Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade I JANE EYRE: UMA TRAJETÓRIA Profa. Palma Rigolon Conteúdo Algumas características da autora. Personagens. Resumo da estória. Características do romance gótico. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) Charlote Brontë, autora da obra, fez parte dos autores da Era Vitoriana (Early Victorians). Com exceção de Charles Dickens, as irmãs Brontë (Anne: 1820-1849; Emily: 1818-1848 e Charlotte: 1816-1855) foram as escritoras mais lidas e mais populares da época. Filhas de um pastor anglicano, moravam na reitoria de Haworth, Yorkshire, ao norte da Inglaterra, nos morros, perto de uma área industrial. Viviam isoladas e tiveram uma vida trágica e morreram ainda novas; esse fato faz parte da lenda que as rodeia. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) No século XIX, a condição de “autor” era associada aos homens, e não às mulheres. Por isso, quando as irmãs publicaram pela primeira vez, o fizeram com pseudônimos, que poderiam ser entendidos como masculinos ou femininos: Elis, Acton e Currer Bell (Emily, Anne e Charlotte). Aliás, os temas turbulentos de seus romances, em particular, “Jane Eyre”, de Charlotte, e “Wuthering Heights”, de Emily, faziam necessária essa estratégia. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) Anne escreveu um só romance, “Agnes Grey”. Como aponta Eagleton, já era chocante ter de ler sobre bigamia, ascensão social, violência física e casamento entre grupos raciais diferentes sem o aditamento de pensar que a mente frágil de uma mulher estava por trás dessas narrativas! "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) Romance gótico Local: a estória acontece em cinco locais diferentes - a casa da tia Gateshead, a escola, Thornfield, Moors House, Ferndean. Tempo: primeiras décadas do século XIX - Era Vitoriana. Narrador: protagonista Jane Eyre. Publicado pela primeira vez em 1847. Personagens principais: Jane Eyre, Edward Rochester, St. John Rivers. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) Jane Eyre: protagonista e narradora do romance, é inteligente, honesta e acredita em Deus. Está sempre em busca de liberdade e felicidade. Romance narrado em 1ª pessoa, objetivo, dando mais consistência à narrativa. Veja o trecho abaixo: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) "Each picture told a story; mysterious often to my undeveloped understanding and imperfect feelings, yet ever profoundly interesting: as interesting as the tales Bessie sometimes narrated on winter evenings, when she chanced to be in good humor [...] fed our eager attention with passages of love and adventure taken from fairy tales and older ballads [...] With Bewick on my knee, I was then happy: happy at least in my way.” (Chapter 1, p. 7)* * Penguin Classics, 1994. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens principais Jane Eyre: é a protagonista e narradora da estória. É inteligente e honesta. Desde garotinha, combateu a opressão e se impunha aos maus tratos que recebia na casa de sua tia. Mesmo diante de todos os percalços, Jane se impõe e mantém seus princípios de justiça, dignidade humana e moralidade. Ela também valoriza o emocional e o intelectual. Sua luta pela igualidade de gêneros e social desafia os preconceitos vitorianos, principalmente em relação ao gênero. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens principais Edward Rochester: o empregador de Jane e dono de Thornfield. Rochester é um homem rico, passional e guarda um secredo que promove a maior parte do suspense do romance. É um homem não convencional; deixa de lado as formalidades impostas pela época com o objetivo de interagir com Jane de modo franco e objetivo. Bertha é fruto de sua inconsequência juvenil. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens principais Bertha Mason: é a esposa de Rochester, que vive escondida no sótão. Quando solteira, Bertha era muito bonita e rica, mas acaba ficando louca e violenta logo após o casamento. Vive trancada em um quarto secreto no terceiro andar de Thornfield. Grace, a empregada que cuida dela, acaba bebendo e, com isso, Bertha acaba escapando do quarto. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens Adèle Varens: aluna de Jane, filha de Rochester. Rochester a trouxe para Thornfield porque sua mãe a abandonou. Ele não acredita ser o pai de Adèle. Uncle Reed: tio de Jane e marido de sua tia Mrs. Reed. Em sua infância, Jane acredita sentir a presença do fantasma de seu tio. Ele gostava muito de Jane e de sua mãe (irmã de Mr. Reeds) e fez Mrs. Reeds prometer que cuidaria de Jane como se fosse sua filha. Porém, Mrs. Reeds não cumpre a promessa. