Buscar

Comentário sobre O nascimento político do Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

COMENTÁRIO DA OBRA O “NASCIMENTO POLÍTICO” DO BRASIL: AS ORIGENS DO ESTADO E DA NAÇÃO (1808-1825).
Luana Teixeira Barros-UESB
sevenlua@outlook.com
SLEMIAN, A. PIMENTA, J. P.G. O “nascimento político” do Brasil: as origens do Estado e da nação (1808-1825). DP&A Editora. Rio de Janeiro, 2003.
Introdução
Um grande marco a respeito do “Descobrimento do Brasil” é a carta de Pero Vaz de Caminha vista, muitas vezes, como um documento oficial de “nascimento” do Brasil. Tal concepção sobre o “descobrimento” é simplista e infiel ao processo histórico, visto que negar a existência de um Brasil antes dos portugueses é negar a história de povos que já habitavam essas terras, denominados, pela visão europeia, de índios. Atribuir a data 1500 ao nascimento do Brasil ou a 7 de setembro de 1822 como verdadeira fundação brasileira, ao se tornar “independente”, é um caminho para minimizar e fragmentar os fatos históricos, evitando a complexidade existente no processo de espaço e tempo históricos. Segundo Pimenta e Slemian (2003), há, nesse contexto de chegada dos portugueses ao Brasil, uma visão distorcida, com o objetivo de “facilitar” o entendimento da população e que foi desenvolvida em traços e contornos mais ou menos formados a partir do século XIX, com total influência da realidade estabelecida até então, em seus aspectos políticos, sociais, culturais e ideológicos. O “Descobrimento do Brasil”, dessa forma, é muito mais complexo, amplo, com questões estruturais e conjunturais, para além de uma data em negrito. (p. 7-9).
Os autores chamam atenção, a respeito da origem de Nação e Estado brasileiros, para uma perspectiva fundamentalmente política, ou seja, por mais que haja diversos aspectos que contextualizam esse processo histórico, a questão política se destaca na abordagem e no aprofundamento crítico traçado pelos pesquisadores que tem o “nascimento político” do Brasil como objeto de estudo. (p. 9-11).
Para compreensão desse recorte temporal, Slemian e Pimenta procuram situar o leitor e apresentar as influências oriundas da conquista e colonização portuguesa, como a hierarquização de poderes enquanto mecanismo de administração da metrópole sobre a colônia. Entretanto, ao longo do tempo, foi necessário à Portugal fazer reformas que possibilitassem um maior controle da exploração colonial, em termos de administração, economia, militarização e fiscalização. O que não foram suficientes para manter o sistema de exploração estável, sendo isso perceptível ao final do século XVIII, com as revoltas e início do século XIX, no qual Portugal deixa de ser a única metrópole a tirar recursos do Brasil. Percebe-se, portanto, o surgimento de movimentos ditos brasileiros, o que possibilitou muito provavelmente o nascimento de uma Nação e de um Estado para além de Portugal. Não mais em gestação, o que se entende por Brasil é formado a partir do século XIX. (p. 11-13).
Capítulo 1: A debilidade portuguesa e a transferência da Família Real para o Brasil.
	A vinda da corte portuguesa para o Brasil, segundo Slemian e Pimenta, não foi por mero acaso, já que a França estava investindo militarmente contra Portugal e, consequentemente, contra o poder real da corte. (p. 15-18). 
A instalação da Corte Portuguesa no Brasil foi um pouco perturbada, pois o Rio de Janeiro, bem como qualquer outro centro urbano, não tinha estrutura física para receber uma Família Real e toda sua companhia, acostumados com a comodidade e sofisticação do palácio português. Dessa forma, há um desenvolvimento e construção de edifícios voltados pata desenvolvimento urbano e para uma formação dita “intelectual”, com a construção da Biblioteca Real e do contato com a arte francesa, além disso é fundado a Academia militar, Marinha e um sistema de comunicação por vias terrestres e marítimas que ligasse os demais pontos importantes à capital da colônia, fortalecendo, assim, o poder e a influência do Rio de Janeiro. (p. 18-21).
A fim de tornar de conhecimento geral toda e qualquer decisão oficiais da administração geral, foi criado em 1808 a Imprensa Régia e, com ela, surge alguns jornais de importantes. É importante ressaltar, no entanto, os outros interesses do governo para além da questão administrativa, assim como os mecanismos para mostrar ao povo a sua presença, seja por meio de bustos, cerimonias e demais ações, o Estado português no Brasil procurou impor esse sentimento de presença, poder e controle sobre a população. Não bastava apenas governar, era necessário a construção de uma justificativa e de uma legitimação para desenvolver no povo o sentimento de compromisso e fidelidade para com o governo e seu monarca. (p. 21).
