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AULA 6 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL Profª Juliana Kussem 2 INTRODUÇÃO A avaliação faz parte da prática pedagógica das escolas públicas e privadas. Abordada principalmente no âmbito das relações professor e aluno, crescentemente vem rompendo as barreiras da sala de aula e da escola por meio da divulgação de resultados de avaliações externas em redes sociais, canais televisivos, entre outros. De forma a conquistar espaço nas práticas de avaliação escolar, a avaliação institucional tem se caracterizado como um recurso da gestão escolar, com forte potencial instrumental de diagnóstico dos problemas cotidianos enfrentados pela escola, propositiva quanto às ações para superação da realidade e com grande capacidade indutiva de participação política de todos os envolvidos. A partir das temáticas trabalhadas ao longo desse estudo, esse texto tem como objeto de discussão principal a avaliação institucional participativa (DALBEN, 2010), apresentando seus processos, relações, assim como uma forma organizativa de seus resultados. Frisa-se que com o aprofundamento dos tópicos trabalhados até aqui não se espera apresentar uma forma ótima ou ideal de realização da avaliação institucional na escola, mas por meio dos conceitos trabalhados, pretende-se que o aluno e a aluna sejam capazes de reconhecer e operar de acordo com as bases fundamentais dessa dimensão avaliativa integrante da organização do trabalho escolar. TEMA 1 – AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL PARTICIPATIVA A Avaliação Institucional da escola organizada de forma autônoma e democrática é uma ferramenta capaz de capturar as demandas das várias dimensões do trabalho educativo marcando sua relevância social, com vistas a contribuir com a melhoria da qualidade da educação e do ensino. Nesse tema, abordaremos o conceito de Avaliação Institucional Participativa (AIP) apresentado por Dalben (2010). Segundo o autor, dada a busca constante da melhoria dos processos escolares, não há possibilidade de abordar avaliação institucional sem que se defina coletivamente o conceito de qualidade, pois ela é valorativa e relacional. 3 Por isso, Bondioli (2004) aponta que a qualidade deve ser negociada. Esse acordo entre o que se compreende e se entende por qualidade não abre mão das condições fundamentais do direito à educação e do direito à aprendizagem, devendo ser realizado antes mesmo do processo avaliativo em si, considerando que “[...] a escola não pode ser vista de forma insular, desgarrada da realidade social que a envolve. Disto decorre que a avaliação da qualidade de seu processo é influenciada por um conjunto de fatores tanto intraescolares como extraescolares” (Sordi; Ludke, 2009, p. 321). Esse acordo sobre o que a escola compreende como qualidade é pautado por diferente visões e expectativas, pois a escola é o lugar da pluralidade de percepções do mundo que o cerca e de significados que dão sentido às suas ações. Sendo a escola um sistema social complexo, composto por inúmeros sujeitos em relação, não necessariamente afinados em suas concepções ético-politicas e/ou técnico-operacionais, o esperado é que o trabalho coletivo que executam seja marcado socialmente pela heterogeneidade de suas histórias e itinerários. Isso exige que sejam engendrados acordos para que o projeto pedagógico em que estão envolvidos caminhe e possa frutificar. Estes acordos, igualmente, precisam ser avaliados e isso acresce outros níveis de complexidade para a avaliação, pois incorpora outros protagonistas e olhares ao processo. (Sordi; Ludke, 2009, p. 318). Pautada por princípios éticos, políticos e democráticos da educação, a participação no processo da AIP deve agregar todos os segmentos escolares, atribuindo pesos iguais aos participantes (comunidade escolar e local), com o devido respeito às suas funções. A AIP pressupõe uma organização sistemática, isso significa que as etapas de sua elaboração devem ser bem planejadas. Apesar de o caráter coletivo desse instrumento requerer uma liderança, o diretor escolar, figura central na condução do trabalho escolar, deve trabalhar para que todos os momentos da AIP ocorram de acordo com os princípios discutidos até aqui, liderando a participação de todos os interessados: pais/responsáveis; profissionais da escola e estudantes. É importante reforçar que a necessidade de liderança que se apresenta para a organização na AIP, a referência, não é o sujeito, mas a escola, seu projeto político pedagógico e seus processos. Dessa forma, o processo deve ser conduzido de acordo as premissas democráticas do diálogo, da alteridade, da transparência, do universalismo de 4 procedimentos, do compartilhamento de poder e do engajamento de toda a comunidade. Sem diálogo e alteridade, a AIP é inviabilizada, pois não há processo avaliativo sem comunicação e sem disposição à escuta. Da mesma