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AULA 4 
GESTÃO DEMOCRÁTICA 
Profª Cristhyane Ramos Haddad 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, aprofundaremos nossos estudos sobre a participação da 
comunidade na gestão democrática da escola. Essa gestão ocorre de forma 
colegiada, envolvendo a participação de professores, funcionários, pais, 
estudantes e equipe diretiva da escola. 
Fazem parte dos órgãos colegiados da escola pública os Conselhos 
Escolares, o órgão máximo de gestão da escola; as Associações de Pais e 
Professores e os Grêmios Estudantis. Cada um desses órgãos tem suas funções 
definidas e um estatuto próprio, que regulamenta seu funcionamento e suas 
atividades. 
Veremos também o quanto é importante a postura adotada pelo diretor da 
escola para que esses órgãos colegiados tenham papel ativo na gestão e possam 
efetivamente participar das tomadas de decisões. Além disso, estudaremos sobre 
o papel do pedagogo na articulação da gestão democrática da escola. 
TEMA 1 – CONCEITUANDO A GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA 
De acordo com Paro (2006), não pode haver democracia plena sem 
pessoas democráticas para exercê-las. O trabalho realizado na escola é 
fundamentalmente coletivo e exige a abertura de todos ao diálogo. As decisões 
precisam ser discutidas coletivamente e devem envolver a participação de toda a 
comunidade escolar. 
Dessa forma, a gestão democrática é o processo que envolve a discussão, 
o planejamento e a busca coletiva de soluções; também envolve o 
acompanhamento e a avaliação do trabalho realizado. Segundo Souza (2006), 
esse processo precisa ser sustentado no diálogo e na alteridade, e tem como base 
a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito 
às normas construídas coletivamente para os processos de decisão e o acesso 
às informações. 
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB), ou 
Lei n. 9. 394/96, a gestão democrática do ensino seguirá os seguintes princípios: 
I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; 
II- participação das comunidades escolares e local em conselhos 
escolares ou equivalentes. 
 
 
3 
Seguindo os preceitos legais, a construção da proposta pedagógica da 
escola precisa ser coletiva, contando com a participação de todos os profissionais, 
e deve promover a participação da comunidade nas decisões importantes da 
escola por meio dos conselhos escolares. A gestão precisa ser um instrumento 
que venha a colaborar para a melhoria da qualidade do ensino, mas também é 
uma ação político-pedagógica balizada por alguns princípios, como democracia, 
igualdade, universalidade e laicidade. 
A gestão da escola precisa ser democratizada, pois a educação pública é 
um direito de todos os cidadãos. Ela deve ser universalizada de forma a atingir a 
todos, ou seja, é preciso que todos tenham assegurado seu direito de poder 
frequentar a escola. Por isso essa escola deve ser obrigatória e gratuita. 
A Constituição Federal assegura em seu art. 205 que a educação visará ao 
desenvolvimento da cidadania, o que garante que todos podem manifestar suas 
opiniões e participar da vida em comunidade. A LDB corrobora com a Constituição 
à medida que prevê que os sistemas de ensino deverão assegurar progressivos 
graus de autonomia às escolas. Essa autonomia se dará pela ampliação do 
diálogo e a participação das pessoas na gestão da escola e da educação pública. 
O diálogo é o princípio balizador da gestão democrática, e para que essa 
cultura democrática se estabeleça é necessário a clareza de que a educação é 
um direito de todos, e que, portanto, torna-se necessário superar a ideologia do 
mérito. É necessário também que a escola estatal seja compreendida como um 
serviço público. E tudo o que é público exige transparência em ações e 
procedimentos. É preciso prestar contas à comunidade sobre o trabalho realizado 
na escola, seja da esfera pedagógica, da qual é um direito dos pais conhecer a 
proposta pedagógica, o sistema de avaliação etc., seja na esfera administrativa e 
financeira, realizando prestação de contas de gastos e aplicação de verbas. 
