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1 PARATIREOIDES São pequenas glândulas do sistema endócrino com rica vascularização, seu tamanho se compara a uma ervilha e estão geralmente no número de 4, porém alguns pacientes podem apresentar 6, 8 ou até mais. Estão localizadas geralmente atrás da tireoide, nos polos superior e inferior das bordas posteriores dos lobos laterais das glândulas, podendo também ter localização ectópica, em locais como o mediastino, dentro da glândula tireoide (paratireoide intratireoidiana) e no ângulo da mandíbula. Possui 2 tipos celulares, as células oxifílicas (basófilas), sendo essas maiores e de função desconhecida e células principais (eosinofílicas), sendo menores e com função de sintetizar e secretar o paratormônio – PTH. FISIOLOGIA O metabolismo do cálcio se faz importante para a realização de muitas funções orgânicas, tendo isso em vista. Uma pessoa possui cerca de 1.000g de cálcio no organismo 99% desse cálcio é depositado em ossos e dentes e apenas 1% no plasma. O cálcio laboratorial pode ser solicitado de duas formas: 1. Cálcio total → este é o cálcio iônico e a fração de cálcio ligado a proteínas (albumina é a principal). 2. Cálcio iônico → esta é a forma biologicamente ativa do cálcio, ou seja, está livre no sangue, sem ligação com proteínas. Obs. Logo, se tenho um paciente com comprometimento de função hepática, terá menos albumina e também terá comprometimento da fração de cálcio ligado. Assim, o cálcio total de um paciente cirrótico, por exemplo, poderá vir baixo e isso não quer dizer que ele tenha pouco cálcio, mas sim que a albumina está baixa, fazendo com que ele não se ligue. Outras causas de hipoalbuminemia são síndrome nefrótica, desnutrição proteico- calórica. Com isso, entendo que se há um paciente com albumina baixa, devo ter preferência por pedir o cálcio iônico. ALGUMAS FUNÇÕES DO CÁLCIO SÃO • Sinalização das células Tendo isso em vista, um cálcio baixo irá comprometer a função muscular, levando a tetania, seu principal sintoma clínico. O paciente poderá ter caibras, fraqueza e até convulsões. • Transmissão neural O paciente terá sinapses inadequadas, desenvolvendo problemas de memória. • Função muscular DOENÇAS OSTEOMETABÓLICAS 2 • Estabilidade das membranas Lembrar principalmente do músculo cardíaco. Um paciente com ECG com onda T em tenda irá demonstrar um aumento de potássio – hipercalemia, levando a alterações de repolarização da membrana do miocárdio, isso pode acontecer em um paciente com doença renal crônica. Uma maneira de tratar é com cálcio, pois estabiliza a membrana do miocárdio. • Estrutura óssea (biomineralização) Maior predisposição à osteoporose. • Coagulação sanguínea • Cofator enzimático A regulação depende das interações entre PTH, vitamina D e calcitonina. OBS: 1. OS NÍVEIS NORMAIS DE CÁLCIO NO PLASMA SÃO: 8,5-10,5 MG/DL. 2. OS NÍVEIS ESPERADOS PELO ENDÓCRINO PARA A VITAMINA D SÃO DE 30 À 60 NG/ML. 3. OS NÍVEIS NORMAIS DE PTH SÃO DE 10 À 65 PG/ML. A REGULAÇÃO DO CÁLCIO O cálcio é regulado por interações entre o PTH, vitamina D e calcitonina. • O paratormônio tem uma função reguladora de cálcio, onde quando o mesmo se encontra baixo, os níveis de PTH são elevados e na medida que o cálcio normaliza, os níveis de PTH diminuem. • A vitamina D é uma molécula de vários sítios de ação, dentre eles a absorção de cálcio no intestino. • A calcitonina é um hormônio produzido nas células C da tireoide, que tem ação de antagonismo ao PTH, assim, tem função de baixar os níveis de cálcio. OBS. A calcitonina é um marcador no câncer medular de tireoide (câncer de células C da tireoide). ABSORÇÃO DO CÁLCIO O que o indivíduo ingere de cálcio diariamente não é a quantidade que ele vai absorver, pois das 1000mg ingeridas, por exemplo, 800mg são perdidos. Entendendo que 20% do cálcio é absorvido em condições normais. A vitamina D é a grande responsável por transportar o cálcio por dentro da célula intestinal. É de suma importância entender também que há uma troca de cálcio entre osso e o líquido extracelular. Há constante