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Avaliação do Estado Nutricional Sheila Guimarães Nutricionista Especialista em nutrição clínica Mestre em patologia Doutoranda em patologia O que é estado nutricional? Qual o objetivo de se realizar uma avaliação nutricional ? Quem pode ser beneficiado com uma avaliação nutricional ? Quais os métodos descritos na literatura científica? Existem métodos estabelecidos como melhor parâmetro de avaliação do estado nutricional? Quais os métodos de avaliação comumente utilizados em pacientes hospitalizados? Estado nutricional “É o grau pelo qual a necessidade fisiológica de nutrientes do indivíduo está sendo atendida através do alimento que ele está ingerindo”. (MAHAN, 1998) “Condição de saúde de um indivíduo, influenciada pelo consumo de nutrientes, identificada pela correlação de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”(VASCONCELOS, 2000). Bem estar é um conjunto de práticas que engloba uma boa nutrição, atividade física, bons relacionamentos interpessoais, familiares e sociais, além de controle do estresse. Avaliação do estado nutricional? Instrumento diagnóstico, já que mede, de diversas maneiras, as condições nutricionais do organismo, determinadas pelos processos de ingestão, absorção, utilização e excreção de nutrientes; ou seja, a avaliação nutricional determina o estado nutricional. Por que realizar uma avaliação nutricional? Fonte: Mello, 2002 Qual o objetivo de se realizar uma avaliação nutricional ? Estabelecer atitudes de diagnóstico, prognóstico, intervenção e monitoramento as respostas às intervenções. Não existe forma de diminuir os distúrbios nutricionais se este não for diagnosticado de maneira adequada. Quem pode ser beneficiado com uma avaliação nutricional ? Existem métodos estabelecidos como melhor parâmetro de avaliação do estado nutricional? Não existe um método sem críticas, tanto em indivíduos saudáveis como portadores de doenças crônicas. Deve-se utilizar aqueles que melhor detectem o problema nutricional da população e/ou aqueles para os quais os profissionais tenham maior treinamento técnico. Manole, 2000 Quais os métodos descritos na literatura científica? Métodos Diretos Métodos indiretos 1 – Anamnese alimentar 2 – Avaliação antropométrica 3 – Exames físicos e laboratoriais 1 – Inquérito de consumo alimentar 2 – Estudos demográficos 3 – Inquérito socioeconômicos e culturais Existem diversos métodos para a avaliação do estado nutricional. O melhor método será aquele que contemplar fácil acesso, baixo custo, bom prognóstico e relevância clínica para cada instituição. Funções orgânicas essenciais: proteção de órgãos, isolamento térmico, síntese hormonal. Massa gorda Gordura Em excesso pode ser prejudicial à saúde: doenças como diabetes, hipertensão arterial e cardiopatias. Composição corporal Órgãos vitais Massa magra músculos * Em maior proporção * Principal responsável pelo gasto calórico em repouso e em exercício Ossos Composição corporal Massa de gordura (MG) – Todos os lipídios extraídos do tecido adiposo e outros tecidos do corpo. Massa livre de gordura (MLG) ou massa corporal livre de gordura (MCLG) – Todos os tecidos e resíduos livres de lipídeos incluindo água, músculos, ossos, tecidos conjuntivos e órgão internos. Massa corporal magra – MLG mais lipídeos essenciais. Lipídeos compostos (fosfolipídeos) necessários para a formação da membrana celular. Lipídios não essenciais: triglicérides (encontrados no tecido adiposo). Heyward e Stolarczyc (2000) Conceitos: Composição corporal AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Anamnese alimentar: Ficha utilizada para orientar o entrevistador a coletar informações importantes e diversas, relativas ao indivíduo que está sendo avaliado. Geralmente é composta dos seguintes itens: Dados pessoais Condições socioeconômicas História clínica Avaliação dietética Avaliação antropométrica Exame físico/clínico Avaliação bioquímica Conduta nutricional 1 – Condições socioeconômica Uso de álcool, fumo, drogas... Atividade física (deambualação)... Condições de