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LEI DE TORTURA C O M E N T Á R I O S À A R T I G O P O R A R T I G O + 1 0 Q . C O M E N T A D A S André Epifanio Promotor de Justiça Material protegido por direitos autorais. 1 COMENTÁRIOS À LEI DE TORTURA Lei n.º 9.455/97 ARTIGO POR ARTIGO André Epifanio Promotor de Justiça do Amazonas Material protegido por direitos autorais. 2 Vamos entender todos os dispositivos sobre a Lei de Tortura? 1- NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1.1- Previsão Legal: Lei n. 9.455/97 1.2- Previsão constitucional: Art. 5º (...), III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , (DIFERENTEMENTE DO RACISMO, A TORTURA É PRESCRITÍVEL) (...) Doutrina temática: “Com o advento da Constituição Federal de 1988 após um longo período de ditadura militar, durante o qual inúmeras pessoas foram torturadas, era de se esperar uma nítida preocupação do constituinte em coibir tal prática.” (LIMA, 2020, p. 984). 1.3- Mandado de criminalização constitucional? SIM O que são mandados de criminalização? Material protegido por direitos autorais. 3 Há um mandado de criminalização1 previsto no art. 5º da Carta Magna, nos seguintes termos: “XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , (...)” Doutrina temática: Segundo a lição de Ponte, “os mandados de criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral”. (...) Os mandados de criminalização constituem, pois, uma das faces da proteção dos direitos fundamentais, criando um novo papel para as sanções penais e para a relação entre o Direito Penal e a Constituição. Os direitos enumerados como fundamentais revestem-se ainda da chancela de “mandados de criminalização” e, consequentemente, por reclamarem a proteção criminal (última ratio), devem afastar 1 Veja um trecho interessante desse julgado: STF , HABEAS CORPUS 102.087 MINAS GERAISRELATOR:MIN. CELSODE MELLO (...) 1.1. Mandatos constitucionais de criminalização: A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que, em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas (CF, art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, § 4º). Em todas essas é possível identificar um mandato de criminalização expresso, tendo em vista os bens e valores envolvidos. Os direitos fundamentais não podem ser considerados apenas proibições de intervenção (Eingriffsverbote), expressando também um postulado de proteção (Schutzgebote). Pode-se dizer que os direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição do excesso (Übermassverbote), como também podem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela (Untermassverbote). Os mandatos constitucionais de criminalização, portanto, impõem ao legislador, para seu devido cumprimento, o dever de observância do princípio da proporcionalidade. (...) (...) O Tribunal deve sempre levar em conta que a Constituição confere ao legislador amplas margens de ação para eleger os bens jurídicos penais e avaliar as medidas adequadas e necessárias para a efetiva proteção desses bens. Porém, uma vez que se ateste que as medidas legislativas adotadas transbordam os limites impostos pela Constituição – o que poderá ser verificado com base no princípio da proporcionalidade como proibição de excesso (Übermassverbot) e como proibição de proteção deficiente(Untermassverbot) –, deverá o Tribunal exercer um rígido controle sobre da atividade legislativa, declarando a inconstitucionalidade de leis penais transgressoras de princípios constitucionais. Material protegido por direitos autorais. 4 medidas despenalizadoras sob pena de imprimir o juízo de que o legislador infraconstitucional não atendeu aos reclamos da Constituição. (Alexandre Rocha Almeida de Moraes/ A TEORIA DOS MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO E O COMBATE EFETIVO À CORRUPÇÃO/ESMP) Portanto, são crimes mais graves em que o legislador resolveu aplicar um regramento rigoroso tanto para a condenação quanto para a execução das penas, restringindo direitos que são comuns aos demais presos, a exemplo da fiança, da graça ou da anistia. Um primeiro contato esquemático com a Lei de Tortura e as principais denominações: Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência (FÍSICA) ou grave ameaça (MORAL), causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; (TORTURA-CONFISSÃO) b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; (TORTURA-CRIME) c) em razão de discriminação racial ou religiosa; (TORTURA- PRECONCEITO) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. (TORTURA-CASTIGO) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida Material protegido por direitos autorais. 5 legal. (FIGURA EQUIPARADA À TORTURA IMPRÓPRIA - TORTURA PELA TORTURA) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. (TORTURA-OMISSÃO) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. (QUALIFICADORAS DA TORTURA) 2- Agora vamos entender artigo por artigo? Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Classificação geral resumida do art. 1, I, da Lei n.º 9455/97, conforme RENATO BRASILEIRO DE LIMA (2020, p. 994-995) válida para: TORTURA-CONFISSÃO TORTURA-CRIME TORTURA-PRECONCEITO a) crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, não exigindo nenhuma qualidade especial do agente; (NO BRASIL, NÃO SE EXIGE QUE A TORTURA SEJA PRATICADA POR AGENTE PÚBLICO). b) crime formal ou material: na hipótese das alíneas "a" e "b" do inciso I do art. 1°, cuida-se de crime formal, pois a consumação do delito independe da obtenção do resultado naturalístico pretendido Material protegido por direitos autorais. 6 pelo agente, quais sejam, a obtenção de informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa (alínea "a"), ou a provocação de ação ou omissão de natureza criminosa (alínea "b"). No caso da alínea "c" ("em razão de discriminação racial ou religiosa"), o crime assume a condição de crime material, porquanto o resultado é a causação de sofrimento físico ou mental com o emprego de violência ou grave ameaça para fins de constranger alguém; c) crime de intenção (delito de tendência interna transcendente): são aqueles que requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. (...) Faz parte do tipo de injusto uma finalidade transcendente, no caso do crime de tortura das alíneas "a" e "b" do inciso Ido art. 1°, a finalidade de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, ou para provocar açãoou omissão de natureza criminosa; d) crime monossubjetivo: pode ser praticado por um ou mais agentes; e) crime plurissubsistente: a conduta pode ser fracionada em mais de um ato, admitindo, pois, a tentativa; f) crime de dano: para a consumação do crime do art. 1°, I, da Lei n. 9.455/97, é indispensável que haja efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, e não a mera exposição a perigo de lesão; Material protegido por direitos autorais. 