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4 Rastreamento e Avaliação Nutricional, Dietas Hospitalares e Exercícios-2

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j.NRAS (ESCALA DE AVALIAÇÃO DO RISCO
NUTRICIONAL) – IDOSOS
A escala consiste de avaliação de desordens GI, doença
crônicas, mobilidade, alterações de peso corporal, apetite,
dificuldade de alimentação, problemas cognitivos ou
emocionais, medicações, habito de fumar ou bebida
alcoólica e situação social.
k.SRM (MODELO SIMPLIFICADO DE DESNUTRIÇÃO)
Facilmente aplicado e menos propenso a erro quando
comparada com a Mini Avaliação Nutricional original.
SRM = IMC + 15 x Perda de peso – 10 x cirurgia – 6 x
perda de apetite
Valores para cada situação:
Perda de peso (sim = 0; não = 1)
Cirurgia recente (sim = 1; não = 2)
Perda de apetite (sim = 1; não = 2)
SRM <35  risco de desnutrição
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O processo de triagem nutricional começa com o processo
de avaliação nutricional. Uma triagem nutricional é o
processo que identifica características que se sabe
estarem associadas a problemas nutricionais (KRAUSE).
Características de uma triagem nutricional:
a) Simples e rápida;
b) Dados rotineiros;
c) Facilita a conclusão de metas de intervenção preliminar;
d) Inclui dados relevantes sobre fator de risco e dados para
intervenção e tratamento;
e) Determina a necessidade de avaliação nutricional
detalhada e tem custo-benefício.
TIPOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Não há um método específico capaz de avaliar
adequadamente o estado nutricional. Sendo assim,
recomenda-se a utilização de diferentes métodos, que
incluem:
Métodos objetivos
Dados antropométrico:
a. Estatura (cm)
b. Peso corporal (kg)
c. Peso atual (kg)
d. Sexo
e. Peso ideal
f. Percentual do peso atual
g. Percentual do peso usual
h. Índice de massa corporal (kg/m²)
i. Dobra cutânea tricipital
j. Circunferência braquial (cm)
k. Circunferência muscular braquial (cm)
Dados laboratoriais:
a. Albumina sérica (g/dL)
b. Capacidade total de ligação de ferro (µg/ dL)
c. Transferrina sérica (mg/dL)
d. Contagem de linfócitos (%)
e. Leucócitos (n° de células/mm³)
f. Nitrogênio uréico na urina de 24 horas (g)
g. Creatinina urinária de 24 horas (g)
h. Adequação do índice de creatinina- altura
Dados dietéticos
a. Consumo de proteínas (g)
b. Consumo energético (kcal)
c. Balanço nitrogenado
d. Gasto energético basal (kcal/dia)
e. Adequação do consumo energético basal (%)
Métodos subjetivos
Exame físico
a. Consumo do tecido adiposo
b. Consumo muscular
c. Grau de consciência
d. Estado de hidratação
e. Presença de peristalse
f. Identificação de edema
g. Funcionamento intestinal
A.INQUÉRITOS ALIMENTARES
Os inquéritos dietéticos podem ser destinados a todos os
estágios de vida, devendo ser consideradas as
especificidades de cada paciente. Dentre os principais
empecilhos encontrados para a avaliação do consumo
alimentar, destacam-se:
- falta de conhecimento sobre os alimentos e as medidas
normalmente utilizadas para o consumo desses;
- inexperiência com o preparo de alimentos;
- pouca familiaridade com os ingredientes de preparações
que incluem diversos alimentos;
- desinteresse pelos aspectos da própria alimentação;
- falta de tempo e atenção ao responder o inquérito;
- baixa escolaridade.
A escolha de determinado inquérito alimentar deve levar
em consideração os seguintes aspectos:
- gênero e idade do paciente;
- nível socioeconômico;
- tempo disponível para aplicação do método;
- estado clínico do paciente (ambulatorial, consultório ou
internação);
- variabilidade do consumo alimentar.
Objetivo da avaliação do consumo alimentar  avaliação
de consumo habitual ou atual.
Consumo habitual  questionário de frequência de
consumo ou diário habitual;
Consumo atual  recordatório de 24h ou registro
alimentar de 3 dias;
Observar a relação entre dieta e doença  questionário
de frequência de consumo alimentar.