maneira, o universalismo de procedimentos agrega à AIP a devida legitimidade e lisura ao processo, com procedimentos previamente definidos e fundamentados nas normas legais que conferem a legalidade do procedimento, com objetivos claros e compartilhados por todos. Ademais, a transparência é uma categoria cara a todos os processos democráticos, pois estabelece que todas as informações devem ser socializadas e compartilhadas, conferindo a dimensão pública da avaliação. Na AIP, a comunidade escolar participa como avaliadora, mas é também avaliada (Dalben, 2010). Isso implica que a participação dos sujeitos deve ser ativa, crítica e reflexiva sobre a ação contextualizada desse segmento. Já a comunidade escolar, como protagonista que é devido ao conhecimento mais profundo acerca dos processos de ensino-aprendizagem, deve atuar de maneira mais solidária, dialógica e autônoma, ou seja, os sujeitos que participam de uma avaliação institucional precisam ser autores nesse processo. Esse é o ponto-chave da aderência dos sujeitos à AIP. Ela deve pressupor a participação de todos e todas em suas etapas, seja no momento em que a antecede com os acordos e negociações acerca do referencial de qualidade, seja na construção do instrumento avaliativo, ou no apontamento de soluções, ou no acompanhamento dos resultados das ações. Se a participação não for de fato provocativa e desafiadora à realidade dos envolvidos, estes não a reconhecerão como um instrumento em potencial. Essa participação requer um equilíbrio entre a dimensão técnica e política da AIP. O conhecimento técnico que o diretor, pedagogo e professores da escola possuem não deve se sobressair ao momento político da avaliação, da coletividade, do compartilhamento e da participação. Ressalta-se que a AIP deve contemplar a participação dos estudantes, uma vez que eles são os principais sujeitos desse momento, prevendo questões que motivem sua manifestação e envolvimento, para que se reconheçam como autores da avaliação. Além da identificação de problemas, a AIP pretende apontar conjuntamente a solução destes. Nessa perspectiva, a avaliação institucional 5 integra a gestão democrática da escola, pois é um instrumento coletivo e participativo de avaliação. TEMA 2 – DIMENSÕES DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL PARTICIPATIVA NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCAÇÃO INFANTIL A avaliação institucional apresenta diferentes faces no ensino fundamental e na educação infantil. Isso se deve ao fato de que essas etapas da educação básica apresentam especificidades próprias a cada uma. No ensino fundamental, o foco recai sobre o ensino e a aprendizagem, já na educação infantil o trabalho concentra-se no cuidar e o educar, primando pela realização dos direitos básicos de desenvolvimento e aprendizagem da criança nessa fase, como o brincar, conviver, conhecer-se, explorar, expressar e participar (Brasil, 2009). Apesar de se tratar de contextos e espaços diferentes, haja vista as necessidades própriasde cada etapa (educação infantil e ensino fundamental) quanto aos objetivos curriculares, estrutura dos estabelecimentos e processos que se desenvolvem em torno das especificidades da condução do trabalho educativo e escolar, essas etapas da educação básica realizam a AIP sob os mesmos princípios democráticos, todavia, as diferenças se evidenciam por meio de alguns elementos avaliados. Assim, a temática desse tema pretende abordar a AIP apontando alguns elementos próprios para a análise nas duas etapas em questão. 2.1 Avaliação institucional no ensino fundamental e na educação infantil Já vimos que o conceito de qualidade na educação é fluído e toma forma a depender do contexto, do tempo histórico e político em que se encontra. Dessa maneira, compreende-se qualidade como um conceito dinâmico, nas palavras de Bondioli (2004, p. 14), qualidade “[...] é transação, isto é, debate entre indivíduo e grupos que têm interesse em relação à rede educativa, que tem responsabilidade para com ela, com a qual estão envolvidos de algum modo e que trabalham para explicitar e definir, de modo mais consensual, valores, objetivos, prioridades”. Dessa maneira, torna-se importante explicitar alguns componentes da avaliação para o ensino fundamental, sendo assim, destacamos os seguintes: 6 1. indicadores de resultado escolares internos (taxa de aprovação, reprovação, taxa de evasão e taxa de conclusão da etapa) e externos (resultados de avaliações em larga escala) à escola; 2. recursos materiais e humanos – condições objetivas para a realização do trabalho escolar; 3. espaços escolares e o ambiente educativo; 4. gestão administrativa, financeira e pedagógica; 5. gestão democrática da escola; 6. prática pedagógica; 7. formação continuada dos profissionais; 8. acessibilidade; 9. recursos didático-pedagógicos. Além dos elementos já discutidos durante a disciplina, destacam-se os espaços escolares e o