7 g) crime de forma livre: a redação do tipo penal não demanda uma forma específica de conduta para a prática delituosa; h) crime instantâneo ou permanente: pelo menos em regra, o crime de tortura é instantâneo, consumando-se no exato momento em que houver a produção de sofrimento físico ou mental em virtude do constrangimento de alguém com o emprego de violência ou grave ameaça. Todavia, não se pode descartar a possibilidade de a conduta se protrair no tempo, transformando o delito em crime permanente; i) crime comissivo: o delito pressupõe uma ação, e não uma omissão, como ocorre, por exemplo, com as figuras previstas no §2° do art. 1°, objeto de análise mais adiante.” Qual é a competência para processar e julgar a tortura? JUSTIÇA ESTADUAL, em regra. Apenas será federal ser preenchidos os requisitos do art. 109, V, da CF 88. Qual é o bem jurídico tutelado? Dignidade da pessoa humana Material protegido por direitos autorais. 8 A proibição da tortura poderá ser relativizada? No Brasil, não. Não se aceita o “cenário da bomba relógio”, também conhecida como tortura para salvamento ou “ticking time bomb scenario theory”. Doutrina temática: Com efeito, a proibição da tortura “funciona como um direito absoluto, não comportando relativizações de qualquer natureza” (LIMA, 2020, p. 987) A tortura é crime equiparado a hediondo? SIM. Art. 5, XLIII, da CF e art. 2º, “caput” da Lei n.8.072/90. 3- TORTURA-CONFISSÃO a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; A tortura poderá ter como finalidade confissões penais, cíveis ou comerciais, por exemplo, não estando limitada a confissões penais. Tanto o policial, agente público quanto o particular poderá ser punidos. A prova obtida dessa forma deverá ser desentranhada. Material protegido por direitos autorais. 9 4- TORTURA-CRIME b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Independe da obtenção do resultado; “NATUREZA CRIMINOSA” deve ser crime, não aceitando-se a interpretação de contravenção penal. 5- TORTURA-PRECONCEITO c) em razão de discriminação racial ou religiosa; NÃO ENGLOBA ATOS DE HOMOFOBIA. Portanto, se houver tortura por discriminação em virtude de homofobia, o fato não está previsto na lei n. 9.455/97. A depender, poderá estar enquadrada na Lei de Racismo. 6- TORTURA-CASTIGO II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. CRIME PRÓPRIO; Se for praticado por particular, deverá ocupar a posição de GARANTE; É punido a título de dolo direto ou eventual; Também exige um especial fim de agir – finalidade de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. É possível a tentativa. Doutrina temática: Material protegido por direitos autorais. 10 6.1 - Distinção em relação ao crime de maus-tratos. O crime de tortura castigo previsto no art. 1 °, II, da Lei n. 9.455/97, não se confunde com o delito de maus-tratos previsto no art. 136 do Código Penal ("Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina"), mesmo que haja abuso dos meios utilizados, pelos seguintes motivos: a) quanto ao tipo objetivo: no delito de maus-tratos, a exposição ao perigo à vida ou à saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, é executada por meio da privação de cuidados necessários ou de alimentos, sujeição a trabalho excessivo ou inadequado, ou por meio do abuso dos meios de correção ou disciplina; no crime de tortura do art. 1 °, II, da Lei n. 9.455/97, a ação se resume em submeter alguém (sob sua guarda, poder ou autoridade) a intenso sofrimento físico ou mental com emprego de violência ou grave ameaça. Enfim, um é crime de forma livre; o outro, não; b) quanto ao dolo de perigo e de dano: o elemento subjetivo do tipo penal do art. 136 do CP é o dolo de perigo, porquanto o resultado se dá com a mera exposição do sujeito passivo ao perigo de dano; no crime de tortura do art. 1 º, II, da Lei n. 9.455/97, o resultado ocorre com o efetivo dano, leia-se, com o intenso sofrimento físico ou mental provocado pela violência ou grave ameaça, do que se conclui que o dolo em questão é de dano, e não de perigo; Material protegido por direitos autorais. 11 b) quanto ao especial fim de agir: a figura do inciso II do art. 1 º da Lei n.0 9.455/97 implica na existência de vontade livre e consciente do detentor da guarda, do poder ou da autoridade sobre a vítima de causar intenso sofrimento de ordem física ou moral, como forma de castigo ou prevenção. Por sua vez, o tipo do art. 136 do CP se aperfeiçoa com a simples exposição a perigo à vida ou à saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, em razão de excesso nos meios de correção ou disciplina. Enquanto na hipótese de maus-tratos, a finalidade da conduta é a repreensão de uma indisciplina, na tortura o propósito é causar o padecimento da vítima. Para a configuração do crime de tortura sob comento, é indispensável a prova cabal da intenção deliberada de causar o sofrimento físico ou moral, desvinculada do objetivo de educação. 50 É nesse sentido a jurisprudência: "( ...) AGRESSÕES FÍSICAS CONTRA MENORES INTERNADOS NA APAE. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSUNÇÃO DA CONDUTA NO DELITO DE MAUS TRATOS (ART. 136 DO CPB) ANTE A NÃO VERIFICAÇÃO, AO MENOS ATÉ ESTA ALTURA, DO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO ESPECÍFICO DESTE DELITO (PARA FIM DE EDUCAÇÃO, ENSINO, TRATAMENTO OU CUSTÓDIA), MAS SIM DO PROPÓSITO DE CAUSAR SOFRIMENTO, PRÓPRIO DO CRIME DE TORTURA. (...) Para que se configure o delito de maus tratos é necessária a demonstração de que os castigos infligidos tenham por fim a educação, o ensino, o tratamento ou a custódia do sujeito passivo, circunstâncias que não se evidenciam na hipótese. (...) A conduta verificada nos autos encontra melhor adequação típica na descrição feita pelo art. 1 º., II da Lei 9.455/97 - tortura, o que não Material protegido por direitos autorais. 12 exclui a possibilidade de outra definição do fato se verificado, depois de realizada mais aprofundada cognição probatória, serem outras as circunstâncias delitivas. (. .. )". (LIMA, 2020, p. 1001) 7- PRECEITO SECUNDÁRIO Pena - reclusão, de dois a oito anos. Trata-se do preceito secundário da pena. Em resumo: a) Não cabe Acordo de Não Persecução Penal, pois há violência ou grave ameaça. b) A pena é de reclusão. c) Não cabe transação penal. d) Não cabe suspensão condicional do processo. e) O delito não é punido a título de culpa. 8- FIGURA EQUIPARADA À TORTURA IMPRÓPRIA - TORTURA PELA TORTURA § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. NÃO DEMANDA O EMPREGO DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. Material protegido por direitos autorais. 