Métodos quantitativos: como o nome sugere se prestam
a avaliar a QUANTIDADE de calorias, macro e
micronutrientes (recordatório de 24h e registro alimentar)
Métodos qualitativos: objetivam avaliar não a quantidade
especificamente, mas a qualidade e freqüência dos
alimentos consumidos (freqüência alimentar e anamnese)
Distorções no auto-relato do consumo alimentar
(subrelato):
Obesos tendem a subestimar o consumo de alimentos
calóricos
Mulheres subrelatam mais que homens
Idosos apresentam lapso de memória
As pessoas tendem a oferecer respostas mais aceitáveis
socialmente
Os alimentos mais sub-relatados são os ricos em
carboidratos e gorduras.
MÉTODOS RETROSPECTIVOS
A.1 RECORDATÓRIO ALIMENTAR DE 24H
Método rápido, fácil de ser administrado e de baixo custo.
Objetiva quantificar o consumo de todos os ALIMENTOS E
BEBIDAS nas últimas 24h.
Não reflete a ingestão habitual ou as diferenças entre dias
de semana e dias de final de semana se realizado apenas
1 vez. Para se obter um consumo habitual recomenda-se:
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
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Para indivíduos: pelo menos 2 recordatórios 24h
(incluindo 1 dia de final de semana)
Para grupos: 2 vezes em um período de 6 meses a 1
ano.
Recomenda-se iniciar o questionário da última refeição
para primeira.
Um único recordatório pode ser utilizado para estimativa
média da ingestão de nutrientes de grupos, mas não de
indivíduos.
Depende da memória do entrevistado (Krause, DAN e
CHEMIN&MURA), ocorrendo sub-relatos de ingestão, em
especial de lanches e bebidas. Fatores que se
apresentam associados com sub-relato de consumo:
massa corporal, sexo, qualidade social desejada, restrição
alimentar, nível educacional, percepção do estado de
saúde, raça e etnia.
A.2 QUESTIONÁRIO DE FREQÜÊNCIA DE CONSUMO
ALIMENTAR (QFCA)
Permite obter estimativas de ingestão usual. Consistem em
listas de alimentos (100 a 150 ítens) ou grupos para os
quais o entrevistado (auto-administrado) ou o entrevistador
deve anotar a freqüência com que o alimento é consumido
em unidades de tempo,(diário, semanal, mensal, quinzenal
ou anual).
A porção do alimento utilizada pode ser padronizada (mais
comum) ou em aberto. A porção e a freqüência permitem a
estimativa da ingestão de nutrientes ou o consumo de
alimentos específicos. Ë um método de baixo custo e
rápido.
É um excelente método para obtenção de padrões de
ingestão ou para identificação de consumo de nutrientes
ou alimento específico além de fornecer resultados
padronizados. Pode ocorrer superestimação de consumo
ou tédio (listas muito grandes > 100 alimentos) ou
subestimação (se os alimentos de consumo habitual não
estiverem na lista ou se a lista for muito pequena <50
alimentos).
A precisão do método é maior quando:
 perguntas foram feitas separadas de cada alimento
selecionado;
 alimentos do mesmo tipo forem agrupados;
 nenhuma das formas sobre adição mostrou maior
precisão (adição de açúcar ao café, por exemplo).
ATENÇÃO: Seu uso não é recomendado para avaliar a
adequação de ingestão de NUTRIENTES de indivíduos ou
grupos, já que a lista por ser pré-definida, pode não
contemplar todos os alimentos ingeridos pelo
indivíduo/grupo.
A.3 HISTÓRICO DIETÉTICO / ANAMNESE / DIÁRIO
HABITUAL
Associa vários métodos incluindo recordatório de 24h e
QFCA associado a outras informações como preferências,
hábitos, aversões, intolerâncias, crenças e tabus, apetite,
padrão das refeições e hábitos de atividade física,
condição socioeconômica, mudanças recentes de peso,
uso de medicamentos/suplementos, sintomas no TGI e
saúde oral e dental.
