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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL I - 3320 - TURMA 04 SEPARAÇÃO DE PRODUTOS NATURAIS POR TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS PROFESSORA: Debora Cristina Baldoqui ALUNOS: Cesar Henrique de Souza R.A.: 109395 Maria Clara Mazócoli R.A.: 117567 Mariana Vidotto Donadon R.A.: 116328 Maringá, 20 de setembro de 2022 INTRODUÇÃO TEÓRICA A coloração típica observada no mundo vegetal em relação às partes vegetativas é a predominância da coloração verde com base na presença de clorofila. Seria errado pensar que apenas o pigmento de clorofila está presente nesses vegetais. O que realmente acontece é que a clorofila “mascara” outros pigmentos, como carotenóides, ou às vezes outros pigmentos mascaram a clorofila.[1] A clorofila é o pigmento natural mais abundante nas plantas e é encontrada nos cloroplastos das folhas e outros tecidos vegetais. Estudos em uma variedade de plantas mostram que o pigmento de clorofila é o mesmo. As diferenças aparentes na cor dos vegetais se devem à presença e distribuição variável de outros pigmentos relacionados, como os carotenóides, sempre acompanhados de clorofila. Os pigmentos fotossintéticos presentes e sua abundância variam de espécie para espécie. A clorofila a (Chl a) está presente em todos os organismos que realizam fotossíntese aeróbica. As bactérias fotossintéticas não possuem clorofila a, mas possuem bacterioclorofila como pigmento fotossintético. Chl a é o pigmento usado para fotoquímica (o primeiro estágio do processo de fotossíntese), enquanto outros pigmentos ajudam a absorver a luz e transferir energia para o centro de reação, por isso são chamados de pigmentos acessórios. Os principais pigmentos acessórios também incluem outros tipos de clorofila: clorofila b, encontrada em plantas superiores, algas verdes e algumas bactérias; Chl c, em algas marrons e diatomáceas; e Chl d, em algas vermelhas. A clorofila (Figura 1) é uma molécula formada a partir de um complexo derivado de porfirinas com Mg (magnésio) como átomo central. As clorofilas a e b são encontradas na natureza na proporção de 3:1, respectivamente, e diferem no substituinte de carbono C-3. Na clorofila a, o anel porfirina contém um grupo metil em C-3, enquanto a clorofila b (considerada um pigmento acessório) contém um grupo aldeído, que substitui o grupo metil. A estabilidade da clorofila b é devido ao efeito de retirada de elétrons de seu grupo aldeído em C-3. A clorofila b é sintetizada pela oxidação do grupo metila da clorofila a em um grupo aldeído. No entanto, muitos estudos foram realizados para elucidar a biossíntese da clorofila b, mas as vias de formação da clorofila b ou as proteínas envolvidas não foram elucidadas. A clorofila b é convertida em clorofila a por uma enzima chamada clorofila a oxigenase, que catalisa a conversão de grupos metil em grupos aldeído.[2] A clorofila está localizada no cloroplasto, a organela que é responsável pela fotossíntese, ou seja, onde ocorrem duas reações importantes: as reações fotoquímicas (ocorrem na membrana do tilacóide) e as reações bioquímicas (ocorrem no estroma do cloroplasto). Além da clorofila, essas organelas contêm outros pigmentos chamados acessórios, como carotenóides (caroteno e luteína). Os carotenóides são uma classe de pigmentos naturais encontrados na natureza pelas cores vermelha, amarela e laranja, atuando na fotossíntese e são necessários no processo de fotoproteção, principalmente na proteção da clorofila. São compostos lipofílicos com estrutura básica de tetraterpeno (Figura 2) de 40 carbonos, formado a partir de 8 unidades isoprenóides (Figura 3) de 5 carbonos. A cadeia carbônica de alguns carotenóides podem apresentar um ou dois anéis β-ionona (Figura 4) nas extremidades. Figura 2 - Tetraterpenos. Figura 3 Figura 4 Até o momento foram descritos mais de 750 carotenóides presentes na natureza, podendo ser classificados em dois grupos, xantofilas e carotenos, de acordo com o