ao profissional durante a anamnese : a) o diálogo franco entre examinador e o doente; b) a disposição para ouvir, deixando o paciente falar a vontade, interrompendo-o mínimo possível; c) demonstrar interesse não só pelos problemas do paciente, mas por ele, como pessoa; d) possuir conhecimento científico, controle emocional, dignidade, bondade, afabilidade e boas maneiras, a fim de obter um relato completo e poder chegar a um diagnóstico. Fases da Anamnese 1- Identificação a) Nome: o nome completo do paciente, além de permitir o arquivamento do prontuário, estabelece uma relação afetiva e de confiança do paciente para com o examinador. b) Endereço completo, inclusive com o telefone, é uma necessidade para garantir comunicação imediata com o paciente, em casos de complementação de informações, mudança de horário de consulta, cancelamento ou qualquer outro tipo de contato urgente. c) Idade: é importante o conhecimento da idade, pois existem certas doenças que incidem com maior frequência em determinadas faixas etárias. Por exemplo, a ocorrência de cárie dentária é mais frequente na infância e puberdade, ao passo que a doença periodontal é característica da idade adulta. d) Estado Civil: deve ser referido com veracidade o solteiro, o casado, o viúvo, o desquitado e o divorciado, principalmente no que diz respeito a problemática psicológica que poderá intervir conforme o estado civil. e) Sexo : existe predileção de certas doenças por um dos sexos. O sexo feminino é mais predisposto à ulceração aftosa recorrente e ao hiperparatireoidismo; a paracocidioidomicose, ao contrário, predomina intensamente no sexo masculino. f) Cor : há determinadas afecções mais comuns de acordo com a raça. Carcinomas de pele são mais frequentes em indivíduos de cor clara. As displasias fibrosas são mais comuns em negros. g) Profissão: Certas profissõespodem predispor o indivíduo a determinadas doenças. A queilite actínica e os carcinomas da pele da face são frequentes em lavradores, marinheiros e pescadores, particularmente nos portadores de tez clara. 3 h) Procedência : deve ser referida sempre, em razão da existência de zonas endêmicas ou epidêmicas de determinadas moléstias como a doença de Chagas, pênfigo vulgar etc. Queixa Principal É o motivo pelo qual o paciente procurou o profissional. Nem sempre coincide com o problema mais importante do paciente. Ele poderá ir tratar de uma cárie e descobrir uma neoplasia maligna que ignorava. a queixa principal pode ser a presença de indícios de anormalidade (um ou mais sinais e/ou sintomas) evolução não satisfatória de algum tratamento realizado. uma simples consulta de rotina sem sintomatologia presente sempre que possível deve ser registrada com as próprias palavras do paciente História da doença atual (H.D.A) resulta no histórico completo e detalhado de queixa apresentada em toda sua evolução temporal e sintomatológica Abrange a doença desde o seu estado prodrômico, até o momento do exame. Os sintomas referidos sobre o problema principal (queixa) devem ser examinados algumas perguntas são quase sistemáticas, e de modo geral não podem ser omitidas pelo examinador. Assim temos : tempo de evolução do processo, isto é, quando se iniciou a sintomatologia; como eram no início os sinais e/ou sintomas; ocorreram episódios de exacerbação ou remissão do quadro clínico; recorde-se de algum fato que possa estar ligado ao aparecimento da doença; no caso de lesões assintomáticas, como era quando percebeu sua existência em relação ao estado atual. São estes alguns exemplos de perguntas bastante comuns que se fazem aos pacientes. História buco-dental Deve investigar todo antecedente estomatológico do paciente, compondo um completo histórico das ocorrências buco-dentárias. frequência de visitas ao dentista; experiências passadas, durante e depois da aplicação da anestesia local e de extrações dentais; tratamentos realizados anteriormente - protéticos , periodontais, endodônticos, etc.; hábitos e dores na região da ATM : a) apertamento dos dentes; b) briquismo; c) mordedura de lábio, mucosa jugal ou língua; d) projeção lingual; e) respiração bucal; f) dificuldade em abrir a boca extensamente; g) movimentos alterados; sons articulares. História Médica Visa à obtenção de informações detalhadas sobre todas as doenças de caráter sistêmico que acometeram o paciente desde o nascimento até a data atual. a - Assegura que o tratamento dental não prejudique o estado geral do paciente nem seu bem estar; b - Averigua presença de alguma doença de ordem geral do paciente, ou fato do mesmo estar tomando algum medicamento destinado ao seu tratamento e que poderá prejudicar o correto atendimento odontológico; c - Auxilia no diagnóstico de uma doença ignorada que exija um tratamento especial; d - Representa um documento legal que pode ser útil em casos de reclamação judicial por incompetência profissional. Antecedentes familiares Têm por objetivo a obtenção de informações sobre o estado de saúde, principalmente, de pais, irmãos, avós, esposa (o) e filhos, na busca de uma eventual doença herdada ou com tendência familiar. Esta fase da anamnese é importante frente à suspeita de diabetes, doença cardiovascular, tuberculose, distúrbios hemorrágicos, doenças alérgicas e nervosas. * Os estudos sobre a saúde dos pais e irmãos devem ser estendidos a outras pessoas que moram na mesma casa, tais como parentes e empregados ou outros que mantenham contato demorado com o paciente. Esses dados podem ter grande valor na pesquisa de doenças infecciosas como a tuberculose, por exemplo. Hábitos O conhecimento de hábitos adquiridos pelo paciente, frequentemente, se constitui em elemento chave para elaborar o diagnóstico e fundamentar o prognóstico. Hábitos nocivos, como tabaco, ingestão de bebidas alcoólicas e drogas, devem ser minuciosamente determinados quanto ao tipo, tempo de uso, quantidade, variações ou interrupções. Anamnese 1- Suas gengivas sangram quando escova os dentes? Com essa pergunta é possível investigar como é a higiene do paciente e também é possível ver a questão das discrasias sanguíneas. 4 O paciente pode relatar que a gengiva dele sangra bastante, até mesmo quando ele não está escovando os dentes. Então pode ser que esse paciente tenha algum distúrbio sanguíneo. 