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W BA 07 01 _v 1. 1 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 2 Dayse Kellen de Sousa Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Avaliação nutricional 1ª edição 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Camila Braga de Oliveira Higa Revisor Chirle de Oliveira Raphaelli Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Sousa, Dayse Kellen de S725a Avaliação nutricional/ Dayse Kellen de Sousa, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 128 p. ISBN 978-85-522-1577-6 1. Nutrição clínica ambulatorial. 2. Avaliação nutricional. I. Sousa, Dayse Kellen de. II. Título. CDD 613 ____________________________________________________________________________________________ Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________________________05 Objetivos, importância e métodos __________________________________________06 Inquéritos alimentares _____________________________________________________41 Avaliação nutricional da criança e do adolescente __________________________58 Avaliação nutricional da gestante ___________________________________________86 Avaliação nutricional do adulto e do idoso ______________________________ 105 Avaliação clínica e bioquímica do estado nutricional ________________________130 Avaliação nutricional do paciente pós-hospitalização _______________________153 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 5 Apresentação da disciplina Prezado aluno, na disciplina de Avaliação Nutricional você aprenderá sobre a importância, objetivos e métodos da avaliação nutricional, os diferentes tipos de inquéritos dietéticos, avaliação antropométrica e da composição corporal da criança, adolescente, gestante, adultos e idoso, avaliação clínica, bioquímica e imunológica do estado nutricional do adulto e do paciente pós-hospitalização. Os objetivos dos conteúdos apresentados são proporcionar a você o conhecimento dos diferentes métodos de avaliação nutricional, bem como os mais utilizados e atuais dentre eles. Além de conhecer a importância e conceitos básicos da avaliação nutricional, você poderá desenvolver habilidades de como realizar o diagnóstico do estado nutricional individual e populacional, aplicar indicadores antropométricos, métodos bioquímicos e imunológicos para a realização do diagnóstico nutricional, avaliar o consumo alimentar utilizando inquéritos dietéticos, levando em consideração hábitos e preferências, de forma individual e populacional, considerar diferenças necessárias no processo de avaliação nutricional de acordo com idade/ situação e desenvolver raciocínio, pensamento crítico e capacidade de relacionar conhecimentos. O processo de globalização de nossa sociedade trouxe, além de mudanças no estilo de vida, muitos avanços no campo da avaliação nutricional. Esses aspectos também serão abordados. Bons estudos! Objetivos, importância e métodos Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Entender o objetivo da avaliação nutricional. • Conhecer os métodos objetivos de avaliação nutricional. • Conhecer os métodos subjetivos de avaliação nutricional. • Assimilar o objetivo de cada método de avaliação nutricional. 7 1. Avaliação nutricional Prezado aluno, neste tema, você estudará sobre os objetivos da avaliação nutricional, sua importância para a tomada de decisão do nutricionista e seus principais métodos. Atualmente, os métodos que temos disponíveis para avaliação nutricional se definem em objetivos e subjetivos. Os métodos objetivos são: antropometria, composição corpórea, parâmetros bioquímicos e consumo alimentar. Os subjetivos são: exame físico e avaliação subjetiva global. Você perceberá que podemos utilizar vários métodos a fim de obter a melhor avaliação e cuidado nutricional ao paciente. A avaliação do estado nutricional, do indivíduo e das populações, tem como objetivo identificar os distúrbios nutricionais, de tal modo que seja possível a intervenção adequada para a manutenção da saúde do indivíduo ou/e sua recuperação, segundo Kamimura et al. (2005, p.89). Ao receber um paciente, no consultório, é necessário iniciar a anamnese a partir de uma ficha de recepção que contenha espaços para preenchimento de dados pessoais, socioeconômicos, antecedentes familiares e antecedentes pessoais, a fim de que haja uma visão mais ampla do indivíduo e, posteriormente, neste prontuário, devem ser inserido os dados coletados na avaliação nutricional, como a antropometria, composição corpórea, dados bioquímicos e consumo alimentar, com espaço para informações do exame físico e avaliação subjetiva global. 1.1 Antropometria 1.1.1 Índice de Massa Corpórea O Índice de Massa Corporal (IMC) é muito utilizado na prática clínica e é calculado partir da fórmula: peso(kg)/ altura(m)2. 