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Caso 1 Uma paciente de 16 anos iniciou há 48 horas perda de apetite (hiporexia), dor epigástrica leve e difusa, náuseas e mal-estar geral. Evoluiu com piora nas últimas 24 horas com febre (38,5°C) e dor abdominal de forte intensidade, que se localizou no quadrante inferior direito. Em decorrência dos sintomas foi levada ao hospital, onde foi avaliada pela equipe médica. O exame físico demonstrou dor forte à palpação do abdômen, principalmente na fossa ilíaca direita, que apresentava rigidez na parede abdominal (abdômen em tábua) no quadrante inferior direito e que piorava com a descompressão brusca (descompressão dolorosa), bem como, dor com a extensão da coxa direita, caracterizando um quadro de irritação peritoneal. Foi solicitado exames laboratoriais de sangue (hemograma) e urina (EAS = Elementos Anormais de Sedimentação), que demonstraram alterações compatíveis com um processo infeccioso agudo. Foi realizado também uma tomografia computadorizada (TC) de abdômen, que evidenciou espessamento da parede e distensão do apêndice, associada a grande massa inflamatória na fossa ilíaca direita, de limites imprecisos determinada pelo bloqueio feito pelo grande omento e líquido na região (pus), caracterizando uma peritonite aguda com perfuração do apêndice associada a peritonite. Foi indicado e realizado cirurgia, com boa evolução pós-operatória. Com base nas informações do caso e conceitos anatômicos adquiridos, discuta e responda as perguntas formuladas: ● 1ª) Qual a relação da dor e rigidez da parede abdominal na fossa ilíaca direita com o peritônio ? - Distribuição atípica da dor, a inervação do apêndice não é vasta e vem do plexo celíaco e esplênico, por isso a dor mais comum à apendicite é epigástrica e periumbilical. Proliferação bacteriana, processo inflamatório e distensão, deste modo o apêndice compromete à parede abdominal, por um processo inflamatório/ irritativo, o que reflete na musculatura abdominal. - Apêndice é revestido de peritônio visceral e a distensão do apêndice causa a dor visceral. - O elemento inflamatório liberado por ele, infiltra na parede do peritônio parietal., causando irritação. - A base do apêndice está no local de fusão das 3 tênia coli. ● 2ª) Justifique dentre as funções e características anatômicas do peritônio, a massa inflamatória presente na fossa ilíaca direita feita pelo grande omento e a febre que acometeu a paciente ? - Há uma possibilidade de ataxia, característica do grande omento pela maior mobilidade que ele tem. Vai migrando e bloqueia, a fim de impedir que as bactérias e o pus se espalhem pela cavidade peritoneal. - A febre se dá como resposta ao processo inflamatório de apendicite, já que o peritônio está absorvendo/ infiltrando toxinas, células inflamatórias da região do apêndice, através do líquido peritoneal (o qual ele absorve e produz) e assim cai mais rápido na circulação. ● 3ª) Porque no início da sintomatologia a dor era no epigástrio e de forma difusa, não localizada em um ponto específico ? - A inervação do apêndice não é vasta e vem do plexo celíaco e esplênico, por isso a dor mais comum à apendicite é epigástrica e periumbilical. - Apêndice é revestido de peritônio visceral e a distensão do apêndice causa a dor visceral. ● 4ª) Supondo hipoteticamente que durante a cirurgia a menina estivesse acordada e consciente e o cirurgião de forma imprudente deixasse o bisturi cair e cortasse a superfície do fígado, que é um órgão coberto por peritônio visceral, a paciente sentiria dor decorrente do corte no fígado ? Resposta fundamentada. - Não, pois o peritônio visceral é sensível à tração e distensão. - Não quer dizer que não vai sangrar, pois é irritante. ● 5ª) Caso surgisse uma coleção purulenta decorrente da