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Anemias Anemia não é doença, é um achado. Eritropoiese Eritropoietina produzida no rim e funciona como estímulo. O ferro é transportado pelas hemoglobinas Ácido fólico/vitamina B12, importante para a síntese de DNA. Após 120 dias de sua produção, ela é direcionada para o baço para então ser reciclada (hemocaterese) Hemocaterese: Destruição fisiológica das hemácias X Hemólise: Destruição patológica das hemácias. A hemoglobina é formada pelo grupo HEME composto por ferro + protoporfirina e a globina é formada por 2 cadeias alfa e 2 cadeias beta. Hemograma Série vermelha Hemácia 4-6 milhões/mm3 ↓ Anemia ↑ Policitemia Hemoglobina 12-17 g/dl Hematócrito 36-50% Reticulócitos 0,5 - 2 % Hipo/Hiperproliferativa VCM 80-100fL Micro/Macrocítica HCM 28 - 32 pg Hipo/hipercrômica CHCM 32 - 35 g/dl Similar ao HCM RDW 10 - 14% Índice de anisocitose Como investigar uma anemia inicialmente? 1. Contagem de reticulócitos 2. Morfologia da hemácia (VCM e HCM) Hiperproliferativa - Anemia hemolítica - Sangramento agudo Hipoproliferativa - Anemias carenciais (Fe, folato e B12) - Anemia de doença crônica - Anemia sideroblástica Microcítica e hipocrômica Deficiência de ferro: Ferropriva e de doença crônica. Deficiência na protoporfirina: Sideroblástica Defeito quantitativo na globina: Talassemia Anemias hipoproliferativas Anemia ferropriva Ciclo do ferro O Fe é absorvido no intestino delgado proximal e é transportado no sangue pela transferrina até a medula óssea para fazer a eritropoiese. O Fe que sobra é estocado em forma de ferritina, principalmente, no fígado. Assim, após 120 dias, a hemácia é reciclada e o Fe é reaproveitado. "O ferro, depois que entra, não sai mais…" A grande causa da anemia ferropriva é o sangramento crônico (fluxo menstrual exacerbado e idoso com tumor colônico) Achados laboratoriais A primeira coisa que altera é a ferritina (A lista está em ordem de quem altera primeiro.) ↓ ferritina < 30 ↑ Transferrina ↑ TIBC > 360 ↓ Ferro sérico < 30 ↓ Sat de transferrina < 10% Até esse momento o paciente não apresenta anemia. Inicia com anemia normo/normo e após evolui para micro/hipo (clássico). ↓ HCM ↓ VCM ↑ RDW ↑ Plaquetas (mecanismo de compensação) Quadro clínico - Síndrome anêmica: Palidez, astenia, cefaleia, angina.. - Carência nutricional: Glossite, queilite angular… - Carência do ferro: Perversão do apetite (terra e gelo), coiloníquia (unha em colher) e disfagia (Plummer-Vinson). Tratamento Investigar a causa e tratá-la. - Crianças: Prematuridade, desmame, ancilostomíase. - Adultos: Gravidez, hipermenorreia, má-absorção (doença celíaca), perda crônica de sangue pelo TGI. Todos os pacientes a partir de 50 anos, obrigatoriamente, se anemia ferropriva, tem que fazer colonoscopia e endoscopia. Repor ferro (sulfato ferroso: 20% é Fe elementar) Dose: 120 - 200 mg/dia de Fe elementar (60mg, 3-4x ao dia) com suco ácido e 2 horas antes das refeições. * Crianças: 3-5mg/kg.dia de Fe elementar Resposta: Avaliação dos reticulócitos (pico: 7 - 10 dias) Normalização: +/- 2 meses Duração: + 6 meses ou ferritina > 15-50 ng/ml Anemia por doença crônica Qualquer doença de aspecto inflamatório e crônico pode levar a uma anemia. Essas doenças estão relacionadas à liberação de citocinas, principalmente IL-6, que irritam o fígado, que então libera hepcidina. A hepcidina estoca o ferro e diminui a transferrina. Achados laboratoriais ↓ Ferro Sérico ↓ ou normal: Sat. de transferrina ↓ TIBC ↑ Ferritina ↓ VCM e HCM Tratamento Doença de base! Anemiamegaloblástica Precursor dos eritrócitos que sofreu algum distúrbio na sua divisão celular. → citoplasma