Além do diálogo, outra questão que precisa ser exercitada dentro da escola 
é a alteridade, ou seja, o reconhecimento do outro como alguém que tem um ponto 
de vista diferente do seu, mas que precisa ser respeitado. Precisamos ensinar na 
escola para além dos conteúdos escolares o respeito às opiniões diferentes das 
nossas. Dessa forma, o diálogo e o respeito às opiniões diferentes das minhas 
constituem a base para qualquer processo democrático. O diálogo implica a busca 
do consenso, pois com certeza haverá sempre posicionamentos e ideias 
diferentes, mas é necessário ouvir todas elas e ao final da exposição o coletivo 
precisará buscar o caminho do consenso. As decisões precisam ser construídas 
 
 
4 
coletivamente. Isso implica aceitar a decisão do coletivo, mesmo que o que tenha 
sido decidido não faça parte dos meus desejos e ideias. 
Para se construir essa cultura democrática na escola será necessário 
superar a cultura autoritária muitas vezes enraizada nas relações do âmbito 
escolar. Para superação dessa cultura autoritária é preciso promover um diálogo 
em torno das relações de poder que estão estabelecidas. Tais relações de poder 
precisam ser superadas no cotidiano da escola e isso pressupõe uma nova 
perspectiva de trabalho, não mais centralizadora e autoritária, mas aberta ao 
diálogo e ao diferente. Isso pressupõe colocar o processo pedagógico como 
centro de todo o trabalho; pressupõe a superação do trabalho burocratizado e 
alienado, que não compreende o porquê das coisas e não questiona se o caminho 
adotado é o melhor caminho a seguir. 
O trabalho da educação numa perspectiva democrática é a 
autoemancipação, ou seja, promover o desenvolvimento de todas as capacidades 
e potencialidades humanas. Para saber pensar, observar, analisar, tirar suas 
próprias conclusões sobre as questões da vida, do trabalho, enfim do que se 
apresentar. É uma educação para a promoção humana em todas as suas 
potencialidades. Saber falar, saber ouvir, saber se posicionar, saber questionar, 
mas também saber colaborar, participar, dialogar, se colocar na posição do outro 
e compreender posições contrárias, buscar formas de resolver os problemas, isto 
é, saber viver em comunidade e respeitar a coletividade. 
TEMA 2 – O TRABALHO DO DIRIGENTE ESCOLAR E DO PEDAGOGO NA 
GESTÃO DEMOCRÁTICA 
O trabalho do dirigente escolar é uma função essencialmente política. Ele 
é o responsável pela articulação pedagógica, administrativa e institucional do 
trabalho realizado na escola; é o coordenador do trabalho que está sendo 
realizado na escola, mas também representa o poder público à medida e que 
articula orientações e coordenadas recebidas das secretarias de educação com 
interesses e necessidades da escola que representa. 
A autonomia da escola é, portanto, algo a ser construído. Não existe 
autonomia decretada, que se conquiste por decreto ou lei. Existe, sim, uma 
autonomia que é conquistada e construída diariamente no contexto escolar e que 
é adquirida nas relações de respeito e compromisso com a educação e com o 
 
 
5 
trabalho público. O que envolve a discussão coletiva e o estabelecimento de 
metas e estratégias para se alcançar os fins desejados. 
Essas metas, objetivos e estratégias constituem o plano de ação da escola, 
que faz parte e integra o projeto político-pedagógico no que se costuma denominar 
como marco operacional e está ligado às ações que serão realizadas pela 
comunidade escolar naquele ano letivo. Esse plano não pode ser elaborado 
exclusivamente pelo diretor da escola em sua sala; ele precisa ser debatido e 
construído coletivamente. O que dará autenticidade a esse plano é justamente o 
fato de ele ter sido construído pelo coletivo escolar sob a coordenação do diretor 
da escola. 
A equipe dirigente, formadapelo diretor e por pedagogos, tem a tarefa de 
assumir a articulação do trabalho coletivo para atingir determinados objetivos 
educacionais. Essa articulação do trabalho coletivo envolve construção e 
efetivação do projeto político-pedagógico, reflexão, acompanhamento ao trabalho 
pedagógico realizado e avaliação das ações executadas. O planejamento é peça 
fundamental na articulação do trabalho pedagógico e a publicização das intenções 
da equipe dirigente. Essas intenções de trabalho precisam ser debatidas com o 
coletivo escolar. Portanto é preciso compreender o papel político do dirigente 
escolar, ao passo que ele requer sempre uma tomada de posição. 