tipo de solubilidade. O grupo das xantofilas é mais solúvel em água e o grupo de carotenos solúvel em gordura: Xantofilas: encontradas nas vegetações terrestres, principalmente nas cores vermelha e amarela. A xantofila está mais envolvida na proteção da fotossíntese; os carotenoides presentes nesse grupo são: luteína; zeaxantina; astaxantina; criptoxantina; capsantina; cantaxantina; sapotexantina. Caroteno: os mais estudados são o licopeno, presente no tomate, e o caroteno, presente na cenoura. Os carotenos são abundantes em frutas e vegetais. Por serem menos solúveis em água, os carotenos são melhores absorvidos em preparações que levam gorduras boas, como o azeite de oliva, exemplos de carotenóides desse grupo são: diatoxantina; caroteno; crocetina; curcumina; beta caroteno; alfa caroteno; licopeno; fitoeno; fitoflueno.[2] A cor amarela após a degradação da clorofila indica a presença e ação de enzimas de degradação de carotenóides.[3][4] A clorofila e os carotenóides podem ser separados por cromatografia de papel. Essa técnica baseia-se em fenômenos e métodos físicos usados na química e biologia para separação de componentes de uma mistura. A migração diferencial é o fundamento da cromatografia. A capacidade de migração de cada componente da mistura pode ser determinada pelo seu Rf, que é a relação entre a distância percorrida pela substância e aquela percorrida pelo solvente (eluente).[1] Técnicas cromatográficas A cromatografia é uma técnica utilizada para a análise, identificação e separação dos componentes de uma mistura. É definida pela separação dos componentes de uma dada mistura baseado na interação dos mesmos com a fase estacionária e com a fase móvel. Dependendo da natureza dessas fases, tem-se diversas cromatografias: sólido-líquido (coluna, camada fina ou delgada, papel); líquido-líquido (CLAE – cromatografia líquida de alta eficiência); gás-líquido (CG – cromatografia gasosa).[5] A cromatografia pode ser utilizada para a identificação de compostos, por comparação com padrões previamente existentes, para a purificação de compostos, separando -se as substâncias indesejáveis e para a separação dos componentes de uma mistura.[5] As diferentes formas de cromatografia podem ser classificadas considerando-se diversos critérios, sendo alguns deles: 1. Classificação pela forma física do sistema cromatográfico Pode ser subdividida em cromatografia em coluna e cromatografia planar. Enquanto a cromatografia planar resume-se à cromatografia em papel (CP), à cromatografia por centrifugação (Chromatotron) e à cromatografia em camada delgada (CCD), existem diversos os tipos de cromatografia em coluna; 2. Classificação pela fase móvel empregada Se tratando da fase móvel, são três os tipos de cromatografia: a cromatografia gasosa, a cromatografia líquida e a cromatografia supercrítica (CSC), usando-se na última um vapor pressurizado, acima de sua temperatura crítica. A cromatografia líquida apresenta uma importante subdivisão: a cromatografia líquida clássica (CLC), na qual a fase móvel é arrastada através da coluna apenas pela força da gravidade, e a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). No caso de fases móveis gasosas, separações podem ser obtidas por cromatografia gasosa (CG) e por cromatografia gasosa de alta resolução (CGAR). A diferença entre os dois tipos está na coluna. Enquanto na CGAR são utilizadas colunas capilares, nas quais a fase estacionária é um filme depositado na mesma, a CG utiliza colunas de maior diâmetro empacotadas com a fase estacionária. 3. Classificação pela fase estacionária utilizada Quanto à fase estacionária, distingue-se entre fases estacionárias sólidas, líquidas e quimicamente ligadas. No caso da fase estacionária ser constituída por um líquido, este pode estar simplesmente adsorvido sobre um suporte sólido ou imobilizado sobre ele. Suportes modificados são considerados separadamente, como fases quimicamente ligadas, por normalmentediferirem dos outros dois em seus mecanismos de separação. 