Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Maranhão Disciplina: Fisiologia Vegetal Alunas: Angelica da Cruz Abreu, Késsia Fernanda de Brito Pinho Citocinina As citocininas foram descobertas em 1940 por Johannes Van Ovebeek, através de experimentos que tinham como objetivo descobrir um aditivo químico que fosse capaz de aumentar o desenvolvimento de células vegetais. Porém, somente em anos depois é que sua natureza química foi identificada por Miller e outros estudiosos. Vale ressaltar que embora a descoberta e conceituação de citocinina tenha ocorrido a partir de uma substância artificial que foi descoberta na década de 50, a primeira citocinina natural em plantas só foi isolada 20 anos mais tarde, por David Letham, em extrato de milho verde, denominada de zeatina. A síntese das citocininas acontece principalmente no ápice das raízes, mas pode ocorrer também, em menor quantidade, em outros tecidos. Sua distribuição pela planta, se dá desde as raízes até os brotos, através do xilema. Também podem ser encontradas no floema, especialmente durante a translocação de assimilados de folhas senescentes para as partes jovens da planta. Sendo assim, as formas ribosídicas são transportadas pelo xilema, enquanto o transporte das citocininas através do floema ocorre sob a forma de glicosídeos. A divisão celular é o principal efeito das citocininas no vegetal, além disso, também estão relacionadas com outros processos fisiológicos, como senescência foliar. Quando as são separadas da planta, começam a ficar amareladas em decorrência da perda de clorofila. Este processo de envelhecimento ocasiona a morte do vegetal e é chamado de senescência. A aplicação de citocininas não evita por completo, mas tem a capacidade de retardar esse processo em muitas espécies. Também estão relacionadas com a modificação apical nas plantas. O hormônio vegetal auxina que é produzido no ápice cauliar ou na gema apical, é o responsável por causar a dominância apical e age causando a inibição do crescimento das gemas laterais, sendo este fenômeno um dos principais determinantes da forma dos vegetais. Ao se aplicar as citocininas diretamente nas gemas laterais, causa um efeito de quebra nessa dominância, provocando a divisão celular e o brotamento em diversas espécies. Quando se faz remoção da gema apical, se interrompe a ação das auxinas e se sobressai a ação das citocininas, induzindo o desenvolvimento das gemas laterais. Algumas bactérias e fungos, que estão intimamente associados com as plantas superiores, também podem secretar citocininas ou induzir as células vegetais a sintetizarem esse hormônio. Nesses casos, a citonina agiria como um estímulo para a divisão do tecido infectado, formando especiais nas plantas. Como exemplo pode-se citar a produção de nódulos nas raízes por bactérias fixadoras de nitrogênio em leguminosas. Quando associadas com as plantas, essas bactérias produzem compostos nitrogenados para as plantas a partir da fixação do nitrogênio presente no solo, e em troca recebem compostos energéticos sintetizados pelos vegetais. A fixação do nitrogênio ocorre em uma estrutura na raiz denominada nódulo, e a sua formação está relacionada com a produção de substâncias químicas pelas bactérias similares a citocininas, que induzem uma alteração na divisão celular da raiz, levando a formação dos nódulos. Existem citocininas do tipo adenina e do tipo fenilureia. As do tipo adenina são: cenetina, zeatina e benzilaminopurina. Já as do tipo fenilureia são: difenilureia e tidiazuron. Nenhuma citocina do tipo fenilureia foi encontrada em plantas. Assim como qualquer outro hormônio vegetal, o mecanismo de ação das citocininas envolve três etapas principais. A primeira delas é a percepção dos sinais, que é realizada por meio da ligação do hormônio a um receptor específico. Geralmente esse receptor é uma proteína que fica localizada no citoplasma ou na membrana celular, estas se conectam com mensageiros químicos de forma específica e reversível. Ao contrário das enzimas, essas proteínas que constituem os receptores não alteram os mensageiros químicos. Após a ligação, acontece vários eventos químicos intracelulares que desencadeiam uma resposta característica. Nesse momento as proteínas receptoras atuarão diretamente na detecção do sinal, dando início a etapa seguinte que é a transdução do sinal percebido por elas. Nessa etapa podem ser envolvidas outras moléculas como se fossem mensageiros secundários, para se fazer a amplificação do sinal. Por fim, o sinal percebido e amplificado deve interferir sobre mecanismos celulares básicos, como a expansão, divisão ou diferenciação os quais são alvos primários fundamentais e cujo somatório de efeitos se traduz na modificação do vegetal. Giberelina A giberelina foi descoberta em 1926 por E. Kurosawa, cientista japonês que realizava estudos para saber por que as plantas de arroz cresciam incessantemente, mas não produziam sementes. Através de seus estudos, ele descobriu que o que provocava esse crescimento era uma toxina produzida por um fungo conhecido como Giberella fujikuroi. Esse hormônio é encontrado nas raízes das plantas, nas sementes em fase de germinação, em frutos, em folhas jovens e etc. Sua principal atuação é no crescimento