O trabalho da equipe dirigente precisa ser publicizado, ou seja, todos 
precisam ter conhecimento das ações que serão tomadas, o que envolve o 
planejamento participativo do trabalho. Cabe à equipe dirigente organizar o 
trabalho de todos os profissionais da escola e articular esse trabalho com os pais 
e alunos. Essa ação política de coordenação do trabalho da escola numa 
perspectiva de gestão democrática envolve o gerenciamento de conflitos e o 
encaminhamento de ações para a resolução dos problemas, sempre tendo como 
foco o trabalho pedagógico. 
Além da dimensão política, também há uma dimensão técnica do trabalho, 
a qual exige conhecimentos técnicos para o exercício da sua função de diretor. 
Há, inclusive, a discussão de qual seria o processo mais adequado para ocupar a 
função de diretor da escola: por eleições diretas, concurso público ou mediante 
prova de conhecimentos sobre a função. Sobre essa questão, Souza (2006) 
explicita que a escolha do diretor é um processo que interessa a toda a 
comunidade, por isso todas as pessoas ligadas à escola precisam participar: pais, 
alunos, professores, funcionários, pedagogos. O autor explicita também que ela 
 
 
6 
não deve exceder o período de dois mandatos, para que outras pessoas também 
tenham a oportunidade de experienciar a função da direção da escola e construir 
uma nova experiência na educação. 
É fundamental destacar que a centralidade do trabalho do diretor da escola 
deve ser no âmbito pedagógico, no acompanhamento à função educativa que é a 
razão de ser da escola. As funções administrativas de seu trabalho que envolvem 
preenchimentos de relatórios e planilhas e as funções financeiras que envolvem 
a administração de recursos financeiros que têm sido destinados à escola por 
meio de programas de descentralização financeira não podem tomar o foco 
principal, que como dissemos precisa ser em cima do trabalho pedagógico. 
O pedagogo é o articulador do trabalho pedagógico realizado com o 
professor em sala de aula, e isso envolve o processo de ensino-aprendizagem e 
o trabalho com o conhecimento. Envolve também a articulação com os alunos, 
seus pais e familiares. A função social da escola é garantir a apropriação do 
conhecimento ao aluno. Dessa forma está essencialmente ligada ao processo de 
ensino-aprendizagem. O trabalho do pedagogo é realizar o planejamento dessas 
ações e articulá-las juntos a professores, alunos e famílias. Portanto, seu trabalho 
está essencialmente ligado ao tripé professor/aluno/conhecimento. 
TEMA 3 – OS CONSELHOS ESCOLARES E A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA 
ESCOLA PÚBLICA 
Os conselhos escolares foram implantados por meio do inciso VI, do art. 
206 da Constituição Federal de 1988, que garante a organização democrática do 
ensino público e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei 
n. 9.394/96, a qual estabelece os princípios da gestão democrática do ensino 
público. Os conselhos escolares são formados por representantes de cada 
segmento escolar (professores, funcionários, equipe pedagógica e pais). Eles são 
órgãos colegiados que representam a comunidade escolar, o local definindo na 
coletividade e as ações que serão tomadas pela escola no campo administrativo, 
financeiro e pedagógico. 
Os conselhos escolares, grêmios estudantis e associações de pais e 
mestres sãos órgãos colegiados na escola e constituem instrumentos da gestão 
democrática dentro da escola. A gestão colegiada implica saber escutar todos os 
envolvidos no processo pedagógico; implica colocar em pauta todos os assuntos 
importantes para serem discutidos coletivamente. O conselho escolar é um órgão 
 
 
7 
consultivo, deliberativo, avaliativo e fiscalizador no processo de gestão 
democrática. É consultivo pois tem função emitir pareceres apresentando 
sugestões ou soluções; deliberativo pois refere-se ao processo de tomada de 
decisões sobre o funcionamento da escola e da organização do trabalho 
pedagógico; avaliativo pois refere-se ao acompanhamento do trabalho 
pedagógico e à melhoria do ensino-aprendizagem; fiscalizador pois refere-se ao 
acompanhamento e à fiscalização das ações pedagógicas, administrativas e 
financeiras. 
