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Manual Caseiro - CRIMINOLOGIA 2020 - Copia - Copia

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MANUAL CASEIRO 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIMINOLOGIA para 
Delegado de Polícia Civil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Criminologia para 
Delegado de Polícia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
2 
 
 
Sumário 
 
1. Ciências Criminais e conceitos ............................................................................................................................... 4 
1.1 Linha do tempo do estudo da Criminologia ......................................................................................................... 7 
1.1.1 Introdução e Elementos Principais ................................................................................................................... 8 
1.1.1.1 Conceitos, Métodos, Funções, Objetos de Estudo ....................................................................................... 10 
1.1.2 Evolução Histórica........................................................................................................................................... 39 
1.1.2.1 Etapa pré-científica (Escola Clássica) e científica (Escola Positiva ou Positivista) .................................. 40 
1.1.3 Modelos Teóricos Explicativos ........................................................................................................................ 53 
2. Temas atuais da Criminologia ............................................................................................................................. 82 
2.1 Criminologia Feminista ...................................................................................................................................... 85 
2.2 Criminologia Queer ............................................................................................................................................ 86 
2.3 Criminologia Cultural ........................................................................................................................................ 88 
3. Cifras ..................................................................................................................................................................... 92 
4. Já Caiu .................................................................................................................................................................. 93 
5. Bibliografia ......................................................................................................................................................... 105 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
3 
 
 
 
Qual a importância de estudar CRIMINOLOGIA? 
 
Muitos se perguntam por que estudar criminologia. Para muitos, a criminologia não parece, à 
primeira vista, tão relevante quanto o estudo do Direito Penal ou do Direito Processual Penal, ou mesmo da 
política criminal. Às vezes, tem-se a impressão de que, dentro das denominadas ciências criminais, a 
criminologia foi deixada de lado, enquanto se deu muita importância às outras ciências, que se 
desenvolveram e ganharam mais status na ciência jurídica. 
Contudo, é comum encontrar pessoas discutindo, por exemplo, o problema da violência urbana, a 
escalada da corrupção ou o aparelhamento do crime organizado. Diz-se que, atualmente, todos comentam 
sobre futebol e violência, existindo milhares de técnicos desse esporte, e, na mesma proporção, 
criminólogos. 
Os meios de comunicação evoluíram nas últimas décadas, e com o uso frequente das redes sociais, 
que dão às pessoas a possibilidade de tecer opinião sobre qualquer assunto, a discussão a respeito da 
criminalidade é constante, principalmente em casos de maior repercussão divulgados pela mídia. 
Conhecer as premissas e métodos da criminologia como ciência apura a visão crítica e científica 
daquele que se propõe a analisar o problema da delinquência. De maneira geral, as pessoas que 
desconhecem a criminologia são facilmente influenciadas por informações equivocadas, divulgadas 
torrencialmente todos os dias na mídia e nas redes sociais. Assim, essa parcela leiga da população aceita e 
reproduz comentários fundados em teorias e conceitos não científicos, que anuviam sua percepção a 
respeito das causas reais do fenômeno delitivo, e que permitem a manipulação da opinião popular para 
aprovação de medidas meramente paliativas, que nada fazem para atingir o cerne do problema. Portanto, 
estudar criminologia, além de importante, é extremamente necessário. 
O incremento da complexidade dos fenômenos criminais, como o aumento da violência urbana e o 
crescimento gradativo da população carcerária e do caos dos estabelecimentos penais, são motivos 
significativos para a ascensão da criminologia, ciência que pode fornecer respostas mais pormenorizadas a 
esses problemas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
4 
CRIMINOLOGIA para 
Delegado de Polícia Civil 
 
Por Natália Oliveira – Idealizadora do @manualcaseiro 
e Bruna Penteado. 
 
 
1. Ciências Criminais e conceitos 
Primeiramente, antes de adentrar ao tema “Criminologia” especificamente, é necessário fazer uma reflexão 
sobre a localização dessa ciência dentro do Direito, e de antemão é importante saber que a mesma se encontra 
alocada dentro da chamada “Ciências Criminais”. 
Vale ainda uma observação. Muitas vezes nos deparamos com o estudo desse conteúdo, cursamos pós-
graduações e outros cursos sobre o tema, mas esquecemos de nos questionar o que englobaria na verdade essa 
temática das “Ciências Criminais”. 
No estudo das Ciências Criminais, tendo como referência a doutrina, podemos afirmar que temos 03 (três) 
pilares que sustentam essa ciência: o Direito Penal, a Criminologia e a Política Criminal. 
 Pilares das Ciências Criminais 
✓ Direito Penal; 
✓ Criminologia; 
✓ Política Criminal; 
 
Quando falamos em Direito Penal estamos falando de uma ciência normativa, lógica, abstrata, dedutiva. Assim, o 
Direito Penal em seu palco de atuação tem o papel de criar normas penais incriminadoras, de regulamentar a 
Teoria do Crime, a Teoria da Pena, enfim, a Teoria da Norma Penal. 
 Quem seria o penalista, o jurista do Direito Penal? 
Aquele que possui graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado, várias produções científicas e acadêmicas, muitos livros de 
Direito Penal lidos (direito nacional, direito comparado), ou seja, aquele que está “preso” aos critérios abstratos, critérios estes 
que envolvem discussões sobre o problema do crime, a teoria da pena, da norma, entre outros. 
 
A Criminologia por sua vez, não deixa de perseguir o mesmo caminho que o Direito Penal no sentido de 
analisar como prevenir e reprimir a criminalidade. Todavia, a Criminologia vai agir de modo completamente 
diverso ao do Direito Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
5 
A Criminologia é uma ciência empírica, de análise da realidade, prática, sendo assim, não é ciência normativa, 
abstrata, jurídica. 
A Política Criminal por sua vez apresenta diretrizes, soluções práticas para o enfrentamento da 
criminalidade. Vejamos o conceito extraído da obra de Antonio Garcia-Pablos de Molina : 
 
“Política Criminal seria uma disciplina queoferece aos poderes públicos as opções científicas concretas 
mais adequadas para o controle do crime.” 
 
Nesse sentido, não é a toa que Molina afirma que Política Criminal é a ponte eficaz entre a Criminologia e 
o Direito Penal. 
Iniciando um estudo mais voltado a Criminologia, iremos perceber que esta irá observar a realidade, nua e 
crua, de forma empírica, prática. E, com essa análise reiterada de vários anos, a Criminologia começa a estabelecer 
conclusões, e essas conclusões não raras vezes são utilizadas pela Política Criminal, e até mesmo como razões e 
fundamentos para a criação de novas normas penais incriminadoras. Prova disso é o fato de não raras vezes, 
encontrarmos fundamentos criminológicos na Exposição de Motivos do Código Penal e de Leis Penais Especiais. 
Porque iremos criar um novo tipo penal incriminador? 
Geralmete a Exposição de Motivos vem embasada, sustentada, com fundamentos e estudos criminológicos, dessa 
análise clínica, do crescimento de determinada conduta e da necessidade do Direito Penal agir de maneira específica em 
determinados casos, etc.. 
Observação Doutrina Majoritária: 
Para a maior parte da doutrina, o Direito Penal tem autonomia de Ciência e a Criminologia igualmente. Isso porque, 
possuem metodologia e conhecimento próprios, já a Política Criminal não teria essa autonomia de Ciência. Mas 
alertamos para a expressão “maior parte”, sendo assim, não falamos nesse aspecto em unanimidade. 
 
(Atenção: Podemos encontrar algumas doutrinas que irão trabalhar com a Política Criminal como ciência 
autônoma, mas reforçamos que será a doutrina minoritária que se declinará nesse sentido). 
 
Agora daremos um exemplo de Política Criminal, para que possamos desvincular ela de seu conceito 
científico. Segue: 
 Exemplo: 
Imaginemos que determinada área de um Estado apresenta alta e expressiva incidência de crimes sexuais. Ao 
analisar os fatores envolvidos nos estudos verifica-se que o local de ocorrência dos crimes se trata de área 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
6 
escura (reflexo da ausência de iluminação pública), deserta (sem a presença de pontos de ônibus, pessoas 
percorrendo longos trajetos), além de ser uma região envolvida por grande mata. Após toda essa análise in 
loco, verifica-se que tais fatores reunidos favorecem de maneira expressiva a ocorrência dos delitos, e 
justificam o aumento da incidência dos delitos sexuais. 
 