02- Já fez tratamento de gengiva alguma vez? Os pacientes muitas vezes não sabem o que significa fazer uma raspagem, mas eles podem dizer que sempre vão ao dentista e isso indica que esse paciente tem preocupação com a saúde oral, indica que ele tem melhor acesso aos profissionais de saúde bucal. 03- Já lhe foi dito para não tomar anestesia dental? Alguns pacientes confundem possíveis efeitos colaterais como dor de cabeça com os sintomas de alergia. Os sintomas de quadro alérgico são prurido, urticária, erupções, dificuldade respiratória, edema de laringe, hipotensão dentro outros. Se o paciente não relatar nenhum desses sintomas pode ser que ele tenha tido apenas algum efeito colateral ao anestésico local. Determinadas pessoas podem ter alergia ao bissulfito de sódio que é o conservante do vasoconstritor dos anestésicos do grupo amida que são utilizados na odontologia. Nesses pacientes a solução é utilizar mepivacaína sem vasocontritor. Alguns pacientes passam mal e podem ter até mesmo lipotimia ou sincope vaso vagal por questões ligadas ao estresse ou medo de dentista e passam a acreditar que o anestésico local que provocou o mal estar. Alguns profissionais da área médica contraindicam que os pacientes cardiopatas façam uso de anestésicos locais com vasoconstritor. Mas, o vasoconstritor dá ao anestésico maior tempo de ação e menor toxicidade. Os anestésicos sem vasoconstritor tem um tempo muito curto de ação, em média 10 minutos. Por isso é preciso ponderar, se o procedimento é extenso e utiliza-se de um anestésico sem vasoconstritor e o efeito passa no meio do procedimento o paciente vai sentir dor e começará a produzir adrenalina endógena, o que pode ser mais prejudicial do que a adrenalina exógena usada como vasoconstritor. Por isso, é importante conversar com o médico do paciente para entrar em um consenso. Alguns pacientes tem intoxicação pro superdosagem de anestésico, e níveis sanguíneos elevados de anestésico local resultam em depressão do SNC e depressão do sistema cardiovascular. 4- Já teve hemorragia após extrações dentais? É necessário saber como o paciente responde após um ato cirúrgico e como ele responde a uma ferida. Também é necessário saber se ele tem algum distúrbio da coagulação. Caso o paciente diga que já teve hemorragia após uma extração é preciso ficar atento, pode ser que seja necessário solicitar exames complementares para saber se o paciente tem algum distúrbio da coagulação. Analisar como ele relata a hemorragia pois pode não ser uma hemorragia. 05- É alérgico a algum medicamento? (penicilina, sulfa, aspirina)? As sulfas tem enxofre na composição, então se esse paciente possui alergia a elas então outros componentes podem causar alergia nele. Muitas pessoas são alérgicas a penicilina então é necessário saber para poder substituir Pode-se citar algumas classes de medicamentos e nomes para o paciente dizer se é alérgico ou não. Se ele disser que é alérgico a algum medicamento é necessário perguntar como é o quadro alérgico, se é mais brando ou severo. *Se o paciente é alérgico a vários coisas deve-se tomar cuidado, pois ele é um indivíduo com atopia e talvezele possa desenvolver alergia a algum componente do anestésico. 06- É alérgico a outras coisas que não sejam medicamentos? Se o paciente tem alergia a vários elementos da alimentação pode ser que ele também seja alérgico a algum medicamento e não saiba. 07- Está atualmente sobre cuidados médicos? É necessário saber se o paciente está fazendo acompanhamento médico e que tipo de acompanhamento. Se ele faz acompanhamento com o cardiologista é porque ele possui algum problema cardíaco e isso interfere diretamente na conduta do cirurgiã-dentista. Os pacientes cardiopatas podem infartar durante o atendimento em razão do estresse que algum procedimento pode lhe causar. Se o paciente é diabético é preciso saber se ele está controlado ou se está descompensado pois isso pode interferir na cicatrização de feridas 08- Está tomando algum medicamento no momento? É necessário saber quais medicamentos o paciente toma para não causar interação medicamentosa. Às vezes o paciente não diz que possui determinada doença, mas pelo medicamento que ele toma já é possível identificar. Classes de medicamentos que causam xerostomia Anti-histamínico 5 Anti-depressivo Antieméticos Anti-hipertensivos Antiparkinson Antiespasmóticos Antipsicóticos Sedativos Problemas causados pela xerostomia A saliva vai lavar as superfícies da cavidade oral, além de que há anticorpos na saliva, enzimas, substâncias tampão. O paciente que possui xerostomia é mais suscetível a cárie, doença periodontal dentre outras. Além da xerostomia causar ardência na boca. Em razão da xerostomia podem aparecer fissuras na língua, nos lábios e pode haver infecção por Candida albicans, pois a saliva tem a capacidade de lavar as superfícies mucosas e capacidade de limpeza está diminuída na xerostomia. O paciente pode reclamar de desconforto para se alimentar porque não tem saliva pra ajudar na deglutição e para formar o bolo alimentar. Classes de medicamentos que podem causar atraso no reparo tecidual: Corticosteróide Quimioterápicos Corticosteróides são anti-inflamatórios a base de esteroides e são indicados mais para o pré-operatório principalmente em cirurgias mais invasivas. Mas, também podem ser utilizados no pós operatório (principalmente se o paciente não puder utilizar AINES e o procedimento for muito invasivo). São muito utilizados para as doenças autoimunes. É preciso conhecer sobre esses medicamentos para saber se o paciente pode realizar determinada cirurgia, uma vez que esses medicamentos podem causar atraso no reparo tecidual. Classes de medicamentos que podem causar hiperplasia gengival Anticonvulsivantes: Dilantin, epelin, fenitoína, gardenal, hidantal. Bloqueadores dos canais de cálcio: Nifedipina, diltiazem, Verapamil e Felodipina. Imunossupressor: Ciclosporina A Antimaláricos: Quinacrina, cloroquina e hidroxicloroquina. Outros Anticoagulantes – hemorragias Antibióticos de amplo espectro – candidose Os pacientes cardiopatas muitas vezes fazem uso de anti-coagulantes, ou até mesmo os pacientes mais idosos que nunca tiveram algum problema cardíaco, mas que é hipertenso, tem autos níveis de colesterol, geralmente esses indivíduos tomam anticoagulante, que pode ser o AAS. É preciso perguntar se o paciente toma AAS pois muitas vezes o paciente toma esse medicamento, mas não sabe que ele é anticoagulante e às vezes esse medicamento pode causar hemorragia e por isso é necessário estar preparado e fazer o uso de medicações hemostáticas. * A exposição do paciente a antibióticos de amplo espectro pode causar candidose, pois elimina as bactérias competidoras 09- Já tomou ou toma cortisona? Cortisona, cortisol, glicocorticoide Essa pergunta é muito importante pois os anti- inflamatórios esteroidais interferem no reparo tecidual. Se o paciente afirmar que toma eu preciso saber por qual razão ele toma. Muitas doenças imunomediadas causam lesões na cavidade oral e por isso esses pacientes tomam glicocorticoides. Pênfigo, penfigóide, lúpus, líquen plano entre outros. Além disso, os pacientes portadores de artrite reumatoide podem ter a ATM afetada. 