A principal participação do conselho escolar está ligada à essência do 
trabalho escolar, ou seja, acompanhar o processo pedagógico e a prática 
educativa que envolve o ensino-aprendizagem. Como responsável pelo 
acompanhamento ao processo pedagógico ele participa da elaboração do projeto 
político-pedagógico da escola e acompanha o desenvolvimento do trabalho. 
Nesse trabalho de participação, a primeira coisa a se fazer é definir que tipo de 
escola se quer e que tipo de trabalho educativo a escola deve realizar. Uma escola 
que irá colaborar para a manutenção do sistema que está posto ou uma escola 
que irá colaborar para a transformação, com ensino crítico que promova reflexão, 
discussão, análise e debate. 
A função do conselho escolar é, portanto, político-pedagógica e tem por 
função conhecer a realidade e indicar os caminhos. O trabalho na escola envolve 
aprender a trabalhar com as diferenças, sejam elas de quaisquer naturezas. O 
importante é instituir na escola uma cultura de respeito às diferenças, isso significa 
considerar que nem todos pensam ou aprendem da mesma forma, ou precisam 
ter a mesma cor de pele ou tipo de cabelo. Significa considerar que é necessário 
incluir a todos, porque todos são importantes para a coletividade. 
O trabalho do conselho escolar se fundamenta nos seguintes pressupostos: 
educação como direito de todo o cidadão; direito ao acesso e à permanência de 
todos os estudantes no ensino público; universalização e gratuidade da educação 
básica como dever do estado; construção da qualidade da educação pública; 
qualidade do ensino num projeto democrático de escola pública; trabalho 
pedagógico numa perspectiva emancipadora e organizado numa dimensão 
coletiva; democratização da gestão escolar; gestão democrática como ação que 
privilegia transparência, cooperação, responsabilidade, respeito, diálogo da 
organização do trabalho escolar (Paraná, 2008, p. 11). 
 
 
8 
De acordo com o documento Subsídios para a Elaboração do Estatuto do 
Conselho Escolar, da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, o diretor do 
estabelecimento de ensino será membro nato do conselho escolar. Poderão 
participar do conselho escolar profissionais da escola: professores, equipe 
pedagógica e funcionários; comunidade: grêmio e ou alunos, pais de alunos, 
Associação de Pais, Mestre e Funcionários (APMF). 
E como são organizadas as reuniões do conselho escolar? As reuniões 
podem ser ordinárias ou extraordinárias, mas sempre contando com pauta 
previamente divulgada a toda a comunidade escolar. São presididas pelo diretor 
da escola e os assuntos da pauta são colocados em discussão para votação. O 
conteúdo de toda a reunião é registrado em ata própria e assinado pelos 
representantes dos diferentes segmentos. 
É muito importante o diretor da escola estimular a participação da 
comunidade/pais nas reuniões do conselho escolar e atuar na formação dos 
representantes para que compreendam o sentido da representatividade. Para as 
reuniões não se deve levar opiniões particulares e individuas de cada um, mas a 
síntesedas discussões realizadas com o segmento que representa. 
TEMA 4 – GESTÃO FINANCEIRA DESCENTRALIZADA: NOVAS DEMANDAS 
PARA A ESCOLA PÚBLICA 
A LDBEN n. 9.394/96 estabelece a organização do sistema de ensino no 
país e as competências de cada ente federado. Segundo o art. 21 da referida lei, 
a educação escolar é composta pela educação básica (educação infantil, ensino 
fundamental, ensino médio) e pela educação superior. 
A referida lei define competências e responsabilidades de cada ente 
federado (União, estados, Distrito Federal e municípios), e destaca ainda que os 
entes federados deverão se organizar em regime de colaboração e organizar seus 
respectivos sistemas de ensino. A União financiará as instituições públicas 
federais; os estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino 
fundamental e médio; os municípios atuarão prioritariamente no ensino 
fundamental e na educação infantil. Essa política tem sido denominada de 
descentralização, pois transfere responsabilidades para os diferentes entes 
federados e sistemas de ensino. 