das folhas e do caule dos vegetais, fazendo a regulação da sua altura. Também possui grande importância na floração, no retardamento do envelhecimento dos tecidos vegetais e no desenvolvimento dos frutos. Seu transporte acontece através do xilema, junto com a seiva bruta, para as demais partes do vegetal. Na germinação da semente, quando é iniciado o processo de absorção de água para que consiga germinar, o embrião é induzido a produzir a giberelina, desencadeando sua germinação e consequentemente seu crescimento. As giberelinas também tem sido utilizadas na produção de frutos partenocárpicos e, algumas espécies de plantas como pêssegos, tangerinas e uvas, pois as giberelinas tem o mesmo efeito de induzir o crescimento dos frutos sem que haja fecundação que auxinas tem. Existem mais de 100 tipos de giberelinas, incluindo o ácido giberélico, tipo mais encontrado e também produzido pelo fungo Giberella fujikuroi. Etileno O etileno é um hormônio gasoso que foi descoberto no século XIX, com base em estudos que buscavam explicar por que as folhas de determinadas árvores que ficavam localizadas perto de lâmpadas que usavam gás para a queima caiam. Esse gás, tinha o etileno em sua composição e ao se fazer análises, se descobriu que ele influenciava o desenvolvimento da planta, ocasionando a queda das folhas. A produção do etileno ocorre em vários tecidos vegetais e fatores estressantes estão relacionados com a sua síntese. É sintetizado a partir de um aminoácido chamado metionina de fórmula C2H4. É produzido em maior quantidade em tecidos que estão sofrendo com o processo de envelhecimento ou amadurecimento. Está diretamente relacionado com o amadurecimento de frutos, envelhecimento de flores e folhas, queda de folhas e frutos. Além disso, em algumas espécies de plantas está relacionado com a determinação do sexo das flores, como é o caso das plantas da família cucurbitaceae. Nessa família, o etileno provoca um aumento na quantidade de flores femininas nos indivíduos. Agricultores colhem os frutos antes de amadurecerem e os submetem ao etileno no momento da comercialização. Essa técnica é utilizada porque o etileno provoca inúmeras reações que modificam a coloração do fruto, além disso, faz com que ocorra o amolecimento da parte carnosa e aumenta a quantidade de açucares. O etileno também possui uma propriedade que promove a abscisão de frutos e folhas. Isso ocorre porque esse hormônio age fazendo com que a parede celular se dissolva no lugar onde se dará a abscisão, permitindo assim que a colheita aconteça de maneira mais fácil e evitando que se tenha danos nos frutosque serão comercializados. Em casa, quando enrolamos frutas ou as colocamos em locais abafados, estamos aprisionando esse gás que é liberado pelos frutos, acelerando, assim, o processo de amadurecimento. Ácido abscísico Esse composto foi descoberto quando cientistas realizavam estudos para investigar qual substância poderia estar envolvida na restrição do crescimento de vegetais. Ao estudarem gemas dormentes, identificaram a presença de um composto denominado dormina, que inibia o crescimento do vegetal e que essa substância possuía composição química igual uma substância que promovia a abscisão de folhas e frutos, a abscisina, e por esse motivo foi denominado ácido abscísico. Sua produção acontece principalmente em folhas maduras, especialmente como uma resposta ao estresse hídrico, ocorre também em sementes, tendo seu transporte realizado pelo xilema, porém tem maior abundância no floema. Esse hormônio tem relação direta com a regulação do crescimento, dormência em sementes, maturação e fechamento estomático em ocasiões de estresse ambiental. Algumas sementes, mesmo com ótimas condições ambientais não conseguem germinar, por isso, são denominadas de sementes dormentes. A dormência pode ser imposta pela casca e outros tecidos circundantes como o endosperma, mas também pode ser intrínseca, que é quando o efeito de dormência está ligado a geração de um composto inibidor pelo embrião, em especial o ácido abscísico, e a falta de uma substância promotora, como o hormônio giberelina. Sendo assim, a combinação desses dois hormônios no interior das sementes contribui para a quebra da dormência. Outro papel adverso desses dois compostos, está na síntese de enzimas hidrolíticas em sementes, que são importantes para a degradação das reservas armazenadas durante a germinação. O ácido abscísico inibe a produção dessas enzimas, já a giberelina promove. Foi denominado como hormônio do estresse, pois foi comprovado sua participação em respostas ao frio, salinidade e estresse hídrico. Em condições de seca sua concentração pode ter um aumento considerável. Nesses casos, acontece um fechamento dos estômatos, devido seu acúmulo e produção em folhas. Ao contrário, em condições em que há um aumento na umidade acontece uma redução na concentração do ácido abscísico, isso acontece por conta da sua degradação, o que faz com que os estômatos se abram novamente. A regulação desse processo está ligada a alterações na pressão de turgor das células-guarda presentes nos estômatos. Mesmo que tenha sido classificado como um hormônio que promove a abscisão, deve-se ressaltar que esse composto causa esse efeito em apenas