renovação óssea acontecendo frequentemente, para isso, necessitamos de matéria prima, o cálcio. O rim é responsável pela eliminação do restante do cálcio. Essa eliminação ocorre pelos túbulos (proximal, henle, distal e coletor). O túbulo proximal é o que mais reabsorve cálcio. Isso ocorre de forma passiva, não necessitando de energia ou da ação do PTH. Há absorção de 15-20% do cálcio na alça de henle. No túbulo contorcido distal temos uma reabsorção ativa de cálcio, pela ação do PTH. O PTH faz uma regulação final, se há necessidade reabsorve, se não há, é excretado. SENSORES PRESENTES NA CÉLULA PARATIREOIDEA Na célula paratireoidea temos sensores de cálcio → estes detectam os níveis de cálcio, regulando a produção de PTH dentro da célula. Ex. cálcio baixo → os sensores percebem e há uma sinalização nuclear nas células → liberação de PTH. Logo, um indivíduo com hipocalcemia pode levar um indivíduo a desenvolver hiperparatireoidismo por superprodução de PTH. Se o indivíduo tem hipocalcemia, o PTH age: • Aumentando a reabsorção óssea, por ativação de osteoclástos. 3 • Aumenta a reabsorção de cálcio no túbulo contorcido distal do rim. • Ativa vitamina D no rim para aumentar a absorção de cálcio. Logo, no âmbito das doenças osteometabólicas, se tenho um paciente com hiperparatireoidismo por um tumor, por exemplo, a alta produção de PTH irá causar uma hipercalcemia. Obs. O diagnóstico de hiperparatireoidismo é PTH alto e Cálcio alto. O FÓSFORO O fósforo é um íon que realiza ações contrárias ao cálcio. Logo, na medida que a baixa no cálcio causa um aumento de PTH, a baixa no fósforo baixa o PTH. Fósforo alto → PTH alto Fósforo baixo → PTH baixo Nesse sentido, a hiperfosfatemia equivale a uma baixa no cálcio, e por sua vez, aumento no PTH. Logo, a hiperfosfatemia é uma causa de hiperparatireoidismo. Exemplo de aumento do fósforo: • Doença renal – pela baixa eliminação do fósforo O MAGNÉSIO O magnésio mimetiza a ação do cálcio, sabendo disso, ele irá “enganar” os sensores de cálcio. Com isso: Hipomagnesemia → aumento no PTH Hipermagnesemia → baixa no PTH Uma Hipomagnesemia iria mimetizar uma hipocalcemia. Há no entanto uma exceção: a Hipomagnesemia severa bloqueia o PTH por efeito paradoxal. RELAÇÃO COM O PTH PTH aumenta PTH diminui Cálcio baixo Cálcio alto Fósforo alto Fósforo baixo Magnésio baixo Magnésio alto AÇÃO DO PTH NOS RINS 1. Ativação de vitamina D: Temos vitamina D em forma inativa na pele → o contato de raios UV com a pele faz a liberação dessa vitamina para o fígado → o fígado faz a primeira hidroxilação da vitamina D, tornando-a em calcidiol (25-hidroxi-vitaminaD, que é a vitamina D3), forma ainda inativa → o calcidiol (25-hidroxi- vitaminaD, a vitamina D3) então segue para o rim, onde sofre a ação de hidroxilação da 1-alfa- hidroxilase, tornando-se calcitriol (1-25-dihidroxi- vitaminaD), sua forma ativa. Em suma: vitamina D inativa → ação dos raios UV → chegada ao fígado → hidroxilação → 25-hidroxi- vitamina D/ calcidiol → chegada do calcidiol ao rim → ação de 2ª hidroxilação da 1-alfa hidroxilase → 1- 25-dihidroxi-vitaminaD, sua forma ativa. E como o PTH age? Ele faz um aumento na transformação de calcidiol em calcitriol. Com essa ativação, a vitamina D ajuda o PTH a transportar o cálcio por dentro das células luminais dos túbulos renais, fazendo com que o cálcio volte a circulação sanguínea. OBS. A VITAMINA D COM APENAS 1 HIDROXILAÇÃO (25-HIDROXI-VITAMINAD) É A QUE É MEDIDA NOS EXAMES DE SANGUE. TENDO ISSO EM VISTA, EXISTEM DUAS ADMINISTRAÇÕES DE VITAMINA D DISPONÍVEIS NO MERCADO, O CALCIDIOL E O CALCITRIOL (MAIS CARO). O PACIENTE QUEIRÁ NECESSITAR TOMAR O CALCITRIOL É AQUELE QUE NÃO CONSEGUE CONVERTER A VITAMINA D, UM EXEMPLO SÃO PACIENTES QUE NÃO PRODUZEM O PTH (AQUELES QUE RETIRARAM AS GLÂNDULAS) OU PACIENTES COM INJÚRIA RENAL (DOENÇA RENAL CRÔNICA), QUE IMPEÇA ESSA CONVERSÃO DA VITAMINA. