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COMENTÁRIOS À LEI DE TORTURA

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LEI DE 
TORTURA
C O M E N T Á R I O S À 
A R T I G O P O R A R T I G O + 1 0 Q . C O M E N T A D A S
André Epifanio
Promotor de Justiça
 
Material protegido por direitos autorais. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMENTÁRIOS À LEI DE TORTURA 
Lei n.º 9.455/97 
 
 
 
 
 
ARTIGO POR ARTIGO 
 
 
 
 
André Epifanio 
Promotor de Justiça do Amazonas 
 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 2 
 
Vamos entender todos os dispositivos sobre a Lei de 
Tortura? 
1- NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
1.1- Previsão Legal: Lei n. 9.455/97 
1.2- Previsão constitucional: 
Art. 5º (...), III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante; XLIII - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , 
(DIFERENTEMENTE DO RACISMO, A TORTURA É PRESCRITÍVEL) (...) 
Doutrina temática: 
“Com o advento da Constituição Federal de 1988 após um longo período 
de ditadura militar, durante o qual inúmeras pessoas foram torturadas, 
era de se esperar uma nítida preocupação do constituinte em coibir tal 
prática.” (LIMA, 2020, p. 984). 
 
1.3- Mandado de criminalização constitucional? SIM 
 
O que são mandados de 
criminalização? 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 3 
Há um mandado de criminalização1 previsto no art. 5º da Carta 
Magna, nos seguintes termos: “XLIII - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura , (...)” 
Doutrina temática: 
Segundo a lição de Ponte, “os mandados de criminalização indicam 
matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a 
faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo 
determinados bens ou interesses de forma adequada e, dentro do 
possível, integral”. 
(...) 
Os mandados de criminalização constituem, pois, uma das faces da 
proteção dos direitos fundamentais, criando um novo papel para as 
sanções penais e para a relação entre o Direito Penal e a Constituição. 
Os direitos enumerados como fundamentais revestem-se ainda da 
chancela de “mandados de criminalização” e, consequentemente, por 
reclamarem a proteção criminal (última ratio), devem afastar 
 
1 Veja um trecho interessante desse julgado: STF , HABEAS CORPUS 102.087 MINAS 
GERAISRELATOR:MIN. CELSODE MELLO (...) 1.1. Mandatos constitucionais de 
criminalização: A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que, em 
princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de 
condutas (CF, art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, § 4º). Em todas essas é possível 
identificar um mandato de criminalização expresso, tendo em vista os bens e valores 
envolvidos. Os direitos fundamentais não podem ser considerados apenas proibições de 
intervenção (Eingriffsverbote), expressando também um postulado de proteção 
(Schutzgebote). Pode-se dizer que os direitos fundamentais expressam não apenas uma 
proibição do excesso (Übermassverbote), como também podem ser traduzidos como 
proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela (Untermassverbote). Os 
mandatos constitucionais de criminalização, portanto, impõem ao legislador, para seu 
devido cumprimento, o dever de observância do princípio da proporcionalidade. (...) (...) O 
Tribunal deve sempre levar em conta que a Constituição confere ao legislador 
amplas margens de ação para eleger os bens jurídicos penais e avaliar as medidas adequadas e 
necessárias para a efetiva proteção desses bens. Porém, uma vez que se ateste que as medidas 
legislativas adotadas transbordam os limites impostos pela Constituição – o que poderá ser 
verificado com base no princípio da proporcionalidade como proibição de excesso 
(Übermassverbot) e como proibição de proteção deficiente(Untermassverbot) –, deverá 
o Tribunal exercer um rígido controle sobre da atividade legislativa, declarando a 
inconstitucionalidade de leis penais transgressoras de princípios constitucionais. 
 
Material protegido por direitos autorais. 4 
medidas despenalizadoras sob pena de imprimir o juízo de que o 
legislador infraconstitucional não atendeu aos reclamos da 
Constituição. (Alexandre Rocha Almeida de Moraes/ A TEORIA DOS 
MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO E O COMBATE EFETIVO À 
CORRUPÇÃO/ESMP) 
 
Portanto, são crimes mais graves em que o legislador resolveu 
aplicar um regramento rigoroso tanto para a condenação quanto para 
a execução das penas, restringindo direitos que são comuns aos 
demais presos, a exemplo da fiança, da graça ou da anistia. 
Um primeiro contato esquemático com a Lei de Tortura e as 
principais denominações: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com 
emprego de violência (FÍSICA) ou grave ameaça (MORAL), 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima 
ou de terceira pessoa; (TORTURA-CONFISSÃO) 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
(TORTURA-CRIME) 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; (TORTURA-
PRECONCEITO) 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou 
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter 
preventivo. (TORTURA-CASTIGO) 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a 
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio 
da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida 
 
Material protegido por direitos autorais. 5 
legal. (FIGURA EQUIPARADA À TORTURA IMPRÓPRIA - TORTURA 
PELA TORTURA) 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o 
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a 
quatro anos. (TORTURA-OMISSÃO) 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena 
é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de 
oito a dezesseis anos. (QUALIFICADORAS DA TORTURA) 
 
2- Agora vamos entender artigo por artigo? 
Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com 
emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
Classificação geral resumida do art. 1, I, da Lei n.º 9455/97, 
conforme RENATO BRASILEIRO DE LIMA (2020, p. 994-995) válida 
para: 
TORTURA-CONFISSÃO 
TORTURA-CRIME 
TORTURA-PRECONCEITO 
 
a) crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, não 
exigindo nenhuma qualidade especial do agente; (NO BRASIL, NÃO SE 
EXIGE QUE A TORTURA SEJA PRATICADA POR AGENTE PÚBLICO). 
 
b) crime formal ou material: na hipótese das alíneas "a" e "b" do 
inciso I do art. 1°, cuida-se de crime formal, pois a consumação do 
delito independe da obtenção do resultado naturalístico pretendido 
 
Material protegido por direitos autorais. 6 
pelo agente, quais sejam, a obtenção de informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira pessoa (alínea "a"), ou a provocação 
de ação ou omissão de natureza criminosa (alínea "b"). No caso da 
alínea "c" ("em razão de discriminação racial ou religiosa"), o 
crime assume a condição de crime material, porquanto o 
resultado é a causação de sofrimento físico ou mental com o 
emprego de violência ou grave ameaça para fins de constranger 
alguém; 
 
c) crime de intenção (delito de tendência interna transcendente): 
são aqueles que requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção 
adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, 
distintos da realização do tipo penal. (...) Faz parte do tipo de 
injusto uma finalidade transcendente, no caso do crime de 
tortura das alíneas "a" e "b" do inciso Ido art. 1°, a finalidade de 
obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pessoa, ou para provocar açãoou omissão de natureza 
criminosa; 
 
d) crime monossubjetivo: pode ser praticado por um ou mais 
agentes; 
 
e) crime plurissubsistente: a conduta pode ser fracionada em mais 
de um ato, admitindo, pois, a tentativa; 
 
f) crime de dano: para a consumação do crime do art. 1°, I, da Lei n. 
9.455/97, é indispensável que haja efetiva lesão ao bem jurídico 
tutelado, e não a mera exposição a perigo de lesão; 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 7 
g) crime de forma livre: a redação do tipo penal não demanda uma 
forma específica de conduta para a prática delituosa; 
 
h) crime instantâneo ou permanente: pelo menos em regra, o crime 
de tortura é instantâneo, consumando-se no exato momento em que 
houver a produção de sofrimento físico ou mental em virtude do 
constrangimento de alguém com o emprego de violência ou grave 
ameaça. Todavia, não se pode descartar a possibilidade de a conduta 
se protrair no tempo, transformando o delito em crime permanente; 
i) crime comissivo: o delito pressupõe uma ação, e não uma omissão, 
como ocorre, por exemplo, com as figuras previstas no §2° do art. 1°, 
objeto de análise mais adiante.” 
 
