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Fludarabina • Fludarabina (5′-fosfato do arabinosídeo 2-fluoroadenina) • Usos: • Leucemia linfocítica crônica, leucemia de células pilosas e linfoma indolente não Hodgkin Mecanismo de ação: • Pró-fármaco: o fosfato é removido no plasma para formar o 2-F-araA, que é captado pelas células e novamente fosforilado (inicialmente pela desoxicitidina cinase) ->Trifosfato de fludarabina • Mecanismo citotóxico exato seja incerto: trifosfato é incorporado ao DNA e ao RNA, diminuindo suas sínteses na fase S e afetando suas funções Farmacocinética: • Administrada por via IV (via oral: bactérias intestinais quebram o açúcar, formando o metabólito tóxico fluoroadenina) Resistência: • Diminuição da captação pelas células • Falta da desoxicitidina cinase • Diminuição da afinidade da DNA-polimerase Cladribina • Cladribina ou 2-clorodesoxiadenosina Usos: Leucemia de célula pilosa, leucemia linfocítica crônica e linfoma não Hodgkin Mecanismo de ação: • Sofre reações similares às da fludarabina e precisa ser convertida em um nucleotídeo para ser citotóxico • Incorpora-se na terminação 3′ do DNA e inibe seu alongamento • Afeta a reparação do DNA • Inibidor potente da ribonucleotídeo redutase Farmacocinética: • Administrado em infusão contínua única • Distribui-se bem pelo organismo, incluindo o LCS Resistência: • Provocada pelos mecanismos análogos aos que afetam a fludarabina, embora não tenha sido observada resistência cruzada Análogos das pirimidinas (C, T, U) 5-Fluorouracila • 5-Fluoruracila (5-FU): átomo de flúor na posição 5 do anel da uracila Usos: Tumores sólidos de crescimento lento • Carcinomas colorretal, mamário, ovariano, pancreático e gástrico • Carcinomas de célula basal superficial (via tópica) Mecanismo de ação: • Entra na célula alvo por um sistema de transporte mediado por carregador • Pró-fármaco: é convertida ao desoxinucleotídeo correspondente (monofosfato de 5-fluorodesoxiuridina [5-FdUMP]) • 5-FdUMP (falso substrato): inibe a enzima timidilato sintase por competição com monofosfato de desoxiuridina (ácido desoxiuridílico) • Inibe a síntese do ácido timidílico e priva a célula de timidina, um dos precursores essenciais da síntese de DNA • Síntese de DNA diminui por falta de timidina → crescimento celular desequilibrado → morte por falta de timidina das células em divisão rápida • 5-FU também é incorporada ao RNA e níveis baixos foram detectados no DNA • Uma glicosilase retira a 5-FU, lesando o DNA • Importante: Requer coadministração com ácido folínico: folato reduzido é necessário na inibição da timidilato sintase (cofator). • Exemplo: câncer colorretal avançado → irinotecano + 5-FU/ácido folínico Farmacocinética: • Administração: via tópica (câncer de pele); via IV (grave toxicidade ao TGI) • Distribuição: Penetra bem em todos os tecidos, incluindo o SNC • Biotransformação: Rapidamente biotransformada no fígado, nos pulmões e nos rins • A dose de 5-FU precisa ser ajustada no caso de insuficiência hepática • Di-hidropirimidina desidrogenase (DPD): • Altos níveis de DPD: a taxa de catabolismo do 5-FU, sua biodisponibilidade • Deficiência de DPD: sua biodisponibilidade toxicidade grave, manifestada por pancitopenia, mucosite e diarreia • Conhecimento da atividade da DPD do paciente: permite ajuste da dose de 5-FU • Eventualmente, é convertida a fluoro-β-alanina, que é eliminada na urina Resistência: • Perda da capacidade de converter a 5-FU na sua forma ativa (5-FdUMP) • Aumento dos níveis de timidilato sintase Citarabina • Citarabina (citosina arabinosídeo ou ara-C) Usos: Leucemia não linfocítica (mielogênica) aguda (AML) Mecanismo de ação: • Entra na célula por processo mediado por transportadores • É fosforilada sequencialmente pela desoxicitidina cinase e outros nucleotídeos cinases trifosfato de citocina arabinosídeo ou ara-CTP (falso nucleotídeo) • Ara-CTP: inibidor eficaz da DNA-polimerase • Ara-CTP: incorporado ao DNA e pode terminar o alongamento da cadeia Farmacocinética: • Não é eficaz por via oral: desaminação para uracil-arabinosídeo (ara-U, não citotóxico) pela citidina desaminase na mucosa intestinal e no fígado • Administrada por via IV ou intratecal (IT) • Distribuição: Por todo o organismo, mas não penetra no SNC em quantidade suficiente • Ação no SNC - injetada intratecalmente • Preparação lipossomal - liberação lenta no LCS • Biotransformação: • Desaminação oxidativa extensa no organismo para ara-U (metabólito