13 CRIME PRÓPRIO. Punidoa título de dolo direto ou eventual (não se pune a culpa). Admite-se a tentativa. Crime material, de dano e comissivo. 9- TORTURA-OMISSÃO § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Delito parasitário, pois pressupõe um anterior delito de tortura anterior (consumado ou tentado). Crime omissivo próprio. 10- QUALIFICADORAS DA TORTURA § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Doutrina temática: Posição dominante: PRETERDOLOSO. Dolo no antecedente e culpa no consequente. Também entende-se que essa qualificadora abrange todas as modalidades de tortura, “à exceção segunda figura do §2º do art. 1º (não apuração), pois o omitente não pode ser responsabilizado pelo resultado agravador. Ora, se o agente deixou de apurar um crime de tortura já consumado, não se revela possível a aplicação da qualificadora em análise, seja por força da ausência de relação de causalidade entre a conduta omissiva e o resultado, seja pela não configuração do concurso de agentes”. (LIMA, 2020, p. 1008) Material protegido por direitos autorais. 14 11- CAUSAS DE AUMENTO DE PENA A causa de aumento será analisada na TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA a ser feita pelo juiz. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante sequestro. 12- EFEITOS AUTOMÁTICOS DA CONDENAÇÃO § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Sabemos que, a teor do que prevê art. 91, I, do CP, temos como efeito específico da pena a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo quando: a) aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; Material protegido por direitos autorais. 15 b) aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. Alerte-se que esses efeitos NÃO SÃO AUTOMÁTICOS e NÃO SÃO OBRIGATÓRIOS. Assim, caberá ao juiz a declaração expressa e fundamentada na sentença. É o que prevê o art. 92, parágrafo único, do Código Penal: "Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença". Contudo, diferentemente é o que ocorre quando a condenação é por TORTURA. O art. 1º, §5º, da Lei n. 9455/97, dispõe que a condenação nos crimes de tortura "acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada." Destarte, "trata-se de EFEITO AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO transitada em julgado, não dependente de motivação, ou do tempo de duração da pena. A aplicação desse efeito da sentença condenatória não está condicionada à existência de requerimento expresso nesse sentido constante da peça acusatória. Ora, sendo a perda do cargo, função ou emprego público, conforme disposto no art. 1 °, §5°, da Lei n. 9.455/97, consequência automática da condenação, mostra-se dispensável a veiculação, na denúncia, de pedido visando a sua implementação" (LIMA, 2020, p.1011). 13- INAFIANÇABILIDADE § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. ATENÇÃO: SERÁ POSSÍVEL A LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA. Material protegido por direitos autorais. 16 O crime de tortura é IMPRESCRITÍVEL? NÃO. A CF 88 prevê como crimes imprescritíveis apenas o racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (incisos XLII e XLIV do art. 5°). ATENÇÃO: Alguns doutrinadores defendem a imprescritibilidade do delito, a exemplo do Renato Brasileiro de Lima (neste ponto, é doutrina minoritária). Veja a fundamentação (2020): “ (...) levando-se em consideração o quanto disposto no art. 7°, 1, alínea "f", e no art. 29, ambos do Estatuto de Roma (Decreto n. 4.388/02), se a tortura for praticada nas referidas condições, leia-se, "no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque ", há de se reconhecer sua imprescritibilidade , mormente se considerarmos que, em virtude do princípio pro homine, deve prevalecer a norma mais favorável sob o ponto de vista da proteção dos direitos humanos. Tal raciocínio, todavia, só será válido para os crimes de tortura cometidos entre nós a partir do dia 25 de setembro de 2002. Explica- se: o Estatuto de Roma só foi promulgado no Brasil na referida data, por meio do Decreto n. 4.388. e o próprio art. 24 do Estatuto de Roma , sob a rubrica "não retroatividade ratione personae ", dispõe explicitamente que "nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável , de acordo com o presente Estatuto , por uma conduta anterior à entrada em vigor do presente Estatuto". Enfim, ante a gravidade do crime de tortura cometido nessas condições , não se pode admitir que tais fatos sejam esquecidos pela sociedade. Devem permanecer na memória da nação para que nunca mais voltem a ocorrer . Enfim, não se pode admitir seu Material protegido por direitos autorais. 17 esquecimento por meio da prescrição. Conquanto seja dominante a orientação no sentido de que o crime de tortura está sujeito à prescrição, é de todo conveniente destacar que os Tribunais Superiores têm entendido que a reparação civil do dano decorrente da prática da tortura é imprescritível. Há, de fato, diversos precedentes do STF e do STJ reconhecendo que a ação de indenização por danos morais decorrentes dos atos de tortura ocorridos durante o regime militar é imprescritível, pelos seguintes fundamentos : a) a Constituição não previu restrição ao direito de ação correspondente a esta violação da dignidade da pessoa humana; b) o Brasil é signatário do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, o qual exige a proteção judicial para os casos de violação de direitos humanos ; c) como as vítimas de tortura estavam impedidas de agir, pois se encontravam sob regime de exceção ,devem ser aplicadas regras excepcionais para que possam buscar a reparação de seus danos . (...)” É possível a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão? “Ao tratar das medidas cautelares diversas da prisão nos arts. 319 e 320 do CPP, o legislador não estabeleceu qualquer restrição à concessão dessas medidas a crimes inafiançáveis como a tortura. Portanto, quanto ao autor dessas infrações inafiançáveis, quer esteja ele em liberdade desde a prática do delito, quer tenha sido preso em flagrante, embora esteja vedada a concessão de fiança, pensamos ser perfeitamente possível a concessão de liberdade provisória cumulada com a imposição de todas as demais medidas cautelares diversas da prisão listadas no art. 319 do CPP, à exceção da fiança.”(LIMA, 2020, p. 1013) 14- REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Material protegido por direitos autorais. 18 RENATO BRASILEIRO DE LIMA (2020): “23. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. (...) Ora, se o Plenário do Supremo afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 e/e art. 59, ambos do CP, é evidente que essa interpretaçãotambém deve ser aplicada aos crimes equiparados a hediondo, a exemplo da tortura. Logo, a despeito do disposto no art. 1 º, § 7°, da Lei nº 9.455/97, também não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. Nesse sentido, como já se pronunciou a 5ª Turma do STJ, "( ... ) é flagrante o constrangimento ilegal em relação à fixação do regime inicial fechado com base no art. 1.º, § 7.º, da Lei de Tortura. Com a declaração pelo Pretório Excelso da inconstitucionalidade do regime integral fechado e do § 1.º do art. 2.º da Lei de Crimes Hediondos, com redação dada pela lei n.0 11.464/2007 - também aplicável ao crime de tortura -, o cumprimento da pena passou a ser regido pelas disposições gerais do Código Penal. Porém, consideradas desfavoráveis as circunstâncias judiciais do caso concreto, cabível aplicar inicialmente o regime prisional semiaberto, atendendo ao disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do Código Penal. Writ não conhecido. Ordem de habeas corpus concedida, de ofício, apenas para fixar o regime inicial semiaberto". Sem embargo desse entendimento, mesmo após a decisão proferida pelo Plenário do STF no julgamento do HC 111.840/ES, a lª Turma do Supremo vem entendendo que o condenado por crime de tortura deve iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do disposto no § 7° do art. 1° da Lei 9.455/1997. Para o Supremo, em consonância Material protegido por direitos autorais. 19 com a Constituição Federal, a Lei n. 9.455/97 teria feito uma opção válida, ao prever que, considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser cumprida inicialmente em regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão. Independentemente dessa discussão, é certo dizer que o condenado pelo crime de tortura-omissão (art. 1 º, §2°) não deve iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. A uma porque a pena cominada ao referido delito é de detenção, de um a quatro anos, o que significa dizer que o regime inicial para o cumprimento da pena privativa de liberdade deve ser o semiaberto ou aberto, consoante disposto no art. 33, caput, do Código Penal. A duas porque o próprio art. 1 °, §7°, da Lei n. 9.455/97 excepciona a hipótese do §2° da obrigatoriedade de iniciar o cumprimento da pena em regime fechado ("O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do §2°, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado"). Por fim, e ainda no que se refere ao cumprimento da pena privativa de liberdade, revela- se inadmissível a substituição por restritiva de direitos. Isso porque a referida substituição tem como pressuposto básico a inexistência de crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa (CP, art. 44, I), o que, à evidência, não é o caso da tortura.” (LIMA, 2020, p. 1014-1016) 15- EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA DA LEI PENAL BRASILEIRA Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Material protegido por direitos autorais. 20 “A Lei n. 9.455/97 será aplicável ainda que o crime de tortura tenha sido praticado fora do território nacional em duas situações: a) vítima brasileira (nata, naturalizada ou até mesmo com dupla cidadania): ante o disposto no art. 7°, §3°, do Código Penal, que manda aplicar a lei penal brasileira "ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil", é de se concluir que a primeira parte do art. 2° da Lei n. 9.455/97 é absolutamente dispensável. Todavia, há uma diferença marcante entre a regra do art. 2° em relação ao art. 7°, §3°, do CP, qual seja, a desnecessidade de preenchimento das condições de procedibilidade constantes das alíneas do §2° e do próprio §3° do art. 7° do CP. Por conseguinte, à luz do art. 2° da Lei n. 9.455/97, toda e qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade, que praticar atos de tortura contra vítima brasileira fora do Brasil poderá ser processado e condenado, ainda que não tenha ingressado no território nacional, pouco importando, ademais, se foi condenado ou absolvido no país em que o crime foi executado. Como se pode notar, a Lei n. 9.455/97 criou, assim, mais uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada regulada pelo princípio de defesa (ou real); b) se o sujeito ativo encontrar-se em local sob jurisdição brasileira: A segunda parte do art. 2° da Lei de Tortura prevê a aplicabilidade da lei penal brasileira no tocante ao agente que tiver sido localizado em lugar sob jurisdição brasileira. Destarte, se o agente, brasileiro ou não, vier a praticar tortura em território estrangeiro e, na sequência, ingressar no Brasil, aplicar-se-á a lei penal brasileira. Logo, não havendo a extradição de estrangeiro acusado ou condenado pela prática de tortura no exterior, o Brasil assume o compromisso de Material protegido por direitos autorais. 21 processá-lo por esse delito a partir do momento em que se encontrar em local sob jurisdição brasileira, mesmo que a vítima não seja de origem nacional. De se notar que, à luz do princípio da Justiça Universal, criou-se mais uma hipótese de extraterritorialidade. Especificamente quanto aos crimes de tortura cometidos fora do território nacional aos quais é aplicável a lei penal brasileira por força do art. 2° da Lei n. 9.455/97, é de se recordar que a competência para o processo e julgamento recai, pelo menos em regra, sobre a Justiça Comum Estadual, salvo se presente uma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal. Como já se pronunciou o STJ,"( ... ) a competência da jurisdição federal se dá em caso de crime à distância previsto em tratado internacional, o que não ocorre quando o crime por inteiro se verifica no estrangeiro. Tampouco se tem provocação e hipótese de grave violação a direitos humanos, ou danos diretos a bens ou serviços de entes federais. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Estadual, ora suscitante ". (LIMA, 2020, p. 1016-1017) 16- VIGÊNCIA Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Entrou em vigor no dia 08 de abril de 1997, data de sua publicação. 17- REVOGAÇÃO DO ART. 233 DO ECA Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Previa o art. 233 do ECA que: Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: Pena - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm#233 Material protegido por direitos autorais. 22 reclusão de um a cinco anos. § 1º Se resultar lesão corporal grave: Pena - reclusão de dois a oito anos. § 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: Pena - reclusão de quatro a doze anos. § 3º Se resultar morte: Pena - reclusão de quinze a trinta anos. - Encontra-se revogado, mas não há abolitio criminis e sim continuidade normativo-típica na própria Lei de Tortura. Material protegido por direitos autorais. 