8 Tabela 1 – Classificação do IMC IMC (kg/m2) Classificação < 16 Magreza grau III. 16 a 16,9 Magreza grau II. 17 a 18,4 Magreza grau I. 18,5 a 24,9 Eutrofia. 25 a 29,9 Pré-obeso. 30 a 34,9 Obesidade grau I. 35 a 39,9 Obesidade grau II. ≥40 Obesidade grau III. Fonte: adaptado de OMS (1997). A adequação do peso é definida como o percentual ao que seria o adequado e fica melhor elucidada pela fórmula: adequação do peso (%) = (peso atual X 100)/ peso ideal. Sobre o peso, devemos considerar como atual o apresentado no ato da medida, o peso usual como o peso apresentado usualmente pelo indivíduo e peso ideal com o peso que o indivíduo almeja alcançar, segundo Kamimura et al. (2005). A tabela 2, mostra a classificação do estado nutricional de acordo com a adequação do peso. Tabela 2 – Classificação do percentual de adequação do peso Adequação do peso (%) Estado nutricional ≤ 70 Desnutrição grave. 70,1 a 80 Desnutrição moderada. 80,1 a 90 Desnutrição leve. 90,1 a 110 Eutrofia. 110,1 a 120 Sobrepeso. ≥120 Obesidade. Fonte: Blackburn e Thornton (1979, apud CUPPARI, 2005, [s.p.]). O peso ajustado pode ser definido como o peso ideal corrigido. É obtido pela equação: peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 025 + peso atual. 9 O peso ideal para amputados deve considerar a perda do membro específico de cada caso. Desse modo, se corrige o peso ideal subtraindo o peso da extremidade amputada. Devem ser considerados os percentuais correspondentes a cada parte do corpo, para o pé amputado, por exemplo, serão subtraídos 1,5% do peso, segundo Osterkamp (1995). A estimativa de peso poderá ser realizada conforme o proposto por Chumlea (1985), por meio da equação descrita a frente, em que: CP (Circunferência de panturrilha), AJ (Altura do joelho), CB (Circunferência do braço), PCSE(Prega Cutânea Subescapular): Homem = [(0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x PCSE) – 81,6] Mulher = [(1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x PCSE) – 62,35] A redução do peso de maneira involuntária é dado fundamental para avaliar o estado de saúde e evolução de algumas patologias, segundo Kamimura et al. (2005), define-se pela fórmula: Perda de peso (%) = [(Peso usual – peso atual) x 100]/ peso usual. A porcentagem obtida expõe o percentual de peso reduzido em determinado tempo e deve ser avaliado conforme a tabela abaixo. Tabela 3 – Percentual de redução ponderal em relação ao tempo Tempo Perda significativa de peso Perda grave de peso (%) 1 semana 1 a 2 > 2 1 mês 5 > 5 3 meses 7,5 > 7,5 6 meses 10 > 10 Fonte: Blackburn e Bristrian (1977 apud CUPPARI, 2005, [s.p.]). 10 1.1.2 Estatura É a medida realizada com o indivíduo em pé, com o uso do estadiômetro ou antropômetro. Em casos em que a aferição da altura não pode ser realizada convencionalmente, então devemos aferir a estatura a partir de medidas da altura do joelho ou extensão dos braços, segundo Cuppari (2005). A extensão dos braços poderá representar a altura quando aferida com fita métrica flexível a distância da ponta do dedo médio de um braço ao outro, estando os braços erguidos formando um ângulo de 90º, de acordo com Cuppari (2005). A altura do joelho é aferida no joelho esquerdo, com uso da mesma régua que se utiliza para verificar estatura de crianças. O joelho deverá formar um ângulo de 90º, e a medida é o comprimento entre o calcanhar e a superfície anterior da perna na altura do joelho. Para o cálculo de altura do joelho, são utilizadas as fórmulas: Homem = [64,19–(0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho em cm)] Mulher = [84,88–(0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho em cm)] 1.1.3 Circunferência do braço Essa medida avalia o tecido adiposo e muscular. Para aferi-la, o indivíduo deverá estar preferencialmente de pé, com o braço relaxado para baixo ajustado ao corpo, com a palma da mão voltada para a coxa. Deve ser localizado o ponto médio entre o acrômio e o olecrano, segundo Cuppari (2005). Nesse ponto, será passada a fita métrica flexível de modo a obter o valor da circunferência. O resultado da circunferência do braço (CB) deverá ser comparado aos valores de referência para homens e mulheres, demonstrado em 11 percentis por Frisancho (1981), e poderá ser visualizado nos anexos I e II. É necessário considerar que os valores ideais são os mais próximos ao percentil 50. A adequação da CB é um cálculo que objetiva mostrar o quanto a circunferência obtida se encontra ajustada ao esperado. Adequação da CB (%) = (CB obtida (cm) / CB percentil 50) x 100. Por fim, o estado nutricional é calculado de acordo com a tabela abaixo. Tabela 4 – Estado nutricional conforme a circunferência do braço Desnutrição grave Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia Sobrepeso Obesidade CB <70% 70 a 80% 80 a 90% 90 a 110% 110 a 120% >120% Fonte: Blackburn e Thorrnton (1979, apud Cuppari, 2005, [s.p.]). 