ambiente educativo no ensino fundamental e na educação infantil, na perspectiva de que estes, para os estudantes, não se tratam apenas de um lugar físico, mas, relacional, onde marcam suas vidas com as aprendizagens que constroem, impactando o seu desenvolvimento; assim, compreende-se que o ambiente educativo no ensino fundamental e na educação infantil não é neutro, mas reflete as aprendizagens estabelecidas com seus estudantes. Por isso, destacam-se, conforme Forneiro (1998), alguns aspectos a serem observados nesses ambientes, como no Quadro 1. Quadro 1 – Aspectos observados no ambiente educativo Fonte: Forneiro, 1998. O ambiente educativo privilegia a concepção de educação que considera o estudante como autor de sua aprendizagem, valorizando a sua participação Dimensão Características Física Se refere ao espaço físico, suas condições estruturais e de acesso, aos objetos do espaço e à sua disposição. Relacional Indica a organização do espaço, favorecendo interações, seja por meio de diferentes agrupamentos e relações entre professores, estudantes e objetos. Temporal Trata do uso do tempo de forma planejada a privilegiar aprendizagens significativas. Funcional Considera a flexibilização, acessibilidade, segurança e autonomia dos estudantes nos espaços em questão. 7 nas decisões sobre a organização desses espaços, bem como explorando e valorizando a cultura, a criatividade e a diversidade presente em nossas salas de aula. Já na educação infantil a qualidade implica reconhecer as demandas que perpassam essa etapa da educação básica. Historicamente, a educação infantil tem sido penalizada com a falta de acesso, marcada com a falta de vagas suficientes para atender toda a demanda da população. Além de questões objetivas, relacionais de gestão administrativa e pedagógica, avaliar institucionalmente essa etapa implica considerar as condições de oferta à educação das crianças pequenas. Destacam-se como principais componentes iniciais da avaliação institucional participativa da educação infantil (EI): 1. condições de oferta da EI; 2. práticas cotidianas na EI – o cuidar e o educar; 3. gestão administrativa, financeira e pedagógica; 4. gestão democrática; 5. recursos materiais e humanos; 6. recursos didático-pedagógicos; 7. estrutura física da unidade de EI; 8. espaços lúdicos (brincantes); 9. ambiente educativo; 10. formação continuada dos profissionais da unidade. Na educação infantil, além das condições de oferta da etapa, o cuidar e o educar se destacam nas práticas cotidianas, diferentemente do ensino fundamental, no qual o foco se estabelece sobre o processo de ensino- aprendizagem. Assim, há que se estabelecer parâmetros para análise dessa dimensão, compreendendo que a prática educativa na educação infantil envolve outras relações. Desse modo, na educação infantil há o favorecimento do brincar como eixo principal para a elaboração das práticas educativas que serão estabelecidas nesse período, como condição para a construção das aprendizagens e de desenvolvimento das crianças. Admite-se, portanto, que o brincar na educação infantil é mais do que um eixo integrador do currículo, ou seja, um direito da criança. 8 Frisamos que os elementos apontados para análise das duas etapas tratam-se de questões norteadoras e que a AIP deve considerar as demandas e necessidades que surjam no contexto específico, por isso, o instrumento de avaliação deve ser construído coletivamente, a fim de se aproximar e atender as situações próprias do contexto escolar, sem perder de vista que todo esse processo exige autoavaliação constante e práticas que favoreçam a cooperação, o respeito aos outros e a democracia como princípio fundamental. TEMA 3 – AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: PROCESSOS E RELAÇÕES A avaliação institucional é o meio para a aprendizagem da organização, mobilizando a comunidade escolar e local na melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem, por meio de seus conhecimentos e da leitura da realidade escolar. Neste tema analisaremos os processos e as relações estabelecidas na AIP. 3.1 Concepções de avaliação institucional Realizar uma avaliação institucional participativa implica reconhecimento da escola como um todo integrado, superando a visão fragmentada da escola (Luck, 2012) e privilegiando uma perspectiva ampliada e relacional de suas dimensões, seja administrativa, pedagógica e financeira, ao contrário de uma perspectiva fracionada, na qual as dimensões são analisadas de forma descontextualizadas das variáveis que se interligam mutuamente. 