apendicite na região sub-hepática, qual seria a justificativa anatômica para o surgimento dessa coleção em uma região anatômica relativamente distante da região de origem do processo original ? - Devido à trajetória do recesso parietocólico (uma escavação/fossa). Então pode migrar líquido/ secreção por ele e colonizar outros locais. - Caso o paciente ficasse só sentado, isso poderia acontecer também, devido à pressão negativa do diafragma, pois aumenta a pressão intraabdominal. OBS: Ponto de McBurney exame semiológico que determina a localização do apêndice Sinal do psoas Fisiopatologia Apendicite: PROCESSO DE OCORRÊNCIA: Obstrução do lúmen Oclusão em alça fechada Continuação de secreção mucosa Aumento das pressões intramural e intraluminal Distensão do apêndice Estimulação das fibras aferentes viscerais Dor difusa, vaga, periumbilical. Cirurgia: Incisão De Mc burney ou laparotomia. Caso 2: LCR, 60 anos, masculino, obeso. QP: “Dor na barriga” HDA: Começou a apresentar quadro de dor tipo cólica, de intensidade moderada, intermitente em região do hipocôndrio direito, há aproximadamente 9 meses. Eventualmente, referiu que a dor se irradiava para o ombro. Notou que o primeiro episódio ocorreu horas após a feijoada de final de ano da firma. Após repetidos episódios de dor com resolução espontânea procurou atendimento médico ambulatorial. EF: Abdome globoso, sem sinais de distensão ou irritação peritoneal. Dor à palpação profunda do hipocôndrio direito (sinal de Murphy positivo). Sem visceromegalias ou alterações vasculares cutâneas. Solicitado ultrassom abdominal total Indicada a cirurgia Com base na história e na topografia dos sinais, qual órgão ou órgãos deve(m) estar (em) acometidos e por quê? - Fígado e vesícula biliar. - Cálculo biliar Por que a cólica? Por que a dor irradiava para o ombro? Sugira o motivo da indicação cirúrgica. - Cirurgia: Colecistectomia NÃO ACEITOU SER OPERADO ELETIVAMENTE! 2º ATENDIMENTO QP: “Dor forte na barriga” HDA: Procurou o departamento de emergência com intensa dor em andar superior do abdome, associada a náuseas e vômitos, com início a algumas horas. Na chegada, encontrava-se afebril; anictérico, porém com fácies de dor; temperatura 36,9ºC; ausculta pulmonar e cardíaca normais; abdome plano, flácido, doloroso à palpação em todo andar superior, sem visceromegalias, sem massas palpáveis. Foi realizado uma ultrassonografia (USG) à beira-leito. Exame de sangue: Leucocitose Aceitou o tratamento cirúrgico. Caso 3: Paciente com 68 anos, marceneiro, tabagista de longa data e etilista crônico, iniciou há aproximadamente 5 meses quadro de aumento progressivo leve do abdômen, plenitude pós prandial e dispepsia (indigestão). Procurou o posto de saúde do bairro, sendo medicado com bromoprida e liberado. Evoluiu nos meses seguintes com piora clínica apresentando icterícia, aumento moderado do abdômen, pirose, emagrecimento, astenia e presença de veias na parede abdominal. Numa manhã apresentou quadro súbito de hematêmese (hemorragia digestiva alta) em grande vulto e hipotensão arterial, sendo levado para o hospital de emergência mais próximo, onde você encontrava-se de plantão e de imediato instituiu o tratamento necessário de suporte. Após cessado a hemorragia e estabilizado clinicamente, você solicitou exames complementares que evidenciaram anemia, aumento de bilirrubinas séricas e hipoproteinemia e ultrassonografia abdominal demonstrou presença de ascite. Diante dessas informações, analise o caso Por que o paciente apresentou aumento do volume e veias na parede abdominal ? Cirrose hepática- aumento de bilirubina Quais os motivos para as alterações laboratoriais ? Qual a justificativa anatômica para o quadro de hemorragia digestiva alta ?
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