1.1.4 Circunferência muscular do braço A circunferência muscular do braço (CMB) reflete o tecido muscular do braço e pode ser obtida pela equação: CMB (cm) = CB (cm) – π x [PCT (mm) ÷ 10] Após obter a CMB, deve-se calcular sua adequação, pela seguinte fórmula: Adequação da CMB (%) = [CMB obtida (cm)/ CMB percentil 50] x 100 Os valores de percentil 50 serão encontrados nos anexos III e IV. O estado nutricional dever ser avaliado conforme a tabela 5. 12 Tabela 5 – Estado nutricional conforme a circunferência muscular do braço Desnutrição grave Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia CMB <70% 70 a 80% 80 a 90% 90% Fonte: Blackburn e Thornton (1979, apud Cuppari, 2005, [s.p.]). 1.1.5 Área muscular do braço corrigida A área muscular do braço corrigida permite avaliar melhor as mudanças do tecido muscular, segundo Cuppari (2005). É obtida pelas seguintes fórmulas: Homem: ÷ 10}2 / 4 ] – 10 Mulher: ÷ 10}2 / 4 ] – 6,5 Após obter a área muscular do braço corrigida, deverá ser verificado o valor obtido com os valores de referência propostos por Frisancho (1981), em percentil, (Anexo V e VI). Tabela 6 – Estado nutricional conforme a área muscular do braço corrigida Normal Desnutrição leve Desnutrição grave AMBc Percentil > 15 Percentil entre 5 e 15 Percentil < 5 Fonte: Blackburn e Thornton (1979, apud Cuppari, 2005, [s.p.]). 1.1.6 Pregas cutâneas A distribuição de gordura é variável nas áreas do corpo, desse modo, a aferição em quatro áreas distintas expõem melhor a gordura corporal como um todo, são aferidas as pregas cutâneas tricipital, bicipital, 13 subescapular e supra-ilíaca, justamente por referirem locais de acúmulo de massa gorda. O método desenvolvido por Durnin e Womersley, em 1974, segundo Duarte et al. (2007), considera que as pregas cutâneas compõem uma equação preditiva da gordura corporal, em que a soma das quatro pregas cutâneas resulta na porcentagem de gordura, verifique a tabela do anexo VII. Tabela 7 – Técnicas de medição das pregas cutâneas Pregas cutâneas Técnicas de medição Tricipital No mesmo ponto médio utilizado para a circunferência do braço, separar levemente a prega do braço não dominante, desprendendo-a do tecido muscular, e aplicar o calibrador formando um ângulo reto. O braço deverá estar relaxado e solto do lado do corpo. Bicipital Com a palma da mão voltada para fora, marcar o local da medida 1cm acima do local marcado para a prega tricipital. Segurar a prega verticalmente e aplicar o calibrador no local marcado. Subescapular Marcar o local logo abaixo do ângulo inferior da escápula. A pele é levantada 1cm abaixo do ângulo inferior da escápula, de tal forma que se possa observar um ângulo de 45º entre esta e a coluna vertebral. O calibrador deverá ser aplicado estando o indivíduo com os braços e ombros relaxados. Supra-ilíaca A prega deverá ser formada na linha média axilar, com o dedo indicador logo acima da crista ilíaca, na posição diagonal, ou seja, seguindo a linha de clivagem natural da pele no lado direito do indivíduo. Fonte: Lohamn et al. (1991). 14 1.1.7 Circunferência da cintura Conforme a OMS (1997), a circunferência da cintura é fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV) e, por ser de fácil execução, é muito utilizada. Os pontos de corte estão descritos na tabela 7. A técnica requer muita cautela, devendo o paciente estar de pé e no momento da expiração do indivíduo. A medida deverá ser realizada por fita métrica não extensível, no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, devendo a fita circundar toda a cintura. Tabela 8 – Circunferência de cintura e o risco de complicações metabólicas em caucasianos Risco de complicações metabólicas associadas à obesidade Elevado Muito elevado Homem ≥ 94 cm ≥ 102 cm Mulher ≥ 80 cm ≥ 88 cm Fonte: OMS (1998). 1.1.8 Relação cintura-quadril Outrora muito utilizada na prática ambulatorial, a relação cintura-quadril (RCQ), também é um preditor de fator de risco das DCV; é aferida pela divisão do valor obtido da circunferência da cintura pela circunferência do quadril. A circunferência do quadril será obtida com a aferição, por fita, da região de maior proeminência das nádegas, devendo a fita circundar todo o quadril. Na RCQ, valores acima de 1 para homens e acima de 0,85 para mulheres, indicam risco para doenças cardiovasculares, porém, em casos de 15 elevado IMC, este método poderá ser limitado e não será aconselhado, segundo Cuppari (2005). 