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE HIPERCALCEMIA Na abordagem do paciente com hipercalcemia, precisamos dividir as causas, entre relacionadas ao PTH e não relacionadas ao PTH. RELACIONADAS AO PTH • Hiperparatireoidismo primário 4 Uma causa relacionada a superprodução de PTH pelas glândulas paratireóideas. Cálcio alto + PTH alto. o Adenoma o Hiperplasia o Carcinoma o Neoplasia endócrina múltipla – doença de contexto familiar • Terapia com lítio • Hipercalcemia hipocalciúrica familiar NÃO RELACIONADAS AO PTH Cálcio elevado + PTH normal ou baixo. • Relacionadas com neoplasias malignas → principal causa de hipercalcemia não relacionada ao PTH é câncer. o Mieloma múltiplo (as lesões ósseas levam à aumento na reabsorção óssea e hipercalcemia) o Carcinoma de mama e pulmão o Carcinomas escamosos – orofaringe principalmente o Leucemia e linfoma Seus mecanismos fisiopatológicos são: Carcinoma de mama, pulmão e carcinomas escamosos produzem o PTH-rP, uma proteína que mimetiza o PTH, levando a hipercalcemia por causa hormonal (humoral). ▪ Geralmente presente em cálcio elevado com PTH normal a baixo Mieloma múltiplo, leucemia e linfoma causam hipercalcemia por aumento na reabsorção óssea. • Relacionadas com a vitamina D o Intoxicação por vitamina D. o Doenças granulomatosas (sarcoidose, tuberculose, hanseníase). Os granulomas formados são produtores de vitamina D. o Hipercalcemia idiopática da infância. • Outras causas o Imobilização → ex. paciente pós AVC, acamado, aumenta a reabsorção óssea. o Intoxicação por vitamina A o Fármacos, como tiazídicos, teofilina, berílio, etc. o Doença hepática crônica avançada o Infecção por CMV na AIDS o Intoxicação por alumínio o Insuficiência renal crônica o LES o Síndrome leite-alcalino 5 HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO O HPTP é causado pela hipersecreção do hormônio PTH produzido na paratireoide. É uma doença esporádica e a causa mais comum de hipercalcemia ambulatorial. A causa mais comum de hipercalcemia no paciente internado são neoplasias. EPIDEMIOLOGIA • Mais prevalente em pessoas de 40-65 anos. • Pouco comum na adolescência e na infância → quando presente na infância, pensar em síndrome genética familiar. • Mulheres são mais acometidas (3:1). • Doença relativamente comum, com prevalência de 1-7 casos a cada 1000 adultos. ETIOLOGIA • Adenomas solitários Crescimento autonômico de uma das glândulas, com aumento de PTH. Benigna. O tratamento pode ser cirúrgico. • Hiperplasia Quando ocorre um aumento de todas as glândulas paratireóideas, ocorre principalmente nas síndromes familiares. Sem tumor diferenciado. • Adenoma duplo São dois adenomas, bem menos comum. • Carcinoma Tem pior prognóstico. • Outros: síndrome de hiperparatireoidismo familiar – 10% NEM – Neoplasia Endócrina Múltipla o NEM 1 → Hipófise, paratireoide e pâncreas. o NEM 2A → carcinoma medular de tireoide, hiperparatireoidismo e Feocromocitoma. o NEM 4 → quando se tem hiperparatireoidismo, mas não se enquadra em nenhuma nas NEM. • Síndrome do hiperparatireoidismo-tumor de mandíbula • Hipercalcemia hipocalciúrica familiar Tem certa associação genética, porém é bem mais esporádica. Oncogene ciclina D1 – PRAD1 → adenoma solitário em 20-40%. Gene HRPT2 em 20%/ oncogene ciclina PRAD1 → carcinoma. Obs. O adenoma único representa 88,9% dos casos. DIFERENÇAS ENTRE ADENOMA X CARCINOMA: Adenoma Carcinoma Proporção H:M 3:1 1:1 Doença renal ou óssea 18% 60% Doença óssea 13-20% 55% Doença renal e óssea <5% 32% Doença ulcerosa péptica 3-13% 18% Massa cervical palpável <2% 38% Crise paratireoidea <2% 14% Doença assintomática 38-61% 3% Cálcio sérico 11 a 12 mg/dL 14 a 16 mg/dL PTH Moderadamente elevado Muito elevado Quando lembrar de Carcinoma: Massa cervical palpável + doença óssea/renal + PTH muito elevado + Ca >14 + sintomas compressivos. Na clínica do carcinoma: • Doença renal em 90% • Doença óssea em 70% • Crise hipercalcêmica – complicação • Rouquidão em 10% CRISE HIPERCALCÊMICA É uma crise de emergência no hiperparatireoidismo. É o excesso de cálcio, e com isso, há maior passagem no glomérulo e túbulos. HIPERPARATIREOIDISMO E HIPOPARATIREOIDISMO 6 Na crise hipercalcêmica, há tanto cálcio que o túbulo contorcido proximal não consegue absorver