moradia... Trabalho... Estrutura familiar... Permite avaliação da capacidade funcional na ausência de distúrbios neurológicos e ou ortopédicos 2 – História clínica História Patológica Pregressa (HPP): História da Doença Atual (HDA): História Ponderal: História familiar: Queixa principal (QP): Em poucas palavras, o profissional registra a queixa principal, o motivo que levou o paciente a procurar ajuda. Tudo que se relaciona quanto à doença atual: sintomatologia, época de início, história da evolução da doença, entre outros. A clássica tríade: Quando, como e onde isto é quando começou, onde começou e como começou. Adquire-se informações sobre toda a história médica do paciente, mesmo das condições que não estejam relacionadas com a doença atual. Procura-se alguma relação de hereditariedade das doenças. Peso usual, peso atual perda perda de peso recente (6 meses)/ - perda de < 5% (pequena), 5-10% (significante), > 10% (grande)/ correlacionar com o tempo 3 – Avaliação dietética INQUÉRITOS ALIMENTARES: Utilizados para avaliação do consumo alimentar de indivíduos e populações em um determinado período de tempo previamente estabelecido: DIA, SEMANA, MÊS ou ANO. Podem fornecer tanto informações quantitativas como qualitativas sobre a ingestão alimentar, podendo relacionar a dieta ao estado nutricional de indivíduos e sua relação com o aparecimento de doenças crônicodegenerativas Diferença entre eles inclui a participação do entrevistado, necessidade do mesmo ser alfabetizado, dependência da memória, número de aplicações do instrumento, estimativa da ingestão habitual e interferência no comportamento alimentar. Métodos quantitativos e qualitativos INQUÉRITOS ALIMENTARES: Métodos quantitativos Baseados na quantidade e tipo de alimentos ingeridos pelo indivíduo em determinado período de tempo: 1) Recordatório de 24 horas (R24h): proposto por Betha Burke (1930); usado para avaliar a ingestão de alimentos e nutrientes de indivíduos e grupos populacionais; não pode ser usado em dia seguintes a finais de semana e feriados. 2) Registro ou Diário Alimentar (DA): proposto por Burke e Stuart (década de 30); avaliar ingestão alimentar em um período de 3 dias; uso de formulários próprios; alternar períodos – semana e fim de semana; permite avaliar o comportamento alimentar e variabilidade Questionário de frequência de consumo alimentar (QFCA): Proposto por Burke (1947) e adaptado por Willet (final da década de 60) Obtém informações qualitativa, semi quantitativa ou quantitativa sobre o padrão alimentar e ingestão de alimentos ou nutrientes específicos Prevê medir a exposição a determinado alimento. Assim pode-se investigar ingestão de determinado nutriente INQUÉRITOS ALIMENTARES: Métodos quali quantitativos Subestimação e superestimação dos valores Avaliação antropométrica É a medida do tamanho corporal e de suas proporções, sendo um dos indicadores diretos do estado nutricional do indivíduo. Definição: As mais utilizadas são: peso, estatura, dobras/pregas cutâneas e circunferências. Medidas antropométricas: Dimensões de peso, estatura e outras proporções corporais; Índices: É a combinação entre duas ou mais medidas antropométricas, incorporada em uma única medida. Em avaliação nutricional os mais utilizados são P/I, P/A, A/I, IMC. Indicadores: Permitem o diagnóstico nutricional – Exemplo desnutrição ou obesidade; Deve-se comparar a população avaliada com uma população de referência, ou normal, por meio dos pontos de corte dos índices antropométricos. Peso É a soma de todos os componentes corporais (água, gordura, ossos, músculos) e refleteo equilíbrio proteico-energético do indivíduo. Técnica de medição de peso: a) A pessoa deve estar sem calçados e com roupas leves; b) Determinar a quantidade roupa a ser aceita para medida. Em clínica pode ser usado avental (descartável?); c) A pessoa deve posicionar-se sobre a plataforma da balança apoiada nos dois pés e manter-se imóvel; d) O antropometrista/avaliador deve fazer a leitura e registro da medida obtida; e) Repetir o procedimento, se necessário e fazer a média da medida; Medidas antropométricas: Peso Peso atual é o peso verificado em uma balança calibrada, onde o valor obtido corresponde ao peso atual do individuo na referida data. Peso usual utilizado como referencia na avaliação das mudanças recentes de peso e em casos de impossibilidade de medir o peso atual. Geralmente é o peso que se mantém por maior período de tempo. Peso ideal ou desejável ou teórico é o peso definido de acordo com alguns parâmetros, tais como idade, biótipo, sexo e altura. Devido a variações individuais no adulto, o peso ideal pode variar na faixa de 10% abaixo e 10% acima do peso teórico. Estimativa de peso quando não se pode pesar o indivíduo, é possível estimar o peso por meio de algumas fórmulas, tais como circunferência da panturrilha, compleição, altura ou IMC; Peso ajustado usado quando o indivíduo apresenta-se com o peso superior ou inferior ao considerado normal, especialmente para cálculo de adequação de dietas. Adequação de peso é a relação entre o peso atual e o peso desejável/ideal. AP(%) = peso atual x 100 peso ideal Medidas antropométricas: Medidas antropométricas: Peso Método para cálculo do peso ideal/teórico PI (IMCm) = A²(m) x IMC médio Onde: IMC médio homens = 22kg/m² e IMC médio mulheres = 21kg/m² Estimativa de peso pela compleição corporal: É utilizada em adultos a partir de 18 anos de idade. Utiliza a relação (R) entre a estatura (E) e o perímetro/circunferência de pulso (PP). A partir do cálculo da compleição pode se avaliar a estrutura física do indivíduo e então se classifica o seu estado nutricional. Onde: R = E (cm) PP(cm) Métodos para cálculo do peso estimado Medidas antropométricas: Peso Tipo de compleição corporal e tabela de peso esperado para estatura pela compleição corporal: Métodos para peso estimado Estimativa de peso (Chumlea, 1985) Medidas antropométricas: Peso Estimativa de peso para pacientes com segmento amputado: (DUARTE, 2007) Medidas antropométricas: Peso Estimativa de peso na Amputação: (NIEMAN E LEE, 1995) Peso = 100 – % amputação x peso corporal ideal para estatura original 100 Estimativa de peso com Edema: (DUARTE E CASTELLANI, 2002) Peso ajustado é o peso ideal corrigido para a determinação da necessidade energética e de nutrientes, quando a adequação do peso for inferior a 95% ou superior a 115%. É obtido pela equação: Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual Métodos para cálculo do peso ajustado Medidas antropométricas: Peso AP(%) = peso atual x 100 peso ideal ALTURA: São medidas que expressam o processo de crescimento linear do corpo humano. Estatura: é a medição em pé de crianças maiores de dois anos até a idade adulta. Utiliza-se o estadiômetro. Comprimento: é a medição em decúbito dorsal (deitado, de ventre para cima), utilizado para crianças até dois anos de idade (mesmo que esta já fique em pé). Utiliza-se o infantômetro. Técnica de medição de altura: a) A pessoa deve estar sem calçados, com roupas leves, sem adornos na cabeça e nos bolsos; b) A pessoa deve ser posicionada à superfície de uma parede lisa, sem rodapés em cinco pontos: calcanhares, panturrilha, nádegas, clavícula e região occipital; c) Posicionar a cabeça segundo o plano de Frankfurt*: d) Baixar o cursor até tocar a parte superior da cabeça e realizar a leitura do valor obtido; e) Se necessário repetir o procedimento, registrar o valor obtido e fazer a média dos dois valores; Medidas antropométricas: Altura Plano de FRANKFURT Métodos para cálculo de altura estimado Estima-se a altura quando não é possível aferir a altura do indivíduo, pode se estimar a medida com base em alguns métodos. Através da altura do joelho: O indivíduo deve estar em posição supina ou sentado o mais próximo possível da extremidade da cadeira, com o joelho esquerdo flexionado em ângulo de 90°. Medir o comprimento entre o calcanhar e a superfície anterior da perna (cabeça da fíbula) na altura do joelho. Usa-se a seguinte fórmula: Homem (cm) = 64,19 – (0,04 x I) + (2,02 x AJ) Mulher (cm) = 84,88 – (0,24 x I) + (1,83 x AJ) Onde: I = idade; AJ = Altura do Joelho Medidas antropométricas: Altura Altura do joelho: Através da Extensão dos braços (envergadura): Medida pela distância entre as pontas dos dedos médios quando os braços estiverem abertos no nível dos ombros. A medida corresponde à estimativa de estatura do indivíduo. Com essas duas medidas em mãos, podemos classificar o estado nutricional?? 