1.2 Composição corporal A avaliação da composição corporal permite conhecer os percentuais de massa muscular e massa gorda do paciente. Para conhecer esta composição, vários métodos poderão ser utilizados, inclusive as pregas cutâneas e a antropometria, explanadas anteriormente. Conhecendo os percentuais de gordura corporal, pode ser verificado se o paciente apresenta risco tanto para complicações,como desnutrição, quanto para doenças associadas a obesidade. Tabela 9 – Valores de referência para percentuais de gordura corporal Gordura corpórea (%) Homens Mulheres Risco de doenças e distúrbios associados à desnutrição ≤ 5 ≤ 8 Abaixo da média 6 a 14 9 a 22 Média 15 23 Acima da média 16 a 24 24 a 31 Risco de doenças associadas à obesidade ≥ 25 ≥ 32 Fonte: Lohaman et al. (1991). Outro método interessante para avaliar a composição corporal é a bioimpedância, muito utilizado na prática clínica e se baseia na condutividade de corrente elétrica de baixa intensidade, que, ao passar pelos tecidos, expõe sua condutância, obtendo valores que serão utilizados nos cálculos do percentual corporal de água, massa magra e gordura. 16 Para sua realização, é necessária atenção quanto a fatores que poderão interferir nos resultados, como período menstrual, desidratação, retenção hídrica, utilização de diuréticos, ingesta hídrica e alimentar, segundo Cuppari (2005). 1.3 Parâmetros bioquímicos Para avaliação nutricional, utilizamos também parâmetros bioquímicos obtidos por exames sanguíneos, que apresentam dosagens e marcadores do paciente e expõem as carências nutricionais manifestas ou subclínicas que o paciente possa apresentar. Dentre os parâmetros bioquímicos mais utilizados, estão a avaliação das proteínas plasmáticas, sendo que as principais avaliadas são a albumina, a tranferrina, pré-albumina e a proteína transportadora de retinol. Quando essas proteínas se apresentam em baixas concentrações séricas há indicativo de desnutrição protéico-energética, de acordo com Cuppari (2005). As dosagens séricas poderão expor o estado nutricional do paciente. Esse dado, somado a outros métodos, contribui para o sucesso no diagnóstico nutricional. Algumas das dosagens mais solicitadas pelo nutricionista, e que norteiam a decisão clínica nutricional, incluem a dosagem sérica de vitamina D, A, E, K, C, B12 (cianocobalamina), zinco, ferro, magnésio e fósforo, potássio, cálcio, entre outros. 1.3.1 Glicose plasmática Outro marcador bioquímico muito utilizado para avaliação nutricional é o valor de glicose plasmática, que inferem o padrão alimentar do indivíduo, como o controle do diabetes, nos casos de patologia já existente. Para complementar o diagnóstico, o nutricionista poderá solicitar também a hemoglobina glicada, que refletirá os níveis de glicose sérica dos últimos três meses. 17 A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) se relaciona ao diabetes mellitus do tipo 2, segundo Silva (2006). Por isso, mulheres merecem especial atenção quanto a este marcador bioquímico. Tabela 10 – Valores de glicose plasmática para diagnóstico de diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos Categoria Jejum 2h após 75g de glicose Casual Glicemia normal <110 <140 - Tolerância à glicose diminuída ≥110 a <126 ≥140 a <200 - Diabetes ≥126 ≥200 ≥ 200 Fonte: adaptada de Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 2004. 1.3.2 Dislipidemias Os níveis de lipídeos séricos (colesterol total, suas frações e triglicerídeos) inferem o padrão alimentar do indivíduo, e se relacionam a doenças crônicas não transmissíveis, como síndrome metabólica, acidente vascular encefálico e formação de placas de ateroma, além de ser fator de risco para o desenvolvimento das DCV. Figura 1 – Formação da placa de ateroma Fonte: 7activestudio/ iStock.com. https://www.istockphoto.com/br/portfolio/7activestudio?mediatype=photography 18 Tabela 11 –Classificação das dislipidemias Classificação Característica Hipercolesterolemia isolada. Elevação isolada do LDL (LDL) ≥ 160mg/dL. HLD baixo. Redução do HDL (Homens <40 mg/ dL, mulheres <50 mg/dL), isolada ou em associação com aumento de LDL ou de TG. Hipertrigliceridemia isolada. Elevação isolada de TG (TG≥150mg/dL). Hiperlipidemia mista. Valores aumentados tanto de LDL como de TG (LDL≥160mg/dL + TG≥150mg/dL). Fonte: adaptado da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Departamento de Aterosclerose, 2007. 1.3.3 Hemograma completo Um dos exames mais utilizados para avaliar o adulto é o hemograma. A partir dele, se obtém os valores de hematócrito, hemoglobina, volume corpuscular médio e concentração média de hemoglobina. Nos casos de anemia ferropriva, os valores de volume corpuscular médio e concentração média de hemoglobina, se encontrarão baixos. É importante estar atento a este exame quando em atendimento de mulheres em idade fértil, pois são grupo de maior vulnerabilidade para esta patologia, segundo Vitolo (2008, p. 388). 