exuberante, por isso o VCM aumenta. Toda anemia megaloblástica tem macrocitose, mas nem toda macrocitose é anemia megaloblástica. Deficiência de ácido fólico Ácido fólico INATIVO → folhas verdes e vegetais → transformado em ácido fólico ATIVO → núcleo celular de todas as células → promoção da síntese de DNA. Células com maior turnover (renovação) sofrem mais (hemácias, células gastrointestinais) O ácido fólico inativo é absorvido no intestino delgado proximal e é transformado em ácido fólico ativo através da vitamina B12 e promove também o consumo da homocisteína, que é transformada emmetionina. Causas Má nutrição: Alcoolismo ↑ Necessidade: Gestante, Hemólise crônica ↓ Absorção: Doença celíaca, fenitoína ↓ Regeneração: Metotrexate Deficiência de vitamina B12 A vitamina B12 é derivada de animais e funciona como um co-fator para a transformação do ácido fólico INATIVO para o ATIVO. A acidez do estômago libera a B12, que se liga ao ligante R (saliva) gerando o fator intrínseco (FI). No duodeno, com a ação das enzimas, há a separação da B12 com o ligante R e então a ligação da B12 com o FI. No íleo distal há absorção de B12 e FI. Causas Veganismo estrito Anemia perniciosa (condição autoimune anti-cél parietal e FI) Gastrectomia Pancreatite crônica Doença ileal (Crohn, BK) Uso de Metformina Ou seja, tanto na anemia por deficiência de ácido fólico quanto a de vitamina B12, a síntese de DNA fica prejudicada! Achados laboratoriais ↑ VCM (> 100-110) ↑ Neutrófilos segmentados ↓ ou normal leucócitos e plaquetas (pancitopenia leve) Neutrófilos hipersegmentados Eritropoiese ineficaz destrói precursor (lembra hemólise: ↑ LDH, ↑ Bilirrubina indireta) ↑ Homocisteína (deficiência de folato ou B12) ↑ Ácido Metilmalônico (deficiência de B12) Quadro clínico - Síndrome anêmica - Carência nutricional: Glossite, queilite, diarréia B12 ou folato? → Deficiência de vitamina B12 leva a uma síndrome neurológica mesmo sem alterações hematológicas. Isso acontece porque a B12 é responsável pela formação de ácido metilmalônico em Succnil-Coa, sem a B12 há aumento de ácido metilmalônico que faz toxicidade neuronal → Degeneração combinada da medula (cordão posterior + feixe piramidal lateral) Tratamento Deficiência de B12: Reposição de B12 de preferência por via parenteral para vencer a barreira TGI. Deficiência de ácido fólico: Reposição de ácido fólico 1 - 5 mg/dia VO. Cuidados… Risco de hipocalemia pela alta taxa de formação de novas células. Reposição de ácido fólico pode mascarar a deficiência de B12 (melhora a anemia, mas não o quadro neurológico) Anemia sideroblástica Causa: Deficiência de protoporfirina - Hereditária - Adquirida (álcool, ↓ B6, chumbo) Células precursoras cheias de ferro que não conseguem construir o grupo HEME pela falta de protoporfirina. Achados laboratoriais Anemia microcítica/hipocrômica (hereditário) ↑ Ferro sérico ↑ Ferritina ↑ Saturação de transferrina Risco de hemocromatose→ Acúmulo de ferro Acúmulo de ferro na linhagem eritrocitária: Aspirado de MO (mielograma): Sideroblastos em anel Sangue periférico (hematoscopia): Corpúsculos de Pappenheimer. Tratamento Administração de vitamina B6. Anemias hiperproliferativas Hemocaterese: Destruição fisiológica das hemácias (morre com> 120 dias) Hemólise: Destruição patológica das hemácias (morre com < 120 dias) As duas são mais intensas no baço. Hemólise compensada: Destruição de hemácias com mecanismos de compensação. - Hiperplasia de medula - Estoques adequados de Fe, B12 e Folato - Hemácia morre com > 20 dias ↓ das hemácias por hemólise → Hipóxia renal → Aumento de eritropoetina → MO → hiperplasia da medula óssea > 6-8x → ↑ liberação de reticulócitos → reticulocitose → ↑ do VCM Causas de reticulocitose: - Anemia hemolítica - Sangramento agudo - Melhora da anemia ferropriva Hemólise → ↓ hemácia: ↑ bilirrubina indireta ↑ LDH ↓ Haptoglobina (complexo célula - macrófago + globina - que é tóxica para o organismo) Clínica - Síndrome anêmica - Esplenomegalia - Icterícia leve - Hemoglobinúria - Cálculo biliar (Rx de abdome - excesso de bilirrubinato de cálcio - pigmentar) Achados laboratoriais - ↑ VCM - Reticulocitose = policromatofilia - ↑ LDH - ↑ Bilirrubina indireta - ↓ Haptoglobina Complicações - Crises anêmicas agudas "Derrepente… anemia + (...)" - Anemia + Reticulocitopenia - Crise aplásica (infecção por parvovírus B19 - eritroblasto que não consegue continuar a linhade contagem - morte de reticulócitos) → tratamento: suporte + transfusão se necessário - Crise megaloblástica (↓ Folato) - reticulocitopenia + neutrófilos hipersegmentados. → tratamento: ácido fólico - Anemia + injúria renal aguda (IRA) - Hemólise aguda grave: ↓ G6PD, Loxosceles (aranha marrom) → Hemoglobinúria maciça com lesão renal - Anemia + esplenomegalia - Sequestro esplênico: Anemia falciforme Anemia hemolítica autoimune Apresenta coombs direto positivo e microesferócitos - Anticorpos quentes (IgG) +/- 75 % dos casos - Causas: maioria idiopática, secundária a infeccao viral, LES, LLC ou por drogas como penicilina e metildopa. - Tratar causa e/ou usar corticoide/rituximabe e/ou esplenectomia - Anticorpos frios (IgM) - Causas: micoplasma, mononucleose, macroglobulinemia. - Tratar causa, Rituximabe, não fazer esplenectomia (pois a hemácia morre no fígado), plasmaferese. Anemias hemolíticas hereditárias Esferocitose hereditária Falta espectrina e anquirina causando "contração"- diminuindo o centro pálido → endurecimento das hemácias Clínica: Criança + esplenomegalia A. hemolítica hipercrômica (↑ CHCM) + esferócitos Diagnóstico: Teste da fragilidade osmótica Tratamento: Acompanhamento +/- ácido fólico +/- EPO +/- Transfusão OU esplenectomia parcial (<5 anos) ou total (> 6 anos) SE: anemia grave, refratária e/ou repercussões clínicas. Deficiência de G6PD (Glicose - 6 - fosfato desidrogenase) Clínica: + Comum em homens. - "Crise anêmica" por hemólise - G6PD ativa o glutation (limpa os radicais superóxidos das hemácias), quando há deficiência há aumento de radicais superóxidos, pois o glutation não está "limpando bem", porém, a hemácia morre com > 20 dias, não tendo, então, sintomas. Porém, pode haver superoxidação (principalmente em infecções - mais comum), onde há muitos radicais e as hemácias morrem antes de 20 dias, levando a uma crise anêmica. Causas de superoxidação - Infecção - Drogas: Sulfas, primaquina, dapsona, naftalina, nitrofurantoína e rasburicase. Diagnóstico Corpúsculos de HEINZ, hemácias mordidas ("Bite cells") Medida da atividade da G6PD Tratamento Prevenção da superoxidação Anemias hemolíticas adquiridas Hemoglobinúria paroxística noturna Desordem genética adquirida extraútero Fisiopatologia: Mutação deixa a hemácia + fácil de ser lisada pelo complemento. Clínica: Homem 30 - 40 anos Tríade: Hemólise + pancitopenia + tromboses abdominais Norturna (25% dos casos): Hiperventilação durante o sono, ↓ pH e aumento da atividade do complemento Diagnóstico Citometria de fluxo ↓ CD55/CD59 Tratamento Eculizumabe Pegcetacoplan Hemoglobinopatias Tipos de hemoglobina HbA (alfa2 beta2): 97% HbA2 (alfa2 delta2): 2% HbF (alfa2 gama2): 1% → Fetal 1 par de globina do pai e 1 par da mãe Anemia falciforme Beta mutante (beta S) tanto do pai quanto da mãe (homozigoto SS) → HbS → Formato de foice Beta mutante (Beta S) só do pai ou só