A Criminologia realiza essa análise clínica. O criminólogo vai in loco buscando entender o porquê 
determinado delito vem ocorrendo ou crescendo significativamente, estabelece critérios para os fenômenos 
dessa criminalidade, analisa o delito, o delinquente, a vítima e formas de controle social. 
O Direito Penal dentro de sua esfera de atuação irá se preocupar em amoldar, “encaixar” determinada conduta 
criminosa ao tipo penal específico e, posteriormente dá suporte para que as Agências de Controle (Polícia, MP, 
Judiciário, Sistema Prisional) possam vir a atuar de forma eficaz. 
Já a Política Criminal ficará incumbida de buscar diretrizes práticas para resolver ou amenizar determinado 
problema relacionado ao fato criminoso apresentado, na busca de mitigar a criminalidade. 
 
Seguindo o caso exemplo: o Chefe do Poder Executivo Municipal, determina algumas medidas: 
 - que seja instalado o dobro de lâmpadas no local onde os delitos estão ocorrendo com maior frequência; 
- seja implantado um Posto da Guarda Municipal na região; 
- liberação e construção de 02 (dois) pontos de ônibus (linhas) em locais estratégicos; 
 
Observe que a Política Criminal, embora esteja baseada em aspectos e natureza criminológica é uma 
diretriz, uma solução prática, baseada em conhecimento próprio, em um método próprio, por isso (voltamos a 
reforçar) que a maior parte da doutrina sustenta que não tem autonomia de Ciência. 
Aprofundamento: aproveitando o tema é necessário mencionar a discussão que vem ocorrendo recentemente 
na Criminologia, em que Zaffaroni defende que principalmente no modelo latino americano, não conseguimos 
separar Política Criminal de Criminologia. Zaffaroni afirma isso baseado no fato de que o saber criminológico 
estaria vinculado ao Poder Político, sendo assim as opções da Política Criminal e Criminologia ficariam 
vinculadas a essa esfera de Poder . 
Dica de Prova: logicamente essa análise (interpretação apresentada por Zaffaroni) é muito incipiente em 
provas, podendo ser cobrada com maior incidência em prova mais aprofundadas, ou ainda em etapas 
dissertativas, todavia, é muito importante que o candidato tenha essa noção e perceba quais os possíveis rumos 
que podem tomar os entendimentos dos doutrinadores mais influentes de nosso ordenamento ou do direito 
comparado no que diz respeito a essa vinculação Política Criminal e Criminologia. 
 
Esquematizando 
Direito Penal Criminologia Política Criminal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
7 
Analisa os fatos humanos 
indesejados, define quais devem ser 
rotulados como crime ou 
contravenções anunciando as 
respectivas penas. Ocupa-se do 
crime enquanto norma. Ocupa-se 
do crime enquanto norma. O 
CRIME é considerado como fato 
típico, antijurídico e culpável. 
Aplicando-se pena aos imputaveis e 
medida de segurança aos 
inimputáveis. 
Ciência empírica que estuda o 
crime, o criminoso, a vítima e o 
comportamento da sociedade. 
Ocupa-se do crime enquanto fato. 
Conjunto de conhecimentos que 
objetiva a ressocialização do 
delinquente, por meio de um estudo 
que busca compreender o fenômeno 
da criminalidade, as causas, a 
personalidade do agente e sua 
conduta delituosa. 
Trabalha as estratégias e meios de 
controle social da criminalidade. 
Ocupa-se do crime enquanto valor. 
 
1.1 Linha do tempo do estudo da Criminologia 
 
Quando falamos em Criminologia é importante ressaltar que estamos lidando com estudos de 200, 300 anos 
atrás. E sobre o avanço desses estudos nos deparamos com o seguinte questionamento: 
 
Tudo o que ocorreu, concretizou-se de forma linear? 
Ao acabar uma Escola da Criminologia, começava outra na sequência? 
 
A resposta para esses questionamentos é não, vez que sabemos que movimentos históricos em todos os 
momentos influenciaram e ainda influenciam na produção e evolução da Criminologia. E ousamos dizer que, 
talvez o principal fenômeno histórico que tenha influenciado a Criminologia - atuando como um divisor de águas -
tenha sido o período pós-guerra, o fim da 1ª Guerra Mundial principalmente. 
E nesse cenário, o que tivemos com relação ao eixo de poder do mundo? 
Houve mudanças que influenciaram na Criminologia? 
 
Explicamos. 
Até a 1ª Guerra Mundial quem detinha o poder bélico, financeiro, econômico, artístico e cultural do mundo 
era a Europa. Isso se comprova pelo fato de que todas as produções Criminológicas de referência dessa época são 
da Europa, principalmente da Itália. 
Posterior a esse período pós-guerra e devido suas consequências, temos o deslocamento desse eixo politico, 
econômico, cultural, entre outros para os países dos Estados Unidos da América, e com isso ganhamos um campo 
fértil para a discussão de ideias criminológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
Aqui vale um “parêntese”. Quando falamos em Teoria do Consenso e Teoria do Conflito, ocorrido no chamado giro 
sociológico da Criminologia (que veremos mais a frente) é justamente o momento em que os EUA assumem o papel de 
protagonismo na produçãode Teorias Criminológicas: Escola de Chicago, Associação Diferencial, Anomia, Subcultura 
Delinquente, Labeling Approach, a própria Criminologia Crítica (que surge de uma Escola e Universidade Americana e 
de uma Universidade Inglesa). 
Assim, é muito importante que o candidato tenha em mente e faça a todo o momento, essa correlação histórica da 
Criminologia, para ajudar a situar-se na cronologia dos fatos, e fugir da mesmice, desprendendo-se da ideia de que 
devemos somente nos ater aos princípios quando o tema é a Criminologia. Temos e devemos fazer sempre um “link” 
com a História. Isso ajuda a entender melhor o tema, assim como enriquecer o conhecimento com datas, fatos e 
momentos marcantes. Trata-se de um ponto essencial para as provas dissertativas. 
 
Dica – Aprofundamento – Provocações: 
Professor Murillo Ribeiro, faz menção interessante sobre a abordagem de um magistrado do Estado 
de São Paulo sobre a Criminologia e o Direito Penal. Replicamos: 
O doutrinador, operador de Direito Penal (o penalista, o estudioso do Direito Penal) fica vinculado a um tabuleiro de 
xadrez. Assim, dentro daquele tabuleiro ele poderá mexer as peças, que são os princípios, as normas. Ele pode dar um 
“xeque-mate”, pode mover um princípio ou outro dentro daquele tabuleiro, contudo, ainda sim tem sua atuação limitada 
e fica restrito às regras daquele jogo. 
Já o Criminólogo, o que ele faz com esse “tabuleiro”? Joga ele para cima. 
O criminólogo quer saber o que tem debaixo daquele tabuleiro, quer saber aquilo que não está expressamente escrito, o 
que se tem por trás, o que está obscuro, escondido. O criminólogo é sempre alguém curioso, que quer conhecer a fundo 
a realidade e que vai tecer profundas críticas sobre os fatos analisados, de forma clara, ou nas entrelinhas. 
 
1.1.1 Introdução e Elementos Principais 
 
Terminologia 
Nada melhor que introduzir um tema com sua terminologia. 
Etimologicamente, criminologia vem do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado), 
significando o “estudo do crime”. Para Afrânio Peixoto (1953, p. 11), a criminologia” é a ciência que estuda os 
crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade”. Entretanto, a criminologia não estuda apenas o crime, mas 
também as circunstâncias sociais, a vítima, o criminoso, o prognóstico delitivo etc. 
A palavra “criminologia” foi pela primeira vez usada em 1883 por Paul Topinard e aplicada 
internacionalmente por Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885. Pode-se conceituar 
criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
9 
objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e o controle social das 
condutas criminosas. 
A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima 
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma 
ciência do “dever-ser”, portanto normativa e valorativa. 
A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação histórica como ciência 
dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociologia, a 
psicologia, o direito, a medicina legal etc. 
 
Nessa toada, trazemos o significado da palavra Criminologia, ou seja, sua origem. Sua terminologia vem 
o latim crimen, crimino (crime delito) e logo (tratado/estudo), portanto, a Criminologia na sua origem 
etimológica (e aqui não confundir com etiológica- causa), vem do latin, que significa tratado ou estudo do crime. 
 
Até o século XX a Criminologia só se preocupava com delito e delinquente (crime e criminoso). Contudo 
e, principalmente depois do mencionado giro criminológico, passa-se a discutir outros aspectos relevantes para a 
Criminologia, como a vítima e o controle social. 
CONCEITUANDO 
A CRIMINOLOGIA pode ser conceituada como sendo a ciência empírica e interdisciplinar, que se 
ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que 
trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime 
– contemplado este como problema individual e como problema social - , assim como sobre os programas de 
prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou 
sistemas de resposta ao delito (Antonio García-Pablos de Molina). 
 