10- Já teve febre reumática ou como consequência a endocardite? A febre reumática é uma reação que alguns pacientes desenvolvem após uma amigdalite, causada por bactérias do grupo beta-hemolítico. Os pacientes desenvolvem anticorpos e esses anticorpos por uma reação cruzada acabam se ligando não só as bactérias, mas também podem se ligar a estruturas das articulações, estruturas da pele e também se ligam a estruturas do endocárdio ou de válvulas do coração e podem causar lesões ou formar nichos que futuramente podem servir para colonização bacteriana. Esses pacientes podem desenvolver cardite grave. Os pacientes que ficaram com os nichos com lesões quando forem submetidos ao tratamento odontológico ou qualquer tratamento que gere bacteremia vão precisar de profilaxia antibiótica. Em casos de extração ou de raspagem pode ocorrer uma lesão na gengiva e as bactérias caem na corrente sanguínea e podem chegar até o endocárdio e causar endocardite 11- Seu médico lhe disse que você tem alguma doença cardíaca? 6 As patologias cardíacas do paciente podem interferir no atendimento odontológico Os pacientes cardiopatas sob estresse por ter medo de dentista, ou por causas rotineiras podem ter elevação da pressão arterial durante o atendimento, ou até mesmo podem ter angina em razão de uma descarga de adrenalina. Se o paciente disser que não possui nenhuma doença cardíaca, mas a pressão arterial está elevada no momento do atendimento é necessário investigar se a pressão arterial está elevada por conta do nervosismo do atendimento. Se ao final do atendimento a P.A permanecer alta é preciso encaminhar o paciente para o cardiologista pois ele pode ser hipertenso. A ocorrência de alterações cardíacas é comum em adultos, principalmente após os 40 anos de idade, e é frequente o desconhecimento por parte do paciente de sua condição, o que enfatiza o conhecimento dessas doenças pelo cirurgião-dentista. Caso o paciente esteja com a pressão alta, porém não foi diagnosticado com nenhuma doença cardíaca, tais perguntas podem ser feitas: Na execução de suas atividades normais tem dificuldades respiratórias? Cansa-se muito ao subir escadas? Acorda durante a noite com sensação de falta de ar? Respira melhor sentado? Tem dor de cabeça na região occipital? Tem perturbação visual? Sente formigamento nas mãos e nos pés? São perguntas que podem ser feitas para o paciente para descobrir se ele tem alguma cardiopatia e não sabe. 12- Você ou algum membro da família tem diabetes? Sabe-se que existe uma predisposição genética para o diabetes, é por isso que é preciso perguntar se algum membro da família tem diabetes O paciente diabético tem um atraso no reparo tecidual. Dessa maneira, eu preciso saber se o paciente está compensado ou descompensado. Caso o paciente diga que é diabético é necessário perguntar se ele faz acompanhamento com o endocrinologista, questionar se ele faz uso de insulina ou de algum hipoglicemiante. Se o paciente for descompensado e não fizer acompanhamento é necessário encaminhar. 13- Tem pressão alta ou baixa? É necessário aferir a pressão do paciente, mas é importante perguntar, porque às vezes quando se afere a pressão no atendimento ela está controlado por conta do uso de anti-hipertensivo. Mas, o paciente relata ser hipertenso. O paciente que tem pressão alta ou baixa não pode deixar de se alimentar antes do atendimento pois ele pode desmaiar. 14- Já teve anemia alguma vez? Mulheres com fluxomenstrual intenso podem ter anemias recorrentes por conta da menstruação. Pacientes com úlceras gástricas podem perder sangue por conta da úlcera e ter quadros de anemia Os pacientes com anemia tem menor capacidade de transportar oxigênio para os tecidos e isso prejudica o reparo tecidual Se for uma anemia mais grave o paciente pode até passar mal durante o atendimento. 15- Já esteve acamado por um longo período? Caso o paciente diga que sim perguntar a razão, como foi a recuperação. Se ainda ficarem dúvidas pode ser que seja necessário solicitar que ele traga os exames mais recentes quando ele for atendido da próxima vez. 16- Sofreu alguma operação nos últimos 10 anos? Muitos pacientes acham que algumas condições sistêmicas não tem relação com a odontologia, então eles relatam apenas aquilo que no seu julgamento pode ter interesse para o cirurgião-dentista. Logicamente essa apreciação leiga prejudica a obtenção de dados importantíssimos para diagnóstico e tratamento individualizado. Ex: o paciente teve um quadro de hepatite grave e precisou realizar uma hepatectomia , dessa maneira, se o paciente tem menos tecido no fígado e a cirurgia foi recente , existe a possibilidade dele não conseguir metabolizar os medicamentos que serão prescritos a ele, então pode ser que seja necessário entrar em contato com o médico desse paciente. 17- Suas juntas doem ou incham com frequência? Se a resposta for sim e o paciente disser que nunca pesquisou, pode ser que o paciente tenha artrite ou alguma outra doença reumática. Os pacientes que possuem dores articulares também podem ter dores na ATM. Se o paciente tem alguma doença reumática pode ser que ele tome corticoide ou imunossupressor e é necessário atenção pois esses medicamentos podem causar atraso no reparo tecidual. 7 18- Aumentou ou diminuiu muito de peso ultimamente? Aumentos ou diminuições bruscas de peso como por exemplo aumento de 10 kg em 2 meses são relevantes por isso é preciso investigar Pode ser que o paciente tenha algum distúrbio metabólico e não seja possível descobrir qual é durante a consulta então é preciso encaminhar para o endocrinologista O paciente pode estar desenvolvendo diabetes por isso está aumentando ou diminuindo o peso Pacientes com muitas lesões em boca podem não conseguir comer e perder peso. Pacientes com tuberculose também podem ter perda brusca de peso, pacientes com HIV também Dependendo da fase da tuberculose não recomendado realizar o atendimento, a não ser que seja urgência, isso se deve por conta do aerossol. Os indivíduos com HIV podem estar com um quadro de imunossupressão grave então muitas vezes não é recomendado realizar cirurgia extensas. 