inativo) • Excreção: Citarabina e ara-U -urina Resistência: • Defeito no processo de transporte • Alteração na atividade das enzimas fosforiladoras (especialmente a desoxicitidina cinase) • Aumento na reserva do nucleotídeo dCTP natural • Aumento da desaminação da citarabina a ara-U Capecitabina • Carbamato fluoropirimidina. • Usos: Câncer colorretal e de mama metastático. Mecanismo de ação: • Capecitabina sofre uma série de reações enzimáticas, sendo a última a hidrólise a 5-FU • Essa etapa é catalisada pela timidina fosforilase, uma enzima concentrada principalmente nos tumores Atividade citotóxica maior no tumor Farmacocinética: • Bem absorvida após administração oral • Extensamente biotransformada a 5-FU e eventualmente em fluoro-β-alanina • Excreção: principalmente renal (metabólitos) Azacitidina • Nucleosídeo pirimidínico análogo da citidina Usos: síndromes mielodisplásticas e leucemia não linfocítica (mielogênica) aguda AML Mecanismo de ação: Ativada ao nucleotídeo trifosfato de azacitidina e incorporada no RNA, inibindo seu processamento e sua função Gencitabina • Análogo do nucleosídeo desoxicitidina Usos: câncer de pâncreas e câncer pulmonar de células não pequenas •Mecanismo de ação:Convertido a trifosfato de 2′-difluorodesoxicitidina pela desoxicitidina cinase (compete pela enzina e forma um falso nucleotídeo) - inibição da síntese de DNA Farmacocinética: • Usada por via IV • É desaminada à difluorodesoxiuridina, que não é citotóxica • Excretada na urina Resistência: • Alteração na desoxicitidina cinase • Aumento dos níveis de desoxicitidinas endógenas que competem pela cinase, superando o bloqueio (competição pela enzima) Hidroxiuréia Usos: Melanoma, leucemia mielocítica crônica resistente e carcinoma metastático recorrente ou inoperável do ovário, anemia falciforme •Mecanismo de ação: Inibe a síntese de DNA através da inibição da enzima difosfato ribonucleosídeo redutase 4. ANTIBIÓTICOS ANTITUMORAIS •Antibióticos antineoplásicos • Ação citotóxica principalmente às suas interações com DNA, levando à desorganização da sua função • Além de se intercalar no DNA, as propriedades de inibir topoisomerases (I e II) e produzir radicais livres também têm participação significativa no efeito citotóxico • Ciclo-celular inespecíficos • Exceção: bleomicina Antraciclinas: Doxorrubicina, daunorrubicina, idarrubicina, epirrubicina e mitoxantrona Usos: As aplicações desses fármacos diferem, apesar das similaridades de estrutura e aparentemente do mecanismo de ação • Doxorrubicina: Em combinação com outros fármacos para o tratamento de sarcomas e uma variedade de carcinomas, incluindo de mama e de pulmão, leucemia linfocítica aguda e linfomas • Daunorrubicina e idarrubicina: leucemias agudas • Mitoxantrona: câncer de próstata Mecanismo de ação: • Citotoxicidade por vários mecanismos diferentes • Formação de radicais livres: radicais livres derivados da doxorrubicina podem causar peroxidação dos lipídeos de membrana, ruptura das fitas de DNA e oxidação direta de bases púricas e pirimídicas, tióis e aminas • Bloqueio da topoisomerase II: “envenenamento” da topoisomerase TopIIa, através da estabilização do complexo enzima-fármaco-DNA, levando à quebra do DNA. Isso permite que o DNA seja cortado e permaneça covalentemente ligado ao resíduo de tirosina da topoisomerase, impedindo a reação de religação dos resíduos de DNA. • Intercalação no DNA: interagem com as bases nitrogenadas no DNA (especialmente por interações hidrofóbicas entre os anéis), desestabilizam as fitas e inibem a DNA polimerase Farmacocinética: • Administração:via IV (todos são inativados no TGI) • Cuidado na aplicação IV: extravasamento pode causar necrose tissular • Amplamente distribuídos: se ligam às proteínas plasmáticas, bem como a outros componentes tissulares; não penetram a barreira hematoencefálica nem nos testículos • Sofrem extensa biotransformação hepática • Ajustar a dosagem em pacientes com função hepática insuficiente • Eliminação: via biliar • Alguma excreção renal • Antraciclinas: coloração vermelho-escuro → as veias podem se tornar visíveis ao redor do local de infusão; urina também pode corar de vermelho Efeitos adversos: • Mais grave: cardiotoxicidade dose-dependente e irreversível • Resultante da geração de radicais livres e da peroxidação de lipídeos • Mais comum com a daunorrubicina e doxorrubicina do que com a idarrubicina e epirrubicina • Protocolos com doxorrubicina ou epirrubicina + trastuzumabe: aumenta a