 Curiosidade: Quem criou o termo Criminologia? 
(poucas provas cobram esses aspectos pontuais, um exemplo é a banca do Estado de São Paulo). 
Quem criou o termo foi Paul Topinard (1830-1911), mas apesar de ser o criador da terminologia, ela foi difundida no 
cenário internacional por Raffaele Garofalo (1851-1934). 
 Marco Científico 
 Quando falamos em marco científico é importante que se estabeleça qual foi a primeira obra (produção) 
dessa determinada etapa científica da Criminologia. Nesse sentido, destacamos aqui a obra de “O Homem 
Delinquente -1876” de Cesare Lombroso, como marco científico, sendo a obra inaugural da fase positivista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
10 
Mas e a obra dos Delitos e das Penas? 
Observação: temos ainda a obra “Dos delitos e das Penas 1764” de Beccaria (Marquês de Beccaria, ou ainda 
Cesare Bonesana), mas este foi o autor da 1ª obra da Escola Clássica. A obra apesar de abordar aspectos 
relevantes para a Criminologia está localizada na etapa pré-científica (como já mencionado na Escola Clássica) 
e o método adotado por essa Escola, era um método típico do Direito Penal – normativo, lógico, abstrato. 
Assim, apesar de termos uma obra mais antiga que a de Lombroso, é somente a partir da etapa científica que 
temos o chamado marco científico ou marco teórico. 
*Em tempo ressaltamos que sempre tivemos estudos, desde as épocas mais remotas, sobre crime e 
criminalidade, mas, com aspecto científico, de autonomia científica é somente na Escola Positivista com “O 
Homem Delinquente” de Lombroso que damos esse “start”, sendo essa considerada a primeira obra da 
Criminologia. 
1.1.1.1 Conceitos, Métodos, Funções, Objetos de Estudo 
 
✓ Conceito 
O conceito apresentado não terá o objetivo de ser o único dentre as doutrinas a se encaixar no 
contexto, mas sem dúvidas pode ser considerado o que mais se amolda ao objeto do estudo. Trata-se 
de conceituação elaborada por Antonio Garcia-plabos De Molina e, julgamos a mais relevante vez 
que, dentro do próprio conceito ele avança em objeto de estudo, métodos e funções da Criminologia. 
Segue: 
 
“Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do 
infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de 
subministrar uma informação válida e constratada, sobre a gênese, dinâmica e 
variáveis principais do crime, contemplando-o este como problema individual e 
como problema social, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do 
mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos 
modelos ou sistemas de resposta ao delito”. 
 
 No presente conceito podemos vislumbrar: 
✓ Métodos – Empírico e Interdisciplinar; 
✓ Objetos – Crime, Delinquente, Vítima e Controle Social; 
✓ Funções – Programas de Prevenção, Técnicas de Intervenção e Modelos ou Sistemas de 
resposta ao delito;MANUAL CASEIRO 
 
 
11 
A criminologia é a ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do 
crime, do criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e 
controle da criminalidade. 
Inicialmente, afirma-se que consiste em uma ciência, pois apresenta função, método e objeto 
próprios, prestando-se a fornecer, a partir do método empírico, informações dotadas de validade e 
confiabilidade sobre o delito. 
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade dos 
fatos, visto que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítima e controle social) se situa no plano da 
realidade e não no plano dos valores. Neste aspecto, diferencia-se do Direito, já que é considerada uma 
ciência do “ser”, ao passo que o Direito é uma ciência do “dever ser”, com caráter normativo e valorativo. 
Revela-se como uma ciência interdisciplinar, pois se vale do conhecimento de diversos ramos da 
área do saber, como a sociologia, a psicologia, o direito, a biologia, a medicina legal, a psiquiatria, a 
antropologia etc. 
 
✓ Métodos da Criminologia 
(comparativo dos métodos da ciência criminológica, com os métodos do Direito Penal). 
 
A Criminologia está oposta ao Direito Penal, uma vez que trabalha de forma indutiva, e não 
dedutiva, como o segundo. Enquanto a Criminologia utiliza um método empírico, observando a realidade 
para analisá-la e extrair das experiências as consequências, o Direito Penal faz uso do método dedutivo, 
partindo da regra geral para o caso concreto de forma lógica e abstrata. Se à criminologia interessa saber 
como é a realidade, para explicá-la e compreender o problema criminal, bem como transformá-la, ao 
Direito Penal só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito na norma legal, para descobrir sua adequação 
típica. A criminologia se baseia mais em fatos que em opiniões, mais na observação que nos discursos ou 
silogismos. 
A presente matéria se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e 
experimental que é, utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o 
delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência 
disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. 
Nessa linha, corroborando ao exposto (Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de 
criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 8. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura desvendar um fato, referente à 
natureza, à sociedade e ao próprio homem. 
No campo da criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas, 
sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a realidade que 
se quer alcançar. A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. 
Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia 
experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no 
entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio 
dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. Observando em 
minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos em seus estudos. Os 
fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia são informar a 
sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos 
mecanismos de controle social. Ainda: a luta contra a criminalidade (controle e prevenção 
criminal). 
A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito penal, com 
a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc. 
 
Métodos da Criminologia 
Método Empírico – análise e observação da realidade. O Criminólogo é alguém que vai in 
loco, para estudar aquilo que pretende. Sendo assim, se o objeto de estudo de determinado 
criminólogo é o estudo de crimes cometidos em zonas rurais, ele certamente irá se deslocar a 
até as zonas rurais para que possa verificar todos os fatos e pontos relevantes. (irá conversar 
com os agricultores, analisará o ambiente, as pessoas, os índices, ou seja, vai realizar uma 
verdadeira observação da realidade, para somente depois tirar/elaborar certas conclusões). 
 
 Questão – Empírico é o mesmo que experimental? 
Cuidado. Algumas obras de Criminologia trazem essas expressões como sinônimas 
trazendo que Criminologia é uma ciência experimental, mas atenção, Molina faz essa 
advertência e é muito relevante. Embora a maior parte da análise da observação da 
realidade seja empírica e experimental, não é sempre que isso acontece. 
Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13 
Pode ser que na prática seja inviável essa experimentação, ou que ela seja até mesmo 
ilícita. 
Exemplo: Criminólogo quer fazer um estudo da influência do uso de drogas e 
eventual potencialidade delitiva. 
Ele poderá fazer uma análise empírica desse fenômeno, e para isso bastará se 
deslocar aos locais onde usuários vivem e frequentam, onde consomem drogas, onde 
eventualmente praticam os crimes, e poderá ainda, caso aceitem, entrevistá-los. 
No entanto, esse criminólogo poderá experimentar essa realidade, fazendo uso de 
drogas para ver a potencialidade e influência desta para o cometimento de delitos? 
Não. No Brasil essa conduta não poderia ser realizada, isso porque o simples fato 
dele importar a droga para consumo caracterizaria o crime previsto na lei 
11.343/2006, isso sem contar os efeitos nocivos que a substância iria causar em seu 
organismo, estando esse violando sua integridade física e saúde, em razão do 
consumo. 
Se liga: 
Nesse exemplo vemos claramente que o estudo será empírico, mas nem sempre experimental. 
Assim, é fundamental essa diferenciação. Nesse sentido concluímos que a relação 
empírico/experimental, é contingencial e não necessária. 
 
Método Indutivo – seria aquela análise de uma situação particular para uma situação geral. 
Com isso o criminólogo irá analisar situações particulares e concretas para depois tecer 
algum tipo de conclusão. (assim ele estaria “indo” de baixo para cima). 
 
 
Questão – O Direito Penal usa o método indutivo, principalmente na aplicação da 
lei penal? 
Não. O Direito Penal usa o método inverso (dedutivo). Primeiro nós temos o tipo 
penal incriminador (saímos de uma situação abstrata) para depois verificar se a 
conduta praticada pelo agente se “encaixa” na norma incriminadora. 
Podemos ter a conduta e depois criar um tipo penal incriminador visando puni-la? 
Sabemos muito bem que não. Princípio da Anterioridade da Norma Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
14 
Aqui ainda podemos mencionar uma relação entre o método empírico e o dedutivo, vez que 
o criminológo parte da análise do caso concreto (realidade), para depois tecer comentários, 
conclusões. 
Observação: muitos podem se questionar: Mas na Exposição de Motivos, na criação de normas 
penais, não podemos ter a contribuição da Criminologia na sua análise empírica? 
 Claro que pode, mas não é um método do Direito Penal na aplicação da lei penal. 
 
RESUMINDO: 
O Método é empírico e não necessariamente experimental: a observação é necessária, pois o objeto da 
investigação pode tornar inviável ou ilícita a experimentação.Dada complexidade do fenômeno delitivo, cabe sim 
completar o método empírico com outras de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele. 
 