 
Qual é a competência para processar e 
julgar a tortura? 
 
JUSTIÇA ESTADUAL, em regra. Apenas será federal ser 
preenchidos os requisitos do art. 109, V, da CF 88. 
 
 
Qual é o bem jurídico tutelado? 
 
Dignidade da pessoa humana 
 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 8 
A proibição da tortura poderá ser 
relativizada? 
 
No Brasil, não. Não se aceita o “cenário da bomba relógio”, 
também conhecida como tortura para salvamento ou “ticking time 
bomb scenario theory”. 
Doutrina temática: 
Com efeito, a proibição da tortura “funciona como um direito absoluto, 
não comportando relativizações de qualquer natureza” (LIMA, 2020, p. 
987) 
 
 
A tortura é crime equiparado a 
hediondo? 
 
SIM. Art. 5, XLIII, da CF e art. 2º, “caput” da Lei n.8.072/90. 
3- TORTURA-CONFISSÃO 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da 
vítima ou de terceira pessoa; 
 A tortura poderá ter como finalidade confissões penais, cíveis 
ou comerciais, por exemplo, não estando limitada a confissões 
penais. 
 Tanto o policial, agente público quanto o particular poderá ser 
punidos. 
 A prova obtida dessa forma deverá ser desentranhada. 
 
Material protegido por direitos autorais. 9 
4- TORTURA-CRIME 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
 Independe da obtenção do resultado; 
 “NATUREZA CRIMINOSA” deve ser crime, não aceitando-se a 
interpretação de contravenção penal. 
5- TORTURA-PRECONCEITO 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
NÃO ENGLOBA ATOS DE HOMOFOBIA. Portanto, se houver 
tortura por discriminação em virtude de homofobia, o fato não está 
previsto na lei n. 9.455/97. A depender, poderá estar enquadrada na 
Lei de Racismo. 
6- TORTURA-CASTIGO 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento 
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo. 
 CRIME PRÓPRIO; 
 Se for praticado por particular, deverá ocupar a posição de 
GARANTE; 
 É punido a título de dolo direto ou eventual; 
 Também exige um especial fim de agir – finalidade de aplicar 
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
 É possível a tentativa. 
 
Doutrina temática: 
 
Material protegido por direitos autorais. 10 
6.1 - Distinção em relação ao crime de maus-tratos. O crime 
de tortura castigo previsto no art. 1 °, II, da Lei n. 9.455/97, não se 
confunde com o delito de maus-tratos previsto no art. 136 do 
Código Penal ("Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, 
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados 
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, 
quer abusando de meios de correção ou disciplina"), mesmo que haja 
abuso dos meios utilizados, pelos seguintes motivos: 
 
a) quanto ao tipo objetivo: no delito de maus-tratos, a 
exposição ao perigo à vida ou à saúde de pessoa sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância, é executada por meio da 
privação de cuidados necessários ou de alimentos, sujeição a 
trabalho excessivo ou inadequado, ou por meio do abuso dos 
meios de correção ou disciplina; no crime de tortura do art. 1 °, 
II, da Lei n. 9.455/97, a ação se resume em submeter alguém 
(sob sua guarda, poder ou autoridade) a intenso sofrimento 
físico ou mental com emprego de violência ou grave ameaça. 
Enfim, um é crime de forma livre; o outro, não; 
 
b) quanto ao dolo de perigo e de dano: o elemento subjetivo 
do tipo penal do art. 136 do CP é o dolo de perigo, porquanto o 
resultado se dá com a mera exposição do sujeito passivo ao 
perigo de dano; no crime de tortura do art. 1 º, II, da Lei n. 
9.455/97, o resultado ocorre com o efetivo dano, leia-se, com o 
intenso sofrimento físico ou mental provocado pela violência ou 
grave ameaça, do que se conclui que o dolo em questão é de 
dano, e não de perigo; 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 11 
b) quanto ao especial fim de agir: a figura do inciso II do art. 
1 º da Lei n.0 9.455/97 implica na existência de vontade 
livre e consciente do detentor da guarda, do poder ou da 
autoridade sobre a vítima de causar intenso sofrimento de 
ordem física ou moral, como forma de castigo ou prevenção. 
Por sua vez, o tipo do art. 136 do CP se aperfeiçoa com a 
simples exposição a perigo à vida ou à saúde de pessoa sob 
sua autoridade, guarda ou vigilância, em razão de excesso 
nos meios de correção ou disciplina. Enquanto na hipótese 
de maus-tratos, a finalidade da conduta é a repreensão de 
uma indisciplina, na tortura o propósito é causar o 
padecimento da vítima. Para a configuração do crime de 
tortura sob comento, é indispensável a prova cabal da 
intenção deliberada de causar o sofrimento físico ou moral, 
desvinculada do objetivo de educação. 50 É nesse sentido a 
jurisprudência: "( ...) AGRESSÕES FÍSICAS CONTRA 
MENORES INTERNADOS NA APAE. IMPOSSIBILIDADE DE 
SUBSUNÇÃO DA CONDUTA NO DELITO DE MAUS TRATOS 
(ART. 136 DO CPB) ANTE A NÃO VERIFICAÇÃO, AO 
MENOS ATÉ ESTA ALTURA, DO ELEMENTO SUBJETIVO 
DO TIPO ESPECÍFICO DESTE DELITO (PARA FIM DE 
EDUCAÇÃO, ENSINO, TRATAMENTO OU CUSTÓDIA), MAS 
SIM DO PROPÓSITO DE CAUSAR SOFRIMENTO, PRÓPRIO 
DO CRIME DE TORTURA. (...) Para que se configure o delito 
de maus tratos é necessária a demonstração de que os 
castigos infligidos tenham por fim a educação, o ensino, o 
tratamento ou a custódia do sujeito passivo, circunstâncias 
que não se evidenciam na hipótese. (...) A conduta verificada 
nos autos encontra melhor adequação típica na descrição 
feita pelo art. 1 º., II da Lei 9.455/97 - tortura, o que não 
 
Material protegido por direitos autorais. 12 
exclui a possibilidade de outra definição do fato se 
verificado, depois de realizada mais aprofundada cognição 
probatória, serem outras as circunstâncias delitivas. (. .. )". 
(LIMA, 2020, p. 1001) 
 
7- PRECEITO SECUNDÁRIO 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 Trata-se do preceito secundário da pena. Em resumo: 
a) Não cabe Acordo de Não Persecução Penal, pois há violência ou 
grave ameaça. 
b) A pena é de reclusão. 
c) Não cabe transação penal. 
d) Não cabe suspensão condicional do processo. 
e) O delito não é punido a título de culpa. 
8- FIGURA EQUIPARADA À TORTURA IMPRÓPRIA - 
TORTURA PELA TORTURA 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a 
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da 
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
 NÃO DEMANDA O EMPREGO DE VIOLÊNCIA OU GRAVE 
AMEAÇA. 
 