da mãe → traço falcêmico/falciforme HbS = polimerização → Coloca as hemoglobinas enfileiradas dentro da hemácia, esticando as hemácias envergando a ponta formando o formato de foice (drepanócito). Isso acontece quando a hemácia desidrata ou desoxigenada. Após receber o oxigênio novamente ela volta ao normal. → Após 15 dias fazendo isso ela se torna drepanócito irreversível → hemólise no baço com 15 dias de vida. Além do formato de foice, ela libera moléculas de adesão na superfície (fica grudenta), levando ao fenômeno vaso oclusivo. Outro fenômeno é o turbilhonamento do fluxo, levando a lesão endotelial e posteriormente a hipercoagulabilidade. Clínica Normalmente só aparece após 6 meses de vida. Até 6 meses de vida quem predomina é a Hb Fetal, por isso o paciente é assintomático. PS (aguda): Crises vaso oclusivas agudas. - Desencadeantes: Situações que provocam maior desidratação e desoxigenação = infecção, cirurgia, desidratação, frio, menstruação, gestação, álcool. - Síndrome mão pé: Primeira manifestação da falciforme. - Idade: até 2-3 anos - Local: Extremidades - Clínica: Isquemia medular - edema → dactilite falcêmica + dor - Rx normal. - Crise óssea/crise álgica/osteoarticular:Mais comum - Idade: > 3 anos - Local: Ossos longos - Clínica: Dor sem dactilite - Rx: normal - Sequestro esplênico: anemia + esplenomegalia - Idade: até 5 anos - Esplenomegalia: o baço é hiperosmolar que leva a desidratação da hemácia, ela começa a polimerização no sistema venoso e leva a oclusão, levando a congestão esplênica. - Anemia: Sequestro e hemólise esplênica. - Até 5 anos: após 5 anos a criança não tem mais baço por conta de isquemia - necrose - fibrose. (autoesplenectomia) - Após o 1 sequestro: fazer esplenectomia Apenas 5% dos casos > 5 anos apresentam esplenomegalia pois a pessoa mantém a produção de HbF que compete com a HbS, levando a diminuição da polimerização da HbS. - Síndrome torácica aguda: - Infiltrado pulmonar novo + 1 dos seguintes: - Febre, tosse, dor torácica, expectoração purulenta, dispnéia e/ou hipoxemia. - Evolui para SDRA em 36 - 48h → principal causa de morte em países desenvolvidos. - DEVE internar! - AVE - Isquêmico: Crianças - Hemorrágico: Adultos Ambulatório: Disfunções crônicas - Lesão óssea: - Osteonecrose → vértebra em boca de peixe - Osteomielite por Salmonella / S. aureus (5%) - Artrite séptica por pneumococo - Lesão renal: - Necrose de papila - GEFS - CA medular Tratamento agudo - Crises vaso-oclusivas - Hidratação: não faça hiperhidratação! - O2: Só se SATO2 < 92% - Analgesia: incluindo OPIÓIDES! - SE FEBRE: interna! - ATB: Beta - lactâmico se febre > 38,5, ↓ PA, Hb < 5, leuc > 30.000 Tratamento crônico - Prevenção - Ácido fólico - VACINAÇÃO - Penicilina VO até 5 anos - ATENÇÃO À FEBRE - Estimulação da HbF com Hidroxiureia se crises álgicas (> 2-3/ ano), prevenção secundária STA/AVE ou anemia grave sintomática - Transplante MO se < 16 anos (mais eficaz) Tratamento transfusional - Transfusão simples: Anemia sintomática/ grave: Hb < 5,5 (Cças), < 6 (adultos) - Exosanguineo-transfusão: - Aguda: Quadro grave (síndrome torácica aguda e AVE) - Crônica (regulares): alvo: Hb 9-10 e HbS < 30% → SE NÃO HOUVE RESPOSTA A HIDROXIUREIA ou prevenção secundária a AVE e STA. Teste do pezinho - FA (normal até 28 dias): HbF e HbA - AF (normal > 30 dias): HbA e HbF - AFA2 ( normal > 40 dias): HbA, HbF e HbA2 - AA (normal > 90 dias): HbA Na anemia falciforme: - FAS: Traço falciforme - FS: Anemia falciforme - Variantes falcêmicas: - FSC: Doença falciforme + Hemoglobinopatia C - FSA: Doença falciforme + beta-talassemia
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