Método Interdisciplinar - A Criminologia seria uma disciplina interdisciplinar porque para a 
criação de seu conhecimento específico/ científico, vai se utilizar da contribuição de 
diversos outros ramos, de diversas outras ciências. 
Quando trabalhamos com Direito Penal, vamos buscar fundamentação jurídica, Teorias 
Nacionais, Teorias Estrangeiras, Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, Teoria da Norma, 
Teoria da Pena, do Crime, etc.. 
Na Criminologia, para a produção desse conhecimento, várias outras disciplinas irão 
auxiliar, como por exemplo: Psicologia Criminal, Biologia Criminal, Geografia Criminal, 
Sociologia Criminal, etc.. 
Cuidado: isso não quer dizer que a Criminologia não tem um conhecimento próprio. Ela 
cria seu conhecimento científico baseado na contribuição de diversas outras áreas. 
Observação: essas considerações mencionadas serão as que encontraremos na maioria das 
obras sobre Criminologia, contudo, é necessário fazer uma observação quanto à obra 
“Manual Esquemático de Criminologia”, do Delegado de Polícia do Estado de São 
Paulo, Nestor Sampaio Penteado Filho, que adota como método da criminologia os 
métodos Biológicos e Sociológicos. 
E com relação a esses métodos, ele quer dizer que em uma análise da realidade, partindo de 
uma situação particular, trabalhando com essa cooperação de diversas disciplinas, a 
Criminologia usa também de métodos biológicos e sociológicos, não ficando restrita a 
questão biológica, ou somente a sociológica. Sendo assim cuidado, porque mesmo que essas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15 
expressões sejam minoritárias no meio das doutrinas, vez ou outra, os concursos para 
Delegado de Polícia vêm cobrando. (principalmente no estado de São Paulo). 
 
 Métodos do Direito Penal: 
 - Método Normativo (Ciência Normativa) 
 - Método Lógico 
 - Método Abstrato 
 - Método Dedutivo 
 
Dica de Prova: 
Analisando esses métodos utilizados pelo Direito Penal, podemos facilmente eliminar muitas afirmações 
erradas colocadas em provas como: 
 - a Criminologia é uma ciência normativa; 
 - a Criminologia é uma ciência lógica; 
 - a Criminologia é uma ciência abstrata; 
 - a Criminologia é uma ciência dedutiva; 
 
Vimos que o Direito Penal se apropria dos estudos da Criminologia (Exposição de Motivos das 
normas penais). 
Diante disso podemos afirmar que há uma subordinação da Criminologia perante o 
Direito Penal? 
NÃO. Muito cuidado com isso. 
Não há subordinação da Criminologia para com o Direito Penal. 
 
 Observação: 
Aqui, vale fazer um “link futuro” registrando que essa diferenciação entre os métodos será muito 
importante quando formos estudar as diferenças entre as Escolas Criminológicas, onde na verdade não 
houve uma “luta de/ou entre Escolas”, mas sim uma “luta de métodos”, isso porque, os “clássicos” 
adotavam a metodologia típica do Direito Penal como base de estudos, e os “positivistas” adotavam a 
metodologia típica da Criminologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nessa toada, ainda registramos que Antonio Garcia-pablos de Molina traz 02 (duas) classificações 
aprofundando esse conhecimento sobre métodos. Ele traz nomenclaturas próprias e, se o candidato não 
tiver conhecimento, dificilmente acertará na prova. Para Molina temos métodos e técnicas de investigação 
denominadas: Quantitativa, Qualitativa, Transversais e Longitudinais. 
Vejamos: 
Quantitativa: Estatística (método por excelência), questionário, métodos de medição. 
Explicam a etiologia, a gênese e o desenvolvimento. Por si só são insuficientes. 
 Exemplo: questionar em sala de aula quem já foi vítima de crime patrimonial. 
Qualitativa: Observação participante e a entrevista. 
Permite compreender as chaves profundas de um problema. 
Exemplo: pegar os alunos que já foram vítimas de crimes patrimoniais, e fazer uma reunião 
para debater esse assunto e verificar outros pontos, fazer mais questionamentos. 
Transversais: tomam uma única medição da variável ou do fenômeno examinado. 
 Exemplo: Estudos estatísticos. 
Longitudinal: tomam várias medições, em diferentes momentos temporais. 
Exemplo: Estudos de seguimento (follow up), as biografias criminais, os ‘case studies’. Os 
Modernos estudos sobre carreiras criminais. 
 Observação - aqui podemos fazer uma reflexão: 
Quando falamos em Criminologia Atual, não podemos mais ficar “presos” aos pontos que estudamos na Escola 
Clássica e Positiva. Isso porque, essas Escolas estavam preocupadas somente em conceituar quem é o 
delinquente, o que é o delito, qual a contribuição da vitima, qual o tipo de pena que deveria ser adotada para 
determinado caso, enfim, tinha-se uma preocupação etiológica, causal do fenômeno explicativo. 
O atual e moderno estudo da Criminologia já toma outra vertente, são chamados de “estudos de carreiras 
criminais”. Assim estudam-se as atuais discussões de Criminologia (os filmes mostram muito isso - no FBI, 
nas Universidades de Direito dos EUA, nas agências de controle, na Scotland Yard, na CIA, etc..), e com isso 
podemos perceber que esses estudos, são estudos de carreiras criminais, por exemplo, o estudo sobre serial 
killers. 
Exemplo: Adianta simplesmente estudar o serial killer e estabelecer um conceito de delito e 
conceito de delinquente? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Não. A Criminologia atual vai “pegar” esse individuo e estudar de que forma ele foi atuado ou 
atingido na sua vida toda. Seria um estudo de carreira criminal: qual foi seu primeiro contato com o 
crime; como era sua relação familiar; de que forma o primeiro crime o influenciou para que ele 
cometesse o segundo crime; (esses são exemplos de técnicas longitudinais que irão analisar vários 
métodos de medição). 
Vejam que a Criminologia atual está mais relacionada na carreira criminal, onde se utiliza de 
diversos períodos da vida do infrator e se analisa alguns aspectos. 
 
Curiosidade: lembramos ainda que os estudos da Criminologia Atual não se voltam necessariamente 
no caráter repressivo (estudos de pessoas que já são criminosas), os estudos vão além desse grupo de pessoas. 
Em Portugal, temos notícias que de já estão analisando e fazendo modelos de prevenção baseados em 
Criminologia com crianças de 06 e 07 anos. Estão observando o comportamento dessas crianças, verificando 
de que forma: 
• As escolas passam valores; 
• As escolas analisam os diversos perfis dessas crianças; 
• É oferecido ou veiculado um sonho ou modelo de sucesso para essas crianças; 
• Essas crianças absorvem os valores internos de sua residência, etc.. 
Tudo isso para prevenir que no futuro elas se tornem criminosas. Assim, pequenos desvios de conduta, nessa 
fase tão precoce da vida já são observados pela “Moderna Criminologia". 
❌ Cuidado: 
Não se trata de afirmação de que determinada criança tem um gene criminoso (Teoria de Lombroso), que 
nasceu criminosa e é só uma questão de tempo para que isso se exteriorize. Não! Não é nada disso! 
A Moderna Criminologia tem como forma de estudo analisar como “vários fatores”, ou seja, 
“razões multifatoriais” podem impactar na criminalidade. 
 Hoje no Brasil quais são os principais aspectos relacionados à Criminologia? 
O Sistema Prisional. Temos que ele é uma espécie de aquário. Ao analisarmoso que ocorre lá 
dentro, vemos um campo fértil para a discussão da Criminologia. Podemos trabalhar 
questionamentos como: 
De que forma esse indivíduo constrói uma carreira criminal, baseado em seu cárcere, ou em sua 
primeira prisionalização? (e, diga-se de passagem, trata-se de um ponto que posteriormente será 
discutido muito ao falarmos na Teoria do Labeling Approach, nas Teorias de Conflito). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Finalizando, temos que, quando falamos nesses métodos e técnicas trabalhados por Antonio 
Garcia-pablos de Molina, (métodos longitudinais) é o que a atual e moderna Criminologia tem 
feito como base de estudo pelo mundo todo. 
 
✓ Objetos da Criminologia – Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social. 
 