23 QUESTÕES Para massificar o conhecimento, separamos 06 (seis) questões inéditas e 04 (quatro) de provas anteriores + comentários (final do material) 01 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) Considerando o que prevê a Carta Magna e a doutrina, bem como a Lei n.º 9.455/97, analise os itens abaixo. I) O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. II) O crime de tortura é imprescritível, conforme prevê a Constituição Federal, corroborada pela doutrina majoritária. III) O crime de tortura é equiparado a hediondo, ao lado dos crimes de racismo e terrorismo. IV) O Estatuto de Roma do Tribunal Penal internacional, considerou a tortura um crime contra a humanidadee imprescritível, motivo pelo qual uma parte da doutrina afirma que, já que o Brasil Estado-Parte desse instrumento internacional, o crime de tortura é imprescritível. Neste ponto, há uma nítida divergência do que prevê o texto constitucional. Assinale quais os itens e aponte a alternativa correta: a) Todos os itens estão corretos. b) Apenas os itens I e IV estão corretos. c) Apenas os itens I e III estão corretos. d) N.D.A. 02 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito dos crimes e das penas previstos na Lei n. 9.455/97, assinale a alternativa incorreta. Material protegido por direitos autorais. 24 a) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. É punido a título de dolo direto, não cabendo dolo eventual. b) A tortura-confissão está prevista na alínea a do inciso I do art. 1º da Lei n. 9.455/97, ao afirmar a finalidade “de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. c)Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa. É o que a doutrina denomina de tortura-preconceito. d) A conduta de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo é crime previsto na Lei n. 9.455/97, cuja pena é de reclusão, de dois a oito anos. Ademais, é crime próprio, sendo punido exclusivamente a título de dolo (direto ou eventual). 03 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito da distinção entre o delito de tortura e maus-tratos, assinale a alternativa correta. a) A tortura-castigo prevista no art. 1º, II, da Lei n. 9455/97 derrogou o art. 136 (maus-tratos) no que se refere a adulto. Assim, o delito de maus-tratos continua válido para crianças e adolescentes. b) A doutrina afirma que o delito de maus-tratos, quanto ao elemento subjetivo do tipo penal, é dolo de dano, e não de perigo. c) Entende a jurisprudência do STJ que a agressão física contra menores internados na APAE configura o crime de maus-tratos, previsto no Código Penal. Material protegido por direitos autorais. 25 d) É equiparada à tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei o não resultante de medida legal. É chamado pela doutrina de tortura imprópria e não exige violência ou grave ameaça. 04 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito da possibilidade de concessão da liberdade provisória com ou sem fiança nos delitos de tortura, graça ou anistia e regime de cumprimento de pena e territorialidade da Lei de Tortura, assinale a alternativa correta. a) Não será possível a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão previstas nos arts. 319 e 320 do Código Penal, pois o delito é inafiançável. b) O condenado por crime de tortura, conforme entendimento do da 1ª turma do STF, iniciará o cumprimento de pena no regime fechado. Há divergência quanto ao tema, com destaque para o posicionamento da 5ª Turma do STJ, no sentido de se poder aplicar as normas gerais de cumprimento de pena previstas no Código Penal. Contudo, independentemente de ambos os posicionamentos, revela-se inadmissível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. c) Não há casos de extraterritorialidade na Lei n.º 9.455/97. d) A Lei n.º 9.455/97 será aplicável ainda que o crime de tortura tenha sido praticado fora do território nacional se a vítima for brasileira nata, somente. 05 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito da classificação doutrinária do crime de tortura constante no art. 1, I e alíneas da Lei 9.455/97, assinale a alternativa incorreta. Material protegido por direitos autorais. 26 a) É crime comum. b) É delito de intenção (delito de tendência interna transcendente) nas alíneas “a” e “b” (com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa ou para provocar ação ou omissão de natureza criminosa), sendo aqueles que requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. c) É crime comissivo e monossubjetivo. d) O crime de tortura é plurissubsistente, ou seja, não admite tentativa. 06 (INÉDITA – Equipe Cejurnorte 2020) A respeito das causas de aumento e qualificadoras previstas na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) e outras peculiaridades relativas à condenação, assinale a alternativa correta: a) agrava-se a pena se o crime é cometido por agente público. b) aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3 terço se o crime é cometido se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos. c) aumenta-se a pena pela metade se o crime é cometido mediante sequestro. Ademais, se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos, cumulado com o delito de homicídio. d) A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício no prazo da pena aplicada. 7- Ano: 2018 Banca: UEG PC-GO - Delegado de Polícia Material protegido por direitos autorais. 27 Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de tortura qualificada pelo resultado morte a uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por A) cinco anos B) dez anos C) doze anos D) vinte e quatro anos E) trinta e seis anos 8- Ano: 2018 Banca: NUCEPE PC-PI - Delegado de Polícia Civil Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos inerentes à pessoa humana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, os atos de tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza são coibidos. Marque abaixo a alternativa CORRETA quanto ao crime de tortura. A) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de graça ou anistia. B) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60 (sessenta) anos aumenta-se a pena em de 1/3 (um terço) até à metade. C) Se o crime de tortura é cometido por agente público, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) até à metade. D) Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém com o emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em razão de discriminação racial ou religiosa. Material protegido por direitos autorais. 28 E) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de obter alguma informação, declaração ou confissão. 9- Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE PC-PE - Delegado de Polícia Da sentença penal se extraem diversas consequências jurídicas e, quando for condenatória, emergem-se os efeitos penais e extrapenais. Acerca dos efeitos da condenação penal, assinale a opção correta. A) A licença de localização e de funcionamento de estabelecimento onde se verifique prática de exploração sexual de pessoa vulnerável, em caso de o proprietário ter sido condenado por esse crime, não será cassada, dada a ausência de previsão legal desse efeito da condenação penal. B) A condenação por crime de racismo cometido por proprietário de estabelecimento comercial sujeita o condenado à suspensão do funcionamento de seu estabelecimento,pelo prazo de até três meses, devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença penal condenatória. C) Segundo o CP, constitui efeito automático da condenação a perda de cargo público, quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública. D) A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo público e a interdição temporária para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, desde que fundamentada na sentença condenatória, não sendo efeito automático da condenação. Material protegido por direitos autorais. 29 E) A condenação penal pelo crime de maus-tratos, com pena de detenção de dois meses a um ano ou multa, ocasiona a incapacidade para o exercício do poder familiar, quando cometido pelo pai contra filho, devendo ser motivado na sentença condenatória, por não ser efeito automático. 10- Ano: 2014 Banca: ACAFE PC-SC - Delegado de Polícia De acordo com a legislação em vigor, assinale a alternativa correta. A) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 21 (vinte e um) anos ou pessoa portadora de deficiência motora se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade, sujeita o agente a uma pena de um a dois anos de detenção e multa. B) Violar direitos de autor de programa de computador que consista na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, sujeita o agente a uma pena de seis meses a dois anos de detenção ou multa. C) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. D) Não constitui crime publicar anúncio de publicidade de estabelecimentos autorizados a realizar transplantes e enxertos, relativo a estas atividades. E) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores Material protegido por direitos autorais. 30 provenientes, direta ou indiretamente, de infração administrativa, sujeita o agente a uma pena de três a dez anos de reclusão e multa. QUESTÕES + COMENTÁRIOS 01 (INÉDITA). Considerando o que prevê a Carta Magna e a doutrina, bem como a Lei n.º 9.455/97, analise os itens abaixo. I) O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. II) O crime de tortura é imprescritível, conforme prevê a Constituição Federal, corroborada pela doutrina majoritária. III) O crime de tortura é equiparado a hediondo, ao lado dos crimes de racismo e terrorismo. IV) O Estatuto de Roma do Tribunal Penal internacional, considerou a tortura um crime contra a humanidade e imprescritível, motivo pelo qual uma parte da doutrina afirma que, já que o Brasil Estado-Parte desse instrumento internacional, o crime de tortura é imprescritível. Neste ponto, há uma nítida divergência do que prevê o texto constitucional. Assinale quais os itens e aponte a alternativa correta: a) Todos os itens estão corretos. b) Apenas os itens I e IV estão corretos. c) Apenas os itens I e III estão corretos. d) N.D.A. GABARITO: B I – Correta. Art. 5º (...), III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , (DIFERENTEMENTE DO RACISMO, A TORTURA É PRESCRITÍVEL) (...) IV – Correta. “ (...) levando-se em consideração o quanto disposto no art. 7°, 1, alínea "f", e no art. 29, ambos do Estatuto de Roma (Decreto n. 4.388/02), se a tortura for praticada nas referidas condições, leia- se, "no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque ", há de Material protegido por direitos autorais. 31 se reconhecer sua imprescritibilidade , mormente se considerarmos que, em virtude do princípio pro homine, deve prevalecer a norma mais favorável sob o ponto de vista da proteção dos direitos humanos. Tal raciocínio, todavia, só será válido para os crimes de tortura cometidos entre nós a partir do dia 25 de setembro de 2002. Explica- se: o Estatuto de Roma só foi promulgado no Brasil na referida data, por meio do Decreto n. 4.388. e o próprio art. 24 do Estatuto de Roma , sob a rubrica "não retroatividade ratione personae ", dispõe explicitamente que "nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável , de acordo com o presente Estatuto , por uma conduta anterior à entrada em vigor do presente Estatuto". Enfim, ante a gravidade do crime de tortura cometido nessas condições , não se pode admitir que tais fatos sejam esquecidos pela sociedade. Devem permanecer na memória da nação para que nunca mais voltem a ocorrer . Enfim, não se pode admitir seu esquecimento por meio da prescrição. Conquanto seja dominante a orientação no sentido de que o crime de tortura está sujeito à prescrição, é de todo conveniente destacar que os Tribunais Superiores têm entendido que a reparação civil do dano decorrente da prática da tortura é imprescritível. Há, de fato, diversos precedentes do STF e do STJ reconhecendo que a ação de indenização por danos morais decorrentes dos atos de tortura ocorridos durante o regime militar é imprescritível, pelos seguintes fundamentos : a) a Constituição não previu restrição ao direito de ação correspondente a esta violação da dignidade da pessoa humana; b) o Brasil é signatário do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, o qual exige a proteção judicial para os casos de violação de direitos humanos ; c) como as vítimas de tortura estavam impedidas de agir, pois se encontravam sob regime de exceção ,devem ser aplicadas regras excepcionais para que possam buscar a reparação de seus danos . (...)” Material protegido por direitos autorais. 32 02 (INÉDITA). A respeito dos crimes e das penas previstos na Lei n. 9.455/97, assinale a alternativa incorreta. a) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. É punido a título de dolo direto, não cabendo dolo eventual. b) A tortura-confissão está prevista na alínea a do inciso I do art. 1º da Lei n. 9.455/97, ao afirmar a finalidade “de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. c)Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa. É o que a doutrina denomina de tortura-preconceito. d) A conduta de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo é crime previsto na Lei n. 9.455/97, cuja pena é de reclusão, de dois a oito anos. Ademais, é crime próprio, sendo punido exclusivamente a título de dolo (direto ou eventual). GABARITO: A B. Correta - Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência (FÍSICA) ou grave ameaça (MORAL), causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; (TORTURA-CONFISSÃO) c) Correta – Art. 1º, I (...) c) em razão de discriminação racial ou religiosa; (TORTURA- PRECONCEITO) d) Correta. Art. 1º, II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violênciaou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. (TORTURA-CASTIGO) PRECEITO SECUNDÁRIO: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Material protegido por direitos autorais. 