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1 2 SUMÁRIO 1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO AUTISTA .................................. 3 2 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DO AUTISTA ..................................... 14 2.1 Algumas Questões Importantes. ........................................................ 17 3 PEI ................................................................................................... 30 4 INTERVENÇÃO NO ESPECTRO AUTISTA .................................... 37 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 50 3 1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO AUTISTA Fonte: www.professoraauxiliadora.com 02 de abril é o dia mundial da conscientização do autismo. 1908 – Eugen Bleuler, psiquiatra suíço usa pela primeira vez o termo “autismo” para descrever um grupo de sintomas que relaciona à esquizofrenia. A palavra tem raízes no grego “autos” (eu). – Leo Kanner, psiquiatra austríaco, radicado nos Estados Unidos e diretor de psiquiatria infantil do Johns Hopkins Hospital, publica a obra “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”. Nela, descreveu casos de onze crianças que tinham em comum “um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da mesmice, denominando-as autistas” e usou o termo “autismo infantil precoce”, pois sintomas já apareciam na primeira infância. Ele observou que essas crianças respondiam de maneira incomum ao ambiente, incluíam maneirismos motores estereotipados, resistência à mudança ou insistência na monotonia, bem como aspectos não usuais das habilidades de comunicação, tais como a inversão dos pronomes e a tendência ao eco na linguagem – ecolalia. Leo Kanner contextualiza essas observações no desenvolvimento, assim como enfatiza a predominância dos déficits de relacionamento social e dos comportamentos incomuns. 4 Fonte: www.image.slidesharecdn.com – Hans Asperger, psiquiatra e pesquisador austríaco, quase ao mesmo tempo que Leo Kanner, escreve o artigo “A psicopatia autista na infância” que um ano depois é publicado. Ele observou que o padrão de comportamento e habilidades que descreveu, ocorria preferencialmente em meninos, que essas crianças apresentavam deficiências sociais graves – falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, intenso foco em um assunto de interesse especial e movimentos descoordenados. Apesar da aparente precocidade verbal de seus assuntos, Asperger chamava as crianças que estudou de pequenos professores, devido à habilidade de discorrer sobre um tema de maneira detalhada. Em virtude de suas publicações terem sido publicadas em alemão e seu principal trabalho na época da guerra, seu relato recebeu reduzida atenção e só na década de 1980 seu nome foi reconhecido como um dos pioneiros no estudo do autismo. A Síndrome de Asperger deve seu nome a ele. 1952 – DSM-I – A Associação Americana de Psiquiatria publica a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais. Esse manual fornece uma nomenclatura e critérios padrão para o diagnóstico de transtorno mental. Nesta primeira edição, sintomas autísticos semelhantes eram classificados como um subgrupo da esquizofrenia infantil. Autismo não era considerado como um diagnóstico separado. 5 Fonte: www.image.slidesharecdn.com 1950/1960 – Durante os anos 50, houve muita confusão sobre a natureza do autismo e sua etimologia, e a crença mais comum era de que o autismo era causado por pais não emocionalmente responsivos a seus filhos – a hipótese da “mãe geladeira” – e atribuíam a causa à falta de calor maternal. Leo Kanner cunhou o termo, mas foi o psicanalista Bruno Bettelheim que o popularizou. Após a 2ª Guerra Mundial, havia vários trabalhos psicanalíticos sobre autismo, onde pesquisadores analisavam apenas o impacto na vida das pessoas. “Eles não consideraram o papel da biologia ou genética, que agora entendemos ser a causa principal” – Fred Volkmar. No início dos anos 60, um crescente corpo de evidências começou a se acumular, sugerindo que o autismo era um transtorno cerebral presente desde a infância e encontrado em todos os países e grupos socioeconômicos e étnico-raciais investigados. Leo Kanner posteriormente se disse mal compreendido e tentou se retratar no seu livro “Em Defesa das Mães”. Mais tarde a teoria mostrou-se totalmente infundada e na maior parte do mundo, tais noções foram abandonadas. 1965 – Temple Grandin, jovem americana que nasceu com autismo (Síndrome de Asperger), cria a “Máquina do Abraço”, um aparelho para lhe pressionar como se estivesse sendo abraçada e que a acalmava, assim como a outras pessoas com autismo. 6 Fonte: www.3.bp.blogspot.com Ela revolucionou as práticas de abate para animais em fazendas e suas técnicas e projetos de instalação são usados no mundo todo. Além de prestar consultoria para a indústria pecuária em manejo, instalações e cuidado de animais, ela tornou-se uma profissional extremamente bem-sucedida. Temple Grandin também ministra palestras pelo mundo todo, explicando a importância em ajudar as crianças com autismo a desenvolverem suas potencialidades. 1968 – DSM-II – É publicada a segunda edição do Manual Doenças Mentais, que refletia a predominância da psicodinâmica psiquiátrica. Sintomas não eram especificados com detalhes em determinadas desordens. Eram vistos como reflexos de grandes conflitos subjacentes ou reações de má adaptação aos problemas da vida, enraizados em uma distinção entre neurose e psicose. 1978 – Michael Rutter – Classifica o autismo e propõe sua definição com base em quatro critérios: Atraso e desvio sociais não só como deficiência intelectual; Problemas de comunicação e novamente, não só em função de deficiência intelectual associada; Comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos; Início antes dos 30 meses de idade. 7 Fonte: www.g1.globo.com Ao classificar o autismo, Michael Rutter cria um marco divisor na compreensão desse transtorno mental. – DSM-III – a definição de Rutter e a crescente produção de trabalhos sobre o autismo, influenciaram a definição desta condição no DSM-III, quando o autismo, pela primeira vez foi reconhecido e colocado em uma nova classe de transtornos: os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento – TIDs. Esse termo foi escolhido para refletir o fato de que múltiplas áreas de funcionamento do cérebro eram afetadas no autismo e nas condições a ele relacionadas. – CID-10 – na época do DSM-III-R, o termo TID foi instaurado e utilizado também na décima revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10. – Lorna Wing, psiquiatra inglesa, desenvolve o conceito de autismo como um espectro de condições na década de 1970 e, posteriormente, cunhou o termo síndrome de Asperger, numa referência à pesquisa de Hans Asperger. Seu trabalho revolucionou a forma como o autismo era considerado, e sua influência foi sentida em todo o mundo. Como pesquisadora e clínica, bem como mãe de uma criança com