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Aprendizado em Pequenos Grupos Jorge Vinícius Silva Cristo 2023.1 “Lembre de olhar para as estrelas, não para seus pés” Dr. S. H. Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL Para a neuropsicologia, a consciência é um estado de vigilância, despertar. Neste sentido, trata-se do nível de consciência, um continuum de sensibilidade e alerta do organismo perante os estímulos, tanto internos como externos, a quantidade de consciência disponível para a vigília (relaciona-se com alterações qualitativas). A definição psicológica, por outro lado, toma a consciência como uma dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. É a maneira como o Eu se contata com a realidade e a percebe (refere- se a alterações qualitativas). A terceira e última definição de consciência, a ético- filosófica, diz respeito à percepção ética dos deveres e assumir responsabilidades, direitos e deveres. Ritmos circadianos São oscilações endógenas autossustentadas do ritmo biológico no período de um dia de 24 horas (que inclui centralmente as oscilações do nível de consciência da vigília e do sono), as quais, nesse intervalo, organizam a temporalidade dos sistemas biológicos do organismo e otimizam a fisiologia, o comportamento e a saúde. 1. São calibrados conforme indícios ambientais, como a luminosidade; 2. Permitem reações eficientes frente a estímulos ambientais e sociais; 3. Medeiam o equilíbrio dos tecidos, órgãos e sistemas em todos os aspectos; 4. Manifestam-se desde níveis celulares até sistêmicos do organismo, e até mesmo relações sociais. A temporização interna é de fundamental importância para a sobrevivência, ao passo que regula a atividade do organismo em um ambiente dotado de ciclos temporais. Estes ciclos modulam alterações no ecossistema e a adaptação a tais mudanças confere maior sobrevida do organismo. Sono São estados comportamentais endógenos e recorrentes que expressam mudanças dinâmicas na organização da função cerebral e que otimizam aspectos como fisiologia, comportamento e saúde. Processos circadianos (do período de um dia de 24 horas) homeostáticos Reconhecer as alterações qualitativas e quantitativas da consciência (nível de consciência, alerta, responsividade, orientação, atenção e campo de consciência); Debater sobre as alterações fisiológicas se patológicas de consciência (sono, estado crepuscular, transe, dissociação); Discutir as doenças que podem provocar alterações no nível de consciência (delirium, estado crepuscular, estado de transe e experiência de quase morte) Estudar a epidemiologia, fatores de risco, etiologia, fisiopatologia, complicações, diagnóstico e tratamento Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL regulam a propensão do organismo à vigília e ao sono. 1. Estado reversível, expresso pela postura de repouso, redução da responsividade; 2. Arquitetura neurofisiológica complexa, com estados cíclicos; 3. Duração e intensidade mediados por mecanismo de regulação homeostáticos (ciclo circadiano); 4. Afetado por ocorrências durante a vigília (estresse, tabagismo, etilismo); 5. Efeitos restauradores que otimizam processos neurocomportamentais da vigília. O sono pode ser dividido em duas fases: a fase de sono sincronizado sem movimento rápido dos olhos (sono não REM), e sono dessincronizado, com movimento rápido dos olhos (sono REM). O sono não REM é caracterizado por atividade elétrica cerebral sincronizada entre vários elementos. Nesta fase, há uma redução da atividade do SNP autônomo simpático, com manutenção da atividade da divisão parassimpática. Esta atividade permite a preservação de funcionamento basal de aspectos inerente à manutenção da vida, tais como frequências cardíaca e respiratória, débito cardíaco, pressão arterial, entre outros. Pode ser divido em 4 estágios: Estágio 1: mais leve e superficial, com atividade regular do eletroencefalograma (EEG) de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2-5% do tempo total de sono). Estágio 2: um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas complexos K (45-55% do tempo total de sono). Estágio 3: sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3-8% do tempo total de sono). Estágio 4: estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem lentificado. É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao ser despertado (10- 15% do tempo total de sono). O sono REM é diferente destas fases. Sua duração total em uma boa noite de sono corresponde a cerca de 20 a 25% do tempo de sono. Não é necessariamente um estágio mais profundo do sono, mas sim um tipo de sono diferente, com instabilidade do sistema simpático. No sono REM há uma rápida movimentação dos olhos, e um relaxamento muscular profundo e generalizado, interrompido esporadicamente por contrações de pequenos grupos musculares, como os dos olhos. Em uma noite normal de sono, as fases não REM e REM se repetem de forma cíclica a cada 70 a 110 minutos, com 4 a 6 ciclos completos por noite. O sono se inicia com o tipo não REM, havendo a sucessão dos Estágios de 1 a 4. O primeiro período REM, que geralmente é bem curto, ocorre cerca de 70 a 120 minutos após o indivíduo adormecer. Ao longo da noite, os períodos REM vão se tornando mais frequentes e prolongados, desaparecendo os Estágios 3 e 4. A maior quantidade de sono REM ocorre no último terço da noite, geralmente de madrugada (das 4 às 7h da manhã), momento em que a maioria das pessoas Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL mais sonha. O Estágio 4, de forma oposta, ocorre predominantemente no primeiro terço da noite. Campo da consciência Ao voltar-se para a realidade, a consciência demarca um campo, no qual se pode delimitar um foco, ou parte central mais iluminada da consciência, e uma margem (franja ou umbral), que seria sua periferia menos iluminada, mais