9 Figura 1 – Visões da escola no contexto da avaliação institucional Fonte: Luck, 2012. Por exemplo, não é possível considerar a gestão financeira da escola sem relacioná-la com o trabalho administrativo necessário para a organização de um planejamento de gasto, assim como da prestação de contas do uso de uma determinada verba. Da mesma maneira, não podemos separá-la da gestão democrática da escola, uma vez que para organizar os recursos financeiros de uma instituição escolar é preciso consultar a comunidade escolar e local sobre suas necessidades e demandas e então decidir conjuntamente sobre os gastos que serão realizados. Essas ações estão intimamente associadas ao trabalho pedagógico da escola, pois todas elas concorrem unicamente para o trabalho educativo. Diante disso, concordamos com Luck (2012) que avaliar a escola em sua totalidade facilita a obtenção de uma percepção mais fiel de si mesma. Fernandes (2002) nos alerta que a avaliação institucional tem apresentado basicamente duas grandes concepções: uma de cunho meritocrático, em que os resultados das avaliações externas são utilizados como os principais indicadores, sem a devida discussão e contextualização; a outra vertente se caracteriza como transformacional, com ações contextualizadas e reflexivas sobre a realidade escolar, como ilustradona imagem a seguir. Visão integrada da escola Visão fragmentada da escola 10 Figura 2 – Concepções de avaliação institucional Fonte: Fernandes, 2002. A concepção meritocrática apresenta ênfase sobre a face técnica e instrumental da avaliação institucional, separando a ênfase política que esse momento oportuniza, priorizando resultados passíveis de serem medidos a respeito das relações humanas que pautam o cotidiano da escola, tomando os resultados escolares como finalísticos e não como processos da ação educativa. Defendemos aqui uma avaliação institucional de caráter transformacional, que priorize ações conexas entre si. Para tanto, é necessário que a avaliação institucional oportunize momentos para a construção coletiva do instrumento de avaliação. Esse instrumento deve ser diversificado contendo modelos suficientes às dinâmicas dos grupos presentes, sendo composto por questionários que priorizem um trabalho coletivo dinâmico, relacional, desafiador e dialógico, ao mesmo tempo que suas questões devem ser claras, objetivas e coerentes de maneira suficiente a alcançar a compreensão de todos os sujeitos. É imprescindível também que todos os participantes tenham amplo acesso às informações necessárias que qualifiquem as discussões, ou seja, mais uma vez o bom senso marca esse momento entre a participação da comunidade escolar e local com as interações suficientes à compreensão de todos. É recomendável prever e planejar tempo e espaço adequados para o momento avaliativo, além de oportunizar espaços para questionamentos, dissensos e consensos, próprios a qualquer momento avaliativo que se apoie em princípios democráticos, sem perder de vista que a avaliação deve ser Reflexiva sobre as ações Resultados e rankings T R A N S F O R M A C IO N A L M E R IT O C R Á T IC A 11 conduzida de modo imparcial, com isenção de ânimo, livre de opiniões previamente estabelecidas, ideias preconcebidas, receios e medos (LUCK; 2012, p. 74). TEMA 4 – AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: DECISÕES E RESULTADOS As decisões e os resultados tomados a partir da AIP merecem atenção no processo avaliativo, sob o risco de perder o caráter transformacional (LUCK, 2012) desse momento, sendo assim, o presente tema aborda essa importante etapa da avaliação. 4.1 Processos, relações e resultados Por meio dos processos de construção de acordos sobre a compreensão do que se entende por qualidade na educação, da definição e objetivação de parâmetros avaliativos para o instrumento, das relações formativas construídas por meio da revisão das práticas, das relações estabelecidas na interação com o outro e da dimensão política subjacente à avaliação institucional participativa, encaminham-se os resultados diagnósticos da realidade escolar para o desenho das ações que irão interferir sobre o trabalho educativo realizado, na expectativa da transformação da realidade vivenciada. Esse processo pode ser melhor visualizado na Figura 3. Figura 3 – Processos derivados da avaliação institucional participativa Fonte: Kussem, 2022. Ações Revisão das práticas Acordos 12 A partir dos resultados obtidos por meio da avaliação institucional participativa, é necessário analisar as responsabilidades das demandas elencadas. Assim, temos a seguinte configuração, conforme a Figura 4. Figura 4 – Encaminhamentos dos resultados e demandas da avaliação institucional participativa Fonte: Kussem, 2022. A partir dos dados obtidos e das responsabilidades reconhecidas, é recomendado que os resultados do diagnóstico realizado sejam sistematizados em um documento formal da unidade, que se configure como um planejamento concreto de trabalho coletivo escolar. O plano de ação é um instrumento que pode orientar a organização e a execução do trabalho administrativo e pedagógico a partir da leitura da realidade sociocultural e das demandas educacionais da escola. A base de um plano de ação deve ser um diagnóstico capaz de apresentar o panorama acerca das potencialidades e fragilidades da escola, ou seja, a avaliação institucional. A próxima figura sintetiza as principais características desse instrumento. ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO Demandas que correspondem ao órgão responsável ATRIBUIÇÕES DA ESCOLA Demandas que correspondem à resolução no âmbito escolar 13 Figura 5 – Características gerais de um plano de ação Fonte: Kussem, 2022. Focado em orientar a organização, execução e aprimoramento dos objetivos escolares, configura-se como um planejamento capaz de ampliar os processos de ensino e de aprendizagem da escola. O plano de ação é também uma ferramenta de fortalecimento da gestão democrática da escola, pois expressa as ações coletivas elencadas para um ano letivo em questão, em consonância ao projeto político pedagógico da unidade. Uma de suas principais características, além da construção coletiva, é o caráter dinâmico desse planejamento, pois exige que os responsáveis pelas ações e todo o grupo envolvido acompanhem seu monitoramento, sendo passível de revisão, flexível às intercorrências que possam vir afetar o trabalho escolar e a sua implementação. Quanto à sua organização, observaremos no próximo tema uma forma sugestiva de estruturação. TEMA 5 – AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: SISTEMATIZAÇÃO DOS RESULTADOS A etapa da sistematização dos resultados de uma avaliação pode ser um momento profícuo da avaliação institucional, por meio da análise do diagnóstico obtido, indicação de objetivos, metas, ações e estratégias de efetivação das fragilidades a serem mitigadas. Assim, no último tópico desse estudo, apresenta- Plano de ação Sistemático Prático Dinâmico Passível de revisão 14 se uma estrutura possível de coordenação e encaminhamento das ações pensadas a partir da AIP. 5.1 Avaliação institucional e o plano de ação da escola Com base na avaliação institucional realizada, no projeto político pedagógico e na legislação vigente, a comunidade escolar e local, articulada pelo diretor escolar, pode formalizar suas intenções de ações em um plano de ação. As principais etapas da construção de um plano de ação estão apontadas na figura a seguir. Figura 6 – Principais etapas de um plano de ação Fonte: Kussem, 2022. A partir de uma análise criteriosa da avaliação institucional, o diagnóstico descreve o panorama da escola, apontando as fragilidades e necessidades e as potencialidades, no sentido de ampliá-las. Dessa maneira, um plano de ação pode se desenhar da seguinte maneira: 1. objetivos – aponta as intencionalidades do plano, sobre o que deve ser modificado ou ampliado, ou seja, implica sempre ações futuras que a escola realizará sobre o diagnóstico observado; Diagnóstico Planejamento coletivo Socialização 15 2. metas – é a objetivação das intenções do plano. Nela se descreve a indicação sobre o que se pretende atingir, de maneira coerente e plausível às possibilidades da escola, incluindo as demandas de responsabilidade do poder público e da escola; 3. ações – desenho sobre o que será feito para que determinada meta seja alcançada e efetivada; 4. responsáveis – segmentos e sujeitos que deverão coordenar as práticas apontadas; 5. cronograma – é fundamental estabelecer prazos acerca das ações a serem realizadas, considerando que a flexibilidade e a vigilância às responsabilidades acordadas dialogam intimamente em uma relação ética e comprometida com as necessidades da escola. Reitera-se que o plano de ação deve ser de monitoramento contínuo, por meio da sua avaliação, para isso, é importante prever em calendário escolar datas para um momento coletivo, acompanhamento e revisão necessária. Além disso, reafirmamos que todas as ações e metas previstas devem estar associadas ao melhoramento da qualidadeda educação e a efetivação do direito à educação no âmbito escolar. 16 REFERÊNCIAS BONDIOLI, A. O projeto pedagógico da creche e a sua avaliação: a qualidade negociada. Campinas: Autores associados, 2004. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Resolução n. 5, de 17 de dezembro de 2009, fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Ministério da Educação. 2009. DALBEN, A. Avaliação Institucional na escola de educação básica: uma aproximação orientada pelos princípios de participação. Educação: Teoria e Prática, v. 20, n. 35, p. 133-146, jul./dez. 2010. FERNANDES, M. E. A. Avaliação institucional da escola: base teórica e construção do projeto. 2. ed. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2002. FORNEIRO, L. I. A organização dos espaços na educação infantil. In: ZABALZA, M. A. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 229-281. LUCK, H. Perspectivas da avaliação institucional da escola. Rio de janeiro: Vozes, 2012. SORDI, M. R. L. LUDKE, M. Da avaliação da aprendizagem à avaliação institucional: aprendizagens necessárias. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 14, n. 2, p. 267-290, jul. 2009.