autismo, ela sempre defendeu uma melhor compreensão e serviços para pessoas 8 com autismo e suas famílias. Fundou a National Autistic Society – NAS, juntamente com Judith Gold, e o Centro Lorna Wing. Foi uma das maiores e mais importantes figuras do mundo do autismo. Fonte: www.i219.photobucket.com 1988 – Ivar Lovaas, psicólogo da Universidade da Califórnia Los Angeles – UCLA, publica “um estudo pioneiro no qual demonstra como a intensidade da terapia comportamental pode ajudar crianças com autismo, dando uma nova esperança para os pais. Nesse estudo sobre análise do comportamento, 19 crianças entre 4 e 5 anos, diagnosticadas com autismo, foram submetidas a 40 horas de atendimento – intervenção precoce intensiva.Depois de dois anos, o Quociente de Inteligência (QI) dessas crianças havia aumentado 20 pontos em média. Crianças que não foram submetidas à terapia comportamental ABA, não apresentaram melhoras. O DSM substitui “autismo infantil” com uma definição mais ampla para “Transtorno de Autismo”, e inclui uma lista de critérios diagnósticos. Durante os anos 1980 e 1990, o papel da terapia comportamental e uso de ambientes de aprendizagem altamente controlados emergiram como os principais 9 tratamentos para muitas formas de autismo e condições relacionadas. Atualmente, os pilares da terapia do autismo são terapia comportamental e terapia fonoaudiológica. Outros tratamentos são adicionados conforme necessário” – Martha Hubner. Fonte: www.s219.photobucket.com 1988 – Rain Man torna-se um dos primeiros filmes comerciais a caracterizar um personagem com autismo. Embora o filme tenha sido fundamental para aumentar a conscientização e sensibilizar a opinião pública sobre o transtorno, também contribuiu para o equívoco de que todas as pessoas com autismo tenham habilidades “savant”. 1994 – DSM-IV – novos critérios potenciais para o autismo, bem como as várias condições candidatas a serem incluídas na categoria TID, foram avaliados em um estudo internacional, multicêntrico, que incluiu mais de mil casos avaliados por mais de 100 avaliadores clínicos. Os sistemas de avaliação do DSM-IV e da CID-10 tornaram-se equivalentes para evitar uma possível confusão entre pesquisadores e clínicos, que trabalhavam em diferentes partes do mundo guiados por um ou por outro sistema nosológico. A definição dos critérios foi decidida com base em dados empíricos revelados em trabalhos de campo. A Síndrome de Asperger é adicionada ao DSM, ampliando o espectro do autismo, que passa a incluir casos mais leves, em 10 que os indivíduos tendem a ser mais funcionais. O DSM-IV-TR foi acompanhado de textos atualizados sobre autismo, síndrome de Asperger e outros TIDs. Os critérios diagnósticos permaneceram os mesmos que os do DSM-IV. Fonte:www.i1.wp.com 1998 – Vacina – A revista Lancet publicou um artigo do cientista inglês Andrew Wakefield, no qual ele afirmava que algumas vacinas, entre elas a tríplice (mmr – sarampo, catapora e rubéola), poderiam causar autismo. Esses estudos foram totalmente desacreditados por outros cientistas e descartados. Em maio deste ano (2014), o cientista perdeu seu registro de médico. A revista Lancet também se retratou e retirou o estudo de seus arquivos pela falta de comprovação dos resultados sugeridos pelo cientista. Nos últimos anos, mais de 20 estudos mostraram que, de fato, a associação da vacina ao autismo não tem fundamento. Recentemente, outro estudo publicado nos Estados Unidos, reforça estudos anteriores e demonstra que não existe evidência científica que comprove tal suspeita. 2007 – 02 de ABRIL – “Dia Mundial da Conscientização do Autismo” Para chamar a atenção para esse transtorno e despertar o interesse da sociedade, em 2007 a ONU institui o dia 2 de abril – como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. “Esse ato, pelo seu simbolismo, abriu possibilidades para um maior diálogo entre as famílias, profissionais da área e os próprios indivíduos com autismo. Veio como um alerta necessário para que os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID), antes considerados raros, fossem vistos com maior responsabilidade. Pesquisas e interesse pelo TID, onde o autismo aparece como o 11 mais prevalente, têm aumentado ano a ano, produzindo mais conhecimento, desmitificando crenças e afastando o que não é científico.” – Ricardo Halpern Fonte: www.lh5.googleusercontent.com – DSM-V – Com o lançamento da 5ª edição do DSM, os subtipos dos transtornos do espectro do autismo são eliminados. Os indivíduos são agora diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade. O DSM-V passa a abrigar todas as subcategorias da condição em um único diagnóstico guardachuva denominado Transtorno do Espectro Autista – TEA. A Síndrome de Asperger não é mais considerada uma condição separada e o diagnóstico para autismo passa a ser definido em duas categorias: alteração da comunicação social e pela presença de comportamentos repetitivos e estereotipados. – Prevalência – Estima-se que o autismo atinja 1% da população, 70 milhões de pessoas no mundo, sendo 2 milhões no Brasil. O relatório de março de 2014 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC, alertou para os novos dados sobre a prevalência de autismo nos Estados Unidos. Este estudo de vigilância identificou 1 em 68 crianças (1 em cada 42 meninos e 1 em cada 189 meninas) com Transtorno do Espectro Autista. “Os critérios diagnósticos se ampliaram e o olhar sobre o Autismo fez com que um número maior de casos fosse diagnosticado”, conforme Ricardo Halpern. No Brasil, não há estudos completos de prevalência. 12 Fonte:www.universoautista.com.br 2014 – Causas – Um amplo estudo realizado na Suécia mostra que fatores ambientais são tão importantes quanto a genética como causa do autismo. Estes fatores – não analisados pelo estudo – poderiam incluir, segundo os autores, o nível socioeconômico da família, complicações no parto, infecções sofridas pela mãe e o uso de drogas antes e durante a gravidez. Os autores da pesquisa trabalham no King’s College de Londres e no Instituto Karolinska de Estocolmo. Eles se disseram surpresos ao descobrirem que a genética tem um peso de cerca de 50%, muito menor do que as estimativas anteriores, de 80% a 90%, segundo o artigo publicado no Journal of the American Medical Association – JAMA. O resultado partiu da análise de dados de mais de 2 milhões de pessoas na Suécia entre 1982 e 2006, e é o maior estudo já realizado sobre as origens genéticas do autismo. O autismo do termo foi usado primeiramente pelo psiquiatra Eugen Bleuler em 1908. Usou-o para descrever um paciente esquizofrénico que se retirasse em seu próprio mundo. A palavra Grega “autós” significou que o auto e a palavra “autismo” estiveram usados por Bleuler para significar a auto-admiração mórbido e a retirada dentro do auto. 13 Fonte: www.4.bp.blogspot.com Os pioneiros na pesquisa no autismo eram Hans Asperger e Leão Kanner. Estavam trabalhando separada nos anos 40. Asperger