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TDE 2 DE DIREITO CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO Aluna: Luísa Fiori Felippe A) O Recurso Extraordinário 562.351 trata-se de caso cuja discussão central é se a Maçonaria seria apta a ter isenção tributário dos prédios em que são desenvolvidas as suas atividades. Isto posto, o entendimento final adotado pelo Supremo Tribunal Federal foi pelo improvimento da demanda, ao analisar a natureza do art. 150, IV, da Constituição Federal. No voto proferido pelo Min. Ricardo Lewandowski, considerou-se que o texto constitucional refere-se à cultos religiosos de qualquer religião ao tratar da imunidade tributária, contudo, aponta a seguinte citação, retirada do site da recorrente, a Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul: “A Maçonaria é uma Ordem Iniciática mundial. É apresentada como uma comunidade fraternal hierarquizada, constituída de homens que se consideram e se tratam como irmãos, livremente aceitos pelo voto e unidos em pequenos grupos, denominados Lojas ou Oficinas, para cumprirem missão a serviço de um ideal. Não é religião com teologia, mas adota templos onde desenvolve conjunto variável de cerimônias, que se assemelha a um culto, dando feições a diferentes ritos. Esses visam despertar no Maçom o desejo de penetrar no significado profundo dos símbolos e das alegorias, de modo que os pensamentos velados neles contidos, sejam decifrados e elaborados. Fomenta sentimentos de tolerância, de caridade e de amor fraterno. Como associação privada e discreta ensina a busca da Verdade e da Justiça.” Sendo assim, na visão do Min. Relator e dos demais Ministros que o acompanharam, o que se entende por Maçonaria é que esta não trata-se de religião, mas de um grupo seleto de pessoas com uma filosofia de vida, tendo em vista que excluem-se analfabetos e mulheres e, não possui dogmas, credos e, tampouco santidades. B) Na minha visão, a análise proferida pelo Supremo Tribunal Federal foi pobre no tocante aos aspectos ideológicos da questão e, portanto, não chegou ao tema central que deveria ser discutido. Por um lado, se analisada somente a natureza da sociedade maçônica, a minha conclusão seria de que o entendimento proferido pelo STF está correto, pois uma vez que o grupo estabelece a aceitação de pessoas religiosas sem a necessidade de renunciar ao seu credo, mostra-se que a filosofia do primeiro não interfere na filosofia do segundo. Como foi retirado do site do Grande Oriente do Brasil, uma das potências maçônicas no Brasil localizadas: “A Maçonaria não é uma religião. É uma sociedade que tem por objetivo unir os homens entre si. União recíproca, no sentido mais amplo e elevado do termo. E nesse seu esforço de união dos homens, admite em seu seio pessoas de todos os credos religiosos sem nenhuma distinção. (...) A Maçonaria abriga em seu seio homens de qualquer religião, desde que acreditem em um só Criador, o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, que é Deus.” Contudo, vejo esta análise como restritiva e extremamente superficial e, que não levou em conta o leque histórico e as diferentes formas de manifestação religiosa que podem ser encontradas ao longo da História. Isto porque, a Maçonaria trata-se de uma organização que prega a religiosidade, isto é, o conceito amplo de conjunto de dogmas e práticas que inclui a liberdade individual de crença dos indivíduos pertencentes, mas não trata-se de religião, ou seja, de uma entidade unificada em prol da crença em uma única linha ideológica. Portanto, acredito que no caso de uma interpretação restritiva do artigo de lei citado no Recurso Extraordinário em questão, o art. 150, IV, da Constituição Federal, então seria possível negar a imunidade tributária dos prédios pertencentes à maçonaria. Contudo, se feita interpretação extensiva, levando em conta aspectos sociológicos e históricos do grupo, caberia dizer que apesar de não ser configurada como religião, a Maçonaria exerce atividade religiosa e poderia sim, ser dotada de imunidade tributária. Sendo assim, acredito que o STF errou ao não analisar a fundo uma questão portadora de tamanha discussão ideológica e, por conseguinte, creio que não é possível exercer juízo de valor se os argumentos estão corretos ou não, pois não possibilitou-se o reconhecimento da variedade de aspectos a serem discutidos.
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