19- Tem problemas com seu estômago? 20- Já teve úlcera no estômago ou duodeno? Essas duas perguntas estão mais relacionadas aos medicamentos que serão prescritos, pois não é recomendado prescrever AINES para pacientes que possuem gastrite ou úlcera pois podem aumentar a frequência ou a gravidade de ulcerações gastrintestinais 21- Tem hemorragia longa quando se corta, mais de 5 minutos? Caso o paciente diga que sim é necessário investigar e talvez seja necessário solicitar um coagulograma. O intuito dessa pergunta é descobrir se o paciente tem algum distúrbio de coagulação. 22- Tem algum problema com fígado ou vesícula? Com essa pergunta é possível descobrir se o paciente tem algum problema na metabolização de medicamentos. 23- Já teve ou conviveu com alguém que tivesse tuberculose? Apesar de não ser comum podem ocorrer lesões em boca por conta da tuberculose. Se o paciente afirmar já ter sido acometido pela tuberculose é possível que durante o exame extra bucal seja detectado algum gânglio endurecido, pode ser que ainda exista um foco no linfonodo. 24- Já desmaiou alguma vez sem motivo? Com essa pergunta é possível descobrir se o paciente é epilético, se ele possui pressão arterial muito baixa, ou se o paciente tem a pressão muito alta, ou até mesmo ele pode ter esse sintoma por conta de uma reação alérgica. 25- Já fez algum tratamento por radioterapia? Com essa pergunta eu descubro se o paciente já teve câncer, e se ele disser que sim é necessário perguntar qual região foi acometida. Se o paciente já teve câncer isso pode ter implicação direta no tratamento odontológico, visto que dependendo da angulação do aparelho a radiação pode atingir a mandíbula e essa radiação pode causar a redução de suprimento sanguíneo Caso seja necessário realizar uma cirurgia no paciente pode ser que ele tenha osteonecrose porque ocorreu a diminuição da vascularização por conta da radioterapia. 26- Você se considera uma pessoa nervosa? Se o paciente é hipertenso e estressado é necessário redobrar a atenção, dessa maneira é preciso aferir a pressão dele todas as consultas. O estresse está muito relacionado com as doenças autoimunes, não se sabe o motivo, porém já foi observada essa relação. Os pacientes estressados são mais difíceis de compensar a glicemia Nessa pergunta o paciente pode relatar ser muito estressado, ter crises depressivas, então é preciso verificar se ele faz acompanhamento com o psiquiatra, psicólogo e se ele não fizer talvez seja necessário encaminhá-lo. 27- Tem problemas com seus períodos menstruais? É importante perguntar como a paciente fica nos períodos menstruais, como é o fluxo. É preciso perguntar sobre os períodos de menstruação por conta das variações hormonais, uma vez que elas estão intimamente relacionadas com o fluxo sanguíneo e por isso estão relacionadas ao reparo tecidual pós-cirúrgico. A questão hormonal também está relacionada com o estresse 28- Está grávida? Alguns profissionais dizem que as gestante não podem receber tratamento odontológico , elas podem sim. Vai depender da gravidade do tratamento e do período gestacional que ela se encontra. 8 Caso a gestante esteja no primeiro trimestre e o tratamento possa ser postergado é interessante, visto que esses são os meses de maior risco de aborto. Mas, em alguns casos se o tratamento for de urgência ele deve ser realizado. 29- Tem problemas nos ouvidos? O paciente pode achar que tem problemas nos ouvidos, mas na verdade ele tem DTM. Se o paciente disser que tem problemas nos ouvidos é preciso perguntar se ele tem infecções de ouvido recorrentes, perguntar se quando ele toma antibiótico a dor passa. Perguntar se ele range os dentes, faz apertamento, se tem dores musculares na região da face. 30- Já foi submetido à transfusão sanguínea? Essa pergunta está relacionada a descobrir se o paciente tem algum problema de coagulação. 31- É fumante? Se o indivíduo é fumante é preciso perguntar a quanto tempo ele fuma, o que ele fuma, quantos cigarros ele fuma por dia. O tabaco é um dos fatores etiológicos mais importantes para o desenvolvimento do câncer de boca, mas também pra vários outros tipos de câncer O indivíduo fumante pode ter xerostomia, também pode ter diminuição da oxigenação dos tecidos periodontais e isso pode torna-lo mais predisposto a doença periodontal. Por conta da diminuição da oxigenação dos tecidos, geralmente isso torna o reparo tecidual menos eficiente em relação a um indivíduo não fumante. 32- Faz ingestão de bebidas alcoólicas com frequência? Se a resposta for positiva perguntar qual a frequência. O álcool pode prejudicar o reparo tecidual e junto com o tabaco ele também aumenta o risco para o desenvolvimento de câncer de boca. Se a pessoa faz uso de bebida alcoólica com muita frequência e em grandes quantidades, isso também pode interferir na higiene bucal. Os etilistas crônicos que ingerem altas doses também podemnão se alimentar corretamente . A saúde sistêmica pode ser afetada, pode-se desenvolver distúrbios de fígado e vesícula. O paciente pode não conseguir metabolizar bem os medicamentos. 33- Já fez uso ou faz de drogas? As drogas podem ter impacto sobre a mucosa, causando lesões e até mesmo podem aumentar o risco de câncer. 34- Tem frequentes dores de cabeça? Essa pergunta está relacionada para saber se o paciente tem dores de cabeça relacionadas a algum problemas de oclusão relacionado a ATM. Perguntar o tipo de dor e região que dói. Se o paciente relata que tem dores na região das têmporas, dor no pescoço e até mesmo nos músculos da face, essa dor pode estar relacionada a ATM. 35- Mastiga apenas de um lado da boca? Se o paciente responder que mastiga só de um lado pode ser que ele não tem dentes do outro lado, ou a prótese pode estar machucando o local. Pode ser que ele mastigue só de um lado porque do outro se ele mastigar ele sente dor na articulação. Pode ser por conta de um dente com mobilidade 37- Tem o hábito de roer unhas ou qualquer outro objeto? Essa pergunta também está relacionada a ATM pois hábitos parafuncionais podem causar DTM. 38- Range os dentes durante o dia ou à noite? Perguntar ao paciente se ele acorda com dores na musculatura da face, com dores de cabeça ou se ele acorda com a sensação de estar apertando os dentes 39 – Tem dificuldade em abrir a boca? O paciente pode não conseguir abrir a boca, por conta de tensão na musculatura da face por estresse e isso pode dificultar a abertura de boca. Pode haver alguma infecção de origem odontogênica e essa infecção pode causar trismo Pode haver alguma infecção de origem odontogênica e essa infecção pode causar trismo A abertura de boca normal é de 3 dedos, menos que isso é uma abertura de boca limitada. 