descreveu crianças muito capazes quando Kanner descreveu as crianças que eram severamente afetadas. Suas opiniões permaneceram úteis para médicos para as próximas três décadas. Esta breve revisão histórica nos permitiu observar a evolução do conceito do Autismo Infantil, ao longo do tempo. O mesmo ocorreu com a definição da síndrome de Asperger. A busca por critérios diagnósticos mais precisos e consistentes também se evidenciou, demonstrando que o percurso para total compreensão destes distúrbios e de suas etiologias, ainda necessita de muito desbravamento por parte dos estudiosos. Entretanto, acreditamos que o conhecimento da história dos construtos destas alterações seja fundamental para os fonoaudiólogos fortalecerem suas práticas baseadas em evidências, tanto na clínica, na assessoria, quanto na pesquisa. A criança autista indiscutivelmente interroga. Não há dúvida que, no mundo atual, pleno de “performances” e “resultados”, que promete o “sucesso” e a “felicidade”, a criança portadora de autismo vem apontar o furo dessa promessa. A ideia da mudança rápida e do descartável é incompatível: não toleram nem o imprevisto e nem mudanças, e, se não podemos prestar atenção aos mínimos detalhes de seus movimentos em relação ao outro, não temos chances. O fenômeno do autismo nos faz pensar, falar, escrever... 14 Atualmente é considerado portador de autismo aquela criança que tem dificuldades específicas de se comunicar e de se socializar, que apresenta interesses restritos e comportamentosestereotipados, tendo iniciado com essas dificuldades antes dos 3 anos e fixado até idade adulta. 2 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DO AUTISTA Fonte: www.entendendoautismo.com.br O diagnóstico de um transtorno do espectro do autismo é um passo fundamental para um bom plano de tratamento. Deve ser o resultado de uma avaliação minuciosa e cuidadosa, se possível, feita por equipe multiprofissional e com experiência nesse tipo de atividade. A variedade de apresentações do autismo é tão grande que não se encontram duas pessoas autistas com as mesmas dificuldades e habilidades. O momento do diagnóstico é, geralmente, muito importante para toda a família. As famílias de pessoas com autismo recordam-se, na maioria das vezes, com detalhes, do momento em que lhes foi revelado o problema do filho. Emoções conflitantes costumam tomar conta dos pais nesse momento. Alguns sentem alívio por finalmente possuir um caminho para seguir. 15 Fonte: www. images.slideplayer.com.br Outros transferem para o profissional que deu a notícia toda a revolta pelo fato do filho apresentar um problema tão difícil e desafiador. Mas de modo geral, não é sem dor que se recebe o diagnóstico de autismo. É preciso que aproveitemos esse momento para mobilizar nas famílias o que têm de melhor para ajudar a criança autista que está sendo diagnosticada. Devemos acrescentar, sempre, ao diagnóstico um plano de ação detalhado, para fazer frente as dificuldades específicas da criança. 16 Fonte: www.image.slidesharecdn.com Existem algumas características da equipe terapêutica que podem favorecer uma boa avaliação diagnóstica: Ter conhecimento dos marcos e processos do desenvolvimento infantil. Possuir familiaridade com pessoas com transtorno do espectro do autismo, de várias idades e graus de funcionamento. Ser multiprofissional, ou seja, ser formada por profissionais de várias especialidades, portanto, capacitada para avaliar os múltiplos aspectos do desenvolvimento infantil que costumam estar alterados no autismo. Estar aberta à interdisciplinaridade, de tal forma que os membros da equipe possam ajudar-se mutuamente durante a avaliação. Como o autismo é um transtorno do desenvolvimento, é fundamental que os terapeutas estejam familiarizados com todas as etapas do desenvolvimento infantil que saibam como e quando devem emergir a linguagem, a comunicação, a interação entre uma criança e seu meio, entre ela e seus brinquedos. A necessidade da equipe multiprofissional é justificada pelos diversos aspectos do desenvolvimento afetados pelo autismo: comunicação verbal e não verbal, habilidade para relacionamento interpessoal, capacidade adaptativa, desempenho cognitivo, desmodulações sensoriais etc. Desnecessário dizer que, dificilmente, um único profissional terá acumulado conhecimento e prática suficientes para fazer uma 17 avaliação criteriosa de todos os aspectos comprometidos no desenvolvimento de uma criança com autismo. Fonte: www.4.bp.blogspot.com Na Casa da Esperança, a equipe de avaliação e diagnóstico é composta por pediatra, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Dependendo da idade e dos resultados dessas avaliações, a criança é encaminhada ainda para avaliações com o neurologista, fisioterapeuta e geneticista. A afinidade da equipe avaliadora faz a diferença e possibilita um diagnóstico mais completo, possibilitando que a criança seja vista como um todo, avaliada em suas dificuldades e, principalmente, quanto a seus pontos fortes, que irão ajudá-la a afirmar-se na vida e servir de base num programa de intervenção. 2.1 Algumas Questões Importantes. O contexto no qual a criança é observada e examinada pode influir muito no resultado da avaliação. 18 Fonte: www.3.bp.blogspot.com Todos sabemos que as crianças se comportam de maneira diferente quando estão sozinhas ou com os pais, em casa ou na escola, entre familiares e desconhecidos. Muitas vezes, quando avaliamos uma criança, parecemos ver uma outra, dependendo do contexto onde se encontra. A equipe precisa estar atenta a isso e observar a criança em contextos diferentes, antes de registrar se ela apresenta ou não determinada habilidade. Familiaridade, estruturação do ambiente, assertividade do terapeuta podem fazer surgir visões completamente diferentes da mesma criança. Durante a avaliação, o terapeuta deve se colocar, inicialmente, como mero observador, verificando as predisposições sociais da criança, suas preferências, sua forma de lidar com as pessoas e os objetos. Nesse momento, é importante estar atento às iniciativas espontâneas da criança, observar sua competência para iniciar o contato social, sua forma de olhar para o terapeuta, de pedir os objetos que deseja, suas tentativas de compartilhar coisas e experiências. Muitas vezes, quando deixada à vontade, a criança com autismo não vai buscar o contato social, preferindo observar e investigar os objetos da sala ou pode preferir ficar se auto estimulando ou, ainda, deleitando-se com alguma textura, barulho, luz ou sombra do ambiente. 19 Fonte: www.1.bp.blogspot.com Passado esse período de observação passiva, é importante que o terapeuta verifique como a criança reage a uma forma mais diretiva de relação. Quando solicitada, ela é capaz de concentrar-se em alguma tarefa? Engaja-se em alguma brincadeira? Sorri sem ser tocada, apenas respondendo a seu sorriso, mesmo que exagerado, ou precisa de cócegas para achar graça? Ela presta atenção à voz humana? O que faz quando a chamamos pelo nome? Avaliação. A avaliação de uma criança pequena costuma ser dividida em duas etapas: anamnese - entrevista com os pais e – observação da criança. Anamnese. 