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TEPT em profissional emergencista (Caso Clínico)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTC 
 
 
Caline Victória Santana dos Santos¹, Evelyn Fernanda Barbosa Silva2, Lizandra Brito Souza do 
Carmo3, Lorena Coelho de Almeida4, Rafael Pinho Cohim Gomes5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO CLÍNICO: TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO COMO ACIDENTE DE TRABALHO 
EM UMA PROFISSIONAL EMERGENCISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR - BA 
2023 
Apresentação do caso 
Identificação e descrição do paciente 
Daniele, sexo feminino, parda, 30 anos, brasileira, 3º grau completo, evangélica, proveniente 
do Estado da Bahia, enfermeira na unidade de emergência, separada, mãe solo. 
Queixa principal 
Daniele, 30 anos, chegou pontualmente na clínica de psicologia, já demonstrando um pouco 
de receio e inquietação. Na entrevista, Daniele relatou ter sofrido um sequestro no seu 
ambiente de trabalho há 8 meses atrás, e mesmo depois de ter se passado muitos meses, 
ainda estava tendo problemas com insônia, pesadelos, crises de pânico e problemas em 
suas relações interpessoais, afetando até mesmo a relação com sua filha Alice de 11 anos. 
Contou ter buscado ajuda de um médico psiquiatra 2 meses após o ocorrido, o qual 
prescreveu as medicações, fluoxetina 40 mg/dia, mirtazapina 30 mg/dia e flurazepam 30 
mg/dia, também orientando manter-se em acompanhamento psicológico e psiquiátrico. 
Confessou ter ficado com receio de buscar um psicólogo, justamente para não ter que 
acessar esse episódio que foi tão traumatizante na sua vida. Inicialmente, passou a 
frequentar a igreja com sua filha, mas com um tempo foi piorando o medo de sair de casa e 
deixou de frequentar até mesmo o trabalho. Tomando as medicações prescritas pelo 
psiquiatra corretamente e se esforçando muito para sua melhora, Daniele explicitou que, 
ainda assim, não estava percebendo um avanço em seu quadro e que necessitava de uma 
vez por todas tratar-se da maneira correta. 
Sintomas apresentados 
Insônias e pesadelos constantes que envolviam conteúdos de sequestros, assaltos, 
perseguições e semelhantes; falta de concentração; episódios de pânico (taquicardia, 
tremores, transpiração, medo de morrer, crises de choro); ideações suicidas. 
Apresenta antecedentes familiares de hipertensão arterial sistêmica, diabetes e cardiopatia. 
Síntese da história pregressa e atual 
Há 8 meses, Daniele sofreu um sequestro no hospital onde trabalhava como enfermeira 
emergencista: três homens armados invadiram o hospital, adentraram a sala vermelha na 
unidade de pronto atendimento na qual Daniele e mais outra colega, também enfermeira, 
estavam presentes. Um dos homens estava com lesões por projétil de arma de fogo (PAF) 
exigindo socorro imediato da Daniele, e enquanto o segundo homem vigiava a entrada da 
sala, o terceiro estava com uma arma de fogo apontada para a cabeça da outra enfermeira, 
ameaçando-a de morte, a fim de que, Daniele agilizasse o procedimento no homem que 
estava ferido, para que logo em seguida eles conseguissem fugir. O ocorrido durou por cerca 
de uma hora, e após o sequestro as enfermeiras permaneceram extasiadas na sala 
vermelha, e daí começaram a surgir outros profissionais para acolhê-las. Depois de alguns 
minutos da fuga dos sequestradores, a polícia apareceu no hospital. 
Nos dias subsequentes, para Daniele conseguir trabalhar, passava pela porta do hospital e 
voltava para fora diversas vezes, muito sobressaltada, trêmula, tonta e sentindo calafrios. 
Daniele emagreceu 15 kg em apenas 2 meses. A contar dessa situação, Daniele não 
conseguia mais andar de ônibus, tinha muito medo de andar sozinha na rua, passou a sentir-
se em permanente estado de alerta, sempre com a impressão de estar sendo perseguida ou 
que a qualquer momento algo terrível poderia acontecer no seu local de trabalho, na rua ou 
até mesmo em casa com a sua filha Alice de 11 anos. Taquicardia, dispneia e torpor eram 
sintomas corriqueiros no dia a dia da Daniele. Relata pesadelos constantes sobre o 
sequestro e temas associados. Sente-se insegura quando anoitece, não permite mais que a 
filha durma sozinha em seu próprio quarto, e sempre evita que ambas saiam a noite. Após 
o sequestro, Daniele tornou-se um pouco desleixada com a sua aparência, não saía mais 
de casa com tanta frequência, faltou inúmeras vezes ao trabalho, distanciando-se até 
mesmo da sua família e amigos, tinha crises de choro, dificuldades de concentração e 
ideações suicidas. 
Hipóteses de trabalho 
Hipótese diagnóstica: transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Para o DSM-5-TR 
(2013), um requisito para esse diagnóstico é identificar o evento traumático (agente 
estressor) que tenha representado ameaça à vida do portador do transtorno ou de uma 
pessoa querida a qual o portador estava presenciando, sendo necessário que o evento tenha 
sido violento ou acidental. 
Tratamento: Inicialmente foram propostas sessões de psicoterapia, sendo a mais indicada a 
Terapia Cognitiva Comportamental, para trabalhar os aspectos relacionados ao evento 
estressor, com o objetivo da cliente perceber a realidade e o quanto isso intervém em suas 
ações e emoções. Encaminhar para um profissional da fisioterapia, a fim de promover 
relaxamento e trabalhar a respiração, importante para aliviar a ansiedade e trazer bem-estar. 
Atividades físicas que beneficiam a saúde, liberando hormônios, como por exemplo, as 
endorfinas, que são essenciais para promover melhorias no humor. Retornar ao médico 
psiquiatra, a fim de analisar o uso das medicações que já foram prescritas, sendo de extrema 
importância no processo do tratamento psíquico.

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