Material protegido por direitos autorais. 13 
 CRIME PRÓPRIO. 
 Punidoa título de dolo direto ou eventual (não se pune a culpa). 
 Admite-se a tentativa. 
 Crime material, de dano e comissivo. 
9- TORTURA-OMISSÃO 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o 
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um 
a quatro anos. 
 Delito parasitário, pois pressupõe um anterior delito de tortura 
anterior (consumado ou tentado). 
 Crime omissivo próprio. 
10- QUALIFICADORAS DA TORTURA 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a 
pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é 
de oito a dezesseis anos. 
Doutrina temática: 
Posição dominante: PRETERDOLOSO. Dolo no antecedente e culpa no 
consequente. Também entende-se que essa qualificadora abrange 
todas as modalidades de tortura, “à exceção segunda figura do §2º 
do art. 1º (não apuração), pois o omitente não pode ser 
responsabilizado pelo resultado agravador. Ora, se o agente 
deixou de apurar um crime de tortura já consumado, não se revela 
possível a aplicação da qualificadora em análise, seja por força da 
ausência de relação de causalidade entre a conduta omissiva e o 
resultado, seja pela não configuração do concurso de agentes”. 
(LIMA, 2020, p. 1008) 
 
Material protegido por direitos autorais. 14 
 
11- CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
A causa de aumento será analisada na TERCEIRA FASE DA 
DOSIMETRIA a ser feita pelo juiz. 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um 
terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, 
gestante, portador de deficiência, adolescente 
ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
 
12- EFEITOS AUTOMÁTICOS DA CONDENAÇÃO 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, 
função ou emprego público e a interdição para 
seu exercício pelo dobro do prazo da pena 
aplicada. 
 
Sabemos que, a teor do que prevê art. 91, I, do CP, temos como 
efeito específico da pena a perda do cargo, função pública ou mandato 
eletivo quando: 
a) aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou 
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a Administração Pública; 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 15 
b) aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. Alerte-se que esses efeitos NÃO SÃO 
AUTOMÁTICOS e NÃO SÃO OBRIGATÓRIOS. Assim, caberá ao juiz a 
declaração expressa e fundamentada na sentença. É o que prevê o art. 
92, parágrafo único, do Código Penal: "Os efeitos de que trata este 
artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados 
na sentença". 
 
Contudo, diferentemente é o que ocorre quando a condenação é 
por TORTURA. O art. 1º, §5º, da Lei n. 9455/97, dispõe que a 
condenação nos crimes de tortura "acarretará a perda do cargo, 
função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo 
dobro do prazo da pena aplicada." Destarte, "trata-se de EFEITO 
AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO transitada em julgado, não 
dependente de motivação, ou do tempo de duração da pena. A 
aplicação desse efeito da sentença condenatória não está 
condicionada à existência de requerimento expresso nesse sentido 
constante da peça acusatória. Ora, sendo a perda do cargo, função 
ou emprego público, conforme disposto no art. 1 °, §5°, da Lei n. 
9.455/97, consequência automática da condenação, mostra-se 
dispensável a veiculação, na denúncia, de pedido visando a sua 
implementação" (LIMA, 2020, p.1011). 
 
13- INAFIANÇABILIDADE 
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou 
anistia. 
ATENÇÃO: SERÁ POSSÍVEL A LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA. 
 
Material protegido por direitos autorais. 16 
 
O crime de tortura é 
IMPRESCRITÍVEL? 
NÃO. A CF 88 prevê como crimes imprescritíveis apenas o 
racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado Democrático (incisos XLII e XLIV 
do art. 5°). 
ATENÇÃO: Alguns doutrinadores defendem a imprescritibilidade do 
delito, a exemplo do Renato Brasileiro de Lima (neste ponto, é 
doutrina minoritária). 
Veja a fundamentação (2020): 
“ (...) levando-se em consideração o quanto disposto no art. 7°, 1, alínea 
"f", e no art. 29, ambos do Estatuto de Roma (Decreto n. 4.388/02), se a 
tortura for praticada nas referidas condições, leia-se, "no quadro de um 
ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, 
havendo conhecimento desse ataque ", há de se reconhecer sua 
imprescritibilidade , mormente se considerarmos que, em virtude do 
princípio pro homine, deve prevalecer a norma mais favorável sob o 
ponto de vista da proteção dos direitos humanos. Tal raciocínio, 
todavia, só será válido para os crimes de tortura cometidos entre nós a 
partir do dia 25 de setembro de 2002. Explica- se: o Estatuto de Roma só 
foi promulgado no Brasil na referida data, por meio do Decreto n. 4.388. 
e o próprio art. 24 do Estatuto de Roma , sob a rubrica "não 
retroatividade ratione personae ", dispõe explicitamente que "nenhuma 
pessoa será considerada criminalmente responsável , de acordo com o 
presente Estatuto , por uma conduta anterior à entrada em vigor do 
presente Estatuto". Enfim, ante a gravidade do crime de tortura 
cometido nessas condições , não se pode admitir que tais fatos sejam 
esquecidos pela sociedade. Devem permanecer na memória da nação 
para que nunca mais voltem a ocorrer . Enfim, não se pode admitir seu 
 
Material protegido por direitos autorais. 17 
esquecimento por meio da prescrição. Conquanto seja dominante a 
orientação no sentido de que o crime de tortura está sujeito à 
prescrição, é de todo conveniente destacar que os Tribunais Superiores 
têm entendido que a reparação civil do dano decorrente da prática da 
tortura é imprescritível. Há, de fato, diversos precedentes do STF e do 
STJ reconhecendo que a ação de indenização por danos morais 
decorrentes dos atos de tortura ocorridos durante o regime militar é 
imprescritível, pelos seguintes fundamentos : a) a Constituição não 
previu restrição ao direito de ação correspondente a esta violação da 
dignidade da pessoa humana; b) o Brasil é signatário do Pacto 
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, o 
qual exige a proteção judicial para os casos de violação de direitos 
humanos ; c) como as vítimas de tortura estavam impedidas de agir, 
pois se encontravam sob regime de exceção ,devem ser aplicadas regras 
excepcionais para que possam buscar a reparação de seus danos . (...)” 
 