Embora tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupem em estudar o crime, ambos dedicam 
enfoques diferentes para o fenômeno criminal. 
O Direito Penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa 
uma punição, conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável 
(corrente causalista). 
Por seu turno, a Criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno 
comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos, a saber: 
 - a incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um fato isolado); 
 - a incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e à comunidade); 
- persistência espaço-temporal do fato delituoso (é preciso que o delito ocorra 
reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território) e; 
-consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a 
criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua 
repercussão na sociedade). 
Desde os primórdios até os dias de hoje a Criminologia sofreu mudanças importantes em seu objeto 
de estudo. Houve tempo em que ela apenas se ocupava do estudo do crime (Beccaria), passando 
pela verificação do delinquente (Escola Positiva). Após a década de 1950, alcançou projeção o 
estudo das vítimas e também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de 
seu objeto, que assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista. 
Atualmente o objeto da Criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, delinquente, vítima 
e controle social. Vimos anteriormente que na Criminologia tradicional a vítima e o controle social 
não integravam a ciência enquanto objeto de estudo. 
Dessa forma, temos que até o século XX, tínhamos apenas o estudo do delito e do delinquente, 
vindo somente depois a Criminologia se preocupar com o estudo da vítima e do controle social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Com isso reforçamos a fixação com o seguinte questionamento: 
Hoje em nosso atual estágio de evolução científico, podemos considerar somente o crime e o 
criminoso para análise criminológica? 
Não. Diversos fatores influenciam, desde fatores físicos; ambientais; local onde o crime é cometido. 
Até aspectos relacionados com o clima e momento político devem ser verificados. Pontos 
relacionados à sociologia; valor de sucesso; sociedades competitivas; modelo de sistema de 
governo; etc.. Tudo isso pode influenciar e deixar essa análise mais complexa e completa. Por esse 
motivo os atuais objetos da Criminologia são 04 (quatro): Delito, Delinquente, Vítima e Controle 
Social. 
 
RESUMINDO 
Temos que por muito tempo, o objeto tradicional de estudo da Criminologia foi embasado pelos 
ideais da Escola Positiva (Lombroso, Garofalo, Ferri), sendo subdividido em dois: DELITO e 
DELINQUENTE. Nos meados do Século XX, particularmente de sua metade até os dias atuais, 
foram acrescentados dois outros pontos de interesse: VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Hoje, 
portanto, é pacífica a divisão do objeto da Criminologia em quatro vertentes: DELITO, 
DELINQUENTE, VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. 
Qual seria então o objeto da criminologia? 
O estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social (objeto atual) e que trata de 
fornecer uma informação segura sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do evento delitivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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20 
 
Análise dos OBJETOS da Criminologia: 
❖ Delito - iniciamos esse objeto com a seguinte provocação: 
O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo do que para o Direito Penal? 
Não. O que temos no Direito Penal é uma ciência normativa, lógica e abstrata, para criar, 
sobretudo normas penais incriminadoras e assim viabilizar a persecução penal. Por certo 
prisma podemos concordar que o Direito Penal trabalha com o estudo do fenômeno da 
criminalidade, em sua prevenção. Nesse sentido, o Direito Penal pode sim ser considerado 
uma forma jurídica abstrata de controlar a sociedade. 
Conforme exposto acima, tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupam em estudar 
o crime, ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal. O direito penal é 
ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma 
punição. O direito penal conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica 
e culpável (corrente causalista). Já a Criminologia vê o crime como um problema social, um 
verdadeiro fenômeno comunitário. 
 
MAS ATENÇÃO – Reforçamos o tema porque foi objeto de cobrança na prova de Escrivão de Minas 
Gerais: 
O conceito de delito para Criminologia é o mesmo do Direito Penal? 
Como vimos, não. 
Contudo teve uma frase polêmica no certame acima mencionado que dizia o seguinte: 
Os objetivos da Criminologia e do Direito Penal são os mesmos, mas a metodologia e a forma de agir seriam 
diferentes. 
 Veja, muito cuidado: 
Os objetivos da Criminologia não são diversos do Direito Penal, vez que nela: estudamos os 
fenômenos do crime; tentamos explicar e prevenir o delito; buscamos a melhor forma de intervenção 
positiva ao infrator; se estuda o melhor modelo de prevenção e resposta aos delitos, etc.. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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21 
O que diverge a Criminologia do Direito Penal são os métodos utilizados. O Direito Penal fica 
vinculado de certa forma a dogmática jurídica, e justamente essa vinculação é motivo de criticas pela 
Criminologia. A Criminologia vai criticar o Direito Penal, porque ele trabalha com um “pano de 
fundo” baseado num critério político, de dominação de poder (quem cria normas penais 
incriminadoras? Na Teoria seríamos nós, vez que todo Poder emana do Povo, mas na prática tais 
normas são criadas pelo Poder Legislativo dominado por diversos interesses). 
Sendo assim, a metodologia de estudo da Criminologia e do Direito Penal são completamente diferentes, mas 
os seus objetivos desaguam num denominador comum. Com isso, a AFIRMATIVA APRESENTADA NA 
PROVA DE ESCRIVÃO DE MINAS GERAIS TEM UM CUNHO VERDADEIRO, ou seja, sim a 
Criminologia e o Direito Penal possuem os mesmos objetivos, apesar de muitos ao realizarem uma análise 
rápida e superficial da afirmativa acharem que não. Nessa toada, verificamos a importância da distinção de 
conceito, objeto e objetivo. 
 
Na Criminologia iremos nos preocupar com 04 (quatro) características do conceito de delito: 
• Incidência massiva na população: 
O que isso significa? 
Por que a Criminologiaadota a incidência massiva na população, na 
sociedade como uma característica do conceito de delito? 
Porque o delito não pode ser um fato isolado, ele precisa tem uma incidência 
massiva na população. E aqui vale mencionar a crítica de Sérgio Salomão 
Shecaira à criminalização do tipo penal que temos no Brasil que é o de 
“molestar cetáceo” (incomodar baleias, constranger golfinhos). 
 
Curiosidade – Caso do Golfinho encalhado na praia do Rio de Janeiro. 
Na década de 80 no Rio de Janeiro, um filhote de golfinho ficou encalhado na areia 
da praia e um indivíduo que estava em volta do cetáceo (como os demais curiosos) 
enfiou um palito de sorvete que tinha em sua mão na narina do animal. Na sequência 
devido à obstrução nasal causada pelo palito de sorvete, o filhote veio a morrer. 
 
• Incidência aflitiva: 
O crime é capaz de causar constrangimento, angústia? 
O crime é algo necessariamente ruim, constrangedor (claro que em maior e 
menor grau) à uma pessoa individualmente considerada ou a um número 
determinado de pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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22 
Quando temos um crime como o de pesca irregular, temos a 
violação de um bem jurídico de uma pessoa individualmente 
considerada? 
Não. O ecossistema, sua manutenção e equilíbrio são os violados. 
 
Ainda sobre a incidência aflitiva temos a seguinte pontuação: 
Sérgio Salomão Shecaira faz novamente outra crítica a nossa legislação. 
Temos uma lei penal no Brasil (bastante antiga, mas ainda em vigor), que 
pune criminalmente a utilização da expressão “couro sintético” em 
mercadorias. Ou seja, se usarmos a expressão couro sintético estamos 
cometendo um crime, isso porque se é couro não é sintético, e se é sintético 
não é couro. 
Essa conduta tem incidência aflitiva? 
Ao lermos uma etiqueta com tais dizeres ficamos constrangidos? 
Obviamente que não. Temos aqui então mais uma prova de que num viés 
criminológico essa conduta não poderia ser considerada como um delito para 
a Criminologia, tão pouco para o Direito Penal. 
 
• Persistência Espaço-temporal: além de ter incidência massiva na população, 
ter incidência aflitiva, a conduta considerada criminosa deve acontecer com 
certa regularidade no espaço e no tempo para que possa de fato ser mantida 
nesse conceito de delito. 
(Atenção: não é que a conduta deve ocorrer em todo lugar do mundo, mas 
deve haver essa persistência no espaço e no tempo de determinada 
localidade). 
 
• Inequívoco consenso da necessidade de punição, de criminalização de um 
delito: nesse ponto temos que determinada conduta possa ter as 03 (três) 
características já mencionadas acima, contudo ainda sim não há na sociedade 
inequívoco consenso de que ela deva ser criminalizada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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23 
(O exemplo mais clássico que temos, e inclusive é o adotado por Shecaira, é a 
conduta/prática do uso do álcool). 
Vale ainda mencionar que a única diferença entre o consumo do álcool e da maconha no 
Brasil seria essa ultima característica apresentada: inequívoco consenso da necessidade de 
criminalização. 
 
