Buscar

Comentário do capitulo nove da obra A independencia Brasielira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

COMENTÁRIO DO CAPÍTULO “MURALHAS DA INDEPENDENCIA E LIBERDADE DO BRASIL: A PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS LUTAS POLÍTICAS (BAHIA, 1820-25).
Luana Teixeira Barros- UESB
sevenlua@outlook.com
KRAAY, Hendrik. Muralhas da independência e liberdade do Brasil: a participação popular nas lutas políticas (Bahia, 1820-25), p. 303-341. In________. (Org) MALERB, Jurandir. A Independência Brasileira. Novas Dimensões. Rio de Janeiro, 2006. 
	Hendrik Kraay inicia seu texto abordando algumas questões de âmbito social, no que tange a década de 20 do século XIX. Entre essas se encontram figuras como José Vicente de Santana, um baiano que estava na condição de secretário do dito embaixador africano, Manoel Alvarez Lima, além desses há o médico baiano José Lino Coutinho que dar-se conta do desaparecimento de dois dos seus escravos, Francisco Anastásio e João Gualberto, e ao saber que esses se alistaram na guerra de expulsão dos portugueses, liberta-os e aceita valor da compensação da alforria. (p. 303-305).
	O autor pretende, com esses fatos, levar ao leitor a reflexão acerca da participação popular pouco trabalhada na historiografia e de que se sabe muito pouco, mas que é existente e considerável. Afinal, o processo de Independência não se resume ao Grito as margens do Ipiranga, muito menos a figura de D. Pedro I. Segundo Kraay “interpretar a independência como resultado de uma crise estrutural do antigo sistema colonial deixa pouca margem para a atuação de pessoas”. (p. 306-308).
	No que tange a participação dos grupos sociais, principalmente escravos, libertos, livres pardos e negros, o que João José Reis chama de “partido negro”, para Kraay não há, para além da condição jurídica heterogênea, uma unidade ideológica, a forma e o pensamento de resistência eram diferentes entre si. (p. 308-310).
A política, 1817-22
	Kraay desenvolve nesse tópico os conflitos políticos na Bahia, restringindo sua análise a capital Salvador. Desenvolve a importância das forças armadas, e da inserção das camadas socialmente menos aceitas na formação de milícias, visto que, até 1812, os soldados admitidos eram apenas homens adultos de epiderme clara e, em casos escassos, pardos. Com a expansão da milícia, houve essa inserção das classes mais baixas, porém com uma forte segregação. O serviço militar, a partir do movimento constitucional, passou a se aproximar de um sentimento de defesa da pátria, com casos de pessoas que até se alistavam voluntariamente. Tais alistamentos patrióticos eram influenciados principalmente pelo Brigadeiro Freitas Guimarães, tenente-coronel e comandante da guarnição, que possuía um caráter muito populista e incentivava a defesa da nação e a expulsão dos portugueses. Isso acontece de forma mais notória em 1822, em que a divisão entre portugueses e brasileiros se torna mais clara e as camadas populares mais ativas, embora tal conflito tenha levado instabilidade a capital baiana. (p. 310-316).
A guerra, 1822/23
	O autor entende o período de 1822 à 1823 como complexo, com particularidades e aspectos heterógenos, visto que se trata de uma guerra com diversos interesse e oposições, formação de uma identidade, concepções antiportugesa e patriotista, liberdade reivindicada pelas classes de cor, sem falar no aspecto político e nas divisões partidárias, da qual as revoltas e movimentos na Bahia não foram isentos. Uma dessas manifestações foi a revolta escrava que se origina principalmente depois da instauração do modelo constitucional e da proclamação da independência, em que os negros escravizados viam a esperança e ansiavam pelo direito à liberdade, pela abolição, pela oportunidade de desempenhar serviços púbicos, o que só era reforçado com o recrutamento desses pela milícia. Outra questão popular citada pelo autor é a participação da mulher na guerra, dando o exemplo de Maria Quitéria que se vestiu de homem para lutar e se tornou uma figura importante e, em suas palavras, uma celebridade. (p. 316-322).
A derrota, 1823-25
	Nesse tópico Kraay desenvolve o período em que as manifestações populares são contidas por meio da violência e por outros fatores internos, como a própria hetereogeniedade entre as classes. Percebe-se nesse período de 1823-1825 uma presença maior de soldados-escravos, visto que, com o final da guerra, os alistados que desempenhavam um papel fora da guerra voltaram as suas vidas cotidianas, enquanto os escravos e provocaram uma mobilização, resultando em fugas e no bandidismo e, consequentemente na desordem e na indisciplina social. Um questão a ser refletida é o motivo dessa agitação dos não-livres, pois esses enxergavam naquele momento a possibilidade de alcançarem a liberdade. Entretanto, tais atitudes não passaram impunes, o coronel responsável pelos soldados, Felisberto Gomes Caldeira, foi aconselhado a castigar os indisciplinados. É abordado ainda o Batalhão dos Periquitos, que possuíam o maior numero de ex escravos e de classes diversas e que fez parte de uma das revoltas consideráveis desse período, caracterizada não só pelo seu aspecto militar, visto que era um embate entre batalhões, mas também uma questão fundamentalmente social, já que esses batalhões eram divididos caracterizados pela cor do indivíduo: brancos e pardos (batalhão 1° e 2°) , negros e mulatos (batalhão 3° e 4°). Tal revolta terminou com a derrota dos Periquitos, mediante a falta de apoio da milícia e de uma unidade política e de ideias. Os soldados revoltosos derrotados foram expulsos da província baiana, com destino a Pernambuco, a marinha e a Montevidéu, no Sul do Brasil. (p. 322-330).
 Lembrando, 1827 e 1836
	Kraay desenvolve o pensamento sobre o dia 2 de julho na Bahia, em que, a um primeiro momento, nos anos que sucederam 1823, eram realizados apenas rituais cívicos, mas que passou posteriormente a ser considerado um verdadeiro dia para se comemorar a festa nacional, a vitória brasileira sobre os portugueses, por meio dos revolucionários, dos soldados patriotas, da milícia que, em sua boa parte, era composta por negros e mulatos, os chamados “homens de cor”, visto pela imprensa como indivíduos que desempenharam uma papel fundamental na guerra. (p. 331-334).
Conclusão: da província à capital
	O autor conclui apresentando essa mobilidade dos soldados negros do ponto de vista social, que é pouco abordada no que tange os estudos a independência brasileira. Segundo ele “Os escravos lutavam pela liberdade; os livres pobres viam a expulsão dos portugueses como um primeiro passo para conseguirem algum controle sobre suas vidas.” Percebe-se, dessa forma, que a história é construída em um berço social, e não apenas em “grandes datas” e em “grandes nomes”. (p. 334-336).

Outros materiais