É possível a aplicação de medidas 
cautelares diversas da prisão? 
“Ao tratar das medidas cautelares diversas da prisão nos arts. 319 e 320 
do CPP, o legislador não estabeleceu qualquer restrição à concessão 
dessas medidas a crimes inafiançáveis como a tortura. Portanto, quanto 
ao autor dessas infrações inafiançáveis, quer esteja ele em liberdade 
desde a prática do delito, quer tenha sido preso em flagrante, embora 
esteja vedada a concessão de fiança, pensamos ser perfeitamente 
possível a concessão de liberdade provisória cumulada com a imposição 
de todas as demais medidas cautelares diversas da prisão listadas no 
art. 319 do CPP, à exceção da fiança.”(LIMA, 2020, p. 1013) 
 
14- REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 
2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. 
 
Material protegido por direitos autorais. 18 
 
RENATO BRASILEIRO DE LIMA (2020): 
“23. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. (...) Ora, se o 
Plenário do Supremo afastou a obrigatoriedade do regime inicial 
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, 
devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento 
de pena, o disposto no art. 33 e/e art. 59, ambos do CP, é evidente que 
essa interpretaçãotambém deve ser aplicada aos crimes 
equiparados a hediondo, a exemplo da tortura. Logo, a despeito do 
disposto no art. 1 º, § 7°, da Lei nº 9.455/97, também não é 
obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o 
cumprimento da pena no regime prisional fechado. Nesse sentido, 
como já se pronunciou a 5ª Turma do STJ, "( ... ) é flagrante o 
constrangimento ilegal em relação à fixação do regime inicial 
fechado com base no art. 1.º, § 7.º, da Lei de Tortura. Com a 
declaração pelo Pretório Excelso da inconstitucionalidade do 
regime integral fechado e do § 1.º do art. 2.º da Lei de Crimes 
Hediondos, com redação dada pela lei n.0 11.464/2007 - também 
aplicável ao crime de tortura -, o cumprimento da pena passou a 
ser regido pelas disposições gerais do Código Penal. Porém, 
consideradas desfavoráveis as circunstâncias judiciais do caso concreto, 
cabível aplicar inicialmente o regime prisional semiaberto, atendendo 
ao disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do Código Penal. Writ não 
conhecido. Ordem de habeas corpus concedida, de ofício, apenas para 
fixar o regime inicial semiaberto". Sem embargo desse entendimento, 
mesmo após a decisão proferida pelo Plenário do STF no 
julgamento do HC 111.840/ES, a lª Turma do Supremo vem 
entendendo que o condenado por crime de tortura deve iniciar o 
cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do disposto 
no § 7° do art. 1° da Lei 9.455/1997. Para o Supremo, em consonância 
 
Material protegido por direitos autorais. 19 
com a Constituição Federal, a Lei n. 9.455/97 teria feito uma opção 
válida, ao prever que, considerada a gravidade do crime de tortura, a 
execução da pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser 
cumprida inicialmente em regime fechado, sem prejuízo de posterior 
progressão. Independentemente dessa discussão, é certo dizer que o 
condenado pelo crime de tortura-omissão (art. 1 º, §2°) não deve 
iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. A uma porque 
a pena cominada ao referido delito é de detenção, de um a quatro 
anos, o que significa dizer que o regime inicial para o 
cumprimento da pena privativa de liberdade deve ser o 
semiaberto ou aberto, consoante disposto no art. 33, caput, do 
Código Penal. A duas porque o próprio art. 1 °, §7°, da Lei n. 
9.455/97 excepciona a hipótese do §2° da obrigatoriedade de 
iniciar o cumprimento da pena em regime fechado ("O condenado 
por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do §2°, iniciará o 
cumprimento da pena em regime fechado"). Por fim, e ainda no que 
se refere ao cumprimento da pena privativa de liberdade, revela- se 
inadmissível a substituição por restritiva de direitos. Isso porque a 
referida substituição tem como pressuposto básico a inexistência de 
crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa (CP, art. 44, I), 
o que, à evidência, não é o caso da tortura.” (LIMA, 2020, p. 1014-1016) 
 
15- EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA DA LEI PENAL 
BRASILEIRA 
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha 
sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou 
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 20 
“A Lei n. 9.455/97 será aplicável ainda que o crime de tortura tenha 
sido praticado fora do território nacional em duas situações: 
 
a) vítima brasileira (nata, naturalizada ou até mesmo com dupla 
cidadania): ante o disposto no art. 7°, §3°, do Código Penal, que 
manda aplicar a lei penal brasileira "ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil", é de se concluir que a 
primeira parte do art. 2° da Lei n. 9.455/97 é absolutamente 
dispensável. Todavia, há uma diferença marcante entre a regra do art. 
2° em relação ao art. 7°, §3°, do CP, qual seja, a desnecessidade de 
preenchimento das condições de procedibilidade constantes das 
alíneas do §2° e do próprio §3° do art. 7° do CP. Por conseguinte, à luz 
do art. 2° da Lei n. 9.455/97, toda e qualquer pessoa, 
independentemente da nacionalidade, que praticar atos de tortura 
contra vítima brasileira fora do Brasil poderá ser processado e 
condenado, ainda que não tenha ingressado no território nacional, 
pouco importando, ademais, se foi condenado ou absolvido no país em 
que o crime foi executado. Como se pode notar, a Lei n. 9.455/97 
criou, assim, mais uma hipótese de extraterritorialidade 
incondicionada regulada pelo princípio de defesa (ou real); 
 
b) se o sujeito ativo encontrar-se em local sob jurisdição 
brasileira: 
A segunda parte do art. 2° da Lei de Tortura prevê a aplicabilidade da 
lei penal brasileira no tocante ao agente que tiver sido localizado em 
lugar sob jurisdição brasileira. Destarte, se o agente, brasileiro ou não, 
vier a praticar tortura em território estrangeiro e, na sequência, 
ingressar no Brasil, aplicar-se-á a lei penal brasileira. Logo, não 
havendo a extradição de estrangeiro acusado ou condenado pela 
prática de tortura no exterior, o Brasil assume o compromisso de 
 
Material protegido por direitos autorais. 21 
processá-lo por esse delito a partir do momento em que se encontrar 
em local sob jurisdição brasileira, mesmo que a vítima não seja de 
origem nacional. De se notar que, à luz do princípio da Justiça 
Universal, criou-se mais uma hipótese de extraterritorialidade. 
Especificamente quanto aos crimes de tortura cometidos fora do 
território nacional aos quais é aplicável a lei penal brasileira por força 
do art. 2° da Lei n. 9.455/97, é de se recordar que a competência para 
o processo e julgamento recai, pelo menos em regra, sobre a Justiça 
Comum Estadual, salvo se presente uma das hipóteses do art. 109 da 
Constituição Federal. Como já se pronunciou o STJ,"( ... ) a 
competência da jurisdição federal se dá em caso de crime à distância 
previsto em tratado internacional, o que não ocorre quando o crime 
por inteiro se verifica no estrangeiro. Tampouco se tem provocação e 
hipótese de grave violação a direitos humanos, ou danos diretos a 
bens ou serviços de entes federais. Conflito conhecido para declarar a 
competência da Justiça Estadual, ora suscitante ". (LIMA, 2020, p. 
1016-1017) 
 