1- IMC (Índice de Quetelet) IMC = Peso (kg) Altura² (m) Classificação do estado nutricional de adultos pelo IMC (ambos os sexos): Classificação do estado nutricional de idosos pelo IMC: Indicadores World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization Consultation. Geneva: World Health Organization, 2000. p. 256. WHO Obesity Technical Report Series, n. 284. IMC é um bom indicador do estado nutricional?? Em pacientes críticos, o peso pode estar significativamente modificado devido à depleção de volume ou de sua sobrecarga, como resultado de grandes alterações do balanço hídrico. Dessa forma o IMC desses pacientes estará superestimado. Poucos estudos do IMC em pacientes críticos estão disponíveis. Entretanto, alguns estudos sugerem que a inclusão do IMC em escores preditores de mortalidade deveria ser considerada. Classificação do Índice de Massa Corporal (OMS, 2000) % de adultos com IMC normal % de adultos com IMC obeso % de adultos com IMC pré-obeso 2 - Classificação do diagnóstico nutricional pela adequação do peso: Índice: Indicador: AP(%) = peso atual x 100 peso ideal A perda de peso involuntária constitui uma importante informação para avaliar a gravidade do problema de saúde, uma vez que existe uma elevada correlação com a mortalidade. Para determinar a variação de peso. (CUPARI, 2009) Mudança de peso Utiliza-se a seguinte fórmula: Perda de peso (%) = (peso usual – peso atual) x 100 peso usual A variação obtida indica a significância da redução de peso em relação ao tempo (ASPEN, 1993): Índice: Circunferências São medidas de crescimento e podem indicar o estado nutricional e o padrão de gordura corporal, com exceção da circunferência cefálica, que indica o crescimento cerebral. Circunferência da cintura (CC) ou abdominal (CA) Circunferência do quadril (CQ) Circunferência do braço (CB) As principais são: Medidas antropométricas: circunferências Circunferências Técnicas para medidas de circunferências Circunferência da cintura: Indivíduo em pé, usando fita métrica; A fita deve circundar o indivíduo na linha natural da cintura, na região mais estreita entre o tórax e o quadril, geralmente no ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela; Leitura deve ser feita no momento da expiração. Medidas antropométricas: circunferências Circunferência do quadril: A fita deverá circundar o quadril na região de maior perímetro entre a cintura e a coxa, com o indivíduo usando roupas finas. Medidas antropométricas: circunferências Técnicas para medidas de circunferências Circunferênciado braço: Flexionar o braço a ser avaliado formando um ângulo de 90 graus; Localizar o ponto médio entre o acrômio e o olecrano; Solicitar ao indivíduo que fique com o braço estendido ao longo do corpo com a palma da mão voltada para a coxa. Contornar o braço com fita flexível no ponto marcado de forma ajustada evitando compressão da pele ou folga. Medidas antropométricas: circunferências Técnicas para medidas de circunferências AVALIAÇÃO DOS RISCOS DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES: Com essa medidas em mãos, podemos classificar o estado nutricional?? Relação cintura/quadril (BRAY, 1989) Utiliza um índice para classificar os indivíduos para o risco de desenvolverem doenças crônicas associadas à obesidade para adultos (20 a 69 anos), de ambos os sexos RCQ = circunferência de cintura circunferência de quadril Índice: Onde alto risco de doenças cardiovasculares: RCQ > 1 para homens e > 0,85 para mulheres Indicador: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL COM BASE NA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO: 1 - Pela Circunferência do Braço (CB): % adequação de CB = CB obtida X 100 CB p50 Classificação pela CB Índice: Indicador: 2 - Pela Circunferência muscular do Braço (CB): Avalia