40- Usa o fio dental? 41- Escova os dentes? 42- Quantas vezes ao dia? Perguntas para saber mais sobre os hábitos de higiene do paciente. 9 Exame Físico O exame físico sucede a anamnese e consiste na pesquisa de sinais que, somados aos sintomas obtidos durante a anamnese, compõem o quadro clínico necessário à elaboração das hipóteses de diagnóstico. Tem início quando o paciente entra na sala de exame, ocasião em que o clínico tem condições de avaliar dados como alterações na marcha, postura, biotipo, aspecto geral, segurança ao se apresentar e o sistema tegumentar. Exame físico ou objetivo Os sinais serão obtidos fundamentalmente por meio dos sentidos do examinador, direta ou indiretamente, sendo necessário conhecer o que é normal e o que representa alteração de normalidade para saber diagnosticar o que é patológico, conferindo valor clínico às alterações apresentadas. É preciso examinar todas as estruturas, utilizando as diversas manobras de semiotécnica: Inspeção Palpação Auscultação Olfação Para examinar um paciente é necessário conhecer a morfologia das várias estruturas normais. Deve-se estar atento, reconhecer e interpretar possíveis alterações, sejam elas de cor, textura ou forma, discernindo o que foge do padrão de normalidade. Exame físico e extrabucal Aspecto geral do paciente Primeiro passo do exame físico Inicia-se no momento que o paciente entra no consultório Observar a postura do paciente, atitudes ao se apresentar, assimetrias, sudorese. deve-se observar o formato da cabeça, sua dimensão a relação entre crânio e face a proporcionalidade entre os terços superior, médio e inferior, a distribuição dos órgãos e sua equidistância a coloração do tegumento a distribuição e a quantidade de pelos Inspeção cabeça e pescoço Dados de interesse clínico Coloração: dentro dos padrões de normalidade ou cianótica, ruborecida, avermelhada, empalidecida ou descorada (alterações vasculares). Simetria: órgãos e anexos distribuídos simetricamente. Alterações pigmentares: notar vitiligo, albinismo, pigmentações melânicas, icterícia. Distribuição de fâneros cutâneos: pelos (hipertricose, epilação). Sudorese: intensa ou ausente. Alterações na textura: pele áspera, descamativa, crostas, entre outros. Distribuição do panículo adiposo (quando normal: panículo adiposo distribuído regularmente). Olhos: movimentação dos olhos e das pálpebras, reflexo pupilar (miose e midríase), distância entre os olhos (o aumento é denominado hipertelorismo), vascularização da mucosa conjuntival e da esclerótica, campo visual, alterações de visão, como diplopia, ptose palpebral, exoftalmia e enoftalmia. Nariz: observar se não há obstrução das narinas e assimetrias, deformidades e sangramento, coriza e fala anasalada. Ouvidos: observar alterações de forma, integridade timpânica, obstrução do meato acústico, dor ao toque, presença de exsudato purulento. Observar também: cor da pele, se há erupções cutâneas, cicatrizes, manchas, nódulos e assimetria facial. Observar também: cor da pele, se há erupções cutâneas, cicatrizes, manchas, nódulos e assimetria facial. Palpação das cadeias ganglionares Linfa é uma denominação aplicada ao líquido extracelular que banha as células dos espaços intersticiais. Esse líquido sai dos leitos capilares e das vênulas do sistema circulatório e, como a sua pressão no interior dos tecidos é menor do que a pressão venosa do sangue, ele é incapaz de entrar no sistema venoso. A linfa contém proteínas, gordura, partículas de grandes dimensões e células que seguem em direção aos vasos linfáticos e, ao longo do seu percurso, entram em contato com os linfonodos. A linfa, eventualmente, retorna ao sistema circulatório, sendo coletada, inicialmente, por pequenos vasos linfáticos que vão aumentando progressivamente de calibre e, finalmente, entram no ducto torácico ou no seu correspondente do lado direito, o ducto linfático direito. A linfa desses dois ductos é drenada nas veias subclávias direita e esquerda. Linfonodos são razoavelmente constantes em suas localizações e nas regiões drenadas. A linfa flui através de, pelo menos, um linfonodo (mas, em geral, de vários), antes de retornar ao sistema circulatório sanguíneo. Nos linfonodos, substâncias estranhas são fagocitadas e a linfa é filtrada. Linfonodos são estruturas 10 constantes e essas estruturas tornam-se aumentadas de volume durante as infecções e inflamações. Assim como em todas as partes do corpo, os linfonodos da cabeça e do pescoço são de grande importância clínica, considerando-se que as vias linfáticas se constituem em um dos principais meios de disseminação de processos infecciosos e de tumores malignos. Os linfonodos podem converter-se em focos infecciosos ou neoplásicos. Se há uma infecção na parótida ou em algum dente os agentes infecciosos são levados através da circulação linfática para pelo menos um linfonodo e quando o agente infeccioso chega até esse linfonodo eles podem gerar uma resposta imunológica fazendo o linfonodo aumentar de tamanho pela proliferação dos linfócitos. Caso exista um tumor na língua, as células neoplásicas podem ser drenadas através dos vasos linfáticos e chegar no linfonodo e causar metástase no linfonodo, dessa maneira o linfonodo pode aumentar pela presença de metástase. Principais linfonodos da cabeça do pescoço Linfonodos da Cabeça Como a parte central do sistema nervoso não possui vasos linfáticos, os linfonodos da cabeça são extracranianos e são regionalizados em vários grupos em relação ao couro cabeludo. Linfonodos occipitais (de dois a quatro) estão localizados na parte posterior da cabeça, apoiados sobre o músculo semiespinal da cabeça, logo abaixo da fixação do músculo trapézio. Linfonodos mastóideos (auriculares posteriores), emnúmero de um a três, estão localizados atrás da concha da orelha, sobre o processo