16- VIGÊNCIA 
 
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 Entrou em vigor no dia 08 de abril de 1997, data de sua 
publicação. 
17- REVOGAÇÃO DO ART. 233 DO ECA 
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Previa o art. 233 do ECA que: Art. 233. Submeter criança ou 
adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: Pena - 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm#233
 
Material protegido por direitos autorais. 22 
reclusão de um a cinco anos. § 1º Se resultar lesão corporal grave: 
Pena - reclusão de dois a oito anos. § 2º Se resultar lesão corporal 
gravíssima: Pena - reclusão de quatro a doze anos. § 3º Se resultar 
morte: Pena - reclusão de quinze a trinta anos. 
- Encontra-se revogado, mas não há abolitio criminis e sim 
continuidade normativo-típica na própria Lei de Tortura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 23 
 
QUESTÕES 
 
Para massificar o conhecimento, separamos 
06 (seis) questões inéditas e 04 (quatro) de 
provas anteriores + comentários (final do 
material) 
 
01 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) Considerando o que 
prevê a Carta Magna e a doutrina, bem como a Lei n.º 9.455/97, 
analise os itens abaixo. 
I) O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. 
II) O crime de tortura é imprescritível, conforme prevê a Constituição 
Federal, corroborada pela doutrina majoritária. 
III) O crime de tortura é equiparado a hediondo, ao lado dos crimes de 
racismo e terrorismo. 
IV) O Estatuto de Roma do Tribunal Penal internacional, considerou a 
tortura um crime contra a humanidadee imprescritível, motivo pelo 
qual uma parte da doutrina afirma que, já que o Brasil Estado-Parte 
desse instrumento internacional, o crime de tortura é imprescritível. 
Neste ponto, há uma nítida divergência do que prevê o texto 
constitucional. 
Assinale quais os itens e aponte a alternativa correta: 
a) Todos os itens estão corretos. 
b) Apenas os itens I e IV estão corretos. 
c) Apenas os itens I e III estão corretos. 
d) N.D.A. 
 
02 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito dos crimes e 
das penas previstos na Lei n. 9.455/97, assinale a alternativa 
incorreta. 
 
Material protegido por direitos autorais. 24 
a) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental 
com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou 
de terceira pessoa. É punido a título de dolo direto, não cabendo dolo 
eventual. 
b) A tortura-confissão está prevista na alínea a do inciso I do art. 1º da 
Lei n. 9.455/97, ao afirmar a finalidade “de obter informação, 
declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. 
c)Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental 
em razão de discriminação racial ou religiosa. É o que a doutrina 
denomina de tortura-preconceito. 
d) A conduta de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou 
autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo é crime previsto na Lei n. 9.455/97, cuja 
pena é de reclusão, de dois a oito anos. Ademais, é crime próprio, 
sendo punido exclusivamente a título de dolo (direto ou eventual). 
 
03 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito da distinção 
entre o delito de tortura e maus-tratos, assinale a alternativa 
correta. 
a) A tortura-castigo prevista no art. 1º, II, da Lei n. 9455/97 derrogou 
o art. 136 (maus-tratos) no que se refere a adulto. Assim, o delito de 
maus-tratos continua válido para crianças e adolescentes. 
b) A doutrina afirma que o delito de maus-tratos, quanto ao elemento 
subjetivo do tipo penal, é dolo de dano, e não de perigo. 
c) Entende a jurisprudência do STJ que a agressão física contra 
menores internados na APAE configura o crime de maus-tratos, 
previsto no Código Penal. 
 
Material protegido por direitos autorais. 25 
d) É equiparada à tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a 
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da 
prática de ato não previsto em lei o não resultante de medida legal. É 
chamado pela doutrina de tortura imprópria e não exige violência ou 
grave ameaça. 
 
04 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito da 
possibilidade de concessão da liberdade provisória com ou sem 
fiança nos delitos de tortura, graça ou anistia e regime de 
cumprimento de pena e territorialidade da Lei de Tortura, 
assinale a alternativa correta. 
a) Não será possível a aplicação de medidas cautelares diversas da 
prisão previstas nos arts. 319 e 320 do Código Penal, pois o delito é 
inafiançável. 
b) O condenado por crime de tortura, conforme entendimento do da 
1ª turma do STF, iniciará o cumprimento de pena no regime fechado. 
Há divergência quanto ao tema, com destaque para o posicionamento 
da 5ª Turma do STJ, no sentido de se poder aplicar as normas gerais 
de cumprimento de pena previstas no Código Penal. Contudo, 
independentemente de ambos os posicionamentos, revela-se 
inadmissível a substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos. 
c) Não há casos de extraterritorialidade na Lei n.º 9.455/97. 
d) A Lei n.º 9.455/97 será aplicável ainda que o crime de tortura 
tenha sido praticado fora do território nacional se a vítima for 
brasileira nata, somente. 
 
05 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito da 
classificação doutrinária do crime de tortura constante no art. 1, 
I e alíneas da Lei 9.455/97, assinale a alternativa incorreta. 
 
Material protegido por direitos autorais. 26 
a) É crime comum. 
b) É delito de intenção (delito de tendência interna transcendente) 
nas alíneas “a” e “b” (com o fim de obter informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira pessoa ou para provocar ação ou 
omissão de natureza criminosa), sendo aqueles que requerem um 
agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um 
resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do 
tipo penal. 
c) É crime comissivo e monossubjetivo. 
d) O crime de tortura é plurissubsistente, ou seja, não admite 
tentativa. 
 
06 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito das causas de 
aumento e qualificadoras previstas na Lei de Tortura (Lei 
9.455/97) e outras peculiaridades relativas à condenação, 
assinale a alternativa correta: 
a) agrava-se a pena se o crime é cometido por agente público. 
b) aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3 terço se o crime é cometido se o 
crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, 
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos. 
c) aumenta-se a pena pela metade se o crime é cometido mediante 
sequestro. Ademais, se resulta lesão corporal de natureza grave ou 
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta 
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos, cumulado com o delito de 
homicídio. 
d) A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego 
público e a interdição para seu exercício no prazo da pena aplicada. 
 