Slemian e Pimenta ressaltam, no que tange A América portuguesa face à América espanhola, a tentativa de o governo português deixar desconhecido os movimentos que se desenrolaram em meados do século XVIII e início do século XIX nas regiões colonizadas pela Espanha. Nesses movimentos, o povo “ganha voz” e se tornam protagonistas, o que era um perigo para a monarquia portuguesa, visto que o Império português estava passando por inúmeras complicações em sua administração colonial o que se tornaria catastrófico com o desenvolvimento de revolta popular. Assim, nesse contexto de crise do governo português, houve uma tentativa de tonar esse poder mais amplo com a linhagem de Carlota Joaquina, visto que essa era uma das herdeiras do trono espanhol. A respeito disso, os autores dizem que “o projeto carlotista foi, na verdade, uma das alternativas políticas que se abriram no panorama de grave crise sentida igualmente pelos Impérios ibéricos”, ou seja, há nesse momento uma crise também de legitimidade do poder e da autoridade monárquica. Houve diversas investidas da coroa portuguesa para, ao mínimo, manter o controle sobre o Império, sendo essas, entretanto, dificultas e falhas. (p. 22-27). 
Os autores chamam atenção sobre não generalizar a vinda da corte para o Brasil e da abertura dos portos comerciais brasileiros, com a entrada de demais potências (Carta Régia de 28 de janeiro de 1808), como um enfraquecimento e “morte” do Império português. As ações citadas fora, senão, uma manobra para “preservação da Integridade do Império”. Além disso, não há um protagonismo total da Grã-Bretanha no que tange a desestruturalização hegemônica de Portugal sobre a colônia, demais nações também se relacionava com o Brasil, como a França e Hamburgo. (p. 27-28).
*Dúvidas a respeito do conteúdo tratado nas páginas 29, 30 e 31. 
Por mais que a Grã-Bretanha desenvolvesse uma forte influência sobre o Império português, algumas decisões dentro dessa aliança aconteciam de forma divergente. Um exemplo é o tráfico africano de escravos, no qual os britânicos exigiam a sua abolição, o que não era, entretanto, uma decisão desfavorável para Portugal. Mesmo com a proibição desse comércio escravista por uma determinada faixa de território (1815), Portugal contorna o acordo firmado e mantém o comércio de escravos por uma rota fora do limite imposto no tratado, o que levou a um aumento do tráfico para o Brasil. (p. 32).
*Por que a Grã-Bretanha tinha interesse em abolir o tráfico de escravos?
Uma outra questão importante, ressaltada por Slemian e Pimenta, é as contradições ocorridas em meio a crise das duas primeiras décadas do século XIX. Como já foi citado, a Imprensa régia desenvolvia um papel fundamental de aproximação da corte com a população, uma forma de marcar a presença monárquica portuguesa justificando-a e legitimando-a. Entretanto, instigava a população uma discussão política, fora do controle monárquico, que levaria a um aprofundamento da crise em novos âmbitos. (p. 33-37).
 Portugal nomeia o Brasil como Reino Unido a Portugal e Algarves em 1815, o que oficializava a importância do território brasileiro e descontrói essa submissão de colônia para com a metrópole. Entretanto, com o fim dos conflitos peninsulares, há um questionamento dos portugueses, em Portugal, sobre a ausência da corte em seu território primordial, sua casa. Os autores descrevem sobre uma americanizaçãoda corte portuguesa e, nesse sentido, o advento da formação de uma identidade brasileira, mais no sentido territorial do que político. (p. 37-42).
A respeito da Revolução Pernambucana 1817, os autores falam em uma busca por autonomia, ou seja, ter um governo próprio no interior da província o que não significa reivindicar a separação do Reino Unido. O que os movimentos reformistas mais pautavam era no desejo por mudanças que abrangiam o cotidiano, o que atingia diretamente na realidade social da população. Esses movimentos, entretanto, era visto pela corte portuguesa como uma afronta a sua soberania real. (p. 42-47).
Capítulo 2: Revolução no Império português: o movimento vintista e a construção da independência do Brasil.
	No que tange a década de 20 do século XIX, em Portugal, os autores explicam que “o movimento nascia como constitucional e, portanto para a época, como revolucionário”. Há uma tentativa de descontruir o absolutismo monárquico e instaurar um governo com leis que desses conta da realidade histórica do período, por meio de cortes que representassem, de certa forma, os interesses da população, o que resultava em um resgate do sentimento de nacionalidade portuguesa. Em 26 de fevereiro de 1821 foi instalada as “Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação portuguesa”. (p. 49-53).