tudo O cálcio e o sódio possuem correlação – bomba sódio/cálcio. Como o sódio permanece mais tempo no glomérulo por conta do cálcio e há mais água pela presença de sódio, o paciente apresenta hipercalciúria. Há maior excreção de água – poliúria → o que leva a polidipsia → possível desidratação, o que altera a osmolaridade no sangue, causando desorientação por alterações neuronais → sonolência → coma. Objetivo do tratamento: • Corrigir a desidratação → hidratação venosa vigorosa com soro fisiológico. • Aumentar a excreção renal de cálcio → furosemida. • Inibir a reabsorção óssea acelerada → uso de Bifosfonatos intravenosos (pamidronato e zoledronato) / denosumabe/ cinecalcet. Obs. Ter cautela no uso de Bifosfonatos EV → risco de IRA e necrose avascular de mandíbula. Fazer primeiro a hidratação e após usar a furosemida, para não piorar o quadro hemodinâmico do paciente. INVESTIGAÇÃO • Cálcio → vista hipercalcemia em exame Sempre fazer a correção do cálcio para albumina → cálcio + [0,8 x (4-albumina)]. • Fósforo / magnésio • Albumina • Fosfatase alcalina • 25-OH-VITD • Creatinina • PTH • Calciúria • RX de DMO de coluna, fêmur e rádio – 1/3 distal • USG de vias urinárias – litíase • USG de tireoide • Cintilografia de paratireoide • PAAF Obs. Pedir imagem só após diagnóstico laboratorial. Aumento de Calciúria aumenta chance de litíase renal. QUADRO CLÍNICO Assintomático • 80-90% dos casos. • O diagnóstico é dado por hipercalcemia em exame de rotina. • Geralmente não há envolvimento ósseo ou renal. • Sintomas vagos ou inespecíficos: astenia, cansaço fácil, depressão, distúrbios da memória. Forma mais frusta – HPTP normocalcêmico → PTH aumentado com cálcio normal → excluir causas secundárias. • Principais causas secundárias: insuficiência renal e deficiência ou insuficiência de vitamina D. • Corresponde a 1/3 dos incidentalomas de paratireoides (US) • Fisiopatologia pouco estabelecida → forma incipiente de HPTP clássico? Espectro da doença? Sintomática • Doença renal o Nefrolitíase em 15-20%/ perda gradativa da função renal/ nefrocalcinose. • Doença óssea o Osso cortical > trabecular → o PTH é catabólico no esqueleto apendicular e anabólico no esqueleto axial o Osteíte fibrosa cística → reabsorção óssea subperiosteal (falanges, porção distal da clavícula) → achado mais sensível e específico. o Dores ósseas o Fraqueza muscular geralmente proximal o Deformidades e comprometimento progressivo da deambulação o Osteopenia generalizada o Desmineralização em “sal e pimenta” do crânio o Tumores marrons ou esteoclastomas o Em alguns casos só diagnostica se submetido a exame de imagem, como Rx, DMO e cintilografia óssea. • Doença cardiovascular o Hipertensão o HVE 7 o Doença coronariana o Calcificações valvulares e miocárdica o Anormalidades nas funções cardíaca e vascular o Dislipidemia (HDL baixo e TG alto) • Doença psiquiátrica em até 23% o Depressão e ansiedade em 78% o Perda de memória o Dificuldadede concentração o Irritabilidade o Somatização o Distúrbios do humor e do sono • Outras manifestações o Doença ulcerosa péptica o Poliúria, polidipsia, prurido e alterações GI – hipercalcemia o Condrocalcinose com ou sem ataques agudos de pseudogota o Erosões justarticulares / gota/ baqueteamento digital (graves) DIAGNÓSTICO POR IMAGEM US DE TIREOIDE • Barato e não invasivo • Sensibilidade de 60-100% • Desvantagens: operador-dependente/ dificuldade na distinção entre adenomas paratireoideos intratireoidianos e nódulos tireoidianos TC/RM • RM com contraste – lesão de mediastino/ doença persistente após a paratireoidectomia • TC 3D/4D TRATAMENTO TRATAMENTO CONSERVADOR Realizado em casos de contraindicação ao tratamento definitivo ou em casos de HPTP normocalcêmico. Deve-se observar. • Boa hidratação • Evitar diuréticos tiazídicos/ terapia com lítio • Ingestão de cálcio de 1000 a 1200mg/dia • Vitamina D o Se <20 repor com meta de >=30, dosar o cálcio e ver se não evolui com hipercalcemia • Bifosfonatos o 70mg/semana → ganho de massa óssea na coluna lombar e no colo do fêmur/ redução dos marcadores