33 03 (INÉDITA). A respeito da distinção entre o delito de tortura e maus-tratos, assinale a alternativa correta. a) A tortura-castigo prevista no art. 1º, II, da Lei n. 9455/97 derrogou o art. 136 (maus- tratos) no que se refere a adulto. Assim, o delito de maus-tratos continua válido para crianças e adolescentes. b) A doutrina afirma que o delito de maus-tratos, quanto ao elemento subjetivo do tipo penal, é dolo de dano, e não de perigo. c) Entende a jurisprudência do STJ que a agressão física contra menores internados na APAE configura o crime de maus-tratos, previsto no Código Penal. d) É equiparada à tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei o não resultante de medida legal. É chamado pela doutrina de tortura imprópria e não exige violência ou grave ameaça. GABARITO: D Art. 1º, § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (FIGURA EQUIPARADA À TORTURA IMPRÓPRIA - TORTURA PELA TORTURA) 04 (INÉDITA). A respeito da possibilidade de concessão da liberdade provisória com ou sem fiança nos delitos de tortura, graça ou anistia e regime de cumprimento de pena e territorialidade da Lei de Tortura, assinale a alternativa correta. a) Não será possível a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão previstas nos arts. 319 e 320 do Código Penal, pois o delito é inafiançável. b) O condenado por crime de tortura, conforme entendimento do da 1ª turma do STF, iniciará o cumprimento de pena no regime fechado. Há divergência quanto ao tema, com destaque para o posicionamento da 5ª Turma do STJ, no sentido de se poder aplicar as normas gerais de cumprimento de pena previstas no Código Penal. Contudo, independentemente de ambos os posicionamentos, revela-se inadmissível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. c) Não há casos de extraterritorialidade na Lei n.º 9.455/97. d) A Lei n.º 9.455/97 será aplicável ainda que o crime de tortura tenha sido praticado fora do território nacional se a vítima for brasileira nata, somente. Material protegido por direitos autorais. 34 GABARITO: B “23. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. (...) Ora, se o Plenário do Supremo afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 e/e art. 59, ambos do CP, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada aos crimes equiparados a hediondo, a exemplo da tortura. Logo, a despeito do disposto no art. 1 º, § 7°, da Lei nº 9.455/97, também não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. Nesse sentido, como já se pronunciou a 5ª Turma do STJ, "( ... ) é flagrante o constrangimento ilegal em relação à fixação do regime inicial fechado com base no art. 1.º, § 7.º, da Lei de Tortura. Com a declaração pelo Pretório Excelso da inconstitucionalidade do regime integral fechado e do § 1.º do art. 2.º da Lei de Crimes Hediondos, com redação dada pela lei n.0 11.464/2007 - também aplicável ao crime de tortura -, o cumprimento da pena passou a ser regido pelas disposições gerais do Código Penal. Porém, consideradas desfavoráveis as circunstâncias judiciais do caso concreto, cabível aplicar inicialmente o regime prisional semiaberto, atendendo ao disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do Código Penal. Writ não conhecido. Ordem de habeas corpus concedida, de ofício, apenas para fixar o regime inicial semiaberto". Sem embargo desse entendimento, mesmo após a decisão proferida pelo Plenário do STF no julgamento do HC 111.840/ES, a lª Turma do Supremo vem entendendo que o condenado por crime de tortura deve iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do disposto no § 7° do art. 1° da Lei 9.455/1997. Para o Supremo, em consonância com a Constituição Material protegido por direitos autorais. 35 Federal, a Lei n. 9.455/97 teria feito uma opção válida, ao prever que, considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser cumprida inicialmente em regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão. Independentemente dessa discussão, é certo dizer que o condenado pelo crime de tortura-omissão (art. 1 º, §2°) não deve iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. A uma porque a pena cominada ao referido delito é de detenção, de um a quatro anos, o que significa dizer que o regime inicial para o cumprimento da pena privativa de liberdade deve ser o semiaberto ou aberto, consoante disposto no art. 33, caput, do Código Penal. A duas porque o próprio art. 1 °, §7°, da Lei n. 9.455/97 excepciona a hipótese do §2° da obrigatoriedade de iniciar o cumprimento da pena em regime fechado ("O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do §2°, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado"). Por fim, e ainda no que se refere ao cumprimento da pena privativa de liberdade, revela- se inadmissível a substituição por restritiva de direitos. Isso porque a referida substituição tem como pressuposto básico a inexistência de crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa (CP, art. 44, I), o que, à evidência, não é o caso da tortura.” (LIMA, 2020, p. 1014-1016) 05 (INÉDITA). A respeito da classificação doutrinária do crime de tortura constante no art. 1, I e alíneas da Lei 9.455/97, assinale a alternativa incorreta. a) É crime comum. b) É delito de intenção (delito de tendência interna transcendente) nas alíneas “a” e “b” (com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa ou para provocar ação ou omissão de natureza criminosa), sendo aqueles que requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. c) É crime comissivo e monossubjetivo. Material protegido por direitos autorais. 