insuficiência cardíaca congestiva • Quelante de ferro dexrazona pode proteger contra a cardiotoxicidade • Doxorrubicina em lipossomos: menos cardiotóxica Doxorrubicina é um dos mais importantes e mais usados fármacos anticâncer Bleomicina • Mistura de antibióticos glicopeptídicos • É ciclo-celular específica e faz as células se acumularem na fase G2 • Diferente dos demais antimicrobianos antineoplásicos Usos: Câncer nos testículos e de linfomas de Hodgkin Mecanismo de ação: • Forma-se um complexo DNA-bleomicina-Fe2+ • Complexo DNA-bleomicina-Fe2+ -> oxidação à DNA-bleomicina->Fe3+ • Elétrons liberados -> reagem com o oxigênio -> formam radicais superóxido ou hidroxilas -> atacam as ligações fosfodiéster do DNA -> quebra das fitas + aberrações cromossômicas Farmacocinética: • Administrada por várias vias • Biotransformação: enzima inativadora de bleomicina (uma hidrolase) • Elevada em vários tecidos, como fígado e baço • Baixa nos pulmões e ausente na pele: responsável pela toxicidade da bleomicina nesses tecidos • Excreção: maior parte do fármaco é excretada, inalterada, na urina • Necessário ajuste da dose em pacientes com insuficiência renal Efeitos adversos: • Comuns: reações mucocutâneas, alopecia, alterações hipertróficas da pele e hiperpigmentação das mãos • Elevada incidência de febre e calafrios • Baixa incidência de reações anafiláticas graves • Raro: mielossupressão • Grave: toxicidade pulmonar, evoluindo de estertores, tosse e infiltrados até fibrose potencialmente fatal -> “pulmão bleomicina” Resistência: • Mecanismo de resistência não elucidado • Aumento dos níveis de bleomicina hidrolase (ou desaminase), de glutationa-S-transferase e, possivelmente, o aumento do efluxo da bleomicina • Reparação do DNA Mitomicina C • Antibiótico isolado de Streptomyces caespitosus Mecanismo de ação: alquilação do DNA Usos: Câncer biliar; câncer de cabeça; câncer de mama; câncer de cólon; câncer de pâncreas; câncer de pulmão 5. INIBIDORES DE MITOSE • Algumas substâncias (derivadas de plantas) desorganizam o processo da mitose, afetando o equilíbrio entre as formas polimerizadas e despolimerizadas dos microtúbulos e causando citotoxicidade → úteis como fármacos antineoplásicos • Fármacos ciclo-celular específicos e fase-específicos, pois bloqueiam a mitose na metáfase (final da fase G2 e fase M) • Microtúbulos: são parte do esqueleto intracelular (citoesqueleto), essencial para o movimento de estruturas presentes no citoplasma de todas as células eucarióticas • Formados por um processo de polimerização de proteínas tubulina (α e β) • Fuso mitótico: cromatina + sistema de microtúbulos -> partição e carreamento do DNA para as duas células filhas, durante a divisão celular Alcalóides da Vinca Vincristina, vimblastina e vinorelbina Alguns usos: Vincristina (VX) • Leucemia linfoblástica aguda em crianças • Tumor de Wilms • Sarcoma de tecido mole de Ewing • Linfomas de Hodgkin e não Hodgkin, bem como em outras neoplasias de proliferação rápida Vimblastina (VBL) • Linfomas sistêmicos Hodgkin e não Hodgkin • Carcinoma metastático testicular: VBL + bleomicina + cisplatina Vinorelbina (VRB) • Câncer pulmonar de célula não pequena: fármaco único ou com cisplatina Mecanismo de ação: • Ligam-se à proteína microtubular, a tubulina (dímero), e bloqueiam a polimerização da tubulina para formar microtúbulos • Formam-se aglutinados paracristalinos consistindo de dímeros de tubulina e alcaloide • Fuso formado não é funcional, paralisa na metáfase e impede a separação dos cromossomos e a proliferação celular Farmacocinética: • Administrados por injeção IV: efeitos citotóxicos rápidos e destruição celular • Isso, por sua vez, pode causar hiperuricemia, devido à oxidação de purinas liberadas das moléculas de DNA fragmentadas • Se concentram e são biotransformados no fígado pela via CYP450 • Eliminados na bile e nas fezes • As dosagens precisam ser ajustadas em pacientes com função hepática comprometida ou obstrução biliar Efeitos adversos: • VX e a VBL: flebites e celulites (fármaco extravasa durante a injeção), náusea, vômito, diarreia e alopecia • VX: neuropatia periférica (parestesias, perda de reflexos, falta de tônus para manter o pé na posição e ataxia), constipação • VBL: mielossupressora mais potente do que a VX • Não devem ser administrados por via intratecal (pode resultar em morte do paciente) Taxanos: Paclitaxel e docetaxel Alguns usos: Paclitaxel (taxol) • Câncer ovariano avançado e contra metástases do