20 Fonte: www.i.ytimg.com Consiste de uma série de perguntas sobre o desenvolvimento da criança. Dependendo do profissional, a entrevista pode ser mais livre ou mais estruturada, mas deve ser sempre focada no objetivo que se tem em mente. No caso de uma consulta para diagnóstico de um provável transtorno do espectro do autismo, o foco será a detecção de possíveis desvios do desenvolvimento que constituam marcos ou pré-requisitos para a aquisição das habilidades, que costumam estar comprometidas nas crianças com autismo. Existem muitos instrumentos específicos para o diagnóstico do autismo. Pessoalmente, damos preferência ao ADI-R (Autism Diagnosis Intervew- Revised). O ADI-R é uma entrevista semiestruturada para ser realizada com pais ou cuidadores de crianças com suspeita de autismo. Inclui cerca de cem perguntas sobre o desenvolvimento da comunicação, socialização e comportamento, fundamentais para o diagnóstico. O ADI-R fornece, ainda, um algoritmo de diagnóstico, utilizando para isso os critérios do DSM-IV. Durante a anamnese buscamos, sempre que possível, estabelecer prováveis causas para o problema: Causas genéticas - existem outras pessoas com transtornos autísticos ou quaisquer outros transtornos mentais na família? 21 Fonte: www.1.bp.blogspot.com Como o autismo é um transtorno de grande herdabilidade, é comum que encontremos algum outro membro da família com características do autismo, alguns nunca diagnosticados, mas apresentando dificuldade para se relacionar, outros possuem um histórico de atrasos ou desvios no desenvolvimento. É muito comum, também, a presença de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), depressão e outros transtornos mentais em parentes próximos. Em alguns casos, já conseguimos neste momento do diagnóstico, detectar irmãos, também autistas, que ainda não haviam sido identificados. Causas ambientais - Houveram problemas durante a gravidez e o parto? A mãe teve alguma infecção quando estava grávida? Houve ameaças de aborto? Comofoi o parto? O bebê foi prematuro, apresentou dificuldades respiratórias ou teve que ficar na UTI neonatal? Muitas pesquisas mostram que há uma incidência bem maior de complicações pré e perinatais envolvendo o nascimento de crianças autistas do que na população em geral. Infecções, anóxia e exposição a agentes teratogênicos estão entre os fatores mais comumente relacionados ao autismo. 22 Fonte: wwww.metramed.com.br Em nossa prática, temos deparado com uma frequência importante, nos últimos anos, de casos em mães que fizeram uso do abortivo misoprostrol, comercializado com o nome de Citotec. Algumas dessas crianças desenvolveram autismo e outras, síndrome de Moebius com características autísticas. A síndrome de Moebius é uma doença caracterizada por paralisia facial, quando são afetados os movimentos faciais responsáveis pela expressão das emoções e dos movimentos dos olhos (estrabismo). Fonte: www.3.bp.blogspot.com 23 Problemas associados - cerca de 30% das pessoas com autismo apresentam Epilepsia e 70% algum grau de deficiência intelectual, além disso é relativamente comum que o autismo esteja associado a outras síndromes genéticas ou metabólicas. Observação direta. A observação da criança, é fundamental, pois, embora os pais sejam a mais importante fonte de informação, nem sempre possuem a objetividade necessária para responder a todas as dúvidas do avaliador sobre o desenvolvimento da criança. Seus medos, suas crenças ou até mesmo seu desconhecimento podem fazer com que informações importantes não sejam fornecidas. Existe um bom instrumento padronizado que pode ser muito útil na observação direta da criança com risco de autismo. Trata-se do ADOS (Autismo Diagnostica Observai-o Schedule). O ADOS consiste numa série de apelos lúdicos que objetivam criar situações nas quais as crianças podem demonstrar suas habilidades sociais e comunicativas, assim como sua maneira de se relacionar com os brinquedos. Fonte: www.neurosaber.com.br Achamos importante destacar, ainda, pelo menos três aspectos da avaliação clínica que consideramos imprescindíveis para o diagnóstico e para a elaboração de um bom programa de intervenção: 24 Avaliação do desenvolvimento Cognitivo e das funções Adaptativas - necessária para verificar atrasos ou desvios no desenvolvimento das funções psicológicas, tais como: teoria da mente, funções executivas, atenção, capacidade de auto eficiência pessoal, socialização e habilidades motoras. • Avaliação da comunicação e linguagem nos seguintes aspectos: a) Atenção compartilhada – a capacidade da criança de seguir o foco de atenção do parceiro, de olhar para o que lhe está sendo mostrado e, num nível mais avançado, de chamar a atenção do parceiro para um objeto ou evento. b) Competência comunicacional - habilidade da criança de usar os recursos linguísticos já adquiridos para perguntar, responder a perguntas, fazer relatos, iniciar e manter uma conversa. c) Comunicação não-verbal - capacidade de expressão facial e habilidade de usar gestos para modular a interação. d) Capacidade de compreensão e expressão da linguagem escrita. e) Avaliação dos aspectos semânticos e pragmáticos da linguagem — Aspectos esses mais universalmente comprometidos nas pessoas com autismo. f) Avaliação da linguagem receptiva — É relativamente comum termos crianças ou adultos com autismo que são capazes de ler e decorar textos complexos, sem compreender lhes, completamente, o significado. criança autista, normalmente, apresenta sérias limitações no uso de gestos convencionais (p. exemplo mostrar, acenar, apontar). Quase universal em crianças autistas não verbais é o hábito de usar pessoas como ferramenta para conseguir seus objetivos. Geralmente a criança segura na mão ou no braço do adulto e o leva até onde se encontra o objeto de seu desejo ou lhe indica a ação que deseja realizar. Na impossibilidade de usar gestos simbólicos, muitas crianças com autismo podem ainda 25 desenvolver padrões não adaptativos de comunicação tais como gritos e agressões. É possível, ainda, que manifestem uma linguagem idiossincrática e ininteligível. Outro comportamento verbal não convencional, bastante comum em crianças com autismo, é a utilização de ecolalia imediata ou tardia. Finalmente, a criança autista pode fazer uso não funcional de objetos e brinquedos. A dificuldade de brincar de forma simbólica ou inclusive é uma das características das crianças autistas nos anos pré-escolares. Fonte: www.oquequeha.com.br Avaliação sensorial - visa principalmente avaliar a presença da desmodulações sensoriais que possam interferir na funcionalidade da criança. Muitos autistas relatam uma super- ou sub-reatividade sensorial que pode levar a uma indisponibilidade afetiva (GRANDIN, 1995; WILLIAMS, 1996). Podem ser notados