a reserva de tecido muscular (sem correção da área óssea); obtida a partir dos valores da CB e prega cutânea tricipital (PCT) CMB(cm) = CB (cm) –[ 0,314 x DCT (mm)] Adequação da CMB (%) = CMB obtida (cm) X 100 CMB percentil 50 Classificação pela CMB: Indicador: Índice: MASCULINO Percentis de circunferência do Braço (mm) FEMININO Fonte: Frisancho, 1990 MASCULINO Percentis de circunferência muscular do Braço (cm) FEMININO Fonte: Frisancho, 1990 DOBRAS/PREGAS CUTÂNEAS: Medidas antropométricas: Reflete a espessura da pele e tecido adiposo subcutâneo em locais específicos do corpo. É um método relativamente simples, de baixo custo e não invasivo, para estimar a gordura corporal total, porém exige que o avaliador seja bem treinado. Não são indicadas em indivíduos obesos, devido à dificuldade de medir os locais. As principais dobras utilizadas são: Dobra cutânea triciptal (DCT) Dobra cutânea biciptal (DCB) Dobra cutânea subescapular (DCSE) Dobra cutânea suprailíaca (DCSI) Dobras cutâneas também utilizadas, especialmente em atletas: Dobra cutânea peitoral ou do tórax (DCP) Dobra cutânea abdominal (DCA) Dobra cutânea da coxa (DCC) Dobra cutânea da panturrilha (DCPant) Técnicas para aferição das dobras: • Identificar e marcar o local a ser medido; • Segurar a prega formada pela pele e pelo tecido adiposo com os dedos polegar e indicador da mão esquerda a 1 cm do ponto marcado; • Pinçar a prega com o calibrador, exatamente no local marcado; • Manter a prega entre os dedos até o término da aferição; • A leitura deverá ser realizada no milímetro mais próximo em cerca de 2 a 3 segundo; • Utilizar a média de 3 medidas. Dobra cutânea tricipital Medida feita no ponto médio entre o acrômio e o olécrano Dobra cutânea bicipital Biciptal (PCB): É medida no mesmo nível da dobra tricipital, no sentido do eixo longitudinal do braço, na sua face anterior, no ponto de maior circunferência aparente do bíceps no ponto médio localizado entre o acrômio e o olécrano. O braço pende relaxadamente ao lado do corpo do paciente, e a crista da prega deve estar paralela ao eixo longitudinal do braço. Dobra cutânea subescapular Medida feita um centímetro abaixo do anglo inferior da escápula Dobra cutânea suprailíaca Suprailíaca (PCSI): É obtida na linha axilar medial no ponto médio entre a crista ilíaca e o último arco costal. Esta dobra é obtida obliquamente em relação ao eixo longitudinal. É necessário que o paciente afaste o braço para trás para permitir a execução da medida, este deve ficar na posição ereta. A prega deve ser aferida 2cm acima da crista ilíaca na linha axilar média. A crista desta prega deve se situar horizontalmente. Com essa medidas em mãos, podemos classificar o estado nutricional?? 1 - Pela Dobra Cutânea Tricipital (DCT/PCT): É a mais rotineiramente usada na prática clínica. Sua medida isolada é comparada ao padrão de referência e a adequação é calculada pela equação: Adequação da PCT (%) = PCT obtida (mm) x 100 PCT percentil 50(mm) Posteriormente é feita a classificação segundo a PCT: Índice: Indicador: Percentis de dobra cutânea tricipital (mm) Fonte: Frisancho, 1990 2 - Pela Somatória das dobras cutâneas para determinar o percentual de gordura corporal (% GC) • Utilizar o somatório das 4 pregas ( tr + bi + se + si) para adultos; • Avaliar o % de GC na tabela. % estimada de gordura corporal por meio da soma das 4 dobras Classificação do Estado Nutricional de indivíduos adultos de ambos os sexos, de acordo com o % de gordura corporal estimado por Lohman (1992). Outros métodos para avaliação da composição corporal Bioimpedância Elétrica (BIA), Densitometria (DEXA) e Pletismografia: Avaliação do estado nutricional de pacientes hospitalizados A desnutrição hospitalar é um evento prevalente na atualidade, contribuindo para o aumento da morbimortalidade, tempo e do custo com a hospitalização, e para a piora na qualidade de vida. Acredita-se que os desfechos sejam: Ação da doença de base e de co morbidades; Ingestão insuficiente; Efeitos colaterais de medicamentos; Inatividade física; Desconsideração da importância dos cuidados