1.4 Inquéritos alimentares Abordaremos sobre os métodos mais utilizados na rotina ambulatorial, a saber: recordatório 24h, questionário de frequência de consumo alimentar, história dietética e registro alimentar estimado e registro alimentar pesado. 19 1.4.1 Recordatório alimentar de 24h O recordatório de 24h permite ao nutricionista conhecer os alimentos consumidos nas últimas vinte e quatro horas pelo paciente, que descreve as quantidades. Este método apresenta a vantagem de ser de baixo custo e fácil de ser realizado. Além disso, é possível calcular o valor energético total da dieta. No entanto, sua coleta deve ser realizada de forma cuidadosa, a fim de evitar indução de respostas por parte do nutricionista ao paciente. 1.4.2 Questionário de frequência de consumo alimentar O questionário de frequência de consumo alimentar permite ao paciente descrever a qualidade de sua dieta. Os alimentos serão descritos como consumidos diariamente, semanalmente, mensalmente, raramente ou nunca. Suas vantagens são o baixo custo de aplicação e a possibilidade de gerar resultados padronizados. Dentre as desvantagens, cita-se o fato de que há possibilidade de que nem todos os alimentos ingeridos pelo paciente estejam na lista elaborada pelo profissional nutricionista. 1.4.3 História dietética A história dietética, permite ao nutricionista conhecer o que usualmente o indivíduo consome, conhecendo, assim, suas preferências ou aversões alimentares. Se assemelha ao recordatório 24 e ao questionário de frequência de consumo alimentar. É um método muito adequado para quando se deseja o conhecimento da ingestão alimentar usual do paciente. 20 1.4.4 Registro alimentar estimado e pesado O registro alimentar estimado, requer que o indivíduo faça o registro de todos os alimentos consumidos em medida caseira, no período que pode chegar até uma semana e é preferível que as anotações ocorram em dias que incluam um dia do final de semana, justamente porque, habitualmente, é o período em que ocorrem os maiores erros alimentares. Posteriormente, na pose do nutricionista, essas quantidades são convertidas em gramas. Nessa avaliação, podem ser conhecidos os tipos de alimentos e preparações bem com os horários das refeições. A desvantagem é que o paciente poderá manipular seu padrão alimentar durante o período de avaliação. Diferente do registro alimentar estimado, no registro alimentar pesado os alimentos serão pesados em balança, e não serão conhecidos somente nos valores de medida caseira. Ambos exigem que o indivíduo saiba ler e que apresente disponibilidade e colaboração para o registro das informações. PARA SABER MAIS No Brasil, com o crescente número de nutricionistas no mercado de trabalho e a demanda por programas que auxiliem o manejo da avaliação nutricional, tem surgido maior número de softwares de composição de alimentos, cálculos de percentuais de gordura, cálculos de necessidade energética diária etc. Com o auxílio da tecnologia ficou mais prático o trabalho do nutricionista, pois agora essas ferramentas conseguem executar parte do trabalho técnico e auxiliam de maneira efetiva o profissional. 21 1.5 Exame físico O exame físico tem por objetivo avaliar sinais e sintomas indicativos da desnutrição, excessos ou deficiências de micronutrientes. São indicativos de Kwashiokor, o cabelo com perda de brilho, o paciente com edema e/ou hepatoesplenomegalia, e alterações psicomotoras,segundo Mclaren (1976). Se o paciente referir cegueira noturna poderá ser indicativo de baixa das reservas de vitamina A. Na boca, deverão ser avaliadas a presença de língua magenta ou estomatite angular que reflete a possível deficiência de riboflavina. O aumento da glândula da tireoide poderá indicar a ocorrência de deficiência de Iodo, ao exame físico. Se no ato da consulta for verificado que as unhas do paciente se encontram quebradiças, significa que poderá apresentar deficiência de ferro, assim como quando a pele se apresentar amarelada. A fraqueza do músculo respiratório poderá indicar a deficiência de proteína. A deficiência de vitamina B12 se relaciona a casos em que o paciente apresenta casos de demência e fraqueza motora, segundo Waitzberg (2001). O relato de taquicardia se relacionar a ausência de tiamina. ASSIMILE Quando o paciente apresenta desnutrição proteico, calórica, ou de micronutrientes, o sistema nervoso central (SNC) também apresentará sinais, dentre os quais, segundo Mclaren (1976): alterações psicomotoras; perda do senso de posição; perda da capacidade de contração 22 do punho; parestesia; demência; neuropatia periférica; e desorientação aguda. Na própria consulta, o nutricionista poderá verificar tais sinais, muitas vezes, sem a necessidade do relato do paciente. Com as alterações psicomotoras, o paciente poderá inclusive ser incapaz de auxiliar efetivamente na investigação dos inquéritos alimentares, e o nutricionista deverá então preferir por confiar nos outros recursos da avaliação nutricional e tratar prioritariamente as deficiências de nutrientes que estão acometendo SNC do paciente. 