Curiosidade: é importante deixar aqui como curiosidade que a proibição do uso de 
determinadas substâncias tem mais haver com o próprio controle do uso de drogas do que 
com o consumo em si. A maconha, por exemplo, fora criminalizada nos Estados Unidos 
porque era uma droga utilizada pelos mexicanos, e o seu uso atrapalhava a produtividade 
destes em seus trabalhados, fazendo com que ficassem mais lerdos prejudicando a produção 
das fábricas americanas. A criminalização do ópio no Egito também tem haver com a 
dominação de terras. No Brasil muito se falou na criminalização da maconha, porque esta era 
a substância utilizada pelos negros. 
Nesse passo, aqueles que se aprofundam um pouquinho mais nesse tema podem 
perfeitamente perceber que se trata muito mais de controle, dominação e poder do que de 
consumo. Como prova disso lembramos que as drogas utilizadas pelas classes superiores 
foram criminalizadas muito tempo depois das acima mencionadas. 
 
RESUMINDO 
Na visão da Criminologia, o crime é um fenômeno social, o qual exige uma percepção 
apurada para que seja compreendido em seus diversos sentidos. A relatividade do 
conceito de delito é patente na Criminologia, que o observa como um problema social. 
Diferentemente do Direito Penal, (ciência segundo a qual para a conduta ser considerada 
crime basta que viole uma lei penal preenchendo os requisitos tipicidade, ilicitude e 
culpabilidade), a Criminologia trabalha com requisitos diversos para conceituar crime. 
Para a criminologia, somente se pode falar em delito se a conduta preencher os seguintes 
elementos constitutivos: 
a) incidência massiva na população: reiteração na sociedade. Exemplo: incomodar 
cetáceo não é um comportamento que se repete diuturnamente na sociedade brasileira. 
Portanto, embora a conduta seja crime para o Direito Penal (art. 1º da Lei 7.643/87), para 
a criminologia lhe falta esse requisito. 
b) incidência aflitiva: produção de dor à vítima e à sociedade. Exemplo: utilizar 
inadequadamente a expressão couro sintético não traz aflição para a comunidade, 
embora se trate de delito para o Direito Penal (art. 1º da Lei 4.888/65 e art. 196 do 
Código Penal), para a criminologia é um irrelevante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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24 
c) persistência espaço-temporal: prática ao longo do território por um período de 
tempo relevante. Exemplo: a conduta de desatarraxar o esguicho do para-brisa do Fusca, 
conduta que virou febre na década de 60, não deve receber tratamento criminal especial. 
d) consenso sobre sua etiologia e técnicas de intervenção: concordância sobre suas 
causas e métodos de enfrentamento. Exemplo: o consumo imoderado de bebida alcoólica 
não tem contra si uma rejeição ampla e pacífica, daí porque não deve ser considerado 
crime. 
 
❖ Delinquente: 
 Não apenas o crime interessa à criminologia. O estudo do delinquente se mostra 
muito sério e importante. Dentro da Criminologia, as diversas escolas existentes, tanto as 
surgidas no âmbito da Criminologia Tradicional quanto da Criminologia Moderna, 
apresentam diferentes elementos sobre o delinquente. Conhecer cada uma dessas correntes é 
fundamental, e nada melhor que compreender “quem é o criminoso” em cada uma para 
dominar as demais questões da ciência criminológica. 
Quem é o delinquente, quem é o criminoso para a Criminologia? 
Não iremos esgotar os conceitos de delinquente para a Criminologia, mas de forma didática 
apresentaremos conceitos trazidos pelas Escolas Clássica, Positiva, Correcionalista, sobre o 
que seria delinquente para os Marxistas e qual seria o conceito de delinquente para a 
moderna e atual Criminologia. 
Delinquente – Escola Clássica: 
 (lembrando que a Escola Clássica encontra-se na etapa pré-cientifica da Criminologia) 
Quem era o delinquente para os Clássicos? 
Era o pecador que optou pelo mal. Tal conceituação se dava porque os clássicos 
acreditavam no livre-arbítrio, na vontade racional do homem. 
(para os clássicos o delinquente era aquele indivíduo que, por um juízo de valor seu 
‘pessoal’ optou por cometer crimes). 
Para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal, 
embora pudesse e devesse escolher o bem. 
Nesse passo, ao optar realização de delitos o homem acabava por romper um elo de 
confiança com a sociedade, ou seja, quebrava de certa forma um ‘contratosocial’ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
25 
(link com Contrato Social de Rousseau). Contrato social grosso modo foi um modelo 
criado para que um Ente fictício pudesse regulamentar sociedade. 
(Antes do modelo do Contrato Social, a sociedade vivia em “guerra”, no sentido de os mais 
fortes e armados para o combate, vencia). 
Hoje essa não é mais uma realidade (ou pelo menos não deveria ser). Atualmente contamos 
com instrumentos jurídicos para solucionar os conflitos existentes entre os indivíduos. E para 
que chegássemos ao modelo que temos hoje, algumas liberdades foram limitadas pelo Estado 
para que houvesse a harmonia na sociedade. 
O crime para os clássicos seria então uma opção do homem que resultava na “quebra 
do contrato social”, ou seja, mesmo diante do livre arbítrio optava por ser um 
delinquente, infrator da norma. 
 
Delinquente – Escola Positiva/Positivista: 
(aqui já estamos dentro da etapa científica da Criminologia) 
Quem era o delinquente para os Positivistas? 
Os Positivistas de uma forma geral consideravam que o homem delinquente era um 
ser anormal, problemático, que possuía essa característica em seu DNA (nascia 
selvagem e criminoso) ou ainda que poderia ser influenciado por fatores físicos, 
sociais, antropológicas. Para Garofalo, o homem possuía uma anomalia psíquica e 
moral (como se fosse um déficit moral) e esse fato justificava as condutas 
criminosas. 
Resumindo, para os positivistas o criminoso seria um prisioneiro de sua própria 
patologia ou de processos causais alheios. Assim, para eles o problema do crime 
estava sempre no criminoso. 
 
A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua 
deformação patológica (às vezes nascia criminoso). 
 
Delinquente - Escola Correcionalista: 
(Escola pouco mencionada pela doutrina. Não teve influência na América do sul. Um ou outro país 
Latino baseou-se nos estudos apresentados por essa Escola. Dessa forma não será estuda na linha do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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26 
tempo das Escolas Criminológicas, justamente por não trazer muitos conceitos e influências à 
Criminologia do Brasil além de não ser objeto de cobrança em provas). 
Outra dimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista, na 
qual o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar por si próprio, 
merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. 
Para a Escola Correcionalista o delinquente era um animal inferior, um ser débil. E 
como um animal inferior e débil o Estado não deveria puni-lo, mas sim protegê-lo e 
orientá-lo. 
Resumindo, temos que para a Escola Correcionalista a atitude do Estado deveria ser 
sempre a de proteção e orientação. 
Observação - Talvez a única influência que o Brasil tenha tido com os estudos da Escola 
Correcionalista, tenha sido no tratamento dado ao adolescente infrator. 
(A Delegacia de Infrações cometidas por menores em Minas Gerais, por exemplo, é chamada 
Delegacia de Orientação e Proteção ao Menor Infrator). 
Assim, se o menor está em estágio de amadurecimento mental, intelectual, o Estado deve agir 
para orientá-lo e protegê-lo, dando o tratamento adequado para que ele possa entender o 
caráter ilícito de seus atos e de alguma forma se ressocializar, evitando que essa prática se 
torne frequente. 
(Reflexão: justamente por esse motivo é necessário analisar com cautelosos critérios a 
questão da menoridade penal). 
 
 Delinquente – Marxismo: 
 Quem era considerado culpado pela criminalidade para Marx? 
A própria sociedade, diante de certas estruturas econômicas. O modo de criação 
capitalista para essa parcela dos estudiosos era o que fomentava as desigualdades 
sociais e potencializava as condutas criminosas. 
Para os adeptos dessa Escola, atribui-se a responsabilidade do crime a determinadas 
estruturas econômicas, de maneira que o criminoso torna-se mera vítima daquelas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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27 
Delinquente – Criminologia Atual/Moderna: 
Segundo o professor Sérgio Salomão Shecaira (Molina fala um pouco disso 
também), o conceito atual de delinquente seria aquele em que o indivíduo está sujeito 
às leis podendo ou não segui-las por razões multifatoriais. 
Nessa linha, o delinquente é examinado como unidade biopsicossocial, e não de uma 
perspectiva biopsicopatológica – os elementos biológicos, psicológicos e sociais 
ajudam a entender a conduta, mas não são determinantes de forma absoluta (fim da 
relação causa-efeito do paradigma etiológico). 
 
ESQUEMATIZANDO 
ESCOLA 
CLÁSSICA: 
ESCOLA 
POSITIVA: 
ESCOLA 
CORRECIONALISTA: 
MARXISMO: 
O delinquente era 
encarado como o pecador 
que optou pelo mal, 
embora pudesse e devesse 
respeitar a lei. 
 
Herança da doutrina do 
Contrato Social, de 
Rousseau. 
 