Segundo Souza (2006), a política de descentralização apresenta 
deferentes facetas: a primeira diz respeito à transferência de responsabilidade 
 
 
9 
entre os diferentes níveis do governo, a segunda pela transferência de 
responsabilidade para a escola. Essa política de descentralização também 
impactou o trabalho da escola, que passou a assumir uma série de 
responsabilidades que até então não eram de sua competência. Por outro lado, o 
autor argumenta que a gestão democrática a partir da descentralização do Estado 
e da autonomia da escola veio fortalecer os conselhos escolares e o planejamento 
participativo. Estudaremos como essa política está organizada nos próximos itens. 
Como explicado anteriormente, o sistema educacional brasileiro está 
organizado pela divisão de competências e responsabilidades entre União, 
estados, Distrito Federal e municípios – isso no que diz respeito tanto ao 
financiamento da educação como à manutenção dos estabelecimentos de ensino. 
A Lei Orçamentária estipula que todas as receitas destinadas à educação 
e todas as despesas que serão realizadas devem estar previstas no orçamento 
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. É muito importante 
que haja integração entre as secretarias estaduais e municipais no planejamento 
desse orçamento para a educação. 
A Constituição Federal de 1988 estipula que se deve destinar determinado 
percentual de recursos financeiros para aplicar na Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino (MDE). A União deve destinar 18% dos recursos 
resultantes de impostos e os estados, o Distrito Federal e os municípios nunca 
menos de 25% da receita dos impostos. De acordo com a LDBEN n. 9.394/96: 
Art. 68.Serão recursos públicos destinados à educação os originários de: 
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios; 
II - receita de transferências constitucionais e outras transferências; 
III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; 
IV - receita de incentivos fiscais; 
V - outros recursos previstos em lei. 
A receita para Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) pode ser 
utilizada da seguinte forma: remuneração e aperfeiçoamento dos profissionais da 
educação; aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e 
equipamentos necessários ao ensino; uso e manutenção de bens e serviços 
vinculados ao ensino; aquisição de material didático-escolar e manutenção de 
programas de transporte escolar; levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas 
visando ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; concessão de 
bolsas de estudos a alunos de escolas públicas e privadas. 
 
 
10 
Em 2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do 
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) foi criado o Fundo 
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), ampliando o 
atendimento não apenas para o ensino fundamental, mas para toda a educação 
básica. 
O Fundef foi criado pela Emenda Constitucional n. 14, de 24 de dezembro 
de 1996, e foi implantado em 1998. Tinha por objetivo a universalização do ensino 
fundamental e a remuneração condigna ao magistério. Os recursos eram 
destinados ao ensino fundamental público e a distribuição dos recursos era 
realizada automaticamente, de acordo com o número de alunos matriculados em 
cada rede do ensino fundamental, de forma que a responsabilidade pelo 
financiamento fosse partilhada entre o governo estadual e os governos 
municipais. 
Com o Fundeb, discussões foram desencadeadas tendo em vista a 
formulação de propostas de implantação de uma política de financiamento que 
atendesse a educação básica em todas as suas etapas e modalidades, e não 
apenas o ensino fundamental. Recentemente, a Emenda Constitucional n. 108, 
de 26 de agosto de 2020, tornou permanente o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da 
Educação. 
A LDBEN estabelece que o custo mínimo por aluno deve ser capaz de 
assegurar ensino de qualidade. Ocorre que a demanda pelo ensino escolar nos 
diversos níveis e modalidades é crescente, e a qualidade pretendida requer 
ampliação dos recursos a serem destinados à educação, considerando sobretudo 
a especificidade de cada nível ou modalidade. O debate sobre esse tema tem 
avançado com a discussão do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) para cada 
nível e modalidade de educação, levando em conta a necessária ampliação da 
jornada escolar (Libâneo, 2012). 