da remodelação óssea. • Estrogênio o Aumento significativo da DMO na coluna lombar e colo femoral • Moduladores seletivos do receptor estrogênico (SERM) o Raloxifeno 60-120mg/dia → aumento na DMO o Redução na calcemia em 0m5mg/dL e dos marcadores de remodelação óssea. • Dieta hipossódica. TRATAMENTO DEFINITIVO Paratireoidectomia • Carcinoma • Nefrolitíase • Osteíte fibrosa cística • HPTP assintomático + 1 ou mais dos seguintes: o Cálcio >1 do LSN o T-escore do rádio, 1/3 distal, coluna e/ou colo femoral <2,5 o TFG <60 o Fratura de fragilidade o Hipercalciúria (>400 mg/24h) + cálculo renal rico em cálcio o < 50 anos o Acompanhamento medico que não seja possível de realizar o Desejo do paciente • Sempre dosar PTH sérico 10-15 minutos após a retirada da paratireoide anormal → uma queda de 50% ou mais do PTH é indicativo de cura. Chance de cura é de 95-98%, desde que realizada por cirurgião experiente. Cura bioquímica, melhora de DMO, redução de risco de nefrolitíase, redução de fratura e melhora na qualidade de vida. Recidiva em 2-5% → raro em paratireoidectomia total e reimplante de paratireoide em antebraço. Complicações: • Sangramento • Hipocalcemia 8 • Lesão do nervo laríngeo recorrente em 1-3% dos casos. A hipocalcemia é secundária a hipoparatireoidismo que quase sempre é transitório, Hipomagnesemia (inibe a secreção do PTH). Síndrome da fome óssea (SFO). HIPOPARATIREOIDISMO Dentre as causas do hipoparatireoidismo, temos: • Hipocalcemia • Hiperfosfatemia • PTH baixo ou inapropriadamente baixo • 1,25-OH-VITD baixa • Fosfatase alcalina normal • Destruição das paratireoides • Cirurgia o Causa mais comum o Depende da experiência do cirurgião o Sintomas ocorrem de 1 a 2 dias após o procedimento o Em 50% dos casos é transitório → edema ou hemorragia (<6 meses) • Autoimune o Isolada → 30% dos pacientes com Ac + para o receptor do sensor de cálcio o Poliglandular → 50% dos pacientes com Ac + para o receptor do sensor de cálcio (poliglandular tipo 1) ou hipoparatireoidismo + hipotireoidismo autoimune • Poliglandular autoimune o Mutações no gene AIRES o Inicio dos sintomas: 5 anos o Autossômica recessiva o Candidíase Mucocutânea (100%) + hipopara + insuficiência adrenal. • Irradiação cervical • Infiltração por metástases ou doenças sistêmicas, como sarcoidose, Amiloidose, doença de Wilson e hemocromatose • Defeitos no gene do PTH, sendo a causa mais incomum • Mutações no receptor sensível de cálcio • Agenesia de paratireoide • Hipo ou Hipermagnesemia → redução da secreção de PTH e resistência à sua ação MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Sinal de Trousseau e sinal de Chvostek → são sinais clínicos de hipocalcemia e permitem demonstrar a existência de tetania latente. O sinal de Chvostek é feito pela percussão do nervo facial, se positivo é vista uma contração dos músculos perilabiais do mesmo lado. O sinal de trousseau é feito a partir de um torniquete inflado 30 mmHg a mais que a pressão sistólica do paciente, aplicado no antebraço por 3 minutos, o sinal positivo é identificado pela precipitação do espasmo carpal. • Hipocalcemia crônica: fadiga, parestesias, tetania, dor óssea, cefaléia, IC por redução da contratilidade cardíaca. • Hipocalcemia aguda: convulsões, laringo e broncoespasmo, arritmias. • Hipercalciúria (nefrolitíase, nefrocalcinose, e perda de função renal) • Intervalo no intervalo QT → Tosardes pointes. • Hiperfosfatemia (aumento do RCV/ calcificações difusas) • Produto Ca x P aumentado • Catarata precoce • Aumento da DMO (qualidade óssea?) TRATAMENTO Hipocalcemia grave: Gluconato de cálcio → 1-2 ampolas EV em 50ml de SG50% em 20 minutos. Infusão de Gluconato de cálcio 10 FA em SF ou SG 5% - 900ml 50ml/h (50 mg/h). Manter o cálcio no limite inferior do normal – 8,5. Cálcio elementar 3-4g VO em doses divididas. Calcitriol → dose máxima de 4cmg/dia. Dosar cálcio 2x/semana após alta hospitalar → estado de equilíbrio com 1 semana de tratamento. 