problemas de processamento auditivo, tátil, gustativo e proprioceptivos, ocorrendo hipo- ou hiper-respostas na mesma criança, assim como respostas sensoriais anormais a estímulos socialmente relevantes. A desmodulação sensorial pode influir na capacidade da criança para desenvolver e manter a atenção, o afeto, a regulação emocional e a capacidade para interagir socialmente. É comum que crianças hiperativas deixem de participar de eventos com medo de sobrecargas sensoriais ou que as que apresentam hiporreação 26 a alguns estímulos desenvolvam comportamentos desafiadores ou estereotipias, como forma de auto estimulação. Exame Físico. Fonte: www.4.bp.blogspot.com É importante avaliar possível presença de dimorfismos faciais, sinais neurológicos anormais ou de síndromes neurocutâneas. É relativamente comum a associação do autismo com síndromes congênitas e distúrbios neurocutâneos. Síndromes neurocutâneas são caracterizadas por comprometimentos da pele e do Sistema Nervoso Central e outros órgãos. Estas síndromes apresentam heterogeneidade genética e grande variabilidade de apresentações fenotípicas. Há uma importante associação entre autismo e estas condições. Desnecessário dizer que a detecção destas associações, deve ser, sempre, seguida dos encaminhamentos necessários, aos especialistas. Condições Associadas. Citaremos algumas associações que são comumente encontradas na clínica do autismo: Síndrome de X-frágil – é transmitida através do cromossomo X. Afeta homens e mulheres. As características da síndrome são extremamente variáveis, mas, geralmente, incluem prejuízos cognitivos, hiperatividade, anormalidades na fala, 27 transtorno de déficit de atenção e autismo. O autismo pode estar presente em até 60% dos casos. Na síndrome do X frágil são comuns características físicas como rosto longo, orelhas proeminentes, mandíbula larga, articulações muito flexíveis, testículos grandes após a puberdade e retardo mental. Fonte: www.image.slidesharecdn.com • Esclerose tuberosa - desordem genética, que constitui uma das síndromes neurocutâneas. É caracterizada por lesões cutâneas que incluem placas em forma de folhas, hipopigmentadas, desde o nascimento, assim como erupções cutâneas (adenomas sebáceos), fibromas periungueais e retardo mental. Na esclerose tuberosa podem ainda ocorrer malformações em um ou vários órgãos, sendo que os mais comumente afetados são o sistema nervoso central, a pele, os rins e o coração. Estudos mostram que a associação entre esclerose tuberosa e o autismo é da ordem de 17% a 68%, ou seja, esse é o percentual de indivíduos com esclerose tuberosa que desenvolve sinais de autismo. Um percentual significativo, cerca de 0,4 a 4%, de pessoas com autismo por sua vez apresentam esclerose tuberosa. O desenvolvimento do autismo em pessoas com esclerose tuberosa parece ser consequente às lesões no sistema nervoso central, játendo sido encontrados, em indivíduos afetados, túberos no lobo temporal, região importante do que hoje denominamos cérebro social. 28 Neurofibromatose – o sinal característico da neurofibromatose são as placas cor de café com leite, que aumentam em tamanho e número com a idade. A presença de mais de cinco com mais de 1,5 centímetro é sugestiva do problema. Sardas nas axilas e nódulos cutâneos e subcutâneos também aparecem, geralmente, no final da infância. Síndrome fetal alcoólica - as crianças afetadas apresentam redução no peso, altura e na circunferência da cabeça, desde o nascimento. São características, ainda, fissuras palpebrais curtas e hiperatividade. Fonte: www.3.bp.blogspot.com Na Casa da Esperança, onde atendemos 400 pacientes com autismo em regime de quatro ou oito horas por dia existem casos de autismo associados a síndrome de Down, síndrome de X-frágil, esclerose tuberosa, deficiência auditiva, deficiência visual, síndrome de rubéola congênita, infecção pré-natal por citomegalovírus, paralisia cerebral, miopatias, microcefalia, síndrome de Moebius, síndrome de Angelman , síndrome de Willian, síndrome de West, Cri-du-chat, Cornélia de Lange, Prader-Willi e distrofia muscular de Duschene. 29 Fonte:www.image.slidesharecdn.com Na nossa prática clínica temos, ainda, comprovado o que indicam todos os estudos de autismo, a maioria das pessoas com autismo apresentam algum grau de deficiência intelectual. Existe ainda uma associação importante entre autismo e alguns transtornos mentais, principalmente TOC (transtorno obsessivo compulsivo), TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade) e transtornos de humor. Embora a associação com transtorno de humor seja frequente em indivíduos de todo o espectro autista, a maioria de nossos pacientes que apresentam TOC, TDAH e depressão unipolar são crianças e jovens com síndrome de Asperger ou autismo de alto grau de funcionalidade. O diagnóstico de autismo, além de um rótulo, deve fornecer aos pais as informações necessárias para um bom programa de intervenção. É importante que o profissional esteja ciente da importância desse momento na vida de toda a família. É um momento em que deve ser explicada a gravidade do problema, mas também as possibilidades de compensar os déficits do autismo, assim como os perigos dos tratamentos que prometem curas milagrosas e que, via de regra, são prejudiciais à criança. Mesmo difícil, o momento do diagnostico não deve ser adiado. Retardar o diagnóstico é evitar um plano de ação que pode mudar a vida de uma criança. 30 A gravidade e a seriedade do diagnóstico devem ser proporcionais ao apelo para mobilizar nos pais suas mais nobres qualidades e sentimentos, pois estes serão, sem sombra de dúvida, os mais importantes componentes do plano de tratamento da criança. 3 PEI Fonte: www.diariodonordeste.verdesmares.com.br O PEI (Plano de Ensino Individualizado) é uma possibilidade onde o conteúdo a ser trabalhado passa por um processo de personalização, considerando o que é relevante para cada aluno. A escola e a família podem trabalhar juntos desde a escolha desse conteúdo e habilidades, até a forma de trabalhar. O PEI deve reunir as metas imediatas e as de longo prazo, prever estratégias pedagógicas que favoreça o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno em questão. Não deve se ater apenas as áreas não acadêmicas, mas também focar nas habilidades sociais que envolvem desde a comunicação funcional ao comportamento adequando em cada ambiente, visando sempre sua faixa etária e seu comprometimento cognitivo. Também deve ser um plano de acompanhamento onde sejam registrados os objetivos atingidos em cada período. O ideal é que esse objetivo seja fracionado e a cada etapa determinada seja reavaliado. 