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens Mrs. Reed: tia cruel de Jane. John Reed, Georgiana Reed e Eliza Reed: primos de Jane. Helen Burns: amiga de Jane em Lowood School. Vive passivamente, apesar de suas agruras e maus tratos. Acaba morrendo nos braços de Jane. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens Mr. Brocklehurst: o cruel e hipócrita diretor de Lowood School. Prega uma doutrina rígida, de privações, mas rouba dinheiro da escola e leva uma vida de luxo. Depois da epidemia de tifo, a comunidade descobre tudo e a escola ganha outro diretor. Maria Temple: a professora amável e gentil de Jane. Juntamente com Bessie Lee, Maria Temple também foi um modelo feminino positivo para Jane. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens Bessie Lee: empregada dos Reeds em Gateshead. Única pessoa que tratava Jane com geltileza e cuidado. Bessie cantava e contava estórias para Jane. Alice Fairfax: empregada de Rochester em Thornfield Hall. É a primeira pessoa que conta a Jane que a risada sinistra que ouviam era de Grace Poole (mentira, essa, sempre repetida por Rochester). Richard Mason: irmão de Bertha. Durante uma visita à irmã, é atacado violentamente por ela. No dia do casamento de Jane e Rochester, aparece na igreja com um advogado para acabar com o casamento, revelando toda a verdade sobre Bertha. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens Blanche Ingram: socialite, bonita, tenta casar-se com Rochester por interesse; ridiculariza Jane. Diana Rivers: prima de Jane e irmã de St. John e Mary. É gentil e inteligente; insiste para que Jane não vá para a Índia com seu irmão. Diana é um modelo de independência para Jane. St. John Rivers: mora com suas irmãs Mary e Diana. É um benfeitor para Jane. Depois que ela foge de Thonfield, são eles que cuidam dela quando chega faminta e debilitada pela longa viagem. É pastor em Morton. É frio, reservado, controlador e ambicioso. É o antagonista de Rochester. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): as personagens John Eyre: tio de Jane que deixa a ela uma fortuna de 20.000 libras. Interatividade Em qual época se passa a obra “Jane Eyre”, de Charlote Brontë? a) Era Vitoriana. b) Era Elizabetana. c) Idade Média. d) Era Moderna. e) Era Renascentista. Resposta Em qual época se passa a obra “Jane Eyre”, de Charlote Brontë? a) Era Vitoriana. b) Era Elizabetana. c) Idade Média. d) Era Moderna. e) Era Renascentista. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) Antagonistas: os Reeds são os primeiros antagonistas de Jane (Mrs. Reed enxerga em Jane um perigo em potencial, pois não tolera seu caráter observador, questionador e pouco infantil). Jane, por sua vez, busca a solidão e o isolamento tipicamente românticos. O trecho a seguir ilustra a rejeição de Jane na casa dos Reeds: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855) “She regretted to be under the necessity of keeping me at a distance; but that until she heard from Bessie and could discover by herown observation that I was endeavoring in good earnest to acquire a more sociable and childlike disposition, a more attractive and sprightly manner - something lighter, franker, more natural, as it were - she really must exclude me from privileges intended only for contented, happy, little children.” (Chapter 1, p. 5) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “Jane Eyre” é a autobiografia ficcional da personagem principal. Conta como Jane, órfã de pai e mãe, vive infeliz na casa da tia que a detesta. Além disso, ela também tem problemas com seus primos, principalmente com o menino, John Reed. Veja o trecho no próximo slide, quando John Reed acaba machucando Jane, que estava apenas lendo na biblioteca: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “You have no business to take our books; you are a dependant, mamma says; you have no money; your father left you none; you ought to beg, and not live here with gentlemen’s children like us, and eat the same meals we do, and wear clothes at our mamma’s expense. Now, I’ll teach you to rummage my book-shelves: for they are mine; all the house belongs to me, or will do in few years. Go and stand by the door, out of the way of the mirror and the windows.” (p. 12) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Depois disso, John atira o livro em Jane, que se machuca e sangra. Mesmo depois de tudo isso, Jane ainda é mandada para o quarto vermelho: “Then Mrs. Reed subjoined: ‘take her away to the red-room, and lock her there’. Four hands were immediately laid upon me, and I was borne upstairs.” (p. 13) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Após um confronto com sua tia, Jane é enviada para uma escola. Sua tia convida Mr. Broscklehurst, de Lowood School, para levar Jane. Mrs. Reed pergunta a ele se ele gostaria de ter Jane em sua escola mesmo que ela não tivesse caráter. Jane responde à acusação e enfrenta sua tia. Veja: “ ‘Mr. Brocklehurst, I believe I intimated in the letter which I wrote to you three weeks ago, that this little girl has not quite the character and disposition I could wish: should you admit her into Lowood school, (cont.) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória (cont.) I should be glad if the superintendent and teachers were requested to keep a strict eye on her, and above all, to guard against her worst fault, a tendency toward deceit. I mention this in your hearing, Jane, that you may no attempt to impose on Mr. Brocklehurst.’ ” (Chapter 4, p. 28) Jane responde: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “ ‘I am not deceitful: if I were, I should say I loved you; but I declare I do not love you: I dislike you the worst of anybody in the world except John Reed; and this book about the liar, you may give it to your girl, Georgiana, for it is she who tells lies, and not I.’ ” (Chapter 4, p. 30-31) Jane não se curvava à sua tia. Desde cedo, era impetuosa e estava em busca de liberdade. Jane, então, vai para a escola. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Jane vai para a escola, Lowood Institution. Essa escola é muito pobre - as crianças passam fome, são humilhadas e a comida é racionada. Veja a primiera impressão de Jane: “The refectory was a great, low-ceiled, gloomy room; on two long tables smoked basins of something hot, which, however, to my dismay, sent forth an odour far from inviting. I saw a universal manifestation of discontent when the fumes of the repast met the nostrils of those destined to swallow it; from the van of the procession, the tall (cont.) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória (cont.) girls of the first class, rose the whispered words – ‘Disgusting! The porridge is burnt again!’ ” Mesmo com todos esses problemas, Jane conhece duas pessoas muito importantes e queridas: Helen Burns e Miss Temple. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Helen Burns era amiga de Jane. Veja o trecho abaixo: “Resting my head on Helen’s shoulder, I put my arms around her waist; she drew me to her, and we reposed in silence”. (p. 72) Miss Temple, a professora, também foi muito importante não apenas para Jane, mas para todas as crianças de Lowood. Veja como Helen Burns a descreve: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “Miss Temple is full of goodness: it pins her to be severe to any one, even the worst in the school: she sees my errors, and tells me of them gently; and, if I do anything worthy of praise, she gives me any meed liberally […]” (p. 58) Nessa escola, Jane também descobriu a hipocrisia e o descaso com as crianças e foi castigada por Mr. Brocklehurst. Veja: “ ‘My dear children’, pursued the black marble clergyman with pathos, ‘this is sad, a melancholy occasion; for it becomes my duty to warn you that this girl, who might be one of God’s (cont.) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória (cont.) own lambs, is a little castaway – not a member of the true flock, but evidently an interlopter and an alien. You must be on your guard against her; you must shun her an example – if necessary, avoid her company, exclude her from your sports, and shut her out of your converse. Teachers, you must watch her; keep your eyes on her movements, weigh well her words, scrutinize her actions, punish her body to save her soul – if, indeed, such salvation be possible, for (my tongue falters while I tell it) this girl, this child, the native of a Christian land, worse than many little heathen who says its prayers to Brahma and kneels before Juggernaut – this girl is – a liar!’ ” "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Em Lowood, também havia Miss Scatcherd, que era professora de História e que constantemente humilhava Helen Burns. Observe: “ ‘You dirty, disagreeable girl! You have never cleaned your nails this morning!’ ” “ ‘Hardened girl!’ Exlaimed Miss Scatcherd; ‘nothing can correct you of your slatternly habits: carry the rod away’ ”. “Burns obeyed: I looked at her narrowly as she emerged from the book-closet; she was just putting back her handkerchief into her pocket, and the trace of a tear glistened on her thin cheek.” (p. 56) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Após seis anos como aluna e mais dois como professora, Jane decide procurar uma nova posição. Consegue um emprego em Thornfield Hall, como preceptora da jovem Adèle, a “filha” de Edward Rochester (dono da casa). Quando finalmente conhece Rochester, apaixona-se por ele, e ele por ela. Ele propõe-lhe casamento, e ela aceita. Contudo, no dia do casamento, Jane descobre que Rochester já era casado com uma mulher chamada Bertha, que conhecera na Jamaica e que, entretanto, enlouquecera. Para que ninguém soubesse, ele a mantinha escondida no sótão da casa. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória O primeiro encontro com Mr. Rochester foi bem diferente. Jane estava passeando e assustou-se com um cão. O cavaleiro que vinha atrás acabou caindo do cavalo e Jane tenta ajudá-lo. Eles conversam rapidamente, e Jane diz que é governanta em Thornfield. Ele lhe pergunta se ela conhece Mr. Rochester. Ela diz que não, e ele não revela a verdade. Mas esse momento foi diferente para Jane. Observe como ela o descreve: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “[…] it was an incident of no moment, no interest in a sense; yet it marked with change one single hour of a monotonous life. My help had been needed and claimed: I had given it: I was pleased to have done something; trivial, transitory, though the deed was, it was yet an active thing, and I was weary of an existence all passive. The new face, too, was like a new pictureintroduced to the gallery of memory, and it was dissimilar to all the others hanging there: firstly because it was masculine; and secondly, because it was dark, strong and stern […]” (p. 117) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Essa passagem também nos mostra que Jane sempre esteve em busca de uma vida ativa e independente, o que era pouco comum na Era Vitoriana. Sua sede por aventura também revela sua natureza passional, embora a vida em Lowood a tenha ensinado a controlar suas emoções e procurar tranquilidade interior. A impetuosidade de Gateshead ainda existe dentro de Jane. Essa impetuosidade e esse desejo de independência e liberdade é que a motivou a procurar emprego e sair da vida pacata. Interatividade Na obra “Jane Eyre”, quem é o narrador? a) Rochester. b) Mrs. Reed. c) Jane Eyre. d) St. John. e) Helen Burns. Resposta Na obra “Jane Eyre”, quem é o narrador? a) Rochester. b) Mrs. Reed. c) Jane Eyre. d) St. John. e) Helen Burns. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Quando Jane volta à Thornfield, depara-se com um cachorro - é aí que percebe que acabara de conhecer seu empregador. Veja como acontece o primeiro contato, efetivamente, com Rochester, quando ele a convida para um chá à noite, juntamente com Adèle: “ ‘Here is Miss Eyre sir, said Mrs. Fairfax, in here quiet way. He bowed, still not taking the eyes from the group of the dog and child.’ “ ‘Let Miss Eyre be seated, said he.’ ” "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Muitas coisas acontecem, e eles se apaixonam. Rochester nunca foi explícito com relação aos seus sentimentos. Ele respeitava Jane, a achava inteligente, mas sempre agia como seu superior, seu master, mesmo a considerando como “igual” intelectualmente. Observe como Jane enxerga Rochester: “I am sure most people would have thought him an ugly man; yet there was so much unconscious pride in his port; so much easier in his demeanour; such a look of complete indifference to his own external appearance; so (cont.) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória (cont.) haughty a reliance, on the power of other qualities, intrinsic or adventitious, to atone for the lack of mere personal attractiveness, that, in looking at him, on inevitably shared the indifference, and, even in a blind, imperfect sense, put faith in the confidence.” (p. 134) Ela já estava apaixonada por ele. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Muitas coisas acontecem: Bertha põe fogo no quarto de Rochester, e é Jane que o salva. Rochester a pede em casamento. Porém, no dia do casamento, descobre que Rochester já é casado e que sua esposa, que ficou louca logo após o casamento, vive trancada no sótão. Veja como isto aconteceu: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Quando o padre pergunta se há alguma objeção com relação ao casamento, alguém grita: “The marriage cannot go on: I declare the existence of an impediment.” (p. 287) Rochester tenta fazer com que a cerimônia prossiga, mas o padre diz que precisa saber se realmente existe algum problema. E então vem a explicação: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “It simply consists in the existence of a previous marriage. Mr. Rochester has a wife now living.” (p. 288) Rochester tenta convencer Jane a ficar, diz a ela que podem ir morar em algum outro lugar, mas Jane tem seus valores e não aceita uma união ilegal, não aceita ser “amante” de Rochester. Porém, essa atitude é muito difícil para Jane: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “[…] Feeling […] clamoured wildly. ‘Oh, comply!’ it said. ‘[…] soothe him; save him; love him; tell him you love him and will be his. Who in the world cares for you? or who will be injured by what you do?’ ” (p. 317) Essa foi uma das decisões mais difíceis para Jane. Ela estava não apenas deixando o amor de sua vida, mas tambémo único lugar que tinha sido realmente o seu lar. No entanto, seus valores são fundamentais. Veja o que ela diz ao deixar Thornfield: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “I care for myself. The more solitary, the more friendless, the more unsustained I am, the more I will respect myself.” (p. 318) Jane vai embora, passa por muitas dificuldades, porque sai com pouquíssimo dinheiro, passa fome e acaba por ser recolhida por St. John Rivers e suas irmãs; passa alguns dias se recuperando, na cama. Jane diz chamar-se Jane Elliot porque não quer que Rochester a encontre. St. John consegue um emprego para Jane em uma escola para garotas carentes. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Em Moors House, Jane se sente acolhida e, pelo fato de Diane and Mary serem governantas, ela se sente como “igual”. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Mais tarde, vem a descobrir que não só herdou dinheiro de um tio, como os seus anfitriões são, na realidade, também seus primos diretos (algo que todos desconheciam). Decidida a recompensá-los, divide a herança com eles. St. John Rivers decide partir como missionário e convida Jane a ir junto, como esposa. Jane hesita, mas decide aceitar a proposta. Porém, tem a impressão de ouvir a voz de Rochester chamando seu nome: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória “ ‘Jane! Jane! Jane!’ – nothing more. ‘O God what is it?’ I gasped. […] it was the voice of a human being – a known, loved, well-remembered voice – that of Edward Faifax Rochester; and it spoke in pain and woe, wildly, eerily, urgently. ‘I’m coming’, I cried. ‘Wait for me.’ ” (p. 415) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Jane resolve voltar a Thornfield. Chegando lá, vê tudo queimado, fica desesperada e procura saber o que aconteceu. Descobre que Rochester ficara cego e perdera uma das mãos. Isso aconteceu porque Bertha acabou pondo fogo na casa e Rochester, na tentativa de salvar as pessoas que lá viviam, acabou ferindo-se gravemente. Bertha acabou morrendo no incêndio. Por causa do incêndio, de seus problemas de saúde e, consequentemente, financeiros, Jane descobre que Rochester está morando em Ferndean, um local bem afastado. "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Jane nunca tinha esquecido Rochester e, quando o encontra, mesmo diante de todos os problemas de saúde de Rochester, eles percebem que o amor continua forte como antes e decidem se casar. Agora, sem problemas legais, já que Rochester ficara viúvo. Veja como foi esse encontro: "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória Jane pede para levar água para Rochester - “ ‘Give me the water, Mary’, he said. I approached him with the now only half- filled glass; Pilot followed me still excited. ‘What’s the matter?’ He inquired. ‘This is you Mary, is it not?’ ‘Mary is in the kitchen’, I answered. […] ‘Will you have a little more water, sir?’ I spilt half of what was in the glass’, I said (cont.) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória (cont.) ‘who is I?’ What is it? Who speaks?’ ‘Pilot knows me, and John and Mary know I am here. I came only this evening’, I answered. ‘Great God! – What delusion has come over me ? What sweet madness has seized me?’ ‘No delusion, no madness: your mind, sir, is too strong for delusion, your health too sound for frenzy.’ […] ‘I cannot see, but I must feel, or my heart will stop and my brain burst.’ (cont.) "Jane Eyre" - Charlote Brontë (1816-1855): a estória ‘Her very fingers!’ he cried; ‘her small, slight fingers! If so, there must be more of her’. ‘Is it Jane? What is it?’ […] ‘My dear master, I am Jane Eyre’, I answered, ‘I am Jane Eyre: I have found you out – I am come back to you’” (p. 429) Interatividade Quem era Bertha? a) Amiga de Jane. b) Amante de Rochester. c) Esposa de Rochester. d) Namorada de infância de Rochester. e) Empregada de Thornfield. Resposta Quem era Bertha? a) Amiga de Jane. b) Amante de Rochester. c) Esposa de Rochester. d) Namorada de infância de Rochester. e) Empregada de Thornfield. "Jane Eyre": um romance gótico É um romance de iniciação. Romance gótico (sombrio, apresenta elementos sobrenaturais, misteriosos, com o objetivo de criar uma atmosfera de terror). A tradição gótica usa elementos como encontros sobrenaturais, locais remotos, complicações em família, casarões antigos, segredos, quartos secretos e mistérios para criar uma atmosfera de suspense e terror. "Jane Eyre": um romance gótico Se pensarmos em "Jane Eyre", encontraremos quase todos esses itens: Lowood, Moors House, e Thornfield são locais remotos, casarões. Tanto Rochester como Jane têm estórias familiares complicadas: Rochester esconde a esposa louca no sótão (esse é um segredo que permeia a obra). É no quarto vermelho, escuro como sangue, que Jane “vê” seu tio já falecido. Há também espelhos que distorcem a imagem de Jane. "Jane Eyre": um romance gótico Thornfield é um casarão antigo com decoração antiga e escura. Veja como Jane o descreve: “[…] strange, indeed, by the pallid gleam of moonlight.” (p. 92) Outra característica aparece quando Jane ouve as risadas e ruídos à noite. Veja: "Jane Eyre": um romance gótico “I lingered in the long passageway to which this led, separating the front and back rooms of the third story: narrow, low, and dim, with only one little window at the far end, and looking, with its two rows of small black doors all shut, like a corridor in some Bluebeard's castle [...] the laugh was as tragic, as preternatural a laugh as any I ever heard; and, but that it was a high room, and that no circumstance of ghostliness accompanied the curious cachinnation, but that neither scene nor season favoured fear, I should have been superstitiously afraid.” (p. 94) "Jane Eyre": um romance gótico Outro episódio ocorre quando Bertha põe fogo na cama de Rochester, e está relacionado ao segredo que permeia boa parte da obra. O fato de ter encontrado Rochester pela primeira vez em meio a uma névoa e a forma pela qual Jane o descreve também são características do romance gótico. Observe: "I traced the general points of middle height, and considerable breadth of chest. He had a dark face, with stern features, and a heavy brow; his eyes and gathered eyebrows looked ireful and thwarted just now; he was past youth, but had not reached middle age; perhaps he might be thirty-five. (cont.) "Jane Eyre": um romance gótico I felt no fear of him, and but a little shyness. Had he been a handsome, heroic-looking young gentleman, I should not have dared to stand thus questioning him against his will, and offering my services unasked [...] I had a theoretical reverence and homage for beauty, elegance, gallantry, fascination; but had I met those qualities incarnate in masculine shape, I should have known instinctively that they neither had nor could have sympathy with anything in me and should have shunned them as one would fire, lightning, or anything else that is bright but antipathetic.” (Chapter 12, p. 99) "Jane Eyre": um romance gótico Outro evento ocorre quando Bertha entra no quarto de Jane e rasga o véu: “ ‘It seemed, sir, a woman, tall and large, with thick and dark hair hanging long dawn her back. I know not what dress she had on: it was white and straight; but whether gown, sheet, or shroud, I cannot tell.’ ‘Did you see her face?’ ‘Not at first. But presently she took my veil from its place; she held it up, gaze it long, and then, she threw it over her own head, and turned to the mirror. (cont.) "Jane Eyre": um romance gótico (cont.) At that moment I saw the reflection of the visage and features quite distinctly in the dark oblong glass.’ ‘And how were they?’ ‘Fearful and ghastly to me – oh sir, I never saw a face like it! It was a discoloured face – it was a savage face. I wish I could forget the roll of the red eyes and the fearful blackened inflation of the lineaments! ‘Ghosts are usually pale Jane’ […]” (p. 281) Interatividade Assinale a alternativa correta acerca das características da personagem principal: I. É inteligente, honesta e acredita em Deus. II. Está sempre em busca de felicidade e liberdade. III. Valoriza o emocional e o intelectual. IV.Está em busca da igualdade de gêneros. a) Estão corretas apenas a I e a II. b) Está correta apenas a I. c) Está correta apenas a II. d) Todas estão corretas. e) Todas estão incorretas. Resposta Assinale a alternativa correta acerca das características da personagem principal: I. É inteligente, honesta e acredita em Deus. II. Está sempre em busca de felicidade e liberdade. III. Valoriza o emocional e o intelectual. IV.Está em busca da igualdade de gêneros. a) Estão corretas apenas a I e a II. b) Está correta apenas a I. c) Está correta apenas a II. d) Todas estão corretas. e) Todas estão incorretas. ATÉ A PRÓXIMA!
Compartilhar