1.6 Avaliação Subjetiva Global A Avaliação Global Subjetiva Global (ASG) se baseia em avaliar a história clínica do paciente, ingestão dietética e exame físico, segundo Cuppari (2005). É mais utilizada no meio hospitalar, conhecida por ser uma ferramenta de baixo custo, simples aplicação, boa reprodutibilidade e com capacidade de ter seus resultados correlacionados a desnutrição, de acordo com Waitzberg (2001). Com a avaliação subjetiva global, as perguntas realizadas recebem uma pontuação, que varia de zero a três. Ao final, sua pontuação é interpretada pela tabela exposta abaixo. São investigados os hábitos alimentares do paciente nos últimos meses, alterações de peso, de composição corporal e presença de edema. Verifique o anexo VIII a respeito. Para auxiliar no preenchimento da ASG, é necessário calcular o percentual de peso. 23 Tabela 12 – Interpretação da ASG com base na pontuação total da ASG Pontuação Estado nutricional < 17 pontos Bem nutrido. 17≤ pontos ≤ 22 cm Desnutrido leve ou moderado. > 22 pontos Gravemente desnutrido. Fonte: adaptado de Detsky et al. (1984 apud MIRANDA; CASTELLANI; OUTEIRAL, 2007, p. 34). Frente aos métodos objetivos e subjetivos de avaliação nutricional aprendidos, devemos considerar que o paciente depende diretamente de uma adequada avaliação para que haja uma efetiva intervenção nutricional e, assim, obtenha o objetivo esperado. TEORIA EM PRÁTICA Reflita sobre a seguinte situação: você está trabalhando em um ambulatório e recebe uma paciente, estudante, 26 anos, que se apresenta no consultório encaminhada pelo endocrinologista, referindo boca seca e unhas quebradiças, com histórico familiar de infarto agudo do miocárdio e histórico pessoal de síndrome do ovário policístico. Quais seriam os melhores métodos de avaliação nutricional para aplicar na consulta com essa paciente? 24 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas: A avaliação do estado nutricional do indivíduo e das __________ tem como objetivo __________, de tal modo que seja possível a intervenção adequada para a manutenção da saúde do indivíduo ou/e sua __________. a. Populações; identificar os distúrbios nutricionais; recuperação. b. Populações; recuperação; identificar os distúrbios nutricionais. c. Recuperação; identificar os distúrbios nutricionais; populações. d. Recuperação; populações; identificar os distúrbios nutricionais. e. Identificar os distúrbios nutricionais; recuperação; populações. 2. Para a avaliação e detecção da anemia ferropriva, frequentemente, é solicitado o hemograma. Nos casos de anemia ferropriva, quais os parâmetros que estarão alterados no hemograma? a. Volume corpuscular médio estará alto. b. Concentração média de hemoglobina estará alta. c. Hematócrito estará alto. d. Ferro plasmático estará alto. e. Volume corpuscular médio estará baixo. 25 3. Na relação cintura quadril, acima de quais valores há risco para doenças cardiovasculares? a. Acima de 1 para homens e acima de 0,82 para mulheres. b. Acima de 1 para homens e acima de 0,83 para mulheres. c. Acima de 2 para homens e acima de 0,85 para mulheres. d. Acima de 1 para homens e acima de 0,85 para mulheres. e. Acima de 1 para homens e acima de 0,86 para mulheres. Referências Bibliográficas BLACKBURN, G. L.; BISTRIAN, B. R. Nutritional and metabolic assessment of the hospitalized patients. JPEN. 1977. BLACKBURN, G. L.; THORRNTON, P.A. Nutritional assessment of the hospitalized patients. Med.Clin. North Am. 1979. CHUMLEA, W.C.; ROCHE, A.F.; MUKHERJEE, D. Nutritional assessment of the elderly through anthropometry. Ross Laboratories. 1987. CUPPARI, Lilian. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. 2ª Edição. São Paulo: Manole, 2005. CUPPARI, Lilian. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 2. ed. São Paulo: Manole, 2005. DETSKY, A. S. et al. 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Sociedade Brasileira de Diabetes, 2004. VITOLO, Márcia Regina. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de janeiro: Ed. Rubio, 2008. WAITZBERG, Dan L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2001. Gabarito Questão 1 – Resposta: A. Resolução: A avaliação do estado nutricional do indivíduo e das populações tem como objetivo identificar os distúrbios nutricionais, de tal modo que seja possível a intervenção27 adequada para a manutenção da saúde do indivíduo ou/e sua recuperação. Feedback de reforço: Retome os estudos e tente novamente. Questão 2 – Resposta: E. Resolução: Volume corpuscular médio estará baixo. Nos casos de anemia ferropriva os valores de volume corpuscular médio e concentração média de hemoglobina, se encontrarão baixos. Feedback de reforço: Retome os estudos e tente novamente. Questão 3 – Resposta: D. Resolução: Acima de 1 para homens e de 0,85 para mulheres. Os valores, da relação cintura quadril, são recomendados pelo Ministério da Saúde e indicam risco para doenças cardiovasculares. Feedback de reforço: Retome os estudos e tente novamente. 28 Anexos ANEXO I - Percentis da circunferência do braço (cm) para homens Idade (anos) Percentil 5 10 15 25 50 75 85 90 95 Homens 1,0-1,9 14,2 14,7 14,9 15,2 16,0 16,9 17,4 17,7 18,2 2,0-2,9 14,3 14,8 15,1 15,5 16,3 17,1 17,6 17,9 18,6 3,0-3,9 15,0 15,3 15,5 16,0 16,8 17,6 18,1 18,4 19,0 4,0-4,9 15,1 15,5 15,8 16,2 17,1 18,0 18,5 18,7 19,3 5,0-5,9 15,5 16,0 16,1 16,6 17,5 18,5 19,1 19,5 20,5 6,0-6,9 15,8 16,1 16,5 17,0 18,0 19,1 19,8 20,7 22,8 7,0-7,9 16,1 16,8 17,0 17,6 18,7 20,0 21,0 21,8 22,9 8,0-8,9 16,5 17,2 17,5 18,1 19,2 20,5 21,6 22,6 24,0 9,0-9,9 17,5 18,0 18,4 19,0 20,1 21,8 23,2 24,5 26,0 10,0-10,9 18,1 18,6 19,1 19,7 21,1 23,1 24,8 26,0 27,9 10,0-10,9 18,1 18,6 19,1 19,7 21,1 23,1 24,8 26,0 27,9 11,0-11,9 18,5 19,3 19,8 20,6 22,1 24,5 26,1 27,6 29,4 12,0-12,9 19,3 20,1 20,7 21,5 23,1 25,4 27,1 28,5 30,3 13,0-13,9 20,0 20,8 21,6 22,5 24,5 26,6 28,2 29,0 30,8 14,0-14,9 21,6 22,5 23,2 23,8 25,7 28,1 29,1 30,0 32,3 15,0-15,9 22,5 23,4 24,0 25,1 27,2 29,0 30,3 31,2 32,7 16,0-16,9 24,1 25,0 25,7 26,7 28,3 30,6 32,1 32,7 34,7 17,0-17,9 24,3 25,1 25,9 26,8 28,6 30,8 32,2 33,3 34,7 18,0-24,9 26,0 27,1 27,7 28,7 30,7 33,0 34,4 35,4 37,2 25,0-29,9 27,0 28,0 28,7 29,8 31,8 34,2 35,5 36,6 38,3 30,0-34,9 27,7 28,7 29,3 30,5 32,5 34,9 35,9 36,7 38,2 35,0-39,9 27,4 28,6 29,5 30,7 32,9 35,1 36,2 36,9 38,2 40,0-44,9 27,8 28,9 29,7 31,0 32,8 34,9 36,1 36,9 38,1 45,0-49,9 27,2 28,6 29,4 30,6 32,6 34,9 36,1 36,9 38,2 50,0-54,9 27,1 28,3 29,1 30,2 32,3 34,5 35,8 36,8 38,3 55,0-59,9 26,8 28,1 29,2 30,4 32,3 34,3 35,5 36,6 37,8 60,0-64,9 26,6 27,8 28,6 29,7 32,0 34,0 35,1 36,0 37,5 65,0-69,9 25,4 26,7 27,7 29,0 31,1 33,2 34,5 35,3 36,6 70,0-74,9 25,1 26,2 27,1 28,5 30,7 32,6 33,7 34,8 36,0 Fonte: Frisancho (1990 apud KAMIMURA et al., 2014, p. 139). 29 ANEXO II - Percentis da circunferência do braço (cm) para mulheres Idade (anos) Percentil 5 10 15 25 50 75 85 90 95 Mulheres 1,0-1,9 13,6 14,1 14,4 14,8 15,7 16,4 17,0 17,2 17,8 2,0-2,9 14,2 14,6 15,0 15,4 16,1 17,0 17,4 18,0 18,5 3,0-3,9 14,4 15,0 15,2 15,7 16,6 17,4 18,0 18,4 19,0 4,0-4,9 14,8 15,3 15,7 16,1 17,0 18,0 18,5 19,0 19,5 5,0-5,9 15,2 15,7 16,1 16,5 17,5 18,5 19,4 20,0 21,0 6,0-6,9 15,7 16, 2 16,5 17,0 17,8 19,0 19,9 20,5 22,0 7,0-7,9 16,4 16,7 17,0 17,5 18,6 20,1 20,9 21,6 23,3 8,0-8,9 16,7 17,2 17,6 18,2 19,5 21,2 22,2 23,2 25,1 9,0-9,9 17,6 18,1 18,6 19,1 20,6 22,2 23,8 25,0 26,7 10,0-10,9 17,8 18,4 18,9 19,5 21,2 23,4 25,0 26,1 27,3 11,0-11,9 18,8 19,6 20,0 20,6 22,2 25,1 26,5 27,9 30,0 12,0-12,9 19, 2 20,0 20,5 21,5 23,7 25,8 27,6 28,3 30,2 13,0-13,9 20,1 21,0 21,5 22,5 24,3 26,7 28,3 30,1 32,7 14,0-14,9 21,2 21,8 22,5 23,5 25,1 27,4 29,5 30,9 32,9 15,0-15,9 21,6 22,2 22,9 23,5 25,2 27,7 28,8 30,0 32,2 16,0-16,9 22,3 23,2 23,5 24,4 26,1 28,5 29,9 31,6 33,5 17,0-17,9 22,0 23,1 23,6 24,5 26,6 29,0 30,7 32,8 35,4 18,0-24,9 22,4 23,3 24,0 24,8 26,8 29,2 31,2 32,4 35,2 25,0-29,9 23,1 24,0 24,5 25,5 27,6 30,6 32,5 34,3 37,1 30,0-34,9 23,8 24,7 25,4 26,4 28,6 32,0 34,1 36,0 38,5 35,0-39,9 24,1 25,2 25,8 26,8 29,4 32,6 35,0 36,8 39,0 40,0-44,9 24,3 25,4 26,2 27,2 29,7 33,2 35,5 37,2 38,8 45,0-49,9 24,2 25,5 26,3 27,4 30,1 33,5 35,6 37,2 40,0 50,0-54,9 24,8 26,0 26,8 28,0 30,6 33,8 35,9 37,5 39,3 55,0-59,9 24,8 26,1 27,0 28,2 30,9 34,3 36,7 38,0 40,0 60,0-64,9 25,0 26,1 27,1 28,4 30,8 34,0 35,7 37,3 39,6 65,0-69,9 24,3 25,7 26,7 28,0 30,5 33,4 35,2 36,5 38,5 70,0-74,9 23,8 25,3 26,3 27,6 30,3 33,1 34,7 35,8 37,5 Fonte: Frisancho (1990 apud KAMIMURA et al., 2014, p. 139). 30 ANEXO III - Percentis da circunferência muscular do braço (cm) para homens Idade (anos) Percentil 5 10 25 50 75 90 95 Homens 1,0-1,9 11,0 11,3 11,9 12,7 13,5 14,4 14,7 2,0-2,9 11,1 11,4 12,2 13,0 14,0 14,6 15,0 3,0-3,9 11,7 12,3 13,1 13,7 14,3 14,8 15,3 4,0-4,9 12,3 12,6 13,3 14,1 14,8 15,6 15,9 5,0-5,9 12,8 13,3 14,0 14,7 15,4 16,2 16,9 6,0-6,9 13,1 13,5 14,2 15,1 16,1 17,0 17,7 7,0-7,9 13,7 13,9 15,1 16,0 16,8 17,7 18,0 8,0-8,9 14,0 14,5 15,4 16,2 17,0 18,2 18,7 9,0-9,9 15,1 15,4 16,1 17,0 18,3 19,6 20,2 10,0-10,9 15,6 16,0 16,6 18,0 19,1 20,9 22,1 11,0-11,9 15,9 16,5 17,3 18,3 19,5 20,5 23,0 12,0-12,9 16,7 17,1 18,2 19,5 21,0 22,3 24,1 13,0-13,9 17,2 17,9 19,6 21,1 22,6 23,8 24,5 14,0-14,9 18,9 19,9 21,2 22,3 24,0 26,0 26,4 15,0-15,9 19,9 20,4 21,8 23,7 25,4 26,6 27,2 16,0-16,9 21,3 22,5 23,4 24,9 26,9 28,7 29,6 17,0-17,9 22,4 23,1 24,5 25,8 27,3 29,4 31,2 18,0-18,9 22,6 23,7 25,2 26,4 28,3 29,8 32,4 19,0-24,9 23,8 24,5 25,7 27,3 28,9 30,9 32,1 25,0-34,9 24,3 25,0 26,4 27,9 29,8 31,4 32,6 35,0-44,9 24,7 25,5 26,9 28,6 30,2 31,8 32,7 45,0-54,9 23,9 24,9 26,5 28,1 30,0 31,5 32,6 55,0-64,9 23,6 24,5 26,0 27,8 29,5 31,0 32,0 65,0-74,9 22,3 23,5 25,1 26,8 28,4 29,8 30,6 Fonte: Frisancho (1981 apud KAMIMURA et al., 2014, p. 140). 