9 Hipoparatireoidismo crônico: Tem objetivos de: • Manter o Ca e o PO4 séricos normais. • Evitar hipercalciúria → mais de 150mg/dia. • Ca x PO4 <=55 → evitar calcifilaxia. Doses: • Citrato ou carbonato de cálcio → 1,5g Ca elementar por dia, em 2-3 tomadas. • Calcitriol → 0,125mcg a 4mcg/ dia. Dividir doses acima de 1mcg/dia. INTRODUÇÃO A osteoporose é a doença óssea mais comum em humanos, representando grande problema de saúde pública. EPIDEMIOLOGIA Cerca de 200 milhões de mulheres no mundo tem osteoporose → • 30% das mulheres na menopausa • 20% dos homens acima de 50 anos • 50% dos homens acima de 65 anos Existem cerca de 9 milhões de fraturas osteoporóticas ao ano. 1 a cada 3 segundos. • No Brasil → cerca de 10 milhões vivem com osteoporose: 33% das mulheres e 15% dos homens acima de 50 anos. • São documentadas cerca de 1,5 milhão de fraturas e 200 mil mortes. CRISE NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Menos de 1 em cada 5 mulheres recebem o diagnóstico. Menos de 1 a cada 3 mulheres recebe o tratamento, mesmo após uma fratura. Menos de 50% aderem ao tratamento por mais de 6 meses. FISIOPATOLOGIA TIPOS DE OSSOS • Cortical ou compacto • Medular ou trabecular (também chamado de esponjoso). FUNÇÕES DO OSSO • Sustentação, locomoção e proteção. • Endócrina – secreção de FGF23 → hormônio fosfatúrico. • Metabólica e reservatório de cálcio → rápida disponibilidade dos minerais para ajuste homeostático. • Remodelação óssea. CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO Célula osteoprogenitora → desenvolve-se em osteoblasto. Osteoblasto → forma o tecido ósseo E APÓS UMA FRATURA? As microfraturas levam a ativação de marcadores inflamatórios, que ativam os pré osteoclastos em osteoclastos ativos → a reabsorção óssea então começa a acontecer → os osteoclastos então liberam outras citocinas, que fazem com que as células mononucleares e os pré osteoblastos tomem conta do local, produzindo matriz óssea → após a formação da matriz óssea pelos osteoblastos, eles se infiltram e formam osteócitos → mineralização. OSTEOPOROSE 10 O tempo para entrada dos osteoblastos e formação da matriz óssea é de 3 semanas (geralmente o tempo que o paciente fica com o gesso quando tem uma fratura). Após isso, são mais 3 meses para a mineralização completa. SISTEMA OPG/RANK Sistema osteoprotegerina e rank-ligante. A célula amarela e azul é o osteoblasto. O osteoblasto produz o RANKL (RANK-ligante) → este se liga ao RANK presente no osteoclasto e aumentar a reabsorção óssea. O osteoblasto produztambém osteoprotegerina ou OPG, que inibe a reabsorção óssea. Os estrógenos levam a produção de OPG pelo osteoblasto e consequentemente, maior proteção óssea, por isso a mulher no primeiro ano de menopausa tende a perder 10% da massa óssea. Além disso, os estrógenos inibem a produção do RANKL. Tendo isso em vista, uma mulher sem contra indicação, com câncer de mama e ovário, deve fazer a terapia de reposição hormonal – TRH. Corticoides, vitamina D, PTH e PTH-rP são ativadores da produção de RANKL pelo osteoblasto, aumentando assim a reabsorção óssea. CONCEITOS A osteoporose é caracterizada por baixa massa óssea, deterioração do tecido ósseo e distorção da arquitetura óssea, comprometendo a resistência óssea e aumentando o risco de fraturas. É uma doença sistêmica e orgânica, sendo dividida em osteoporose primária e secundária. Osteoporose primária → idiopática / pós menopausa / senil. Osteoporose secundária → decorrente de outras doenças ou medicações. CAUSAS DE OSTEOPOROSE SECUNDÁRIA FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS • História pessoal de fratura • História de tratamento em paciente de primeiro grau • Gênero feminino • Idade avançada • Brancos • Demência MODIFICÁVEIS • Tabagismo atual • Deficiência de estrogênio • Má nutrição/fragilidade • Etilismo • Quedas recorrentes/ sedentarismo MASSA ÓSSEA E IDADE É tido que a massa óssea tende a diminuir de acordo com que o indivíduo envelhece. Até os 30 anos atingimos o pico de massa óssea. Fatores como o sexo, prática de esporte, alimentação, fatores genéticos e sistema endócrino influem. AVALIAÇÃO DE RISCO 11 Todas as mulheres pós menopausa e homens com