algumas poucas espécies e que o principal hormônio envolvido nesse processo é o etileno. O ácido abscísico está diretamente ligado ao processo de senescência foliar, que acontece antes da abscisão. Poliaminas As PAs são compostos que são encontrados em uma diversidade de células, desde animais até vegetais. O papel das poliaminas na atividade metabólica das células vegetais, só começou a ser estudado a partir da década de 80, mas essas substâncias constituem um dos grupos mais antigos dos compostos orgânicos. Podemos encontrar diversos tipos de poliaminas, dentre eles estão: as putrecinas, as espermidinas e as esperminas. As poliaminas estão diretamente ligadas a diversos processos do desenvolvimento vegetal e participam direta e indiretamente de uma diversidade de vias metabólicas que tem grande importância para o perfeito funcionamento da célula. Quando se analisa plantas superiores que perderam a capacidade de sintetizar esse tipo de substância pode-se perceber o quão importante elas são, pois observa-se alterações no crescimento e desenvolvimento. Quando se faz a adição de poliaminas, ocorre a restauração dos padrões normais de crescimento e desenvolvimento, dessa maneira fica evidente o papel de grande importância das poliaminas para as células vegetais. A síntese da putrescina acontece a partir da L-arginina por meio de duas vias metabólicas. Uma envolve a L-ornitina, obtida pela ação da ornitina descarboxilase; a outra via é através da obtenção da arginina descarboxilase, enzima modulada pela luz na maioria dos tecidos. Dependo da espécie e de alguns outros fatores, pode haver uma variação nessas rotas, como é sugerido para a formação de putrescina através da ADC em resposta ao estresse. A síntese da espermidina catalisa a conversão de putrescina em espermidina, e a sintase da espermina regula a conversão de espermidina em espermina. Essas duas enzimas transferem um grupo aminopropil da S-adenosilmetionina descarboxilada para seus respectivos substratos. Essa reação é uma etapa limitante na via Biosintética das poliaminas. Para que ocorra a biossíntese das poliaminas é necessário que estejam presentes auxinas, giberelinas e citocininas, já o etileno atua de maneira oposta, ele atua na regulação da atividade da descarboxilase da arginina. As poliaminas bloqueiam a síntese do etileno e junto com ela bloqueiam também a conversão de ACC a esse gás. Esse fato pode ser explicado pelo de que esses processos compartilham um precursor em comum entre a as poliaminas e o etileno, que é a S-metionina. As poliaminas estão envolvidas em diversas funções do desenvolvimento vegetal, dentre elas estão o enraizamento, formação de tubérculos, alongamento e divisão celular. São substâncias que podem substituir as auxinas, funcionando assim como compostos secundários dessa classe hormonal. Além disso, essas substâncias auxiliam a iniciação floral, tendo assim um papel de grande importância no processo de desenvolvimento de flores normais. No processo de senescência ocorre uma queda na quantidade de poliaminas. Quando se faz a aplicação de poliaminas em folhas de monocotiledôneas ou dicotiledôneas acontece um retardo ou uma prevenção de processos relacionados com a senescência, como o declínio da clorofila, proteínas e RNA. Brassinosteróides Os brassinosteróides foram descobertos na década de 60 quando foi elaborada uma teoria que acreditava na existência de promotores de crescimento e que esses promotores estariam diretamente ligados ao rápido crescimento dos grãos de pólen. Extrato de pólen Brassica napus induziu um rápido alongamento de internós de feijão, resposta diferente daquela produzida pelas giberelinas. Outros estudos também feitos com esse tipo de extrato de pólen, fizeram com que fosse isolado e identificado em 1979, o primeiro esteroide regulador de plantas, denominado de brassinolídeo. Hoje em dia existem mais de 60 brassinosteróides conhecidos. Os brassinosteróides em baixas concentrações apresentam um efeito biológico e tem uma distribuição ampla pelo reino vegetal. Podem ser encontrados nas algas, gimnospermas, monocotiledôneas, dicotiledôneas, nos botões florais, folhas, frutos, grãos de pólen, sementes, caules ou gemas. Esses compostos são derivados do campesterol, que é um esteróide vegetal. Esse composto sofre reações redução e oxidações. Primeiro, é sofre uma redução onde é transformado em campestenol, que por sua vez é oxidado a teasterona, precursores do brassinolídeo. A diversidade de brassinosteróides é diferenciada através de sua estrutura pois são esteroides com 27, 28 ou 29 carbonos. Brassinolídeos que possuem 28 carbonos em sua estrutura apresentam uma alta atividade biológica. Os brassinosteróides possuem um efeito parecido com o das auxinas, porém em estruturas como as raízes esses compostos possuem efeito diferente. Nessas estruturas, as auxinas estimulam o seu crescimento, já os brassinosteróides agem provocando a inibição do crescimento dessa estrutura. Os brassinosteróides, promovem o desenrolamento das folhas de Gramíneas, o crescimento do tubo polínico, a ativação de bombas de prótons e reorganização das microfibrilas de celulose. Esses compostos também são de grandeimportância para a diferenciação do xilema.
Compartilhar