câncer de mama • Paclitaxel + cisplatina: câncer pulmonar de células não pequenas Docetaxel • Cânceres de próstata, mama, GI e pulmonar de células não pequenas • Abraxano: paclitaxel ligado a albumina (nanopartículas) Mecanismo de ação: • Ligam-se à b-tubulina dos microtúbulos, estabilizando o polímero e levando ao acúmulo de microtúbulos • Os microtúbulos formados, excessivamente estáveis, não são funcionais, e não ocorre desagregação dos cromossomos • Isso resulta na morte da célula Farmacocinética: • Via IV • Sofrem biotransformação hepática pelo sistema CYP450 • Dose deve ser ajustada em pacientes com disfunção hepática • Excretados pelo sistema biliar Efeitos adversos: • Alopecia (vômito e diarreia são incomuns) • Neutropenia • Reações de hipersensibilidade, que podem ser graves (dispneia, urticária e hipotensão) • Pacientes que devem ser tratados com paclitaxel são pré-medicados com dexametasona e difenidramina, bem como com um bloqueador H2 Abraxano: • Paclitaxel ligado a albumina (nanopartículas) • Aumenta a absorção e a biodisponibilidade de paclitaxelno tumor e reduz reações de hipersensibilidade e outras toxicidades associadas ao paclitaxel 6. INIBIDORES DA TOPOISOMERASE • Estes fármacos (produtos naturais) exercem seu mecanismo de ação via inibição das enzimas topoisomerases • Esses fármacos são específicos da fase S • Topoisomerase: Enzimas que aliviam a tensão torsional no DNA, reduzindo o superespiralamento durante a separação da dupla fita para replicação, causando quebras reversíveis de fitas simples Camptotecinas Irinotecano e topotecano • Camptotecinas são alcaloides isolados da árvore chinesa Camptotheca • Irinotecano e topotecano são derivados semissintéticos da camptotecina Usos: • Topotecano: câncer de ovário metastático e câncer das células pulmonares pequenas • Irinotecano: carcinoma retal ou de colo, com 5-FU e ácido folínico Mecanismo de ação: • Inibem a topoisomerase I, essencial para a replicação do DNA em células humanas • O metabólito ativo do irinotecano (SN-38) é cerca de mil vezes mais potente do que o irinotecano como inibidor da topoisomerase I Farmacocinética: Topotecano: • Via IV • Ação curta (T1/2 de 3,5-4,1 h) • Excreção: rins (fármacos inalterados e metabólitos) Irinotecano: Metabolizado no fígado por carboxilesterases; metabólito ativo SN-38, com meia vida maior que topotecano Metabolismo da irinotecana: O pró-fármaco irinotecana é metabolizado inicialmente por uma esterase sérica (CES2) ao inibidor da topoisomerase SN-38, um análogo ativo da camptotecina que retarda o crescimento tumoral. Em seguida, o SN-38 sofre glicuronidação, que acarreta a perda da atividadebiológica e facilita sua eliminação na bile Efeitos adversos: • Supressão da medula óssea, particularmente neutropenia • Contagens sanguíneas frequentes devem ser feitas em pacientes que recebem esses fármacos • Diarreia aguda e tardia pode ser grave e exigir tratamento com atropina, durante a infusão, ou doses altas de loperamida, nos dias seguintes à infusão Alvos celulares do SN-38 no sangue e nos tecidos intestinais. SN-38 pode causar efeitos tóxicos na medula óssea, inclusive leucopenia e neutropenia, além de lesão do epitélio intestinal. Esses efeitos tóxicos são acentuados nos indivíduos com capacidade reduzida de formar glicuronídeo de SN-38, inclusive pacientes com síndrome de Gilbert Derivado de podofilotoxina Etoposídeo • Derivado semissintético do alcaloide vegetal podofilotoxina. Usos: câncer pulmonar e no carcinoma testicular, em combinação com bleomicina e cisplatina Mecanismo de ação: • Alvo principal: enzima topoisomerase II • O fármaco se liga ao complexo enzima-DNA e resulta na persistência da forma transitória e hidrolisável do complexo, tornando-o suscetível a quebras irreversíveis da fita dupla do DNA Farmacocinética: • Absorção VO variável; usado via IV • Penetra pouco no SNC (até 10% da conc plasmática) • Metabolismo parcial (~ 60%) • T1/2: 6-8 h (função renal normal) • Corrigir dose em caso de insuficiência renal Efeitos adversos: mielossupressão (fundamentalmente leucopenia) 7. HORMÔNIOS ESTEROIDES E SEUS ANTAGONISTAS Hormônios corticosteroides Prednisona • Hormônio glicocorticosteroide anti-inflamatório potente, sintético e com menor atividade mineralocorticoide do que o cortisol • Se liga ao receptor intracelular iniciando a produção de proteínas específicas (regulatórias), mas diminuindo a síntese de outras proteínas, RNA e DNA, especialmente nos linfócitos • É