mastoide, superficialmente à inserção do músculo esternocleidomastóideo. Linfonodos auriculares anteriores (parotídeos superficiais), em número de dois a três, ficam localizados anteriormente à concha da orelha, superficialmente, e, às vezes, profundamente à cápsula da glândula parótida. Aqueles localizados profundamente à cápsula são algumas vezes agrupados com os linfonodos parotídeos profundos e descritos com os linfonodos da face. Linfonodos da Face Os linfonodos da face são subdivididos em parotídeos, superficiais e profundos da face. Serão citados os de maior interesse no momento. Linfonodos parotídeos (de 10 a 15) formam dois grupos: aqueles incluídos no interior da glândula e aqueles situados profundamente à glândula, adjacentes à parede da faringe. Linfonodos do Pescoço Linfonodos do pescoço estão dispostos em vários grupos: linfonodos cervicais anteriores, submentuais, submandibulares, cervicais superficiais e cervicais profundos. Linfonodos cervicais anteriores são inconstantes e compreendem dois grupos, superficial e profundo, em frente às vísceras do pescoço. Linfonodos submentonianos, localizados entre os ventres anteriores dos músculos digástricos direito e esquerdo. Linfonodos submandibulares estão localizados no trígono submandibular, bem próximo à glândula submandibular. Embora constituam uma cadeia de três a seis linfonodos, o único linfonodo constante está situado no sulco facial da mandíbula, associado à artéria facial. Linfonodos cervicais superficiais podem ser encontrados adjacentes à veia jugular externa, à medida que ela passa superficialmente ao músculo esternocleidomastóideo. Linfonodos cervicais profundos são numerosos e formam uma cadeia ao longo da bainha carótica. Linfonodo jugulodigástrico (tonsilar), localizado entre o ventre posterior do músculo digástrico e a veia jugular interna. Esse linfonodo é de particular importância no diagnóstico clínico. Linfonodos do trígono posterior do pescoço(cervicais posteriores): (de dois a seis) acompanhando a cadeia profunda no trígono cervical posterior, estão dispostos ao longo do nervo acessório. Recebem a linfa da região occipital e dos músculos do dorso do pescoço, da nasofaringe, da glândula tireoide, do esôfago, dos pulmões e das mamas. Linfonodos supraclaviculares (cervicais transversos) de 1 a 10, acompanhando os vasos cervicais transversos. Cadeias Linfáticas Qual a importância para o cirurgião-dentista? Linfadenopatias – alterações de volume e consistência diante da presença de processos infecciosos ou neoplásicos, nas regiões drenadas. Normalmente um nódulo linfático sadio não é palpável, mede entre 1 a 20 mm e é flácido. Realiza-se a palpação com o intuito de identificar linfonodos alterados. Além de realizar o diagnóstico precoce de neoplasias bucais. 11 Características clínicas Normal Inflamatório Neoplásico Tamanho(mm) Entre 1 a 20 (grão de ervilha) Aumentado Aumentado Sensibilidade Indolor Dolorido Indolor Mobilidade Móvel Móvel Fixo Temperatura Frio Quente Frio Palpação digital ou movimentos circulares (ponta dos dedos) Na frente ou atrás do paciente Auriculares anteriores Auriculares posteriores Parotídeos Tonsilares Occipitais Cervicais superficiais Cervicais profundos Cervicais anteriores Cervicais posteriores Supraclaviculares Comprimir os tecidos em direção à mandíbula - “ Atrás do paciente” Relaxar a musculatura do lado examina ( inclinação da cabeça) submandibulares submentonianos Palpação Linfonodos occipitais Localização: Linha nucal superior, entre os músculos esternocleidomastóideo e trapézio Região Drenada: Porção posterior do couro cabeludo, região occipital. 1- Paciente sentado, com a cabeça um pouco inclina para trás 2- Profissional em pé atrás do paciente 3- Digitalmente 4- Direta na localização Linfonodos Auriculares posteriores Localização: Superficialmente à inserção do músculo esternocleidomastóideo. Região Drenada: Pavilhão da orelha e couro cabeludo adjacente 1- Paciente sentado 2- Profissional em pé atrás do paciente 3- Direta na localização 4- Digitalmente Linfonodos Auriculares anteriores Localização : Anteriormente à concha da orelha, sobre a fáscia parotídea Região Drenada: Porção lateral da face, glândula parótida, pele da região temporal, parte posterior da bochecha, canto lateral do olho. 1- Profissional em pé atrás do paciente 2- Direta na localização 3- Digitalmente 4- Bilateral Linfonodos parotídeos Localização: Próximo à glândula parótida e sob a fáscia parotídea Profundamente à glândula parótida Região Drenada: Meato acústico externo,pele das regiões frontal e temporal, pálpebras, cavidade timpânica, bochecha, nariz (parte posterior do palato). 1- Profissional em pé atrás do paciente 2- Direta na localização 3- Digitalmente 4- Bilateral Linfonodos tonsilares Localização: Junção da veia jugular interna e do ventre posterior do músculo digástrico Região Drenada: Tonsilar lingual e palatina, parte posterior do palato, margens laterais dos 2/3 anteriores da língua. 1- Profissional em pé atrás do paciente, paciente com a cabeça levemente abaixada 2- Direta na localização 3- Digitalmente 4- Bilateral Linfonodos Submandibulares Localização: Trígono submandibular adjacente à glândula submandibular Região Drenada: Dentes superiores e inferiores e respectiva gengiva ( exceto incisivos inferiores), superfície externa da face, lábio superior e inferior, região anterior do palato e cavidade nasal Corpo da língua, soalho bucal, bochechas, glândula submandibular e sublingual, região anterior do palato e cavidade nasal. 12 1- Paciente sentado 2- Profissional ligeiramente atrás e ao lado a ser examinado 3- Cabeça do paciente flexionada para baixo e para o lado da palpação 4- Levar as estruturas linfáticas contra a borda interna da mandíbula Linfonodos submentonianos Localização: Trígono submentual Região Drenada: Soalho bucal, incisivos inferiores, gengiva vestibular da região anterior da mandíbula, ápice lingual, lábio inferior. 