31 Uma forma de registrar esse acompanhamento é: Marcar a habilidade/conteúdo trabalhado Identificar os dias e estratégias utilizados para esse trabalho Criar uma legenda onde aponte os níveis de resposta. Por exemplo: realiza com ajuda, sem ajuda, não realiza ou não foi trabalhado. Aqui no Projeto Amplitude nossa legenda é: Não aplicado (NA) / plenamente atingido (PLE) / parcialmente atingido (PAR) / em processo de aquisição (EP). Infelizmente poucas escolas utilizam o PEI na avaliação e acompanhamento dos estudantes. Sinto informar que nesses anos de Projeto Amplitude apenas uma criança tinha esse recurso em uso na escola e mesmo assim sem a participação da família ou terapeutas. É uma grande pena porque essa ferramenta é de grande valia para que a conclusão saia do papel e do discurso e vire prática. Fonte: www.images.slideplayer.com.br Apesar dos muitos esforços de profissionais e estudiosos da educação em disseminar e efetivar nas escolas uma prática de avaliação mais formativa e inclusiva, é notável a demora e os inúmeros impasses dessa tentativa. Em Guaporé (RS), no ano de 2009, foi implantado o Plano Educacional Individualizado (PEI) – instrumento que propõe planejar e acompanhar o desenvolvimento de estudantes com deficiência, transtornos do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação por meio de seis áreas de habilidades: acadêmicas, da vida diária, motoras/atividade física, sociais, recreação/lazer e pré-profissionais/profissionais. A apropriação desse 32 documento na prática pedagógica dos professores teve como objetivo auxiliá-los no processo de avaliação do progresso educacional dos alunos público-alvo da educação especial matriculados em classes regulares do ensino fundamental. Avaliação processual. Realmente, a avaliação é um processo, e, conforme refere Jussara Hoffmann em sua obra “O jogo do contrário em avaliação”: “Não se pode transformar um cenário educativo rico de situações práticas em um cenário avaliativo de teste teórico. Da mesma forma que não se pode observar se um aluno produz um texto imaginativo por meio de uma prova de gramática. Cada aprendizagem se dá em contexto próprio que é, portanto, o cenário próprio da avaliação. Desarticular esses cenários é não avaliar aprendizagens”. Assim sendo, o plano educacional individualizado é uma excelente ferramenta de apoio aos professores que têm, em suas classes, crianças e adolescentes com deficiência, transtornos do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação. E, partindo do princípio que “cada aprendizagem se dá em contexto próprio”, não seria adequado e necessário que todos os nossos estudantes – e não só os que são público-alvo da educação especial – fossem avaliados e acompanhados em suas trajetórias escolares por meio de um PEI? Estudos sobre o autismo têm sido produzidos desde a década de 1940 nas mais diversas áreas do conhecimento. Na atualidade, coexistem muitas hipóteses sobre as causas dessa condição, hoje denominada de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O TEA é, portanto, diagnosticado por critérios clínicos e compreendido como um transtorno do neurodesenvolvimento, relacionado a etiologias variadas. Essa complexa síndrome tem como principal marca, o prejuízo sócio comunicativos e comportamentais. http://diversa.org.br/tag/avaliacao http://diversa.org.br/tag/avaliacao http://diversa.org.br/tag/ensino-fundamental http://diversa.org.br/tag/ensino-fundamental 33 Fonte: www.4.bp.blogspot.com No Brasil, a presença de educandos com TEA em contextos regulares de ensino tem aumentado de forma expressiva nas últimas décadas. Ancorado no Paradigma da Educação Inclusiva, o país produziu um vasto arcabouço legal no que tange as políticas de escolarização de alunos com esse diagnóstico, assim como de outros educandos que evidenciam necessidades educacionais especiais. Esses dispositivos, de uma forma geral, garantem o acesso dessa população aos sistemas regulares de ensino, porém,não subsidiam a permanência, com sucesso, no que se refere ao desenvolvimento de habilidades sociais e acadêmicas nesses espaços. A precariedade da formação dos professores e demais agentes educacionais para lidar com esses educandos é apontada como um dos principais desafios. De forma específica, a literatura revela que, ao trabalhar diretamente com os alunos com TEA no cotidiano da escola, os docentes são tipicamente invadidos por sentimentos que vão da indiferença à frustração, da exaustão à impotência. Não sabem o que fazer, nem como ensinar a esses estudantes. 34 Fonte: www.universoautista.com.br É imperativo, portanto, a reformulação do sistema escolar, desde a reconstrução dos seus currículos até a busca por práticas que respeitem as particularidades de cada sujeito. Nessa perspectiva, a individualização do ensino é compreendida como a primeira condição para se efetivar a educação inclusiva. Essa proposta envolve a estruturação de objetivos, conteúdos, metodologias e avaliações que consideram as especificidades de cada aluno, de forma a garantir o acesso ao currículo e à aprendizagem de conteúdos acadêmicos. O Plano Educacional Individualizado (PEI) pode ser uma forma de operacionalizar a individualização do ensino. Ele é definido como um recurso pedagógico, centrado no aluno, estabelecendo metas acadêmicas e funcionais aos educandos com deficiência. Ele contempla respostas educacionais fundamentais para o sucesso das ações dos docentes nas salas de aula, e ainda se caracteriza como instrumento norteador do ensino e aprendizagem do aluno. O PEI ainda não é uma prática com um no Brasil e por isso é necessário, mais estudos que possam avaliar sua efetividade nas escolas. É primordial, ainda, que as políticas públicas ofereçam condições para que sua prática seja bem difundida pelos docentes, evitando que seja concebido como um mero instrumento burocrático de inclusão. Assim, a formação em serviço, em uma perspectiva colaborativa, torna-se uma ação promissora nesse contexto. 35 Fonte: www.images.slideplayer.com.br Em face da relevância desses aspectos, o trabalho teve como objetivo central analisar as contribuições do processo de construção e execução de um Plano Educacional Individualizado para um aluno com diagnóstico de autismo regularmente matriculado em uma escola regular. De forma específica, o estudo visou elaborar e desenvolver, em colaboração com os professores, um PEI para um aluno com diagnóstico de autismo, além de analisar seus efeitos na participação do discente nas tarefas acadêmicas e ainda consideraras percepções dos professores quanto aos efeitos do Plano. Sendo a inclusão afirmada como um direito civil e responsável pela promoção de um desenvolvimento social mais apropriado, e defendendo-se que o aluno com autismo pode beneficiar da participação em classes inclusivas, modelos alternativos ao da inclusão total na classe regular têm sido, também, evocados. Temos alguns os progressos revelados ao longo das duas últimas décadas no que diz respeito à investigação sobre os contextos inclusivos na educação de indivíduos com perturbações do espetro do autismo, representando uma fonte representativa de opções de intervenção e resposta educativa. Entretanto, autores, investigadores, especialistas, docentes, técnicos e pais convergem na convicção sobre a importância de futuras direções da investigação relativas às oportunidades disponibilizadas por ambientes escolares inclusivos apropriados ao sucesso do aluno com autismo. 