4. Classificação pelo modo de separação Por este critério, separações cromatográficas se devem à adsorção, partição, troca iônica, exclusão ou misturas desses mecanismos. Figura 5 - Esquema dos diferentes tipos de cromatografia A cromatografia em camada delgada (CCD) é uma técnica de adsorção líquido–sólido. Esta técnica consiste de uma fase estacionária fixada em uma placa (de vidro ou alumínio) e uma fase móvel, que é composta por um solvente ou combinação de solventes, chamado eluente. A amostra a ser analisada é aplicada sobre a fase estacionária, que é um adsorvente. [6] Neste caso, a separação se dá pela diferença de afinidade dos componentes de uma mistura, a qual deseja separar, pela fase estacionária. [5] É a mais simples e mais econômica técnica cromatográfica, utilizada geralmente quando se pretende a separação rápida e a identificação visual. Devido a isso, é muito utilizada nas análises de substâncias, no acompanhamento de reações em sínteses, para determinar o número de componentes em uma mistura ou verificar a eficiência de uma separação. A sílica gel é a fase estacionária mais utilizada, sendo seguida pela alumina, pela terra diatomácea e pela celulose. Para a preparação das placas, faz-se uma suspensão do adsorvente em água, sendo a mesma depositada sobre a placa. Após a deposição, deixa -se a placa secar ao ar. A etapa final da preparação da placa é sua ativação, que ocorre na estufa a uma alta temperatura. Após a aplicação da(s) amostra(s) sobre a placa, a mesma deve ser introduzida numa cuba contendo a fase móvel adequada. [5] O parâmetro mais importante a ser considerado em CCD é o fator de retenção (Rf ), o qual é a razão entre a distância percorrida pela substância em questão e a distância percorrida pela fase móvel.[5] 𝑅 𝑓 = 𝑑 (𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎)) 𝑑 (𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑚ó𝑣𝑒𝑙) Quanto maior for o fator de retenção, maior a distância percorrida pelo componente e portanto a interação com a fase móvel é mais fraca, e vice-versa. Figura 6 - Cromatograma obtido por CCD Como a maioria dos compostos orgânicos é incolor, muitas vezes é necessário a utilização de um revelador para que se possa analisar o resultado. Existem dois métodos revelação, podendo ser um processo destrutivo ou não destrutivo. Os métodos não destrutivos mais utilizados são a utilização de placas onde a fase estacionária é fluorescente ou iodo. O primeiro visualiza substâncias fluorescentes (placa sem indicador) ou baseia-se na utilização de substâncias fluorescentes misturadas à sílica. O segundo vale -se do fato de que o iodo reage com muitos compostos orgânicos, formando complexos, e levando a formação de manchas amarelas e marrons. Os processos destrutivos consistem na oxidação dos compostos sobre a placa, pulverizando-os com solução aquosa de um oxidante orgânico e/ou um ácido mineral, e submetendo-se a placa a altas temperaturas por alguns minutos. Os compostos orgânicos oxidados serão revelados na forma mais escura. PROPRIEDADES FÍSICAS E TOXICIDADE Hexano (C6H14) [7] É altamente inflamável e seus vapores podem ser explosivos. A maior parte do hexano usado na indústria é misturado com produtos químicos semelhantes chamados solventes. O principal uso de solventes contendo n-hexano é extrair óleos vegetais de culturas como a soja. Figura 7 - Estrutura molecular do hexano. - Características: Líquido incolor com odor de gasolina; - Massa molar: 86,18 g/mol; - Densidade: 0,66 g/cm³ a 25°C; - Ponto de Fusão: - 95,35°C; - Ponto de Ebulição: 68,73°C; - Solubilidade em água: Insolúvel em água; muito solúvel em etanol; solúvel em éter etílico, clorofórmio. https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/ethanol https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/ethyl%20ether https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/chloroform - Toxicidade: A inalação causa irritação do trato respiratório, tosse, depressão leve, arritmias