A democratização do ensino exige o financiamento adequado para atender 
às necessidades da escola. Além do que é indispensável, a participação da 
comunidade no acompanhamento e na fiscalização da aplicação dos recursos 
públicos destinados à educação. O conselho escolar é o órgão responsável por 
aprovar o plano de aplicação de verbas da escola e acompanhar o uso desses 
recursos. 
 
 
11 
A escola precisa coletivamente planejar suas ações, em que irá aplicar os 
recursos financeiros, seja no gasto com materiais de consumo, seja em pequenas 
obras, reformas, aquisição de materiais didáticos, livros para a biblioteca, ou 
mesmo reformas maiores ou ampliação física do espaço escolar. Tudo isso 
precisa ser debatido e aprovado pelo conselho escolar, que conta com a 
representação de diferentes segmentos (professores, funcionários, pais, equipe 
pedagógica). 
Esse planejamento participativo em que será previsto o plano de aplicação 
de verbas é responsabilidade do diretor da escola e do conselho escolar. Além do 
plano de aplicação de recursos, ambos são responsáveis por realizar a prestação 
de contas e encaminhar toda a documentação comprobatória para a Secretaria 
de Educação. O plano de aplicação de recursos e a prestação de contas deve 
ficar disponível para que todos possam consultar, garantindo a transparência das 
ações. O coletivo escolar deve participar desse processo desde o início, definindo 
prioridades da escola e fazendo um planejamento de como esses objetivos serão 
atingidos. 
Observe agora quais são os principais programas federais que direcionam 
recursos para a escola e integram o Programa do Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação (FNDE): Programa Nacional de Transporte 
Escolar, Programa Nacional de Saúde do Escolar, Programa Nacional de 
Alimentação Escolar, Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), Programa 
Nacional Biblioteca da Escola, Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). 
As verbas do PDDE são transferidas para as contas bancárias das escolas 
pelo FNDE. Os Conselhos escolares definem a partir das prioridades da escola 
onde o dinheiro será gasto por meio do plano de aplicação dos recursos. A 
prestação de contas e as notas fiscais que comprovam os gastos dos recursos 
deverão ser encaminhadas após a aprovação do conselho escolarpara a 
Secretaria de Educação do estado ou município. As secretarias de educação 
analisam as prestações de conta, prestam contas ao FNDE e emitem parecer 
conclusivo sobre a prestação de contas. 
TEMA 5 – AS ASSOCIAÇÕES DE PAIS E OS GRÊMIOS ESTUDANTIS COMO 
INSTÂNCIAS DE GESTÃO COLEGIADA NA ESCOLA 
Segundo Paro (2016), a participação da comunidade na gestão da escola 
pública encontra uma série de obstáculos. Um ponto que chama a atenção é que 
 
 
12 
a democracia só se efetiva por atos e relações que se dão no âmbito da realidade 
concreta. Embora esteja muito presente no discurso a defesa da gestão 
democrática, o que de fato se verifica são práticas perpassadas pelo 
autoritarismo. 
Para Souza (2006), a associação de pais é uma instituição que objetiva 
servir de ponto básico de organização para o segmento das famílias dos alunos 
na realidade escolar. Essa instituição representa interesses de um segmento, no 
caso, o dos pais. O grêmio estudantil é a entidade do segmento estudantil. Muitas 
vezes, pedagogos e diretores se dispõem a ajudar os estudantes a organizar os 
grêmios nas escolas, no entanto, é necessário dar o suporte para os estudantes, 
mas é preciso garantir a autonomia e liberdade para que eles se organizarem – 
essa organização se constituirá em processo de aprendizado. A associação de 
pais e o grêmio estudantil são instituições que corroboram com os processos de 
gestão democrática dentro da escola. A seguir, vamos aprofundar nossos estudos 
sobre cada um deles. 
Historicamente, a origem das associações de pais no Brasil está ligada aos 
caixas escolares que tinham por objetivo arrecadar recursos financeiros para 
utilizá-los na assistência escolar. Essas práticas se caracterizavam por seu 
caráter assistencialista e acabavam por secundarizar o papel do Estado com 
relação ao seu dever de subsidiar a educação pública. Em 1933, os caixas 
escolares foram extintos no Brasil e a partir de 1945 foram criadas as cooperativas 
escolares. Tais instituições minimizavam o papel do Estado e delegavam a para 
si e para as comunidades a responsabilidade pela captação de recursos. 