36 Fonte: www.slideplayer.com.br Os resultados apontam um conjunto de fatores fragilizadores do modelo inclusivo, tal como vem sendo praticado, designadamente no que se refere ao modelo de atendimento adotado face às características, capacidades e necessidades do aluno com PEA, à disponibilidade dos recursos humanos e materiais necessários, à formação dos agentes educativos na área das NEE/PEA, à articulação entre os Docentes do ensino regular e os Docentes de Educação Especial, aos apoios prestados por outros serviços, nomeadamente Psicologia, Terapia Ocupacional, Terapia da Fala, ou outros; à participação e colaboração dos Pais/Encarregados de Educação na Escola; ao desenvolvimento do potencial biopsicossocial do aluno com PEA, à inclusão pós-escolar e na comunidade. Os resultados apontados, entre outros, permitem concluir pela identificação de respostas, no sentido de uma educação bem-sucedida dos alunos com Perturbações do Espetro do Autismo. 37 4 INTERVENÇÃO NO ESPECTRO AUTISTA Fonte: www.iped.com.br O brincar é a principal forma utiliza da pela criança para comunicar-se, expressarse, relacionar-se e aprender. Contribui de maneira singular para o atendimento a crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), trazendo formas espontâneas de intervenção nas demandas, déficit, dificuldades apresentadas por elas. O brincar em suas propostas lúdicas vem contemplar o grande número de manifestações do espectro, buscando atender cada criança, em suas particularidades, através do jogo coletivo e individual. O brincar como intervenção terapêutica, direcionada e formulada por meio de um Projeto Terapêutico Singular – PTS, correlacionando sua relevância dentro do neurodesenvolvimento, sai do lugar que muitas vezes ocupa, apenas relacionado ao entretenimento e ao lazer, para ocupar um lugar de destaque na intervenção direta junto à criança em atendimento, assumindo o poder transformador e terapêutico que ele tem. Sabemos que as manifestações lúdicas se apresentam igualmente como possibilidade de aprofundamento de vínculos entre equipe terapêutica e a criança e desta com a família, pois configura-se como uma prática enriquecedora em todos os 38 seus contextos de vida, sendo foco, também, nas orientações aos pais e a instituições educacionais. Fonte: www.image.slidesharecdn.com Temos o objetivo trazer reflexões acerca do brincar como intervenção lúdica no atendimento a crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Outro aspecto importante deste trabalho é apresentar as correlações do brincar e os processos do neurodesenvolvimento da criança, considerando os conceitos de neuroplasticidade e seus efeitos em um ambiente rico em estímulos, extremamente significativo para a vida futura da criança e todos os seus processos de desenvolvimento neuropsicomotor e socioafetivo. 39 Fonte: www.image.slidesharecdn.com Os termos “brincadeira”, “jogo” e “brinquedo”, bem como “universo lúdico” e “brincar”, discutidos por Almeida (2014, p. 50), serão utilizados nessa reflexão, sendo o universo lúdico um termo mais amplo, que engloba o brincar, e este, por sua vez, contemplando a brincadeira e o jogo, amparados pelo brinquedo (estruturado e não estruturado), objeto que desempenha função de suporte para ambos na ação brincante da criança. Assim, pretendemos apresentar a variedade de possibilidades que o brincar tem, dentro do universo lúdico, trazendo para as crianças formas interativas e interessantes de intervenção terapêutica por intermédio de brincadeiras, do jogo e do brinquedo, partindo de um plano que busca atender e trabalhar suas demandas. No atendimento a crianças que apresentam alguma necessidade de Estimulação Precoce, o brincar se apresenta como recurso terapêutico, relacional, lúdico e com foco no investimento de todo o seu potencial de desenvolvimento, respeitando sua idade (cronológica e corrigida) e suas escolhas, bem como estabelecendo um ambiente acolhedor para estas e suas famílias. Quando nascemos, vários processos neuronais acontecem a partir da formação das sinapses e do desenvolvimento do Sistema Nervoso, que originará toda a complexidade do Sistema Nervoso Central. 40 Fonte: www.image.slidesharecdn.comAo nascermos, esse conjunto de estruturas não está completamente pronto. À medida que apresentamos estruturas mais maduras, vamos inibindo comportamentos mais primitivos. A criança desenvolve suas habilidades ou comportamentos aprendidos em direção a atos práxicos mais complexos (praxias ideomotoras e ideatórias). No entanto, essa etapa do desenvolvimento não depende apenas do substrato biológico, depende, igualmente, das experiências e vivências que ela venha a ter, diferente das demais etapas ligadas à ontogênese. O desenvolvimento do Sistema Nervoso não finaliza com o nascimento, pois as interações do indivíduo com o meio ambiente acionam sistemas bioquímicos nos neurônios que, por sua vez, podem ocasionar transformações na organização do Sistema Nervoso, resultando no fenômeno chamado neuroplasticidade. Esse fenômeno, consiste na transformação das funções de células nervosas em resposta à ação do meio ambiente. Sua ação é maior ao longo do desenvolvimento, durante os períodos receptivos, o que facilita a aquisição de comportamentos que estão relacionados a funções específicas de certas regiões do córtex cerebral. Este, por sua vez, “produz e regula atividades mentais como sensação, percepção, planejamento de estratégias de comportamento e motricidade, linguagem, 41 raciocínio lógico-matemático, atenção, raciocínio abstrato, julgamento crítico, emoções e memória”. Fonte: www.image.slidesharecdn.com Especificando o primeiro critério diagnóstico do transtorno, nele se encontram dificuldades de ordem social, de interação e comunicação, caracterizados por abordagem social comprometida, com falha no diálogo normal, podendo chegar a um compartilhamento reduzido de interesses, emoção ou afeto, até falha em iniciar ou responder à interação social. Déficit em comportamentos comunicativos não verbais usados para a interação social e déficit no desenvolvimento, manutenção e compreensão dos relacionamentos. 42 Fonte: www.atividadesparaprofessores.com.br O segundo critério aponta para comprometimentos no uso de padrões repetitivos de comportamento, como movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados e repetitivos, invariabilidade, adesão inflexível à rotina ou padrão ritualizado de comportamentos verbais ou não verbais, interesses fixos e altamente restritos e hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse não usual em aspectos sensoriais do ambiente. As crianças que se encontram dentro do TEA, podem apresentar comportamento característico de rigidez, repetição de movimentos e escolhas, baixa atividade exploratória (brincar empobrecido), baixo potencial imaginativo nas atividades ligadas ao brincar, com déficit no comportamento social. Esses comportamentos não favorecem uma maior vivência da experiência e da exploração do brincar, visto que se limitam, muitas vezes, a repetições ritualísticas, ao brincar isolado e disfuncional, não permitindo a interferência e participação de outras crianças e/ou adultos nesse momento. 