36 d) O crime de tortura é plurissubsistente, ou seja, não admite tentativa. GABARITO: D Essa está bem tranquila. Se a conduta pode ser fracionada em mais de um ato, admite-se a tentativa; 06 (INÉDITA). A respeito das causas de aumento e qualificadoras previstas na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) e outras peculiaridades relativas à condenação, assinale a alternativa correta: a) agrava-se a pena se o crime é cometido por agente público. b) aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3 terço se o crime é cometido se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos. c) aumenta-se a pena pela metade se o crime é cometido mediante sequestro. Ademais, se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos, cumulado com o delito de homicídio. d) A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício no prazo da pena aplicada. GABARITO: B § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante sequestro.7- Ano: 2018 Banca: UEG PC-GO - Delegado de Polícia Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de tortura qualificada pelo resultado morte a uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por A) cinco anos B) dez anos Material protegido por direitos autorais. 37 C) doze anos D) vinte e quatro anos E) trinta e seis anos GABARITO D Lei 9455/99. Art. 1º Constitui crime de tortura: § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 8- Ano: 2018 Banca: NUCEPE PC-PI - Delegado de Polícia Civil Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos inerentes à pessoa humana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, os atos de tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza são coibidos. Marque abaixo a alternativa CORRETA quanto ao crime de tortura. A) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de graça ou anistia. B) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60 (sessenta) anos aumenta-se a pena em de 1/3 (um terço) até à metade. C) Se o crime de tortura é cometido por agente público, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) até à metade. D) Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém com o emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em razão de discriminação racial ou religiosa. E) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de obter alguma informação, declaração ou confissão. Material protegido por direitos autorais. 38 GABATITO E E – Correta! Art. 1º, I, “a” da Lei de Tortura (Lei Nº 9.455/97): Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; A- Errada. O crime de tortura, como tratamos, é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, conforme art. 1º, § 6º da Lei 9.455/97. É a reprodução da redação do art. 5º, XLIII da CR. Vejamos: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura (...).” B e C- errada. As causas de aumento previstas no art. 1º, §4º do mesmo diploma são de 1/6 a 1/3 e não de 1/3 à metade. D – Errada. Contraria o art. 1º, I, “c” da Lei de Tortura. 9- Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE PC-PE - Delegado de Polícia Da sentença penal se extraem diversas consequências jurídicas e, quando for condenatória, emergem-se os efeitos penais e extrapenais. Acerca dos efeitos da condenação penal, assinale a opção correta. A) A licença de localização e de funcionamento de estabelecimento onde se verifique prática de exploração sexual de pessoa vulnerável, em caso de o proprietário ter sido condenado por esse crime, não será cassada, dada a ausência de previsão legal desse efeito da condenação penal. B) A condenação por crime de racismo cometido por proprietário de estabelecimento comercial sujeita o condenado à suspensão do funcionamento de seu estabelecimento, pelo prazo de até três meses, devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença penal condenatória. C) Segundo o CP, constitui efeito automático da condenação a perda de cargo público, quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos Material protegido por direitos autorais. 39 crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública. D) A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo público e a interdição temporária para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, desde que fundamentada na sentença condenatória, não sendo efeito automático da condenação. E) A condenação penal pelo crime de maus-tratos, com pena de detenção de dois meses a um ano ou multa, ocasiona a incapacidade para o exercício do poder familiar, quando cometido pelo pai contra filho, devendo ser motivado na sentença condenatória, por não ser efeito automático. GABARITO B B: Correta! Art. 16, lei 7.716/89. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses. A: Errada - Será cassada! Art. 218-B, CP. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (...) § 2º. Incorre nas mesmas penas: (...) II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (...) § 3º. Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. C - Errada – Ao dizer que constitui efeito automático da condenação. Art. 92, CP. São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa Material protegido por direitos autorais. 40 de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; § único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. D – Errada - Art. 1º, § 5º, lei 9.455/97: A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. STF: "A perda do cargo, função ou emprego público – que configura efeito extrapenal secundário – constitui consequência necessária que resulta, automaticamente, de pleno direito, da condenação penal imposta ao agente público pela prática do crime de tortura" (AI 769.637-ED-ED-AgR/MG, Info 730). STJ: A Lei nº 9.455/97, em seu art. 1º, § 5º, evidencia que a perda do cargo público é efeito automático e obrigatório da condenação pela prática do crime de tortura, sendo desnecessária fundamentação específica para tal. (Precedentes). (STJ - REsp: 1028936 PR 2008/0024954-9, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 02/12/2008, T5 - QUINTA TURMA) 10- Ano: 2014 Banca: ACAFE PC-SC - Delegado de Polícia De acordo com a legislação em vigor, assinale a alternativa correta. A) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 21 (vinte e um) anos ou pessoa portadora de deficiência motora se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade, sujeita o agente a uma pena de um a dois anos de detenção e multa. B) Violar direitos de autor de programa de computador que consista na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, Material protegido por direitos autorais. 41 sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, sujeita o agente a uma pena de seis meses a dois anos de detenção ou multa. C) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. D) Não constitui crime publicar anúncio de publicidade de estabelecimentos autorizados a realizar transplantes e enxertos, relativoa estas atividades. E) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração administrativa, sujeita o agente a uma pena de três a dez anos de reclusão e multa. GABARITO C Lei Nº 9.455/97, art. 1º: Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Boa sorte!
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