idade >= a 50 anos devem ser avaliados para o risco de osteoporose, analisando BMD e/ou imagem vertebral. Osteoporose tem prevenção e tratamento, mas devido à ausência de sinais de alarme antecedentes a fraturas, muitas pessoas não são diagnosticadas em tempo de receberem uma terapia efetiva durante a fase precoce da doença. Muitos fatores estão associados com o aumento do risco de fratura relacionada a osteoporose. Como a maioria das fraturas relacionadas à osteoporose resultam de quedas, é importante a avaliação do risco. Os fatores mais importantes são história pessoal de queda, fraqueza muscular, medicamento, desequilíbrio e déficit visual. AVALIAÇÃO CLÍNICA Sempre medir a altura do paciente - anualmente → com o tempo, o paciente tende a diminuir, principalmente os sedentários. Se o paciente vem perdendo altura, sempre pensar em fratura de coluna. Avaliar causas secundárias → a partir de exames: cálcio da urina de 24h. considerar nos seguintes pacientes: • Hemograma • Níveis de cálcio • Vitamina D • PTH • Eletroforese de proteínas séricas • Etc... DIAGNÓSTICO O diagnóstico de osteoporose é estabelecido a partir da mensuração do BMD ou pela ocorrência de fratura de quadril ou fratura vertebral na ausência de trauma importante. Ou seja, clínico nas fraturas de fragilidade ou por densitometria óssea, pelos scores Z ou T. Densitometria mineral óssea do quadril e da coluna é a tecnologia utilizada para estabelecer ou confirmar o diagnóstico de osteoporose, predizer o risco de fratura e monitorar os pacientes. Z-SCORE Compara com a população de idade, gênero e etnia semelhantes. Usado em mulheres antes da menopausa e homens abaixo de 50 anos. T-SCORE Compara com adulto jovem do mesmo gênero. Usado em mulheres em menopausa e homens acima de 50 anos. INDICAÇÕES DE DENSITOMETRIA ÓSSEA • Mulheres >65 anos e homens >70 anos • Mulheres pós menopausa • Homens <70 em uma das seguintes situações: o Baixo peso o Fratura de fragilidade prévia o Uso de medicamentos de alto risco para perda de massa óssea • Mulheres em transição menopausal com fatores de risco para fratura • Adultos de qualquer idade e sexo com: o Fraturas de fragilidade o Doença ou condição que cause perda de massa óssea o Uso de medicamentos associados a perda de massa óssea • Qualquer indivíduo sendo considerado para iniciar a terapia farmacológica para osteoporose. • Qualquer indivíduo em tratamento para osteoporose, afim de monitorar a resposta. • Mulheres que descontinuam a terapia estrogênica. BMD E CLASSIFICAÇÃO Z-Score: Usado em mulheres antes da menopausa e homens abaixo de 50 anos. Z-Score <= a -2,0 → abaixo do esperado para a idade Z-Score > -2,0 → esperado para a idade Ou seja, com o Z-Score, não se diz que a pessoa tem osteoporose. 12 CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO – OMS Normal → T-Score >= -1,0. Osteopenia → T-Score entre -1,0 e -2,5. Osteoporose → T-Score <= -2,5. Osteoporose estabelecida → T-Score <= -2,5 + presença de fratura por trauma de baixo impacto. EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA USO DO FRAX É um score pensado para calcular o risco de uma pessoa sofrer fratura de quadril em 10 anos, além de probabilidade de fratura maior em 10 anos (fratura vertebral, antebraço ou úmero proximal). Os países tem seus FRAX próprio, inclusive o Brasil. Pacientes com osteoporose não precisam calcular, mas o paciente com osteopenia sim. Utilizando BMD colo do fêmur e fatores clínicos • FRAX é mais útil para os pacientes com baixa BMD colo do fêmur. (pacientes com baixa BMD em coluna, mas BMD relativamente normal no colo do fêmur pode subestimar o risco de fraturas). APLICAÇÃO DO FRAX FRAX é destinado a mulheres pós menopausa e homens como >=50 anos. Não tem validade para pacientes em tratamento ou com tratamento prévio com farmacoterapia para osteoporose. Pode ser calculado utilizando o total ou o colo do fêmur → quando disponível, colo do fêmur é preferível. • Fratura maior por osteoporose > 20 e fratura de quadril > 3 → precisa tratar. MARCADORES BIOQUÍMICOS DE TURNOVER ÓSSEO Turnover ósseo ocorre durante a vida para reparar danos e microfraturas no osso e para manter a homeostase mineral. Marcadores de reabsorção óssea: • C-telopeptídeo (CTX) • N-telopeptídeo (NTX) Marcadores de formação óssea: • Fosfatase alcalina óssea específica • Osteocalcina • Pró-peptídeo amino terminal do pró- colágeno tipo I (PINP) TRATAMENTO • Otimizar ingesta de cálcio e nível sérico de vitamina D. • Atividade física • Desaconselhar tabagismo, etilismo e fatores de risco adicionais. 