inativo; precisa ser reduzido (11β-hidroxi) em prednisolona (fármaco ativo, também empregado como fármaco), no fígado • Usada principalmente para induzir remissão em pacientes com leucemia linfocítica aguda e no tratamento dos linfomas de Hodgkin e não Hodgkin Hormônios estrogênios Etinilestradiol • Estrogênios inibem o crescimento do tecido prostático, bloqueando a produção do LH e diminuindo a síntese de androgênios nos testículos • Foram usados no tratamento do câncer prostático • Amplamente substituídos pelos análogos de GnRH, com menos efeitos adversos • Tratamento estrogênico pode causar complicações graves: tromboembolia, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico (AVE) e hipercalcemia • Homens que tomam estrogênios apresentam ginecomastia e impotência Progestinas Acetato de megestrol • Progestina (ou hormônio progestagênico) • Usado no tratamento de neoplasias metastáticas endometriais e de mama responsivas a hormônio • Está sendo substituído pelos inibidores da aromatase • Ativo por via oral Antiestrogênios Tamoxifeno • Antagonista do estrogênio com alguma atividade estrogênica, sendo classificado como modulador seletivo do receptor de estrogênio (MSRE) • Primeira escolha no tratamento de câncer de mama receptor de estrogênio positivo • Uso profilático na redução da ocorrência de câncer de mama em mulheres com risco elevado • Pacientes devem ser monitoradas cuidadosamente durante o tratamento, devido à possível estimulação de lesões pré-malignas, por sua propriedade estrogênica Mecanismo de ação: • Metabólito ativo: 4-hidroxitamoxifeno • Se liga aos receptores estrogênicos no tecido mamário • O complexo é incapaz de se translocar ao núcleo para iniciar a transcrição, falhando ao induzir genes responsivos ao estrogênio e impedindo a síntese de RNA • Esgotamento dos receptores de estrogênio (dessensibilização) supressão da promoção do crescimento do hormônio natural e de outros fatores de crescimento • Estrogênio natural compete com o tamoxifeno • Mulheres na pré-menopausa -> é usado com um antagonista do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH, gonadotropin-releasing hormone), como a leuprolida, que diminui os níveis endógenos de estrogênio Farmacocinética: • Eficaz por administração oral • É parcialmente biotransformado no fígado • Alguns metabólitos possuem atividade antagonista, e outros têm atividade agonista • O fármaco original e seus metabólitos são excretados predominantemente pela bile, nas fezes • O tamoxifeno é um inibidor da CYP3A4 e da glicoproteína P Efeitos adversos: • Fogachos, náuseas, vômitos, urticária, sangramento vaginal e corrimento (devido à atividade estrogênica do fármaco e a alguns dos seus metabólitos) • Pode ocorrer hipercalcemia, exigindo a interrupção do fármaco • Pode levar ao aumento da dor se houver metástases nos ossos • Tem potencial de causar câncer endometrial (efeito estrogênico no útero) • Tromboembolismo e efeitos na visão • Inibidores da aromatase: efeitos adversos mais favoráveis, causando grande impacto no tratamento do câncer de mama Fulvestranto e raloxifeno • Esses fármacos causam fogachos, artralgia e mialgia. Fulvestranto ➢ Antagonista do receptor de estrogênio ➢ Administrado por injeção IM ➢ Câncer de mama metastático receptor de hormônio positivo Raloxifeno ➢ Um modulador seletivo do receptor de estrogênio (MSRE) ➢ Via oral ➢ Bloqueia os efeitos do estrogênio no útero e nas mamas ➢ Inibe a reabsorção óssea ➢ Reduz o risco do câncer de mama invasivo receptor de estrogênio positivo em mulheres na pós-menopausa Antiandrogênios Flutamida, nilutamida e bicalutamida • Antiandrogênios não esteroides sintéticos • Usados no tratamento do câncer de próstata • Competem com o hormônio natural pela ligação ao receptor androgênico e impedem sua translocação ao núcleo • Efeitos adversos: ginecomastia e distúrbios GI • Flutamida: insuficiência hepática • Nilutamida: pode causar problemas visuais Enzalutamida • Antiandrogênio que inibe a ligação do androgênio aos receptores e inibe a translocação nuclear do receptor de androgênio e sua interação com o DNA • Tratamento de câncer de próstata metastático resistente à castração, em pacientes que previamente receberam quimioterapia com docetaxel • Efeitos adversos: astenia, dor nas costas, retenção de líquidos e risco de convulsões • Há potencial de múltiplas interações farmacológicas, pois esse fármaco é forte indutor da CYP3A4 e inibidor moderado da CYP2C9 e C19 Acetato de