O cometimento do crime 
era um rompimento ao 
pacto e a pena deveria ser 
proporcional ao mal 
causado. 
 
O comportamento 
criminoso seria um mau 
uso da liberdade. 
 
Para a Escola Positiva, o 
infrator era um prisioneiro 
de sua própria patologia 
(determinismo biológico) 
ou de processos causais 
alheios (determinismo 
social). 
 
Enquanto para os 
clássicos a pena deveria 
ser proporcional ao mal 
causado, para os 
positivistas deveria ser 
utilizada uma medida de 
segurança com finalidade 
curativa, por tempo 
indeterminado, enquanto 
persistisse a patologia. 
 
Não teve reflexos 
significativos no Brasil. 
 
Defendia que o criminoso 
era um ser débil, inferior, 
e que deveria receber do 
Estado uma postura 
pedagógica e de proteção. 
 
Ex: proteção ao menor 
infrator no Brasil, tida 
como uma influência da 
corrente correcionalista. 
Para Marx, quem é 
culpável pelo crime é a 
própria sociedade, já que 
o crime seria decorrente 
de certas estruturas 
econômicas. 
 
Contemporaneamente, no 
entanto, há o giro 
sociológico da 
Criminologia e a 
necessidade de atenção 
aos enfoques político-
criminais. Abandona-se a 
perspectiva 
biopsicopatológica e 
assume-se a noção 
biopsicossocial. 
 
Nos dias atuais, portanto, 
delinquente é o indivíduo 
que está sujeito às leis, 
podendo ou não segui-las 
por razões multifatoriais e 
nem sempre assimiladas 
por outras pessoas. 
 
 
❖ Vítima: quando falamos em vítima na Criminologia, 03 principais assuntos 
costumam cair em prova: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
28 
 - Períodos Históricos (análise da importância da vítima em toda nossa história); 
 - Tipos de vitimização (vitimização primária, secundária e terciária); 
 - Classificação das vítimas; 
 
Outro aspecto do objeto da criminologia se relaciona com o papel da vítima na gênese 
delitiva. Nos dois últimos séculos, o Direito Penal praticamente desprezou a vítima, 
relegando-a a uma insignificante participação na existência do delito. 
Nesse cenário, temos que a vítima passou a ser objeto de estudo da Criminologia a partir do 
século XX, momento em que tivemos uma ampliação dos objetos de estudos dessa ciência. 
 Historicamente, a figura da vítima observou 03 (três) fases bem delineadas: 
 
• Protagonismo (Idade de Ouro): esse período surge desde os primórdios da 
civilização e estendeu-se até o fim da alta Idade Média. No protagonismo a 
vítima atuava como detentora do Poder Punitivoe “reinava” a autotutela, a 
vingança privada, a Lei de Talião, “Olho por Olho, Dente por Dente”. 
A idade do ouro compreende desde os primórdios da civilização até o fim da 
Alta Idade Média (autotutela, lei de Talião etc.); 
• Neutralização (Esquecimento): no final da Alta Idade Média a vítima foi de 
certa forma neutralizada, caindo no esquecimento. O Estado tomou para si o 
monopólio da punição, não se preocupando mais com a vítima. A única 
relação que passou a existir foi a entre o Estado (que pune) e o infrator (que 
era punido). Não mais importava nesse momento histórico se a vítima ficou 
(ou não) traumatizada, se não teve (ou não) seus bens restituídos, etc. 
Exatamente nesse período institutos importantes como a legítima defesa, 
foram esquecidos pelas legislações. (registre-se: foram esquecidos 
propositalmente). 
 
• Redescobrimento (Revalorização): Somente após as ideias do Liberalismo 
Moderno, com ênfase no período pós-guerra, é que no tivemos o atual 
momento da vítima que chamamos de redescobrimento, revalorização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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29 
A visão sobre a pessoa da vítima passou a ter contornos mais humanos, o 
Estado passou a se preocupar com ela, seus sentimentos, etc.. É exatamente 
nesse momento que tivemos a criação da chamada “Vitimologia” que, para 
muitos tem autonomia de ciência. (não se trata de unanimidade, alguns 
defendem essa tese). 
 
O Brasil tem exemplos legislativos dessa preocupação com a vítima? 
Sim. 
- Lei 9.807/99 - Lei de Proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas; 
- Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais. 
(Temos ainda no mesmo sentido a Justiça Restaurativa, a Mediação, enfim, 
todos esses instrumentos que tentam evitar uma judicialização). 
 
Vitimização: aproveitando o estudo da VÍTIMA como objeto da Criminologia, é pertinente 
que façamos algumas considerações sobre os tipos de vitimização. 
Vitimização seria o sofrimento suportado pela vítima em razão de um evento traumático, 
(para a Criminologia - o crime). Assim, quando falarmos em vitimização devemos entender 
como sendo o sofrimento causado a vítima em decorrência de um crime. 
A vitimização por sua vez apresenta-se das seguintes formas: 
 
- Vitimização Primária: sofrimento suportado pela vítima em razão dos efeitos 
direitos e indiretos da conduta criminal. 
Cuidado: na vitimização primária temos efeitos da conduta criminal, mas os efeitos 
DIRETOS e INDIRETOS que possuem relação com a CONDUTA, com a AÇÃO do 
criminoso. 
Ex: vítima de roubo – efeito direto: subtração do patrimônio, indireto: trauma pela violência. 
 
- Vitimização Secundária: sofrimento suportado pela vítima em razão da 
burocratização estatal, aquele sofrimento suportado perante das fases de inquérito e 
processo, por exemplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ex: a vítima de crime sexual que optou por denunciar os fatos e acionar a polícia: 
- Conta todos os fatos inicialmente ao membro da polícia que atendeu a ocorrência; 
- Dá informações à equipe de apoio; 
- Dá informações ao Delegado; 
 - Declarações a termo; 
- Submete-se a exame de corpo de delito; 
- Audiência; 
Etc. 
 
- Vitimização Terciária: sofrimento suportado pela vítima em razão da omissão 
estatal e da estigmatização pela sociedade. 
Ex: certamente a vítima de crimes sexuais não terá um tratamento (social, psicológico, ...) 
adequado após o ocorrido, assim como não terá também o amparo da sociedade. 
 
Esquematizando 
Vitimização Primária Vitimização Secundária Vitimização Terciária 
É o processo através do qual um 
indivíduo sofre direta ou 
indiretamente os efeitos nocivos 
ocasionados pelo delito, que variam 
de acordo com o bem jurídico 
lesionado e podem ser, em regra, 
materiais ou psíquicos 
É entendida como o sofrimento 
suportado pela vítima nas fases do 
inquérito e do processo, em que 
muitas vezes deverá reviver o fato 
criminoso por meio de 
interrogatórios, declarações e 
exames de corpo de delito, além de 
submeter-se a situações como: 
- presenciar a argumentação dos 
defensores do autor sugerindo que 
deu causa ao fato; 
-reencontro com o delinquente. 
Corresponde à ausência de 
receptividade social em relação à 
vítima, que em diversos casos se vê 
compelida a alterar sua rotina, os 
ambientes de convívio e círculos 
sociais em razão da estigmatização 
causada pelo delito. 
São exemplos a segregação social 
sentida pelas vítimas de crimes 
sexuais e as consequências da 
divulgação não autorizada de fotos 
ou vídeos íntimos nas redes sociais. 
 
• Vitimização primária é aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta criminosa. 
• Vitimização secundária é uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, em face 
da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público etc.). 
• Vitimização terciária é aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limites da lei do 
país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatizada pela comunidade, 
incentivando a cifra negra (crimes que não são levados ao conhecimento das autoridades). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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31 
 Classificação das Vítimas – (Mendelsohn) 
(Temos em Criminologia uma infinita classificação de vítimas, uma pior que a outra, e iremos perceber que a 
classificação de Mendelsohn é também uma classificação problemática, mas será objeto de estudo por um 
único motivo: é cobrado nas provas de Delegado de Polícia, e é cobrado exatamente da forma que será 
explicada a seguir). 
Veja que Mendelsohn classifica as vítimas em critérios, ou seja, em gradações. 
• Vítima completamente inocente – (vítima ideal): vítima que não provoca e 
não colabora com a ação criminosa. 
• Vítima de culpabilidade menor – (vítima por ignorância): ocorre quando 
há o impulso não voluntário, mas que de alguma forma contribui com a ação 
criminosa. 
(exemplo de Mendelsohn – costuma cair em provas – casal de namorado que está na 
varanda do apartamento e olham a sacada do apartamento do vizinho e resolvem lá 
praticar sexo. O vizinho invadido, chegando a seu apartamento e vendo a cena de 
sexo explícito em sua sacada, lesiona ambos os indivíduos). 
Veja que a conduta das vítimas de certa forma contribui para que fossem lesionados, 
vez que a ação criminosa e desmedida do vizinho se deu porque havia alguém 
praticando sexo em sua residência. 
• Vítima voluntária ou tão culpada: para Mendelsohn essa vítima pode ao 
mesmo tempo ser vítima e criminoso. 
(exemplo de Mendelsohn – roleta russa). O sobrevivente da roleta russa responde 
por algum crime? Há discussão, mas prevalece que responde por indução, instigação 
e auxílio, porque o ato é praticado pela própria pessoa. 
• Vítima mais culpada que o infrator: (Cuidado para não confundir com a 
vítima por ignorância) 
 -Vítima provocadora: aquela que incita o autor do crime. 
-Vítima por imprudência: (a classificação mais complicada de 
Mendelsohn): aquela que ocasiona o acidente por não se controlar, 
ainda que haja uma parcela de culpa do autor. 
• Vítima unicamente culpada: essa classificação de vítima se subdivide em 
outras 03 (três): 
- Vítima infratora: aquela que comete o crime e depois se torna 
vitima.MANUAL CASEIRO 
 