1- Paciente sentado 2- Profissional ligeiramente atrás e ao lado do paciente 3- Cabeça do paciente flexionada para baixo 4- Palpar digitalmente a borda inferior do mento 5- Levar as estruturas linfáticas contra a borda inferior do mento. Cadeias cervicais Pra fazer a palpação dessa região é necessário localizar o músculo esternocleidomastóideo Origem: Manúbrio do esterno e parte medial da clavícula Inserção: Processo mastoide Linfonodos Cervicais Superficiais Localização: Ao longo da veia jugular externa, superficialmente ao músculo esternocleidomastóideo Regiões Drenadas: ouvido externo e glândula parótida 1- Paciente sentado 2- Profissional ligeiramente atrás e ao lado a ser examinado 3- Cabeça do paciente girada para o lado oposto da palpação e ligeiramente para baixo 4- Palpar digitalmente a face anterior do esternocleidomastoideo Linfonodos Cervicais Profundos Localização: Cervicais profundos superiores: Ao redor da veia jugular interna, profundamente ao músculo esternocleidomastóideo e acima do músculo omo-hióideo Localização: Cervicais profundos inferiores: Ao longo da veia jugular interna, abaixo do músculo omo-hióideo, profundamente ao músculo esternocleidomastóideo Regiões Drenadas: Parte posterior do pescoço, região occipital, parte do ouvido externo, porção posterior e central da língua, palato, nasofaringe, laringe e parte superior do esôfago. Parte posterior do pescoço, parte inferior da região occipital, parte ântero-superiorda parte torácica. 1- Paciente sentado 2- Profissional atrás do paciente ligeiramente ao lado da palpação 3- Percorrer os dedos entre a traquéia e o musculo esternocleidomastoideo 4- Forma dedilhada e circular 5- Elevar levemente o ombro do lado a ser examinado e palpar bidigitalmente a região supraclavicular Linfonodos Cervicais Anteriores Cervical anterior superficial Localização: Veia jugular anterior entre a fáscia cervical superficial e a fáscia infra-hióidea Região Drenada: Pele, músculos e vísceras da região infra-hióidea do pescoço. Cervical anterior profundo Localização: Entre as vísceras do pescoço e a camada de revestimento da fáscia cervical profunda Região Drenada: Reunindo partes da traqueia, da laringe e da glândula tireoide 1- Paciente sentado 2- Profissional ligeiramente atrás e ao lado a ser examinado 3- Cabeça do paciente girada para o lado oposto da palpação e ligeiramente para baixo 4- Palpar digitalmente a borda anterior do esternocleidomastoideo Cervicais posteriores Localização: Ao longo do nervo acessório, no trígono posterior Região Drenada: Linfonodos occipitais, linfonodos mastoideos, região lateral do pescoço e ombro 1- Paciente sentado 2- Profissional ligeiramente atrás e ao lado a ser examinado 3- Cabeça do paciente girada para o lado oposto da palpação e ligeiramente para baixo 4- Palpar digitalmente a região posterior do esternocleidomastoideo Cervicais supraclaviculares Localização: Ao longo dos vasos cervicais transversos, na altura da clavícula Região Drenada: Linfonodos acessórios, linfonodos axilares apicais, parte lateral do pescoço,parede anterior do tórax. 1- Paciente sentado 2- Profissional atrás do paciente ligeiramente ao lado da palpação 13 3- Forma digitalmente ou circular 4- Elevar levemente o ombro do lado a ser examinado e palpar digitalmente a região supraclavicular Exame extrabucal Palpação da região dos seios paranasais Se colocar a frente do paciente e realizar a palpação digital nos seios frontal e maxilar. Procuram-se sinusopatias, sendo uma delas a sinusite. Esta pode ser causada por rinite (congestão nasal, coriza), muitas vezes originada por um vírus (que também pode levar à infecção bacteriana secundária), infecções bacterianas, resfriado, alergias, problemas dentais, mergulho em água fria, problemas com dismorfismo nasal, pólipos nasais, fibrose cística, diminuição da autóclise ciliar e ar seco. Se o paciente referir dor no seio maxilar pode ser em função de algum processo infeccioso em dentes da maxila. Exame das ATMs Busca - Estalidos, crepitações - Dor - Capacidade de abertura de boca -Sincronicidade dos côndilos A palpação, com o examinador posicionado atrás do paciente, deve ser bilateral e simultânea, com os dedos colocados cerca de 1 cm anteriormente ao trágus (região pré-auricular), solicitando- se ao paciente para abrir e fechar a boca, com o intuito de sentir a movimentação da cabeça e da mandíbula. Dor à palpação ou edema são sinais de inflamação na ATM (capsular ou interna) que, juntamente com desvio lateral, limitação da abertura, dor durante a mastigação, travamento, otalgia, salto e estalido (som descontínuo e seco) ou crepitação (som contínuo semelhante ao amassamento de papel-celofane) da cabeça articular (côndilo) ou das superfícies articulares e mialgia dos músculos mastigatórios, em conjunto ou não, sugerem a disfunção temporomandibular (DTM). Algumas causas de DTM apontadas são osteoartrose, deslocamento de disco articular, inflamações primárias (artrite reumatoide e espondilose anquilosante) ou secundárias (lúpus eritematoso sistêmico e gota), fratura, luxação, anquilose, hiperplasia de cabeça articular, lesões fibro-ósseas benignas e neoplasias benignas e malignas. Perguntas que podem ser feitas: Tem dificuldades e/ou sente dor para abrir a boca, por exemplo, ao bocejar? Sua mandíbula fica “presa”, “travada” ou sai do lugar? Sente dor nas orelhas, têmporas ou bochechas ou ao redor delas? Exame físico intrabucal O exame intra bucal deve ser completo e metódico, examinando-se pausadamente cada estrutura com a certeza de não ter omitido nenhum detalhe. Boas condições de visualização Iluminação adequada Secar as áreas a examinar Afastar estruturas : espátulas de madeira, de língua e compressas de gaze Lábios Ainda com o paciente de boca fechada, observam-se simetria, textura, higidez, tamanho e coloração dos lábios (arco de Cupido, cristas filtrais direita e esquerda, vermelhão, tubérculo do lábio superior, rima da boca, comissuras e sulco mentolabial). Verificar se há presença de descamações, ressecamento, fissuras, crostas, erosões, alterações de cor decorrente de radiação solar e tabagismo. Os lábios inferiores são mais acometidos por patologias Na queilite actínica, os raios UV podem alterar tanto o colágeno do conjuntivo quanto o epitélio. A queilite actínica é uma alteração potencialmente maligna comum do vermelhão do lábio inferior que resulta de uma exposição progressiva excessiva ao espectro ultravioleta da luz solar. Causa manchas brancas e alterações de perda de elasticidade. O limite entre o vermelhão do lábio e a pele fica menos definido. A boca deverá ser mais aberta e o lábio inferior será evertido com uma ou duas mãos para que se façam a inspeção e a palpação bidigital. Tracionar o lábio para verificar : textura, transparência, cor da mucosa, elasticidade do lábio, tatear o fundo de vestíbulo, verificar a inserção de freios e bridas laterais. A palpação bidigital vai percorrer todo o lábio do paciente desde o fundo de vestíbulo até a parte mais externa do lábio. É possível sentir uma granulação no lábio e na mucosa jugal em razão da presença das glândulas salivares menores, da musculatura. Na mucosa jugal é possível utilizar a pala da mão como anteparo no lado externo e no lado interno coloca-se o indicador sobre a mucosa e percorre toda a mucosa. 