7- Ano: 2018 Banca: UEG PC-GO - Delegado de Polícia 
 
Material protegido por direitos autorais. 27 
Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de 
tortura qualificada pelo resultado morte a uma pena de doze anos de 
reclusão, referida condenação acarretará a perda do cargo, função ou 
emprego público e a interdição para seu exercício por 
A) cinco anos 
B) dez anos 
C) doze anos 
D) vinte e quatro anos 
E) trinta e seis anos 
 
8- Ano: 2018 Banca: NUCEPE PC-PI - Delegado de Polícia Civil 
Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e proclamada a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, os direitos inerentes à pessoa 
humana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, os atos de 
tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza são coibidos. 
Marque abaixo a alternativa CORRETA quanto ao crime de tortura. 
A) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de graça ou 
anistia. 
B) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60 (sessenta) 
anos aumenta-se a pena em de 1/3 (um terço) até à metade. 
C) Se o crime de tortura é cometido por agente público, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço) até à metade. 
D) Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém 
com o emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico, em razão de discriminação racial ou religiosa. 
 
Material protegido por direitos autorais. 28 
E) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental 
com o objetivo de obter alguma informação, declaração ou confissão. 
 
9- Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE PC-PE - Delegado de 
Polícia 
Da sentença penal se extraem diversas consequências jurídicas e, 
quando for condenatória, emergem-se os efeitos penais e extrapenais. 
Acerca dos efeitos da condenação penal, assinale a opção correta. 
A) A licença de localização e de funcionamento de estabelecimento 
onde se verifique prática de exploração sexual de pessoa vulnerável, 
em caso de o proprietário ter sido condenado por esse crime, não será 
cassada, dada a ausência de previsão legal desse efeito da condenação 
penal. 
B) A condenação por crime de racismo cometido por proprietário de 
estabelecimento comercial sujeita o condenado à suspensão do 
funcionamento de seu estabelecimento,pelo prazo de até três meses, 
devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença penal 
condenatória. 
C) Segundo o CP, constitui efeito automático da condenação a perda 
de cargo público, quando aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso 
de poder ou violação de dever para com a administração pública. 
D) A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo 
público e a interdição temporária para o seu exercício pelo dobro do 
prazo da pena aplicada, desde que fundamentada na sentença 
condenatória, não sendo efeito automático da condenação. 
 
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E) A condenação penal pelo crime de maus-tratos, com pena de 
detenção de dois meses a um ano ou multa, ocasiona a incapacidade 
para o exercício do poder familiar, quando cometido pelo pai contra 
filho, devendo ser motivado na sentença condenatória, por não ser 
efeito automático. 
 
10- Ano: 2014 Banca: ACAFE PC-SC - Delegado de Polícia 
De acordo com a legislação em vigor, assinale a alternativa correta. 
A) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor 
de 21 (vinte e um) anos ou pessoa portadora de deficiência motora se 
apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua 
propriedade, sujeita o agente a uma pena de um a dois anos de 
detenção e multa. 
B) Violar direitos de autor de programa de computador que consista 
na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no 
todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do 
autor ou de quem o represente, sujeita o agente a uma pena de seis 
meses a dois anos de detenção ou multa. 
C) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, 
com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou 
de terceira pessoa. 
D) Não constitui crime publicar anúncio de publicidade de 
estabelecimentos autorizados a realizar transplantes e enxertos, 
relativo a estas atividades. 
E) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, 
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores 
 
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provenientes, direta ou indiretamente, de infração administrativa, 
sujeita o agente a uma pena de três a dez anos de reclusão e multa. 
 
QUESTÕES + COMENTÁRIOS 
 
01 (INÉDITA). Considerando o que prevê a Carta Magna e a doutrina, bem como a Lei n.º 
9.455/97, analise os itens abaixo. 
I) O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. 
II) O crime de tortura é imprescritível, conforme prevê a Constituição Federal, corroborada 
pela doutrina majoritária. 
III) O crime de tortura é equiparado a hediondo, ao lado dos crimes de racismo e 
terrorismo. 
IV) O Estatuto de Roma do Tribunal Penal internacional, considerou a tortura um crime 
contra a humanidade e imprescritível, motivo pelo qual uma parte da doutrina afirma que, 
já que o Brasil Estado-Parte desse instrumento internacional, o crime de tortura é 
imprescritível. Neste ponto, há uma nítida divergência do que prevê o texto constitucional. 
Assinale quais os itens e aponte a alternativa correta: 
a) Todos os itens estão corretos. 
b) Apenas os itens I e IV estão corretos. 
c) Apenas os itens I e III estão corretos. 
d) N.D.A. 
 
GABARITO: B 
I – Correta. Art. 5º (...), III - ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante; XLIII - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , 
(DIFERENTEMENTE DO RACISMO, A TORTURA É PRESCRITÍVEL) (...) 
IV – Correta. “ (...) levando-se em consideração o quanto disposto no 
art. 7°, 1, alínea "f", e no art. 29, ambos do Estatuto de Roma (Decreto 
n. 4.388/02), se a tortura for praticada nas referidas condições, leia-
se, "no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra 
qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque ", há de 
 
Material protegido por direitos autorais. 31 
se reconhecer sua imprescritibilidade , mormente se considerarmos 
que, em virtude do princípio pro homine, deve prevalecer a norma 
mais favorável sob o ponto de vista da proteção dos direitos humanos. 
Tal raciocínio, todavia, só será válido para os crimes de tortura 
cometidos entre nós a partir do dia 25 de setembro de 2002. Explica- 
se: o Estatuto de Roma só foi promulgado no Brasil na referida data, 
por meio do Decreto n. 4.388. e o próprio art. 24 do Estatuto de Roma 
, sob a rubrica "não retroatividade ratione personae ", dispõe 
explicitamente que "nenhuma pessoa será considerada criminalmente 
responsável , de acordo com o presente Estatuto , por uma conduta 
anterior à entrada em vigor do presente Estatuto". Enfim, ante a 
gravidade do crime de tortura cometido nessas condições , não se 
pode admitir que tais fatos sejam esquecidos pela sociedade. Devem 
permanecer na memória da nação para que nunca mais voltem a 
ocorrer . Enfim, não se pode admitir seu esquecimento por meio da 
prescrição. Conquanto seja dominante a orientação no sentido de que 
o crime de tortura está sujeito à prescrição, é de todo conveniente 
destacar que os Tribunais Superiores têm entendido que a reparação 
civil do dano decorrente da prática da tortura é imprescritível. Há, de 
fato, diversos precedentes do STF e do STJ reconhecendo que a ação 
de indenização por danos morais decorrentes dos atos de tortura 
ocorridos durante o regime militar é imprescritível, pelos seguintes 
fundamentos : a) a Constituição não previu restrição ao direito de 
ação correspondente a esta violação da dignidade da pessoa humana; 
b) o Brasil é signatário do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e 
Políticos das Nações Unidas, o qual exige a proteção judicial para os 
casos de violação de direitos humanos ; c) como as vítimas de tortura 
estavam impedidas de agir, pois se encontravam sob regime de 
exceção ,devem ser aplicadas regras excepcionais para que possam 
buscar a reparação de seus danos . (...)” 
 