abiraterona • Empregado no tratamento do câncer de próstata metastático resistente à castração • Inibidor da enzima CYP17 (enzima necessária para a síntese de androgênios), resultando em diminuição da produção de testosterona. • Usado junto à prednisona para diminuir os efeitos do excesso de mineralocorticoide resultante da inibição de CYP17 Efeitos adversos: • Pode ocorrer hepatotoxicidade • Pacientes devem ser monitorados cuidadosamente em caso de hipertensão, hipopotassemia e retenção de líquidos • Desconforto no joelho e nos músculos e diarreia são efeitos adversos comuns Inibidores da aromatase • A enzima aromatase é responsável pela síntese extrassuprarrenal do estrogênio a partir da androstenediona, que ocorre nos tecidos hepático, adiposo, muscular, cutâneo e mamário, incluindo os tumores de mama. • A aromatização periférica é uma fonte importante de estrogênio na mulher após a menopausa. • Os inibidores da aromatase diminuem a produção de estrogênio nessas mulheres. • Usados no tratamento do câncer de mama. Anastrozol e letrozol • Inibidores da aromatase imidazólicos não esteroidais • Causam supressão quase total da síntese de estrogênio • Não predispõem os pacientes ao câncer endometrial e são isentos dos efeitos androgênicos que ocorrem com os inibidores da aromatase esteroides • Eficazes por via oral • Em alguns países se tornaram fármacos de primeira escolha para o tratamento de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa Exemestano • Esteroide inibidor irreversível da aromatase • Bem absorvido por via oral e amplamente distribuído • A biotransformação hepática ocorre pela isoenzima CYP3A4 • Excreção urinária dos metabólitos • Dosagens devem ser ajustadas nos pacientes com insuficiência renal• Efeitos adversos: náuseas, fadiga, fogachos, alopecia e dermatite Antagonistas de GnRH Leuprolida, goserrelina e triptorrelina • São análogos peptídicos sintéticos do GnRH, antagonistas nos receptores GnRH na hipófise • O GnRH normalmente é secretado pelo hipotálamo e estimula a hipófise anterior a secretar os hormônios gonadotrópicos: 1) hormônio luteinizante (LH), que estímula a secreção de testosterona pelos testículos 2) hormônio folículo-estimulante (FSH), que estimula a secreção de estrogênios Análogos do GnRH: ocupam o receptor GnRH na hipófise, o que leva à sua dessensibilização -> Inibição da liberação de FSH e LH-> Diminui a síntese de androgênios e estrogênios • Câncer de próstata: • Substituíram amplamente os estrogênios no tratamento do câncer de próstata -> resposta é equivalente à da orquiectomia, com regressão do tumor e alívio da dor óssea (Leuprolida) • Os níveis de androgênios podem aumentar inicialmente, mas depois caem aos níveis de castração • Câncer de mama: • Câncer de mama avançado, em mulheres na pré-menopausa • Efeitos adversos: impotência, fogachos e fulgor tumoral (mínimos se forem comparados aos experimentados com o tratamento com estrogênio) Administração: ➢ Leuprolida 1) implante intradermal de liberação lenta; 2) injeção de depósito subcutâneo; 3) injeção de depósito IM para tratar carcinoma metastático de próstata. ➢ Acetato de goserrelina: implante subcutâneo ➢ Pamoato de triptorrelina: via IM 8. INIBIDORES DA TIROSINOCINASE • Tirosinocinase (tirosina quinase): família de enzimas que realizam a fosforilação do aminoácido tirosina e está envolvida em vários processos importantes no interior da célula, incluindo a transdução de sinais e a divisão celular • Inibidores da tirosinocinase: aplicação no tratamento contra o câncer Imatinibe, dasatinibe e nilotinibe • Cinase BCR-ABL desregulada está presente nas células leucêmicas de quase todos os pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) • No caso do tumor estromal GI, a expressão desregulada da tirosinocinase está associada a um fator de crescimento • Imatinibe, dasatinibe e nilotinibe atuam como inibidores do sinal de transdução, inibindo especificamente a atividade da tirosinocinase BCR-ABL do tumor e, assim, inibe etapas subsequentes que levam à proliferação celular • Usados no tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC) e do tumor estromal GI • São associados a significativa toxicidade, como retenção de líquidos e prolongamento do intervalo QT Erlotinibe • Inibidor da tirosinocinase associada ao receptor do fator de crescimento epidermal (EGFR tirosinocinase) • Uso oral • Aprovado para o tratamento de câncer pulmonar de células pequenas e do câncer de pâncreas • Ele