43 Fonte: www.static.wixstatic.com Há um crescente reconhecimento sobre a importância do tratamento do autismo envolver tanto as necessidades da criança como as da família. No entanto, há controvérsias sobre qual intervenção seria a mais apropriada. Neste artigo, revisaremos a literatura recente sobre as diferentes intervenções que têm sido utilizadas no tratamento do autismo, com ênfase naquelas que possuem base empírica. Concluímos que não há uma abordagem única que seja totalmente eficaz para todas as crianças durante todo o tempo. Ao contrário, argumentamos que as famílias modificam suas expectativas e valores com relação ao tratamento de seus filhos de acordo com a fase de desenvolvimento da criança e do contexto familiar. Em outras palavras, um tipo específico de intervenção pode funcionar bem por certo período e não funcionar tão bem nos anos subsequentes. Finalmente, enfatiza-se a importância do diagnóstico e tratamento precoces do autismo. 44 Fonte: www.slideplayer.com.br Alguns autores afirmam que o planejamento do tratamento deve ser estruturado de acordo com as etapas de vida do paciente. Portanto, com crianças pequenas, a prioridade deveria ser terapia da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os alvos seriam os grupos de habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade. Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser focadas. Infelizmente, há poucas opções de moradia em nosso país – uma área que tem sido grandemente negligenciada, causando preocupações para os pais. Tem-se chamado a atenção para a variedade de serviços disponíveis, desde aqueles com abordagens individuais realizadas por profissionais intensamente treinados em uma área específica, até aqueles compostos por clínicas multidisciplinares. Enfatizou-se que a eficácia do tratamento depende da experiência e do conhecimento dos profissionais sobre o autismo e, principalmente, de sua habilidade de trabalhar em equipe e com a família. Uma das situações mais estressantes para os pais, ao lidarem com os profissionais, é a controvérsia que envolve o processo diagnóstico. Há autores que chamam a atenção para as contradições dentro da equipe tanto em relação ao diagnóstico em si quanto ao encaminhamento para tratamento. Esses autores também salientam quatro alvos básicos de qualquer tratamento: Estimular o desenvolvimento social e comunicativo; 45 Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; Ajudar as famílias a lidarem com o autismo, os quais serão abordados a seguir. Fonte: www.image.isu.pub O diagnóstico durante os anos pré-escolares é ainda muito raro, apesar das afirmações de que a intervenção precoce é o melhor procedimento para o desenvolvimento da criança. Isso se deve, em parte, à falta de conhecimento sobre o desenvolvimento normal de uma criança, em particular na área da comunicação não-verbal, sendo o prejuízo nas habilidades de atenção compartilhada (e.g. gestos e comentários espontâneos com o intuito de compartilhar curiosidade sobre os eventos ao redor) o marcador mais significativo. A situação mais comum é que as preocupações dos pais e dos profissionais recaem mais no atraso na fala da criança do que nos aspectos sociais do comportamento. 46 Fonte: www.pedagogiafaculdadecamposeliseos.files.wordpress.com O diagnóstico preciso não é uma tarefa fácil para o profissional, já que pode haver problemas para distinguir entre crianças com autismo e crianças não-verbais com déficits de aprendizado ou prejuízo da linguagem. No entanto, aos três anos deidade, as crianças tendem a preencher os critérios de autismo em uma variedade de medidas diagnósticas. De fato, têm ocorrido esforços de pesquisa para o desenvolvimento e a validação de instrumentos de rastreamento específicos para o autismo em crianças pequenas. 47 Fonte: www.s-media-cache-ak0.pinimg.com Atualmente, existem vários instrumentos que podem ser utilizados em crianças em diferentes estágios da vida, tais como: Checklist for Autism in Toddlers (CHAT); Pervasive Developmental Disorders Screening Test (PDDST); Screening Tool for Autism in two year old, Checklist for Autism in Toddlers-23 (CHAT-23) e Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT). Atrasos desnecessários no diagnóstico têm implicações práticas importantes, já que o desenvolvimento de estratégias de comunicação efetivas, ainda que simples, em um estágio precoce da vida auxiliam a prevenir o comportamento diruptivo. Mencionou-se antes que os melhores preditores do desenvolvimento subsequentesão tanto o nível de comunicação quanto as habilidades cognitivas durante os anos pré-escolares. Desta forma, há razões suficientes para aumentar os esforços na identificação e intervenção para crianças com autismo, o mais precocemente possível. As diretrizes práticas para os profissionais de saúde na comunidade alcançarem este objetivo tem sido foco de atenção de alguns estudos. Ao enfrentar um diagnóstico de transtorno invasivo do desenvolvimento, todas as famílias especulam sobre qual tipo de intervenção psicoeducacional é a mais efetiva. A resposta não é tão simples como parece, em contraste com a grande quantidade de tratamentos que têm sido anunciados. Ao revisar a literatura atual sobre 48 as diferentes intervenções que têm sido utilizadas no tratamento do autismo, concluímos que poucas tiveram embasamento empírico. Fonte: www.blog.isocial.com.br Ainda que algum tipo de melhora possa ser demonstrado em diferentes estudos, os resultados devem ser interpretados com cautela uma vez que estudos metodologicamente bem controlados são muito raros. Aparentemente, não existe uma única abordagem que seja totalmente eficaz para todas as crianças, em todas as diferentes etapas da vida. Ou seja, uma intervenção específica que pode ter um bom resultado em certo período de tempo (e.g. anos préescolares) pode apresentar eficácia diferente nos anos seguintes (e.g. adolescência). Isso ocorre, em parte, porque as famílias alteram suas expectativas e valores com relação ao tratamento das crianças de acordo com o desenvolvimento delas e do contexto familiar. Por outro lado, um ponto de consenso na literatura é a importância da identificação e intervenção precoce do autismo e seu relacionamento com o desenvolvimento subsequente. Finalmente, outra questão que se deve ter em mente é a necessidade de focar-se em toda a família e não somente no indivíduo com transtorno invasivo do desenvolvimento. 49 Fonte: www.gazetadopovo.com.br 50 BIBLIOGRAFIA BONETTI, Adriangela. 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