Material protegido por direitos autorais. 32 
 
02 (INÉDITA). A respeito dos crimes e das penas previstos na Lei n. 9.455/97, 
assinale a alternativa incorreta. 
a) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, 
declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. É punido a título de dolo direto, 
não cabendo dolo eventual. 
b) A tortura-confissão está prevista na alínea a do inciso I do art. 1º da Lei n. 9.455/97, ao 
afirmar a finalidade “de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira 
pessoa. 
c)Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou 
religiosa. É o que a doutrina denomina de tortura-preconceito. 
d) A conduta de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de 
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar 
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo é crime previsto na Lei n. 9.455/97, cuja 
pena é de reclusão, de dois a oito anos. Ademais, é crime próprio, sendo punido 
exclusivamente a título de dolo (direto ou eventual). 
 
GABARITO: A 
B. Correta - Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém 
com emprego de violência (FÍSICA) ou grave ameaça (MORAL), 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter 
informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
(TORTURA-CONFISSÃO) 
c) Correta – Art. 1º, I (...) 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; (TORTURA-
PRECONCEITO) 
d) Correta. Art. 1º, II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou 
autoridade, com emprego de violênciaou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo. (TORTURA-CASTIGO) 
 PRECEITO SECUNDÁRIO: Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 33 
03 (INÉDITA). A respeito da distinção entre o delito de tortura e maus-tratos, assinale a 
alternativa correta. 
a) A tortura-castigo prevista no art. 1º, II, da Lei n. 9455/97 derrogou o art. 136 (maus-
tratos) no que se refere a adulto. Assim, o delito de maus-tratos continua válido para 
crianças e adolescentes. 
b) A doutrina afirma que o delito de maus-tratos, quanto ao elemento subjetivo do tipo 
penal, é dolo de dano, e não de perigo. 
c) Entende a jurisprudência do STJ que a agressão física contra menores internados na 
APAE configura o crime de maus-tratos, previsto no Código Penal. 
d) É equiparada à tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a 
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei o não 
resultante de medida legal. É chamado pela doutrina de tortura imprópria e não exige 
violência ou grave ameaça. 
 
GABARITO: D 
Art. 1º, § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou 
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por 
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de 
medida legal. (FIGURA EQUIPARADA À TORTURA IMPRÓPRIA - 
TORTURA PELA TORTURA) 
 
04 (INÉDITA). A respeito da possibilidade de concessão da liberdade provisória com ou 
sem fiança nos delitos de tortura, graça ou anistia e regime de cumprimento de pena e 
territorialidade da Lei de Tortura, assinale a alternativa correta. 
a) Não será possível a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão previstas nos 
arts. 319 e 320 do Código Penal, pois o delito é inafiançável. 
b) O condenado por crime de tortura, conforme entendimento do da 1ª turma do STF, 
iniciará o cumprimento de pena no regime fechado. Há divergência quanto ao tema, com 
destaque para o posicionamento da 5ª Turma do STJ, no sentido de se poder aplicar as 
normas gerais de cumprimento de pena previstas no Código Penal. Contudo, 
independentemente de ambos os posicionamentos, revela-se inadmissível a substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
c) Não há casos de extraterritorialidade na Lei n.º 9.455/97. 
d) A Lei n.º 9.455/97 será aplicável ainda que o crime de tortura tenha sido praticado fora 
do território nacional se a vítima for brasileira nata, somente. 
 
 
Material protegido por direitos autorais. 34 
GABARITO: B 
“23. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. (...) Ora, se o 
Plenário do Supremo afastou a obrigatoriedade do regime inicial 
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, 
devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento 
de pena, o disposto no art. 33 e/e art. 59, ambos do CP, é evidente 
que essa interpretação também deve ser aplicada aos crimes 
equiparados a hediondo, a exemplo da tortura. Logo, a despeito 
do disposto no art. 1 º, § 7°, da Lei nº 9.455/97, também não é 
obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o 
cumprimento da pena no regime prisional fechado. Nesse sentido, 
como já se pronunciou a 5ª Turma do STJ, "( ... ) é flagrante o 
constrangimento ilegal em relação à fixação do regime inicial 
fechado com base no art. 1.º, § 7.º, da Lei de Tortura. Com a 
declaração pelo Pretório Excelso da inconstitucionalidade do 
regime integral fechado e do § 1.º do art. 2.º da Lei de Crimes 
Hediondos, com redação dada pela lei n.0 11.464/2007 - também 
aplicável ao crime de tortura -, o cumprimento da pena passou a 
ser regido pelas disposições gerais do Código Penal. Porém, 
consideradas desfavoráveis as circunstâncias judiciais do caso 
concreto, cabível aplicar inicialmente o regime prisional 
semiaberto, atendendo ao disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos 
do Código Penal. Writ não conhecido. Ordem de habeas corpus 
concedida, de ofício, apenas para fixar o regime inicial semiaberto". 
Sem embargo desse entendimento, mesmo após a decisão 
proferida pelo Plenário do STF no julgamento do HC 111.840/ES, 
a lª Turma do Supremo vem entendendo que o condenado por 
crime de tortura deve iniciar o cumprimento da pena em regime 
fechado, nos termos do disposto no § 7° do art. 1° da Lei 
9.455/1997. Para o Supremo, em consonância com a Constituição 
 
Material protegido por direitos autorais. 35 
Federal, a Lei n. 9.455/97 teria feito uma opção válida, ao prever que, 
considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da pena, 
ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser cumprida inicialmente 
em regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão. 
Independentemente dessa discussão, é certo dizer que o 
condenado pelo crime de tortura-omissão (art. 1 º, §2°) não deve 
iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. A uma 
porque a pena cominada ao referido delito é de detenção, de um 
a quatro anos, o que significa dizer que o regime inicial para o 
cumprimento da pena privativa de liberdade deve ser o 
semiaberto ou aberto, consoante disposto no art. 33, caput, do 
Código Penal. A duas porque o próprio art. 1 °, §7°, da Lei n. 
9.455/97 excepciona a hipótese do §2° da obrigatoriedade de 
iniciar o cumprimento da pena em regime fechado ("O 
condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do §2°, 
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado"). Por fim, e 
ainda no que se refere ao cumprimento da pena privativa de 
liberdade, revela- se inadmissível a substituição por restritiva de 
direitos. Isso porque a referida substituição tem como pressuposto 
básico a inexistência de crime praticado com violência ou grave 
ameaça à pessoa (CP, art. 44, I), o que, à evidência, não é o caso da 
tortura.” (LIMA, 2020, p. 1014-1016) 
 
05 (INÉDITA). A respeito da classificação doutrinária do crime de tortura constante no 
art. 1, I e alíneas da Lei 9.455/97, assinale a alternativa incorreta. 
a) É crime comum. 
b) É delito de intenção (delito de tendência interna transcendente) nas alíneas “a” e “b” 
(com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa ou 
para provocar ação ou omissão de natureza criminosa), sendo aqueles que requerem um 
agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma 
ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. 
c) É crime comissivo e monossubjetivo. 
 