	Esse movimento revolucionário chegou ao Brasil com a adaptação do constitucionalismo, a formação da primeira Junta Provisória do governo do Brasil, que se sucedeu no Pará, e a substituição nominal de capitanias por províncias. Entretanto, não pode descrever tal período como pacífico, ocorreram divergências entre os grupos ligada a instalação do novo regime que, quando instalado, não ficou isento de conflitos em seu interior. (p. 53-55).
	No caso da Bahia, segundo território a aderir o governo constitucional, os mecanismos ideológicos formam os mesmos utilizados pelo movimento paraense, mas, pare além disso, houve interesses político por parte dos grupos locais na tentativa de se aproximarem do poder contido na sede do Governo geral do Brasil. (p. 55-56).
	Dom João VI foi pressionado por Portugal para que houvesse um reconhecimento do novo modelo de governo constitucional e que, juntamente com a família real, partisse para Lisboa a fim de atender as demandas do seu reino, deixando seu filho D. Pedro I como regente do território brasileiro. Nesse mesmo período de 1821 à início de 1822, outras juntas se formaram em paralelo ao movimento constitucional, no Rio de Janeiro, Goiás (24 de abril de 1821), Rio Grande do Sul (22 de fevereiro de 1822), Pernambuco (outubro de 1821), Maranhão (abril de 1821), São Paulo (24 de março de 1821), Minas gerais (junho de 1821)e outras províncias, umas sendo mais resistentes ao movimento do que outras. Há, nesse momento, uma revolução constitucionalista que influência não só na forma de governo provincial, como também no sentimento de anseio e esperança da liberdade pelos escravos, por parte de alguns. A diversidade política e administrativa do modelo português se apresenta nesse momento, portanto, em suas contradições e consequências. (p. 56-64). 
	A Província de Cisplatina foi alvo de grandes disputas devido a sua localização enquanto ponto-chave para rotas comerciais. Em 18 de Julho de 1821 o domínio dessa província passa a ser dividido entre “a região oriental do rio Uruguai a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Entretanto, com o declínio colonial da colonização espanhola sobre a América, surgimento de movimentos com novas formas de governo, esse domínio do Província Cisplatina vai ser mais que disputado, prologando-se até 1828. (p.64-68). 
	Sobre a imprensa, com a suspensão da censura prévia, houve um aumento considerável tanto nas publicações quanto no próprio interesse da população por lê-las, visto que os assuntos ali tratados eram geralmente de interesse da população, pois defendiam essa quebra de concentração do poder nas elites e no monarca, criticavam o modelo de governo sugerindo novas formas políticas e administrativas. A imprensa, nesse sentido, era um mecanismo de expor as insatisfações da população por meio dos publicitas e periodistas que, ao utilizarem dessa liberdade de forma que atingisse a imagem do governo, sofreram perseguições e chegaram a ser presos. Mas a grande contribuição da imprensa foi, sem dúvidas, estimular o pensamento e as opiniões críticas da população em relação ao que estava se passando, o que influenciou em posicionamentos e reações políticas mais a frente. (p. 68-73).
	O processo de Independência no Brasil, segundo Slemian e Pimenta, está envolto por questões de interesses e conflitos políticos, administrativos e econômicos entre a monarquia de Portugal, sua corte e deputados e, de outro lado, os representantes políticos do Brasil que, com o movimento constitucional, passaram a ter mais influência nas decisões referentes ao seu próprio território. Tais divergências ficaram explicitas na reunião desse corpo representativo das províncias com as autoridades portuguesas em Lisboa. (p. 73-76).
 Entre as questões debatidas estava a permanência de D. Pedro I no Brasil, pressionando de um lado pela corte portuguesa a retornar a Lisboa e, de outro, pelos grupos brasileiros, sendo alguns desses influentes no comércio, interessados na permanecia do príncipe regente no território brasileiro. Essa disputa irá desencadear no chamado “Dia do Fico” em 9 de janeiro de 1822, dia que D. Pedro contraria as decisões de Portugal sobre o seu retorno e decide permanecer no Brasil, estabelecendo, junto aos grupos políticos, novas decisões na forma de governo. Nesse momento a questão de separação política do Brasil do governo de Portugal torna-se ainda mais forte, a independência do Brasil é ansiada pela população brasileira que estava incomodada com a ideia de “recolonização” do Brasil. Entretanto, Slemian e Pimenta chamam atenção de um aspecto que não pode ser interpretado de forma equivocada. Segundo os autores, não há nesses movimentos que reivindicavam a independência um sentimento e um entendimento de nacionalidade brasileira e não haveria tão pouco mesmo com a proclamação da independência do Brasil. (p. 76-80).