14 No assoalho de boca também usa-se as duas mãos, um dedo na parte externa e o dedo indicador vai no assoalho procurando nódulos ou consistências diferentes. Deve-se conseguir observar a transparência dos tecidos nos lábios, é possível ver a vascularização do conjuntivo e a mucosa possui brilho. Gengiva Gengiva inserida Rosa pálido;** Entre a mucosa alveolar e a gengiva livre; Aderida ao osso alveolar e espessa Aspecto de casca de laranja **Em relação a cor da gengiva, muitos livros afirmam que a cor da gengiva é rosa pálido, contudo, depende da vascularização, genética, aspecto racial. Qual a cor normal?Dependendo da característica racial do indivíduo, pode variar do rosa pálido à pigmentação melânica mais amarronzada. A pigmentação ou melanose racial é uma alteração causada pela hiperatividade dos melanócitos dispostos entre as células epiteliais, na camada basal do epitélio, que resulta no aumento da produção de melanina. É a principal pigmentação da mucosa bucal e é clinicamente caracterizada por manchas acastanhadas difusas. Acomete predominantemente a gengiva de pacientes negros sem distinção de sexo e idade, mas também se observa no vermelhão do lábio, na mucosa jugal e na língua. Indivíduos com pele clara podem ser acometidos em menor incidência. Gengiva livre Rosa Circunda a cervical da coroa Móvel e lisa Brilhante Gengiva (papila interdental) Projeção da gengiva presente no espaço interdental Situada abaixo do ponto de contato Rosada Gengivite Não há aspecto de casca de laranja Edemaciada Eritematosa Mucosa jugal Inicia-se na comissura labial, mucosa retrocomissural, estendendo-se até a prega pterigomandibular Palpaçãodigital, com polegar e indicador, ou de forma digitiforme. Avaliar cor, consistência, mudança de consistência, presença de nódulos. Papila parotídea e abertura do ducto parotídeo Na mucosa jugal, entre o primeiro e o segundo molar superior, a 1,5 cm do fundo do sulco bilateralmente. Avaliação da saliva (quantidade, presença de secreção purulenta ou sangue. Se o paciente tem a boca ressecada, secou-se o ducto da parótida e não começou a formar saliva então pode ser necessário ordenhar a glândula, espremendo- a para verificar se sai saliva. Pode haver infeção na parótida e ao invés de sair saliva sai pus. Se o paciente tiver algum problema de oclusão que favorece o trauma mecânico, a papila parotídea pode estar ulcerada, então é preciso avaliar pois pode haver a indução de uma lesão reativa. Linha alba Linha branca de queratinização friccional, localizada na mucosa da bochecha paralela à linha de oclusão, relacionada a áreas dentadas. Assintomática, apresenta-se, em geral, bilateralmente, com extensão variável e não é removível à raspagem. Constitui uma reação à pressão ou à sucção da mucosa decorrente da atividade dos dentes posteriores. O aspecto clínico característico é suficiente para o diagnóstico, sendo o tratamento desnecessário; porém, quando forem observadas alterações oclusais importantes e maus hábitos, como bruxismo, recomenda-se a correção dessas condições. Só vai ser considerada lesão se o paciente estiver mordendo e a área estiver ulcerada ou descamativa. Grânulos de Fordyce Parecem originar-se da inclusão de material glandular sebáceo quando da fusão dos processos maxilares (lábio superior) e da proximidade da bola gordurosa de Bichat na mucosa jugal. São compostos de glândulas sebáceas do tipo acinotubulares, dispostas em agrupamentos. É uma variação anatômica, que, em 80% da população, ocorre na mucosa jugal e semimucosa (vermelhão) do lábio superior. Língua Dorso (papilas) Ventre Lateral 15 Dorso Paciente de boca aberta e a língua pra fora em repouso, com uma gaze envolver o ápice lingual e tracionar a língua O dorso proporciona diversas estruturas anatômicas que variam em forma, cor e textura; é necessário estar familiarizado para não tomá-las como patológicas. Apresenta coloração homogênea e textura uniformemente rugosa, composta por papilas filiformes, fungiformes e circunvaladas. Uma palidez excessiva ou diminuição expressiva de rugosidade podem ser sinais de anemia. É possível que ocorram outras alterações de cor tais como: língua de framboesa (sinal de escarlatina), roxa (policitemia), amarela (icterícia), cianótica (deficiência do complexo B). Ápice Paciente com a língua estirada (fora da boca) Condições clínicas benignas Língua fissurada Língua geográfica Borda lateral Tracionar a língua, bidigitalmente, com a gaze em direção ao lado oposto a ser examina. A borda lateral da língua é uma região que deve ser minuciosamente avaliada pois é uma região de grande acometimento de câncer de boca. Ventre Paciente pressiona o ápice lingual no palato O ventre apresenta textura lisa e coloração homogênea rosa-claro ricamente vascularizada; vasos de maior calibre podem aparecer simetricamente Pacientes com freio curto podem não conseguir levantar a língua então é necessário levantar para ele Assoalho bucal Mucosa delgada, vermelha e translúcida Inspeção: solicita-se que o paciente coloque o ápice no palato Palpação: desliza-se o dedo em todo o assoalho da boca, apoiando a região submandibular externamente com a outra mão. Ordenha da glândula Ato de comprimir a glândula salivar em direção a carúncula, percorrendo o ducto no sentido posteroanterior das glândulas, provocando eliminação de saliva. Palato duro Mucosa espessa e unida ao periósteo Paciente com a cabeça fletida para trás para a inspeção direta de horizontalizada. Para a inspeção indireta, a palpação é feita com a polpa do dedo indicador. Palato mole Solicita-se ao paciente que pronuncie as vogais E e I enquanto se pressiona a língua, comprimindo- a contra o soalho da boca Utiliza-se um abaixador de língua ou espelho bucal Tonsilas Palatinas Solicita-se ao paciente que coloque a língua fora da boca, comprimindo contra o soalho da boca; Localizadas nas paredes laterais da orofaringe. Utiliza-se um abaixador de língua ou espelho bucal
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