Material protegido por direitos autorais. 36 
d) O crime de tortura é plurissubsistente, ou seja, não admite tentativa. 
 
GABARITO: D 
Essa está bem tranquila. Se a conduta pode ser fracionada em mais de 
um ato, admite-se a tentativa; 
 
06 (INÉDITA). A respeito das causas de aumento e qualificadoras previstas na Lei de 
Tortura (Lei 9.455/97) e outras peculiaridades relativas à condenação, assinale a 
alternativa correta: 
a) agrava-se a pena se o crime é cometido por agente público. 
b) aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3 terço se o crime é cometido se o crime é cometido 
contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) 
anos. 
c) aumenta-se a pena pela metade se o crime é cometido mediante sequestro. Ademais, se 
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez 
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos, cumulado com o delito de 
homicídio. 
d) A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para 
seu exercício no prazo da pena aplicada. 
 
GABARITO: B 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro.7- Ano: 2018 Banca: UEG PC-GO - Delegado de Polícia 
Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de tortura qualificada pelo 
resultado morte a uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação acarretará a 
perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por 
A) cinco anos 
B) dez anos 
 
Material protegido por direitos autorais. 37 
C) doze anos 
D) vinte e quatro anos 
E) trinta e seis anos 
GABARITO D 
Lei 9455/99. Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena 
é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de 
oito a dezesseis anos. 
 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego 
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena 
aplicada. 
 
8- Ano: 2018 Banca: NUCEPE PC-PI - Delegado de Polícia Civil 
Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, os direitos inerentes à pessoa humana passam a ser protegidos mundialmente. 
No Brasil, os atos de tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza são coibidos. 
Marque abaixo a alternativa CORRETA quanto ao crime de tortura. 
A) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de graça ou anistia. 
B) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60 (sessenta) anos aumenta-se a pena 
em de 1/3 (um terço) até à metade. 
C) Se o crime de tortura é cometido por agente público, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço) até à metade. 
D) Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém com o emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em razão de discriminação 
racial ou religiosa. 
E) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de obter alguma 
informação, declaração ou confissão. 
 
Material protegido por direitos autorais. 38 
 
GABATITO E 
E – Correta! Art. 1º, I, “a” da Lei de Tortura (Lei Nº 9.455/97): 
Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com 
emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento 
físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
A- Errada. O crime de tortura, como tratamos, é inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia, conforme art. 1º, § 6º da Lei 
9.455/97. É a reprodução da redação do art. 5º, XLIII da CR. Vejamos: 
“a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura (...).” 
B e C- errada. As causas de aumento previstas no art. 1º, §4º do 
mesmo diploma são de 1/6 a 1/3 e não de 1/3 à metade. 
D – Errada. Contraria o art. 1º, I, “c” da Lei de Tortura. 
 
9- Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE PC-PE - Delegado de Polícia 
Da sentença penal se extraem diversas consequências jurídicas e, quando for condenatória, 
emergem-se os efeitos penais e extrapenais. Acerca dos efeitos da condenação penal, 
assinale a opção correta. 
A) A licença de localização e de funcionamento de estabelecimento onde se verifique 
prática de exploração sexual de pessoa vulnerável, em caso de o proprietário ter sido 
condenado por esse crime, não será cassada, dada a ausência de previsão legal desse efeito 
da condenação penal. 
B) A condenação por crime de racismo cometido por proprietário de estabelecimento 
comercial sujeita o condenado à suspensão do funcionamento de seu estabelecimento, pelo 
prazo de até três meses, devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença 
penal condenatória. 
C) Segundo o CP, constitui efeito automático da condenação a perda de cargo público, 
quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos 
 
Material protegido por direitos autorais. 39 
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração 
pública. 
D) A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo público e a interdição 
temporária para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, desde que 
fundamentada na sentença condenatória, não sendo efeito automático da condenação. 
E) A condenação penal pelo crime de maus-tratos, com pena de detenção de dois meses a 
um ano ou multa, ocasiona a incapacidade para o exercício do poder familiar, quando 
cometido pelo pai contra filho, devendo ser motivado na sentença condenatória, por não 
ser efeito automático. 
GABARITO B 
B: Correta! Art. 16, lei 7.716/89. Constitui efeito da condenação a 
perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a 
suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo 
não superior a três meses. 
A: Errada - Será cassada! 
 
Art. 218-B, CP. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra 
forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou 
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar 
que a abandone: (...) § 2º. Incorre nas mesmas penas: (...) II - o 
proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se 
verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (...) § 3º. Na 
hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da 
condenação a cassação da licença de localização e de 
funcionamento do estabelecimento. 
 
C - Errada – Ao dizer que constitui efeito automático da condenação. 
Art. 92, CP. São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, 
função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa 
 
Material protegido por direitos autorais. 40 
de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes 
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a 
Administração Pública; § único - Os efeitos de que trata este artigo 
não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na 
sentença. 
D – Errada - Art. 1º, § 5º, lei 9.455/97: A condenação acarretará a 
perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu 
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
 
STF: "A perda do cargo, função ou emprego público – que configura 
efeito extrapenal secundário – constitui consequência necessária que 
resulta, automaticamente, de pleno direito, da condenação penal 
imposta ao agente público pela prática do crime de tortura" (AI 
769.637-ED-ED-AgR/MG, Info 730). 
 
STJ: A Lei nº 9.455/97, em seu art. 1º, § 5º, evidencia que a perda do 
cargo público é efeito automático e obrigatório da condenação pela 
prática do crime de tortura, sendo desnecessária fundamentação 
específica para tal. (Precedentes). (STJ - REsp: 1028936 PR 
2008/0024954-9, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de 
Julgamento: 02/12/2008, T5 - QUINTA TURMA) 
 
10- Ano: 2014 Banca: ACAFE PC-SC - Delegado de Polícia 
De acordo com a legislação em vigor, assinale a alternativa correta. 
A) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 21 (vinte e um) 
anos ou pessoa portadora de deficiência motora se apodere de arma de fogo que esteja sob 
sua posse ou que seja de sua propriedade, sujeita o agente a uma pena de um a dois anos de 
detenção e multa. 
B) Violar direitos de autor de programa de computador que consista na reprodução, por 
qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, 
 
Material protegido por direitos autorais. 41 
sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, sujeita o agente a uma pena 
de seis meses a dois anos de detenção ou multa. 
C) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, 
declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. 
D) Não constitui crime publicar anúncio de publicidade de estabelecimentos autorizados a 
realizar transplantes e enxertos, relativoa estas atividades. 
E) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou 
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração 
administrativa, sujeita o agente a uma pena de três a dez anos de reclusão e multa. 
GABARITO C 
Lei Nº 9.455/97, art. 1º: Constitui crime de tortura: 
 I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
 a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima 
ou de terceira pessoa; 
 
 
 
 
Boa sorte!

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