A conjuntura de declaração da independência, portanto, foi composta por fatores além de unidade ou reconhecimento nacional. D. Pedro I, sem seus discursos, aproximava se dos interesses de alguns grupos sociais brasileiros, como a defesa da manutenção do tráfico escravocrata como um fundamental mecanismo para fins econômicos e lucrativos. Para Slemian e Pimenta “A declaração de 7 de setembro de 1822 representa mais um episódio de cristalização de uma série de tendências [...] em especial a partir da eclosão da revolução constitucionalista do Porto”. A principal dificuldade a ser encarada seria, entretanto, no pós-independência: como tornar essa ideia em um consenso abrangente e unânime, em meio a regiões e interesses políticos tão diversos? (p. 80-85).
Capítulo 3: Os impasses na construção de uma nova ordem.
	A formação do Brasil enquanto Estado autônomo foi demasiadamente complexa. Algumas administrações provinciais se encontravam em divergência com a figura de D. Pedro I e com seus apoiadores, como o coronel Madeira de Melo na Bahia, que não reconhecia o príncipe enquanto imperador, o que ocasionou em uma disputa militar, com a derrota de madeira e a proclamação de 2 de julho de 1823 enquanto o marco oficial da independência do Brasil na Bahia. No Maranhão e no Pará também houve resistência ao novo sistema administrativo e estrutural de governo, levando a esse projeto de independência recorrer a coerção, com a utilização até de mercenários, para obter coesão e unidade no Brasil imperial, o que desconstrói essa visão de um processo de independência e da construção de um novo Estado enquanto pacifico e sem o derramamento de sague, pelo contrário, ocorreram guerras civis e revoltas como a Balaiada (1838-1841) e a Cabanagem. (p. 87-95).
É perceptível, portanto, que esse período houve, em um primeiro momento, a tentativa de construçãodo Brasil enquanto Estado, principalmente quanto as questões conflituosas do Norte-Nordeste e da Província de Cisplatina, do que necessariamente a formação de uma Nação, que acontece mais por consequência do contexto histórico. Há ainda, mesmo depois da declaração da independência uma referência a dita nação portuguesa, o que gerava uma certa confusão identitária. (p. 96-101).
 Surge nesse período vintinista a elaboração um projeto de caráter jurídico para formação de uma identidade política brasileira, a Assembleia Constituinte de 1823 e a Carta Constitucional de 1824. Tais definições traçavam um debate a respeito da cidadania brasileira, quem eram de fato os brasileiros, posição dos índios e escravos enquanto não-cidadãos por não estarem ainda na categoria de civilizados, e a visão dos portugueses que não permaneciam no Brasil enquanto estrangeiros. Sendo essas definições jurídicas, portanto, desiguais e influenciadas pelo próprio modelo de nação portuguesa. (p. 101-106).
· Dificuldades na contextualização do período correspondente à Confederação do Equador. 
A respeito do reconhecimento internacional da independência do Brasil, Slemian e Pimenta enfatizam principalmente as potências que mais influenciavam nos aspectos comerciais, administrativos, políticos e econômicos do território brasileiro: Grã-Bretanha e Portugal. A monarquia portuguesa entendia o processo de independência brasileira como um insulto e rebeldia à autoridade real. Já a Grã-Bretanha enxergava a oportunidade de reforçar o acordo com Brasil, com interesses comerciais, ainda mais com o enfraquecimento do poder espanhol sobre o continente americano, além de cobrar a abolição de fato do tráfico de escravos africanos. Foi somente em 1825 que a Grã-Bretanha e Portugal reconheceram o Brasil como Império, ainda que, na visão portuguesa, tal reconhecimento venha a ser mais como uma concessão da monarquia portuguesa do que necessariamente uma conquista brasileira, sendo necessário o Brasil pagar 2 milhões de libras a Portugal pelos ditos “prejuízos”. No que tange a Grã-Bretanha e sua condição de abolição do comércio de escravos, o Brasil sela um novo acordo, embora a escravidão perdure por mais 60 anos, por ser um dos mecanismos que, de certa forma, gerava lucros e possibilitava a manutenção da estrutura econômica em detrimento da exploração de mão-de-obra escrava. (p. 112-120).
Conclusões 
	Slemian e Pimenta trazem em sua obra, portanto, uma análise crítica a respeito dos mitos de origem do Brasil, principalmente no que tange ao “nascimento político”, contextualizando bem a formação de Estado e dessa nação brasileiros, com questões sociais, ideológicas, econômica particulares e conflitos e interesses políticos diversificados.

Outros materiais