nebulosa. Segundo a psicopatologia clássica, é na margem da consciência que surgem os chamados automatismos mentais e os estados ditos subliminares. Vale ressaltar que a margem da consciência é diferente do subconsciente. Nesta área da mente, é onde guardamos as nossas memórias, hábitos, crenças. É um acervo de informações que o indivíduo adquiriu ao longo da vida e que frequentemente não sabe como ou quando as conseguiu, podendo nem mesmo tomar conhecimento destas informações. As alterações quantitativas dizem respeito a alterações do nível de consciência, perda progressiva da quantidade de consciência investida na vigília. Relaciona-se com a neuropsicologia. Rebaixamento do nível de consciência Obnubilação: Δ Rebaixamento leve ou moderado; Δ Sonolência patológica leve; Δ Consciência turvada; Δ Compreensão lentificada; Δ Dificuldade de concentração; Δ Perplexidade (dificuldade de integrar informações sensoriais); Δ Confusão mental (perdido no tempo e no espaço); Δ Diminuição do grau de clareza do sensório; Δ Lentificação no EEG. Torpor: Δ Grau mais acentuado de perda do nível de consciência; Δ Sonolência evidente; Δ O paciente responde apenas se chamado de forma enérgica; Δ Neste estágio, o paciente ainda tenta cobrir as partes íntimas (trações de manutenção da crítica e do pudor). Sorpor: Δ Ausência de crítica e de pudor; Δ Sonolência intensa; Δ Ainda capaz de gesticular dor e de defesa; Δ Paciente responde a estímulos muito enérgicos; Coma:Δ Perda completa da consciência; Δ Não é mais possível qualquer atividade voluntária; Δ Sinais neurológicos - movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado, anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de acomodação; Δ Níveis I (semicoma), II (coma superficial), III (coma profundo), IV (coma dépassé). Delirium Delirium é o termo atual mais adequado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas. Podem estar presentes: Δ Pensamento confuso; Δ Discurso delirante (ala incongruente, com conteúdos absurdos e sem articulação lógica); Alterações quantitativas Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL Δ Rebaixamento leve a moderado do nível de consciência; Δ Desorientação temporoespacial; Δ Dificuldade de concentração; Δ Perplexidade; Δ Ansiedade em graus variáveis; Δ Agitação ou lentificação psicomotora; Δ Ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. O quadro frequentemente oscila durante o dia. Pela manhã, o paciente está com o sensório claro, mas ao longo da tarde, o nível de consciência afunda e piora até a chegada da noite. Nesta hora, podem surgir ilusões e alucinações visuais, bem como intensificar-se a desorientação e a confusão do pensamento e do discurso. As alterações qualitativas referem-se a mudanças na qualidade da consciência, experiências diferentes das usualmente percebidas, normalmente se associando com alteração no nível de consciência (quantidade). Estados crepusculares Δ Obnubilação leve; Δ Conservação da atividade psicomotora – os movimentos são preservados, o paciente não cai, por exemplo; Δ Estreitamento transitório do campo de consciência – atenção reduzida para eventos de importância particular para o indivíduo, não para eventos que ocorram na área nebulosa, crepuscular; Δ Atos automáticos; Δ Amnésia lacunar para o episódio; Δ Causas orgânicas (pós episódio epilético, subst. psicoativas, traumatismo craniano) Estados segundo Δ Semelhante ao estado crepuscular; Δ Causado por estados emocionais intensos (psicogenética); Δ Atos estranhos à personalidade do indivíduo, incongruentes, mas não violentos; Δ Não são tão graves como os estados crepusculares, não possuem causa orgânica Dissociação de consciência Δ Questão emocional tão intensa que o ego não pode suportar sem se fragmentar; Δ Pode ocorrer dissociação de identidade, memória, percepção e controle motor; Δ Acontecimentos psicologicamente dissociativos; Δ Ansiedade extrema, boderline; Transe Δ Sonhar acordado; Δ Atividade motora automática; Δ Cultural e religiosamente contextualizados e sancionados; Δ Não é patológica; Estados hipnóticos Δ Estado de alta sugestionabilidade; Δ Não é patológico Experiência de quase morte Δ Vivência de ameaça grave à vida; Δ Durante: o Luz branca; o Sensação de flutuação. Δ Pós: o Alucinações; o Dúvida sobre a própria sanidade; o Medo da ridicularizarão/rejeição; o Raiva; o Depressão; o Despersonalização; o Mudança de hábitos, opiniões, etc. Referências: A privação do sono e suas implicações na saúde humana: uma revisão sistemática da literatura. DOI: https://doi.org/10.25248/reas.e3846.2020. Alterações qualitativas https://doi.org/10.25248/reas.e3846.2020 Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL Alterações de consciência: um estudo junto a pacientes terminais internados em hospital geral a partir de depoimentos de familiares e de componentes da equipe de enfermagem que cuidam desses sujeitos. https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream /ANIMA/10366/1/99806_Eduardo.pdf. Fatores associados a distúrbios do sono em estudantes universitários. https://www.scielosp.org/pdf/csp/2020.v36n3/e0007 4919/pt. Importância dos ritmos circadianos na Nutrição e Metabolismo. https://repositorio- aberto.up.pt/bitstream/10216/54799/3/138214_102 0TCD20.pdf. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/10366/1/99806_Eduardo.pdf https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/10366/1/99806_Eduardo.pdf https://www.scielosp.org/pdf/csp/2020.v36n3/e00074919/pt https://www.scielosp.org/pdf/csp/2020.v36n3/e00074919/pt https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/54799/3/138214_1020TCD20.pdf https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/54799/3/138214_1020TCD20.pdf https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/54799/3/138214_1020TCD20.pdf
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