nutricionais pelos profissionais de saúde. O estado nutricional de pacientes hospitalizados influencia em sua evolução clinica. A avaliação nutricional é exigida como parte do cuidado integral do paciente, contudo muitas vezes é descuidada. Não há um padrão para sua utilização nos centros hospitalares. McWhirter e Pennington relataram que 40% dos pacientes são desnutridos quando de seu ingresso no hospital e que 75% desses pacientes perdem peso quando internados por mais de uma semana. Qual o melhor método de avaliação do paciente hospitalizado? Apesar dos diversos parâmetros de avaliação nutricional (AN) existentes, não há um padrão nos centros hospitalares que dê segurança aos profissionais em sua prática diária. Avaliação nutricional X Triagem nutricional (discussão) Triagem nutricional é o procedimento que busca identificar indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrição, com o propósito de verificar se uma avaliação nutricional adicional, mais detalhada, é necessária. Identifica a presença de fatores que colocam o paciente em risco de desnutrição e de apresentar complicações relacionadas a ela. Sinaliza, precocemente, pacientes que poderiam beneficiar-se de terapia nutricional. Procedimento rápido, executado pela equipe de saúde que realiza a admissão hospitalar. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL SUBJETIVA GLOBAL (ASG) Introduzida por Detsky et al. em 1987 Consiste na prática de anamnese e exame físico que deve ser realizado dentro de um período de até três dias após a internação hospitalar. É utilizada para classificar o grau de desnutrição e o risco nutricional, a partir de exames antropométricos e laboratoriais objetivos, tornando a avaliação mais rápida e com menor custo. O diagnóstico nutricional será definido através da soma de pontos: 1 a 17 pontos: bem nutridos 17 a 22 pontos: desnutrido moderado > 22 pontos: desnutrido grave Método confiável para detectar desnutrição proteica calórica (DPC) em pacientes hospitalizados e que possui associação com prognóstico e mortalidade Modelos adaptados e validados para pacientes com doenças específicas (ex: pacientes em HD). Exame físico • Ectoscopia (detectar deficiências através de sinaisno corpo) • Peso corporal • Estatura •IMC – poucos estudos (Garrouste-Orgeas, 2004 menor motalidade com IMC maior) • Pregas cutâneas (biciptal, triciptal, subescapular, supra-ilíaca) • Circunferência do Braço •Circunferência muscular do Braço Exames complementares • Proteína total e frações • Transferrina • Pré-albumina • Nitrogênio • Creatinina = Exame Físico – Ectoscopia - Manifestações clínicas nas carências nutricionais Queilite (def. riboflavina-B2) Petéquias (def. vit. K) Unha coloníquea (def. Ferro) Exame Físico – Ectoscopia - Manifestações clínicas nas carências nutricionais Pelagra (def. niacina) Fontes: carnes, fígado, ovos, germe de trigo) Dermatite (def. biotina) Fontes: ovos, carnes, fígado, cereais e levedo Exame Físico – Ectoscopia - Manifestações clínicas nas carências nutricionais Atrofia muscular temporal Atrofia da bola gordurosa de Bichart Atrofia bitemporal, nos mostra que o paciente parou de mastigar ou deixou de usar a mastigação como fonte principal de ingestão alimentar (dieta hipocalórica). Exame físico Atrofia do músculo de pinçamento Exame físico Atrofia muscular paravertebral Fonte:Semiologia Nutricional 2002 Exame físico Abdômen escavado Exame físico CACIFO Edema de membros inferiores Exame físico • +/4+ mínimo • ++/4+ discreto-cacifo • +++/4+ moderado,apaga relevo ósseo • ++++/4+ pronunciado, deforma o segmento comprometido INTENSIDADE DO EDEMA: 1 a 4+ Aceita-se que a diminuição da concentração sérica das proteínas de prevalente síntese hepática pode ser um bom índice da desnutrição proteico-energética. Exames Complementares: síntese das proteínas hepáticas depende de aminoácidos disponíveis Análise da massa proteica visceral: Proteínas séricas: albumina, pré-albumina, transferrina e proteína fixadora do retinol Albumina: • Preditor de complicações, estimativa prognóstica (< 3,0 mg/dl) Exames Complementares: A albumina sérica é o indicador bioquímico de desnutrição mais utilizado, sendo considerado também um bom preditor de mortalidade e morbidade. Hipoalbuminemia não podem ser considerados isoladamente como um indicador para desnutrição Proteína negativa de fase aguda Inibição de sua síntese pelas citocinas, ao aumento da permeabilidade vascular com extravasamento para o espaço extracelular Queda significativa da albuminemia - de até 1,0 a 1,5 g/dl, - ocorre em três a cinco dias, como resultado de infecção e catabolismo graves. Em estados hipercatabólicos com proteólise ativa, a vida-média da albumina pode sofrer redução de 50%.Esse fato explica por que ocorre diminuição rápida de albumina sérica em pacientes críticos. Fraco índice para avaliar o estado nutricional, mas é um bom indicador da lesão e do estresse metabólico. Em paciente crítico, é mais comumente um indicador da resposta inflamatória. Exames Complementares: Albumina: Transferrina: É uma beta-globulina que transporta o ferro no plasma. Vida média de 8 dias, reflete com maior exatidão as alterações agudas do estado das proteínas viscerais. Proteína fixadora do retinol (RBP): Meia vida : 12 horas. Mais sensível das proteínas citadas por ter meia vida curta desnutrição precoce É metabolizada pelo rim, pode sofrer alterações na vigência de doença renal. Exames Complementares: Ambas são utilizadas como medidores da capacidade de armazenamento de ferro Proteínas Meia-vida Limitações Valores de referência Albumina 14-21 dias Hidratação, distúrbio renal e hepático Normal= >3,5g/dL Depleção leve= 3,0 – 3,5 g/dL Depleção moderada= 2,4-2,9g/dL Depleção severa= < 2,4 g/dL Transferrina 08-09 dias Alteração no metabolismo do ferro Normal= 250-300mg/dL Depleção leve = 150-200 mg/dL Depleção moderada = 100-150 mg/dL Depleção severa = < 100 mg/dL Pré-albumina 02 dias Distúrbio renal, hepático e inflamação Normal=20mg/dL Depleção leve = 10 – 15 mg/dL Depleção moderada = 5-10 mg/dL Depleção severa = < 5mg/dL Proteína fixadora do retinol (RBP): 12 horas Distúrbio hepático e inflamação, diminuição de vitamina A e zinco Níveis normais: 3-5 mg/dl Exames Complementares: A creatina é uma molécula sintetizada pelo fígado, a partir de aas (arginina e glicina). Liga-se ao ATP formando a creatina-fosfato no músculo. Na degradação muscular, o ATP é liberado por meio da creatina fosfoquinase, formando creatinina, que é excretada pela urina. Normatizado para a altura a excreção de creatinina de 24 h é proporcional a massa muscular corporal O teor de creatinina excretada do organismo é diretamente proporcional à massa muscular esquelética. Creatinina urinária: Para análise da massa proteica somática Exames Complementares: ICA = creatinina atual creatinina ideal X 100 Interpretação: 80-90% Depleção leve 60-80% Depleção moderada < 60% Depleção severa Creatinina urinária ideal: Homens = 23 mg/Kg PC Mulheres = 18 mg/Kg PC Desvantagens: Depende da coleta de urina de 24 h erros por perdas urinárias. Não realizar com indivíduos com oligúria ou em uso de diuréticos, nos indivíduos com doença renal crônica e em idosos. Índice de creatinina/altura Exames Complementares: A desnutrição protéico-calórica é uma das causas principais da imunodeficiência Atrofia do tecido linfóide, do número de linfócitos e respostas imunológicas humorais e celulares anormalmente baixas. Análise da competência imunológica Exames Complementares: Contagem total de linfócitos A maior parte dos déficits nutricionais leva a respostas imunológicas suprimidas. CTL = % de linfócitos x leucócitos 100 Hemograma – série branca Interpretação: 1200 a 2000 mm3 – depleção leve 800 a 1199 mm3 – depleção moderada < 800 mm3 – depleção grave O resultado pode sofrer influência de infecção Heyward VH, Stolarczyk. Avaliação da composição corporal aplicada. Rio de Janeiro: Manole; 2000.p.243. MAHAN, L. K., ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 10 ed. São Paulo: Roca, 1998. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Antropometria: como pesar e medir. 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