 
32 
Exemplo – aquele que pula o muro de residência para matar o morador e é 
morto pelo mesmo em decorrência de legítima defesa. 
- Vítima simuladora: aquela que por premeditação culpa uma terceira 
pessoa gerando erro no judiciário. 
- Vítima imaginária: aquela que sofre de grave transtorno mental e, 
ou ela acusa uma pessoa inocente, ou relata um crime que nunca 
existiu. 
Observação- Cuidado: Veja que a diferenciação entre a vítima simuladora 
e a vítima imaginária é a existência de um transtorno mental. 
 
Esquematizando 
Vítima completamente 
inocente ou vítima ideal. 
Trata-se da vítima completamente estranha à ação do criminoso, não 
provocando nem colaborando de alguma forma para a realização do delito. 
Exemplo: uma senhora que tem sua bolsa arrancada pelo bandido na rua. 
Vítima de culpabilidade 
menor ou por ignorância. 
Ocorre quando há um impulso não voluntário ao delito, mas de certa forma 
existe um grau de culpa que leva essa pessoa à vitimização. Exemplo: um casal 
de namorados que mantém relação sexual na varanda do vizinho e lá são 
atacados por ele, por não aceitar esta falta de pudor. 
Vítima voluntária ou tão 
culpada quanto o 
infrator. 
Ambos podem ser o criminoso ou a vítima. Exemplo: Roleta Russa (um só 
projétil no tambor do revólver e os contendores giram o tambor até um se 
matar). 
Vítima mais culpada que 
o infrator. 
Enquadram-se nessa hipótese as vítimas provocadoras, que incitam o autor do 
crime; as vítimas por imprudência, que ocasionam o acidente por não se 
controlarem, ainda que haja uma parcela de culpa do autor. 
Vítima unicamente 
culpada. Dentro dessa 
modalidade, as vítimas 
são classificadas em: 
a) Vítima infratora; 
b) Vítima Simuladora; 
c) Vítima imaginária. 
a) Vítima infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no fim se torna 
vítima, como ocorre no caso do homicídio por legítima defesa; 
b) Vítima Simuladora, que através de uma premeditação irresponsável induz 
um indivíduo a ser acusado de um delito, gerando, dessa forma, um erro 
judiciário; 
c) Vítima imaginária, que se trata de uma pessoa portadora de um grave 
transtorno mental que, em decorrência de tal distúrbio leva o judiciário à erro, 
podendo se passar por vítima de um crime, acusando uma pessoa de ser o autor, 
sendo que tal delito nunca existiu, ou seja, esse fato não passa de uma 
imaginação da vítima. 
 
 
❖ Controle Social: 
 
O controle social é também um dos caracteres do objeto criminológico, constituindo-
se em um conjunto de mecanismos e sanções sociais que buscam submeter os 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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indivíduos às normas de convivência social. Há dois sistemas de controle que 
coexistem na sociedade: o controle social informal (família, escola, religião, 
profissão, clubes de serviço etc.), com nítida visão preventiva e educacional, e o 
controle social formal (Polícia, Ministério Público, Forças Armadas, Justiça, 
Administração Penitenciária etc.), mais rigoroso que aquele e de conotação político-
criminal. 
 
Instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover a submissão dos 
indivíduos aos modelos e normas comunitárias de modo orientador e fiscalizador. 
Com relação aos seus destinatários, pode ser difuso (à coletividade) ou localizado (a 
determinados grupos). Subdivide-se em controle social formal (realizado pelo 
Estado, caracterizado pelo Sistema de Justiça Criminal – Polícias, Poder Judiciário, 
MP, Administração Prisional) e controle social informal (realizado pela sociedade 
civil – família, mídia, opinião pública, religião, ambiente de trabalho etc.) 
 
O que seria o Controle Social? 
Como controle social, temos as instituições que regulam e moldam nossos 
comportamentos desde nossa infância. Como exemplo dessas instituições, temos a 
família, a escola, a igreja, o trabalho, etc.. Esse controle social alheio ao Estado do 
ponto de vista coercitivo é o que chamamos de Controle Social Informal. 
(observação: a Escola ainda que seja da rede de ensino pública, estadual ou municipal, é 
considerada como controle social informal). 
Quando as instituições de controle social informal não são suficientes para frear, 
impedir o comportamento delitivo entram em ação as instâncias de Controle Social 
Formal (Polícia, MP, Judiciário, Estabelecimentos Prisionais, etc..). 
 
 
Para a doutrina, tanto o Controle Social Informal, quanto o Informal possuem 03 
(três) elementos a serem considerados: 
 - Norma 
 - Processo 
 - Sanção 
Atenção: muitos acham que esses elementos pertencem somente ao controle social formal, mas o 
controle social informal igualmente os contém. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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34 
 
Sanções do Controle Social: 
• Sanções formais (aplicadas pelo Esta podendo ser cíveis, administrativas 
e/ou penais) e sanções informais (que não tem força coercitiva); 
• Meios positivos (prêmios e incentivos) e meios negativos (imposição de 
sanções); 
• Controle interno (autocoerção) e controle externo (ação da sociedade ou do 
Estado, como multas e penas privativas de liberdade). 
Assim temos: “Quando as formas de controle social informal falham, agem as 
forma de controle social formal”. 
 
Atenção, muito cuidado: quando estudarmos as Teorias de Conflito, iremos analisar a Teoria do 
Labeling Approach, também conhecida como Teoria do Etiquetamento. O controle social para essa 
Teoria é constitutivo e definitorial da criminalidade, agindo com discriminação, seletividade, com 
desigualdade. 
Para o Labeling Approach, por exemplo, o Estado, a Polícia, o Ministério Público, o Judiciário e o 
Sistema Prisional, não agem em respeito estrito às leis (criminalizando “todos” os indivíduos que 
por ventura venham ser transgressores). Para eles (adeptos do Labeling Approach) as “Agências de 
Controle” escolhem quem elas querem criminalizar. 
Nessa toada, temos para a Teoria do Etiquetamento (Labeling Approach) que: 
- o policial quando está em ronda noturna escolhe quem ele irá abordar; 
- a autoridade policial, ‘dentre os milhares de procedimentos investigativos’ escolhe qual irá investigar; 
- o MP escolhe quem irá denunciar; 
- o juiz escolhe quem irá condenar; 
- o Legislador na ‘criminalização primária segundo Zaffaroni’ escolhe quais os tipos de condutas irá 
criminalizar. 
Com isso, alegam e defendem a existência de uma estigmatização desde a criminalização primária (quando do 
estabelecimento de forma abstrata dos tipos penais), até a criminalização secundária, ou seja, a efetiva 
aplicação da lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Resumindo: Para o Labeling Approach somente algumas pessoas “entram na portinha da 
criminalização”, embora a conduta praticada esteja tipificada como crime. 
 
✓ Funções da Criminologia 
Para a doutrina de uma forma geral a Criminologia possui 03 (três) principais funções, e, em cada 
uma dessas 03 (três) encontraremos 03(três) elementos. 
- Explicar e prevenir o crime; 
Realização de diagnóstico. Evitar que o crime ocorra. 
Quando falamos em prevenção na Criminologia, podemos falar em: 
1) Prevenção Primária: medidas a médio e longo prazo que atingem a raiz do 
problema criminal. Exemplo: investimento em Educação, Saúde, Lazer, etc.. 
 
2) Prevenção Secundária: atua onde o crime se manifesta ou se exterioriza. As 
medidas de prevenção são implementadas em áreas críticas, zonas quentes de 
criminalidade. Exemplo: Atuação Policial, Controle dos

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