é absorvido por via oral e sofre extensa biotransformação no fígado pela isoenzima CYP3A4 • Os efeitos adversos mais comuns são diarreia, náusea, erupções cutâneas tipo acne e distúrbios oculares • Um efeito adverso raro, porém fatal, é a doença pulmonar intersticial, que se apresenta como dispneia aguda com tosse Sorafenibe e sunitinibe • Inibidores de serina/treonina e tirosinocinases associadas ao receptor do fator de crescimento endotelial vascular(VEGFR tirosinocinases) • Esses fármacos atingem as cinases da superfície celular envolvidas na sinalização e angiogênese, reduzindo o crescimento do tumor • Sorafenibe: carcinoma renal e parte da estratégia de tratamento do carcinoma hepático • Sunitinibe: carcinoma renal, tumores do estroma GI e tumores neuroendócrinos pancreáticos • Os efeitos adversos incluem diarreia, fadiga, síndrome das mãos e dos pés e hipertensão 9. ANTICORPOS MONOCLONAIS Nova fronteira para obtenção de fármacos ->Aplicada na obtenção de fármacos anticâncer -> Alvos específicos, poucos efeitos adversos · Obtidos a partir dos linfócitos B de camundongos ou hamsters imunizados, fundidos a células tumorais linfócitos B (imortais) · As células híbridas resultantes podem ser clonadas individualmente, e cada clone produz anticorpos direcionados contra um único tipo antigênico A tecnologia recombinante levou à criação de anticorpos humanizados ➢ Evitam os problemas imunológicos anteriormente observados depois da administração de anticorpos de camundongos (murinos) Rituximabe • Primeiro anticorpo monoclonal aprovado para combater o câncer • Ele é um anticorpo monoclonal quimérico, projetado geneticamente e dirigido contra o antígeno CD20, encontrado na superfície de linfócitos B normais e malignos • O antígeno CD20 é expresso em quase todos os linfomas não Hodgkin de células B, mas não em outras células da medula óssea • Eficaz no tratamento de linfomas, leucemia linfocítica crônica e artrite reumatoide • O anticorpo é usado comumente associado a outros fármacos antineoplásicos, como ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina (oncovin) e prednisona (RCHOP) Mecanismo de ação: • CD20 (linfócitos B) participa do processo de ativação para o início e a diferenciação do ciclo celular • O domínio Fab do rituximabe se liga ao antígeno CD20 nos linfócitos B, e seu domínio Fc recruta funções efetoras imunes, induzindo complemento e citotoxicidade mediada por célula anticorpo-dependente das células B Efeitos adversos: • Reações adversas graves têm sido fatais • É importante infundir o rituximabe lentamente • Podem ocorrer hipotensão, broncoespasmo e angioedema • Calafrios e febre, em geral, acompanham a primeira infusão (especialmente em pacientes com níveis elevados de células neoplásicas circulantes), devido à rápida ativação do complemento, que resulta na liberação do fator de necrose tumoral α e interleucinas • Pré-tratamento com difenidramina, paracetamol e corticosteroides podem diminuir esses problemas • Síndrome de lise tumoral foi registrada dentro de 24 horas da primeira dose de rituximabe. • Essa síndrome consiste em hiperpotassemia, hipocalcemia, hiperuricemia, hiperfosfatasemia (um conteúdo anormalmente elevado de fosfatase alcalina no sangue) e insuficiência renal aguda que pode exigir diálise Trastuzumabe •anticorpo monoclonal humanizado • Atua especificamente no domínio extracelular do receptor de crescimento HER2, que tem atividade tirosinocinase intrínseca • Câncer de mama metastático: superexpressão do fator de crescimento epidermal transmembrana humano – receptor proteína 2 (HER2) – é encontrada em 25 a 30% dos pacientes • Superexpressão do HER2 também notada nos cânceres gástrico e gastroesofágico trastuzumabe Mecanismo de ação: • Se liga aos receptores HER2 (receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano) em cânceres de mama, estômago e tecido gastroesofágico, e inibe a proliferação de células que superexpressam a proteína HER2, diminuindo, assim, o número de células na fase S • Ligando-se ao HER2, ele bloqueia a via de sinalização jusante, induz citotoxicidade anticorpo-dependente e previne a produção de novos HER2 Efeitos adversos: • Mais grave: insuficiência cardíaca congestiva • Agravada se esse fármaco for administrado em combinação com antraciclínicos (ex: doxorrubicina) • Cuidados adicionais quando o fármaco for administrado em pacientes com disfunção cardíaca preexistente Cetuximabe e panitumumabe • Exercem seus efeitos