13 • Orientar medidas para reduzir o risco de quedas. • Terapias antirreabsortivas ou que estimulem a formação óssea. CÁLCIO • Via alimentar preferencialmente • Suplementação acompanhada de dosagens de cálcio, PTH e Calciúria 24h. • Dieta hipossódica → diminuir a perda de cálcio renal. • 1.300mg/dia → 9-18 anos, gravidez e lactação. • 1.200mg/dia → mulheres pós menopausa (>50 anos) e idosos >70 anos. • 1000mg/dia → adultos até 70 anos. Opções: • Carbonato de cálcio: 40% de cálcio elementar: deve ser ingerido com as refeições e não ultrapassar 1g em cada tomada. • Citrato de cálcio: 21% de cálcio elementar, pode ser tomado em qualquer horário. VITAMINA D Manter os níveis séricos acima de 30ng/ml Necessidade diária basal de 800-1000UI Hiperparatireoidismo secundário à deficiência de vitamina D → 50mil UI/semana por 4-8 semanas, depois manutenção de 1-2mil UI/dia. Formas de apresentação: • Gotas (200UI/gota ou 500UI/gota) • Comprimidos (1000, 2000, 5000, 7000 ou 50000 UI) • Cápsulas INDICAÇÕES PARA O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO • Fratura por fragilidade, independente do T- Score. • T-Score <= -2,5 em coluna, fêmur total ou colo do fêmur. • T-Score entre-1,0 e -2,5, de acordo com o algoritmo FRAX, o risco de fraturas em 10 anos encontrar-se acima de 3% no quadril ou acima de 20% em qualquer sítio. Pelo consenso brasileiro de osteoporose: • Mulheres com osteoporose na pós menopausa, com fraturas traumáticas e/ou T-Score <=-2,5 • Mulheres com DMO baixa limrofe (T-Score <= -1,5) na presença de fatores de risco • Mulheres em quem medidas preventivas não farmacológicas não são efetivas → perda óssea persistente ou fraturas traumáticas. BIFOSFONATOS • Absorção muito pequena (<1%): intestino proximal. • Ingerida sempre em jejum, com água e 30- 60 minutos antes de se alimentar ou de tomar outros medicamentos. • Após ingestão: posição ortostática → evitar refluxo/ esofagite. • Causam redução da reabsorção óssea e apontoes de osteoclasto • Apresentações comerciais: o Aledronato → mais antigo → bom para fratura de colo do fêmur e coluna. o Ibandronato → não protege de fratura no colo do fêmur. o Risendronato o Pamidronato – IV → mais utilizado em emergências. o Zoledronato → anual EV. Não pode ser feito no clearence de creatinina muito baixo. Sua principal contraindicação é DRGE por piorar quadros de esofagite. ESTROGÊNICOS TRH não deve ser indicada com o intuito de tratar osteoporose. RALOXIFENO • Modulador seletivo dos receptores de estrógenos • Agrava sintomas climatéricos// melhora massa óssea • Não demonstrou reduzir fraturas de quadril, apenas de coluna • 60mg/dia em qualquer horário ESTRÔNCIO • Calcimimético → ação análoga e antirreabsortiva 14 • Protege contra fraturas de fêmur e coluna • Sachê para dissolver em água 1x/dia; 2h/após jantar. 2g/dia. • CL: CLCR <30 ml/min; pacientes imobilizados e alto risco de TEV, DAC, DAOP, HAS mal controlada PARATORMÔNIO RECOMBINANTE • Doses baixas e intermitentes • Teriparatida 20mcg SC 1x/dia • CL: hiperpara/ osteosarcoma/ DRC grave / Paget • Indicado em osteoporose grave: >2 fraturas vertebrais e sem resposta aos Bifosfonatos. DENOSUMAB • Anticorpo monoclonal humano IgG2, bloqueador do RANKL • 60mg SC a cada 6 meses • Indicações: falha, intolerância ou CI aos Bifosfonatos. • CI: imunossupressão e alto risco de infecções. PREVENÇÃO MEDICAMENTOSA DA OSTEOPOROSE • Corticoterapia sistêmica prolongada (>5mg/dia por >3 meses) • Mulheres após 5-7 anos de menopausa com fatores de risco • Transplantados • Algumas indicações após AVC com sequela motora.