Com a LDB n. 4.024/61 preconizou-se a formação da associação de pais e 
professores. A partir daí houve uma modificação na nomenclatura das 
associações no Paraná, adotando o termo associação de pais e mestres. Tais 
instituições assumiram caráter institucional, constituindo-se como pessoa jurídica 
de direito privado. No entanto, continuavam voltadas para captação e aplicação 
de recursos mantendo seu papel assistencialista. 
A partir de 2003 cria-se a nomenclatura atualmente utilizada no Paraná, 
associação de pais, mestres e funcionários. Mantém suas características: pessoa 
jurídica de direito privado, órgão de representação de pais e profissionais da 
escola, sem caráter partidário, sem fins lucrativos. No entanto as discussões 
avançam no sentido de que seus representantes passem a compreender seu 
 
 
13 
papel como instância colegiada, que visa a acompanhar e a participar da 
implementação do projeto político-pedagógico da escola. 
Assim como o conselho escolar, a associação de pais nessa nova 
perspectiva passa a ter como foco de seu trabalho o acompanhamento ao 
processo pedagógico por meio do acompanhamento ao projeto político-
pedagógico. A partir da década de 1990, com os programas de descentralização 
de recursos a escola passou a receber do governo federal pelo FNDE verbas 
destinadas à educação por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) 
– recurso esse repassado anualmente às associações de pais, mestres e 
funcionários para atender às necessidades da escola. Por meio de reuniões, 
conselho escolar e APMF definem o plano de aplicação tendo em vista prioridades 
definidas pela escola para a aplicação dos recursos financeiros. 
Sobre os grêmios estudantis, é preciso destacar que a história do 
movimento estudantil no Brasil remonta ao século XVIII. Na primeira metade do 
século XX é criada a União Nacional dos Estudantes (UNE). Essas organizações 
estudantis foram impedidas de atuar, quando em 1964 foi imposta no Brasil a 
ditadura militar. Mesmo com todas as perseguições, as organizações continuaram 
sua atuação na clandestinidade. 
Na campanha Diretas Já, movimento pela redemocratização do país, na 
década de 1980, os estudantes tiveram participação muito significativa, o que 
contribuiu para o fim da ditadura militar. Em 1985, o funcionamento dos grêmios 
estudantis ficou assegurado por meio da Lei n. 7.398/85. A representação 
estudantil é fundamental para os processos de gestão democrática nas escolas, 
garantindo a participação dos estudantes nos órgãos colegiados e nas decisões 
sobre o processo pedagógico. 
5.1 A articulação do trabalho pedagógico entre seus diferentes segmentos 
de representação 
O trabalho pedagógico possui natureza coletiva, tendo sempre como foco 
a formação integral do aluno. Para a concretização desse objetivo, é necessário 
um planejamento coletivo do trabalho; é preciso considerar que os sujeitos da 
escola realizaram diferentes percursos e diferentes trajetórias em seu processo 
de formação. Portanto, o coletivo da escola não é um todo homogêneo e 
consensual. 
 
 
14 
Esse é um desafio que se coloca para a concretização da gestão 
democrática nas escolas, ou seja, como articular um projeto comum com tantas 
diferenças. A resposta para essa questão se encontra na realização de um 
planejamento educacional de forma participativa. Essa ação atribui significado e 
sentido ao trabalho pedagógico, produzindo um sentimento de pertencimento e 
um compromisso com as opções feitas. 
Planejar o trabalho pedagógico representa a possibilidade de repensar a 
própria prática pedagógica em torno da construção de um projeto educativo 
produzido de forma coletiva. 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96. Brasília: 
MEC, 1996. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
DOURADO, L. F. et. al. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. 
Conselho Escolar e o Financiamento da Educação no Brasil. Brasília, 2006. 
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, 
estrutura e organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2012. 
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