antineoplásicos no receptor do fator de crescimento epidermal (EGFR) na superfície das células cancerosas, interferindo em seu crescimento. • Cetuximabe: AMC quimérico; Panitumumabe: AMC humanizado • Cetuximabe: Usado no tratamento do câncer colorretal metastático tipo agressivo KRAS e cânceres de cabeça e pescoço • KRAS é uma forma de proteína RAS, mediadora de proliferação e diferenciação • Panitumumabe: tumores colorretais metastáticos. • Cetuximabe, panitumumabe e outros fármacos que atuam nesse receptor causam urticária tipo acneiforme • Surgimento dessa urticária é associada a uma resposta positiva ao tratamento. Bevacizumabe • Fármaco antiangiogênese • Primeira escolha contra o câncer colorretal metastático, juntamente com 5-FU • Se liga ao fator de crescimento endotelial vascular (VEGF-A) e interrompe seu estímulo na formação de novos vasos sanguíneos(neovascularização). • Sem novos vasos, o tumor não recebe oxigênio e nutrientes essenciais para crescer e proliferar Outros Anticorpos Monoclonais: • Alentuzumabe: leucemia linfocítica crônica de célula B refratária • Atezolizumabe: câncer de mama • Tositumomabe: usado em recaídas do linfoma não Hodgkin • Outros usos dos AMC: doença inflamatória intestinal, a psoríase, artrite reumatoide, COVID-19 10. OUTROS Asparaginase e pegaspargase • Algumas células neoplásicas precisam de fonte externa de asparagina, devido à sua capacidade limitada de sintetizar o aminoácido ác. aspártico em quantidades suficientes para manter o crescimento e a função celular. • L-asparaginase e a formulação peguilada (pegaspargase) catalisam a desaminação da asparagina a ácido aspártico e amônia, privando as células tumorais desse aminoácido necessário para a síntese de proteínas. • Usada para tratar leucemia linfocítica aguda de crianças, associada à vincristina e à prednisona. • Precisa ser administrada por vias IV ou IM, pois é destruída pelas enzimas gástricas. • Toxicidade: reações de hipersensibilidade (pois é uma proteína estranha, obtida de bactérias), diminuição dos fatores de coagulação, anormalidades hepáticas, pancreatite, convulsões e coma provocado pela toxicidade da amônia. Interferons Proteínas que modificam respostas celulares: • Interferem na replicação celular • Estimulam defesa celular -Interferon α: leucócitos · Interferon α 2a: tratamento de leucemia da célula pilosa, leucemia mieloide crônica (LMC) e sarcoma de Kaposi relacionado à síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) · Interferon α 2b: tratamento de leucemia da célula pilosa, melanoma, sarcoma de Kaposi relacionado à Aids e linfoma folicular · Técnicas de DNA recombinante em bactérias tornaram possível produzir grandes quantidades de interferons puros Interferon β: fibroblastos do tecido conectivo Interferon γ: linfócitos T • Interferons interagem com receptores superficiais de células • Como consequência da ligação do interferon, ocorre uma série complexa de reações intracelulares, compreendendo síntese de enzimas, supressão da proliferação celular, ativação de macrófagos e aumento da citotoxicidade de linfócitos • Contudo, o mecanismo exato pelo qual são citotóxicos é desconhecido • São bem absorvidos após injeção IM ou SC. A forma IV de interferona α 2b também está disponível • Sintomas como gripe e distúrbios GI são comuns com o uso desses fármacos • Convulsões e pensamentos suicidas Mitotano • Provoca danos às mitocôndrias com morte celular. • Usado para tumores do córtex da adrenal e síndrome de Cushing. Farmacocinética: • Usado por via oral (absorção de 40% da dose; aumenta com refeições gordurosas) • Boa distribuição, se armazenando nos tecidos adiposos • Metabólito mais hidrossolúvel é eliminado na urina e bile • Tempo de meia vida plasmática longo (~53 dias) Efeitos adversos: • Mais comuns: depressão, letargia, sonolência, tontura, vertigem, visão turva, diplopia, opacidade do cristalino, retinopatia tóxica, hipertensão, hipotensão ortostática e rubor, anorexia, náusea ou vômito, diarreia, rash cutâneo, hematúria, cistite hemorrágica e albuminúria, dor generalizada, hiperpirexia, diminuição de iodo ligado à proteína (PBI), insuficiência adrenal • Mitotano possui um efeito indutor sobre as enzimas do citocromo P450, incluindo a CYP3A4. Deve ser administrado com precaução em pacientes que estão em tratamento com medicamentos que são metabolizados por esta via • Usar com cuidado em pacientes com disfunção hepática
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