MÉTODOS PROSPECTIVOS
A.4 REGISTRO ALIMENTAR
Consiste no registro diário de todos os ALIMENTOS E
BEBIDAS ao longo do dia, realizado pelo próprio avaliado
ou representante por 1 a 7 dias. Recomenda-se a
utilização de 3 dias alternados incluindo um dia de final de
semana.
Desde que aplicado várias vezes é o método de escolha
para estimar a ingestão inadequada de nutrientes por
indivíduos ou grupos. Requer a participação ativa do
entrevistado que, obrigatoriamente deve saber ler e
escrever. Requer tempo e treinamento do entrevistado,
principalmente sobre o modo de preparo dos alimentos e
medidas caseiras utilizadas.
A.5 REGISTRO ALIMENTAR PESADO
Semelhante ao registro alimentar, entretanto tem-se a
pesagemdireta dos alimentos e gêneros. Fornece
informações bastante precisas.
Tabela 1: VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS INQUÉRITOS (KRAUSE)
Método Vantagens Desvantagens
Análise da ingestão de
nutrientes
Permite a observação real do consumo
alimentar.
Pode oferecer estimativas inconsistentes e subjetivas
do consumo alimentar.
Possível variação do tamanho da porção.
Registro / diário
alimentar
Fornece o registro diário do consumo
alimentar.
Pode fornecer informações sobre a
quantidade de alimentos, como são
preparados e horários de refeições e
lanches.
Habilidade de anotação variável entre indivíduos.
Requer habilidade para medir ou julgar o tamanho das
porções.
Ingestão alimentar atual possivelmente influenciada
pelo ato de registrar.
Confiabilidade questionável dos registros.
Frequência alimentar Facilmente padronizado.
Pode ser útil considerando em
combinação com ingestão habitual.
Fornece quadro geral de ingestão.
Requer habilidade ao fazer anotação.
Não fornece dados de refeição padrão.
Requer conhecimento de tamanho de porções.
Recordatório de 24h Rápido.
Fácil.
Conta com a memória.
Requer conhecimento de tamanho de porção.
Pode não representar a ingestão habitual.
Requer entrevistador habilidoso.
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Tabela 2: VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS INQUÉRITOS (DAN WAITZBERG 2009)
B.ANTROPOMETRIA
Método diagnóstico que se fundamenta na investigação
das variações nas dimensões físicas e na composição do
corpo humano, visando à predição do estado nutricional
e/ou doenças nutricionais, de acordo com a natureza e
gravidade.
Vantagens:
- simplicidades do uso de instrumentos;
- facilidade e rapidez da coleta e interpretação dos dados;
- facilidade de padronização da técnica;
- não-invasiva;
- boa aceitabilidade;
- aplicabilidade nos ciclos de vida;
- baixo custo;
- maior cobertura populacional e reprodutibilidade;
- níveis adequados de sensibilidade e especificidade.
Medidas mais utilizadas: peso, estatura (comprimento ou
altura), perímetro cefálico, perímetro braquial e medidas de
segmentos corporais (em indivíduos com limitações
físicas).
Essas medidas permitem a construção de índices
antropométricos:
- estatura para idade (E/I);
- peso para a idade (P/I);
- peso para a estatura (P/E ou P/A);
- perímetro cefálico para a idade; e
-perímetro braquial para a idade.
A partir dos índices antropométricos são construídos
indicadores, definindo-se níveis de corte que permitam
situar o indivíduo dentro de uma faixa aceita como normal,
de acordo com a referência de crescimento utilizada.
Classificação proposta pelo Ministério da Saúde para
crianças até 7 anos de idade  Peso/Idade onde tem-se a
distribuição da curva nos percentis que seguem:
•<p0,1 = muito baixo peso para idade;
•p0,1 |– 3 = baixo peso para idade;
•p3 |– 10 = situação de risco ou alerta nutricional;
•p10 |– p97 = peso adequado para idade;
•p≥97 = risco para sobrepeso.
Índice estatura para a idade  percentil 3 como limite
abaixo do qual a criança pode ser considerada como de
baixa estatura (stunting/nanismo).
O índice peso para a estatura é importante na detecção de
desnutrição aguda ou wasting/emaciação (< p3) e
sobrepeso (>p97). Expressa a proporcionalidade ou
harmonia das dimensões do corpo ou a harmonia do
processo de crescimento. A limitação reside no fato de
classificar como eutrófico o indivíduo de baixo peso,
mas que teve anormalidade de crescimento em altura.