cardíacas. A aspiração causa irritação pulmonar grave, tosse, edema pulmonar; excitação seguida de depressão. A ingestão causa náuseas, vômitos, inchaço do abdome, dor de cabeça, depressão. Clorofórmio (CHCl3) [8] Figura 8 - Estrutura molecular do clorofórmio. - Características: líquido incolor, com odor doce; - Massa molar: 119,38 g/mol; - Densidade: 1,48 g/cm3 em 20°C; - Ponto de fusão: - 63°C; - Ponto de ebulição: 61°C; - Solubilidade: 8,7 g/L em 23°C; - Toxicidade: Provoca irritação à pele e aos olhos, é nocivo se ingerido, tóxico se inalado e provoca danos ao fígado e rins por exposição repetida ou prolongada. É suspeito de provocar câncer. Sulfato de sódio anidro (Na2SO4) [9] Figura 9 - Estrutura molecular do sulfato de sódio. - Características: sólido branco, inodoro. - Massa molar: 142,04 g/mol; - Densidade: 2,67 g/cm3 em 25°C; - Ponto de fusão: 888°C; - Ponto de ebulição: - Solubilidade: em água, 200 g/L e insolúvel em etanol; - pH: 7,5 - 9,2; - Toxicidade: toxicidade aguda por inalação e para o ambiente aquático. Causa lesões e irritações oculares graves e irritação/corrosão à pele. Acetona (C3H6O) [10] Figura 10 - Estrutura molecular da acetona - Características: líquido claro e incolor, com odor suave de fruta; - Massa molar: 58,08 g/mol; - Densidade: 0,786 g/cm³ a 24°C; - Ponto de Fusão: - 94°C; - Ponto de Ebulição: 56°C; - Solubilidade: em água 100 mg/mL, em etanol 95% 100 mg/mL. Miscível em clorofórmio e éter; - Toxicidade: Por inalação: Pode causar severa irritação no trato respiratório, náuseas, vertigens e sonolência. Por ingestão: Pode causar dor de cabeça, náuseas, vômitos, vertigens, desmaios, perda de apetite, inflamação no estômago e duodeno. Contato com a pele: Pode ser rapidamente absorvido pela pele, causando irritação. Contato com os olhos: causa irritação, podendo danificar olhos e córnea. Exposição crônica: Pode afetar o sistema nervoso central, rins e fígado, causar inconsciência e até morte. OBJETIVOS O presente experimento tem como objetivo, identificar os compostos presentes no espinafre, utilizando cromatografia em camada delgada (CCD). PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Preparação do extrato Colocar em um béquer 10-15 folhas de espinafre cortadas em pedaços e 30 mL de uma mistura de 20:10 mL hexano/acetona e triturar bem as folhas. Filtrar o extrato, transferir o filtrado para um funil de separação e adicionar 10 mL de água. Agitar lentamente o funil, pois a agitação brusca pode causar a formação de emulsão. Separar e descartar a fase aquosa. Repetir esta operação mais uma vez, sempre descartando a fase aquosa. Transferir a solução de pigmentos para um erlenmeyer e adicionar sulfato de sódio anidro. Filtrar a solução em um balão de fundo redondo e evaporar o solvente (filtrado) em evaporador rotativo. Desenvolvimento do cromatograma Dissolver o resíduo em uma pequena quantidade de clorofórmio. Aplicar com um capilar a solução de pigmentos sobre uma placa de sílica a aproximadamente 1,0 cm de uma das extremidades. Deixar o solvente evaporar. Preparar uma cuba com 10-15 mL de clorofórmio ou hexano/acetona (7:3). e colocar cuidadosamente a placa na cuba, evitando que o ponto de aplicação da amostra mergulhe no solvente. Ao final da corrida, remover a placa e marcar a frente do solvente (linha de chegada da fase móvel). Deixar secar ao ar e observar o número de manchas coloridas. Copiar a placa com as substâncias separadas (cromatograma), obedecendo fielmente a distância entre o ponto de aplicação e a frente do solvente, bem como a distância percorrida por cada substância, iniciando pelo ponto de aplicação até o centro de maior concentração da mancha. Preparar uma nova cuba usando como eluente uma mistura de CHCl3 e acetona (9:1). Efetuar um novo desenvolvimento da placa, tendo o cuidado de não deixar que a frente do solvente atinja a mancha amarela de maior fator de retenção (Rf), obtida na primeira eluição. Copiar o cromatograma.
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