CLASSIFICAÇÃO PROPOSTA PELA OMS – ESCORE Z
Por essa classificação, são consideradas desnutridas ou
obesas as crianças que estiverem dois desvios-padrão
acima ou abaixo do percentil 50 (mediana) para o índice
peso para a estatura, sendo consideradas desnutridas
10
graves aquelas situadas três desvios-padrão abaixo do
percentil 50.
Essa medida é mais precisa, pois leva em consideração
medidas de tendência central e de dispersão das
população.
B.1 PESO
- medida facilmente obtida;
- muito eficaz;
- medida de adequação nutricional mais sensível que a
altura;
- reflete a ingestão nutricional recente.
Tipos de Peso em avaliação nutricional:
 Peso atual (PA)  encontrado no momento da
avaliação; Deve ser avaliado em uma balança
antropométrica, em geral pela manhã após esvaziamento
da bexiga. Deve ser realizado com roupas de hospital ou
comuns, nesse caso desconta-se o peso delas.
 Peso Usual (PU)  considerado normal, quando o
indivíduo está hígido e mantendo suas atividades usuais;
Deve ser considerado como referência na impossibilidade
de medir o atual.
 Peso Ideal (PI)  calculado de acordo com o sexo,
altura e estrutura óssea do indivíduo e obtido através de
tabelas. Ou fórmula abaixo
PI = IMC médio x estatura²
Tabela 3: Categorias de IMC segundo sexo.
IMC Masculino Feminino
Médio 22,0 20,8
Normal 20,1 – 25,0 18,7 – 23,8
Obeso 30,0 28,6
Peso ajustado (PA) usado quando a adequação do
peso for < 95% ou > 115%
PA = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual
GRAVIDADE DE PERDA DE PESO
A gravidade da perda de peso pode ser avaliada de
acordo com Blackburn et al. (1977) em que o percentual de
perda de peso é comparado ao tempo em que ocorreu
essa alteração ponderal.
Tabela 4: Classificação da gravidade da
perda de peso relativa ao tempo.
Tempo Perda significativa
de peso %
Perda de peso
grave %
1 semana 1-2 > 2
1 mês 5 >5
3 meses 7,5 > 7,5
6 meses 10 > 10
O peso mínimo para sobrevivência é 48 a 55% do peso
habitual. Pacientes com peso de 85 a 90% do peso
habitual possuem desnutrição leve; com peso entre 75 e
84% desnutrição moderada e pacientes com peso <74%
possuem desnutrição grave.
Outro método para determinar a porcentagem de perda de
peso é determinar o peso atual do indivíduo como a
porcentagem de peso habitual. O peso mínimo para
sobrevivência é 48 a 55% do peso habitual.
Pacientes com peso de 85 a 90% do peso habitual
possuem desnutrição leve; com peso entre 75 e 84%
desnutrição moderada e pacientes com peso <74%
possuem desnutrição grave.
Percentual do peso atual em relação ao ideal (KRAUSE)
=
% do peso corporal ideal = peso atual x 100
peso ideal
Tabela 5: Classificação do estado nutricional segundo
o percentual do peso ideal
Percentual Classificação
90 - 110% Eutrófico
80-90% Desnutrição leve
70-79% Desnutrição moderada
<69% Desnutrição severa
Percentual de peso usual (KRAUSE)
Permite identificar o grau de desnutrição a partir do peso
atual em relação ao usual
% do peso corporal usual = peso atual x 100
peso usual
Tabela 6: Classificação do estado nutricional segundo
o percentual do peso usual
Percentual Classificação
95 - 110% Eutrófico
85-95% Desnutrição leve
75-84% Desnutrição moderada
<74% Desnutrição severa
SITUAÇÕES ESPECIAIS
Existem situações especiais onde deve ser realizado o
ajuste de peso. Um exemplo é para indivíduos amputados,
que devemos considerar a parte amputada (% amputação)
no cálculo do peso corpóreo corrigido, conforme figura
abaixo:
Fig 1.: Percentual de amputação (Cuppari, 2014)

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