31 ANEXO IV - Percentis da circunferência muscular do braço (cm) para mulheres Idade (anos) Percentil 5 10 25 50 75 90 95 Mulheres 1,0-1,9 10.5 11,1 11,7 12,4 13,2 13,9 14,3 2,0-2,9 11.1 11,4 11,9 12,6 13,3 14,2 14,7 3,0-3,9 11.3 11,9 12,4 13,2 14,0 14,6 15,2 4,0-4,9 11.5 12,1 12,8 13,6 14,4 15,2 15,7 5,0-5,9 12.5 12,8 13.4 14,2 15,1 15,9 16,5 6,0-6,9 13.0 13,3 13,8 14,5 15,4 16,6 17,1 7,0-7,9 12.9 13,5 14.2 15,1 16,0 17,1 17,6 8,0-8,9 13.8 14,0 15.1 16.0 17,1 18,3 19,4 9,0-9,9 14.7 15,0 15,8 16,7 18,0 19,4 19,8 10,0-10,9 14.8 15,0 15,9 17.0 18, 0 19,0 19,7 11,0-11,9 15.0 15,8 17,1 18.1 19.6 21,7 22,3 12,0-12,9 16.2 16,6 18,0 19.1 20.1 21,4 22,0 13,0-13,9 16.9 17,5 18,3 19,8 21.1 22,6 24,0 14,0-14,9 17.4 17,9 19,0 20,1 21,6 23,2 24,7 15,0-15,9 17.5 17,8 18,9 20,2 21.5 22,8 24,4 16,0-16,9 17.0 18,0 19,0 20,2 21,6 23,4 24,9 17,0-17,9 17.5 18,3 19,4 20,5 22.1 23,9 25,7 18,0-18,9 17.4 17,9 19.5 20,2 21,5 23,7 24,5 19,0-24,9 17.9 18,5 19.5 20,7 22,1 23,6 24,9 25,0-34,9 18.3 18,8 19,9 21,2 22,8 24,6 26,4 35,0-44,9 18.6 19,2 20.5 21,8 23,6 25,7 27,2 45,0-54,9 18.7 19,3 20,6 22,0 23,8 26,0 27,4 55,0-64,9 18.7 19,6 20,9 22,5 24,4 26,6 28,0 65,0-74,9 18.5 19,5 20,8 22,5 24,4 26,4 27,9 Fonte: Frisancho (1981 apud KAMIMURA et al., 2014, p. 140). 32 ANEXO V - Percentis da área muscular do braço, corrigida para homens Idade (anos) Percentil 5 10 15 25 50 75 85 90 95 Homens 1,0-1,9 9,7 10,4 10,8 11,6 13,0 14,6 15,4 16,3 17,2 2,0-2,9 10,1 10,9 11,3 12,4 13,9 15,6 16,4 16,9 18,4 3,0-3,9 11,2 12,0 12,6 13,5 15,0 16,4 17,4 18,3 19,5 4,0-4,9 12,0 12,9 13,5 14,5 16,2 17,9 18,8 19,8 20,9 5,0-5,9 13,2 14,2 14,7 15,7 17,6 19,5 20,7 21,7 23,2 6,0-6,9 14,4 15,3 15,8 16,8 18,7 21,3 22,9 23,8 25,7 7,0-7,9 15,1 16,2 17,0 18,5 20,6 22,6 24,5 25,2 28,6 8,0-8,9 16,3 17,8 18,5 19,5 21,6 24,0 25,5 26,6 29,0 9,0-9,9 18,2 19,3 20,3 21,7 23,5 26,7 28,7 30,4 32,9 10,0-10,9 19,6 20,7 21,6 23,0 25,7 29,0 32,2 34,0 37,1 11,0-11,9 21,0 22,0 23,0 24,8 27,7 31,6 33,6 36,1 40,3 12,0-12,9 22,6 24,1 25,3 26,9 30,4 35,9 39,3 40,9 44,9 13,0-13,9 24,5 26,7 28,1 30,4 35,7 41,3 45,3 48,1 52,5 14,0-14,9 28,3 31,3 33,1 36,1 41,9 47,4 51,3 54,0 57,5 15,0-15,9 31,9 34,9 36,9 40, 3 46,3 53,1 56,3 57,7 63,0 16,0-16,937,0 40,9 42,4 45,9 51,9 57,8 63,3 66,2 70,5 17,0-17,9 39,6 42,6 44,8 48,0 53,4 60,4 64,3 67,9 73,1 18,0-24,9 34,2 37,3 39,6 42,7 49,4 57,1 61,8 65,0 72,0 25,0-29,9 36,6 39,9 42,4 46,0 53,0 61,4 66,1 68,9 74,5 30,0-34,9 37,9 40,9 43,4 47,3 54,4 63,2 67,6 70,8 76,1 35,0-39,9 38,5 42,6 44,6 47,9 55,3 64,0 69,1 72,7 77,6 40,0-44,9 38,4 42,1 45,1 48,7 56,0 64,0 68,5 71,6 77,0 45,0-49,9 37,7 41,3 43,7 47,9 55,2 63,3 68,4 72,2 76,2 50,0-54,9 36,0 40,0 42,7 46,6 54,0 62,7 67,0 70,4 77,4 55,0-59,9 36,5 40,8 42,7 46,7 54,3 61,9 66,4 69,6 75,1 60,0-64,9 34,5 38,7 41,2 44,9 52,1 60,0 64,8 67,5 71,6 65,0-69,9 31,4 35,8 38,4 42,3 49,1 57,3 61,2 64,3 69,4 70,0-74,9 29,7 33’ 8 36,1 40,2 47,0 54,6 59,1 62,1 67,3 Fonte: Frisancho (1990 apud KAMIMURA et al., 2014, p. 141). 33 ANEXO VI - Percentis da área muscular do braço, corrigida para mulheres Idade (anos) Percentil 5 10 15 25 50 75 85 90 95 Mulheres 1,0-1,9 8,9 9,7 10,1 10,8 12,3 13,8 14,6 15,3 16,2 2,0-2,9 10,1 10,6 10,9 11,8 13,2 14,7 15,6 16,4 17,3 3,0-3,9 10,8 11,4 11,8 12,6 14,3 15,8 16,7 17,4 18,8 4,0-4,9 11,2 12,2 12,7 13,6 15,3 17,0 18,0 18,6 19,8 5,0-5,9 12,4 13,2 13,9 14,8 16,4 18,3 19,4 20,6 22,1 6,0-6,9 13,5 14,1 14,6 15,6 17,4 19,5 21,0 22,0 24,2 7,0-7,9 14,4 15,2 15,8 16,7 18,9 21,2 22,6 23,9 25,3 8,0-8,9 15,2 16,0 16,8 18,2 20,8 23,2 24,6 26,5 28,0 9,0-9,9 17,0 17,9 18,7 19,8 21,9 25,4 27,2 28,3 31,1 10,0-10,9 17,6 18,5 19,3 20,9 23,8 27,0 29,1 31,0 33,1 11,0-11,9 19,5 21,0 21,7 23,2 26,4 30,7 33,5 35,7 39,2 12,0-12,9 20,4 21,8 23,1 25,5 29,0 33,2 36,3 37,8 40,5 13,0-13,9 22,8 24,5 25,4 27,1 30,8 35,3 38,1 39,6 43,7 14,0-14,9 24,0 26,2 27,1 29,0 32,8 36,9 39,8 42,3 47,5 15,0-15,9 24,4 25,8 27,5 29,2 33,0 37,3 40,2 41,7 45,9 16,0-16,9 25,2 26,8 28,2 30,0 33,6 38,0 40,2 43,7 48,3 17,0-17,9 25,9 27,5 28,9 30,7 34,3 39,6 43,4 46,2 50,8 18,0-24,9 19,5 21,5 22,8 24,5 28,3 33,1 36,4 39,0 44,2 25,0-29,9 20,5 21,9 23,1 25,2 29,4 34,9 38,5 41,9 47,8 30,0-34,9 21,1 23,0 24,2 26,3 30,9 36,8 41,2 44,7 51,3 35,0-39,9 21,1 23,4 24,7 27,3 31,8 38,7 43,1 46,1 54,2 40,0-44,9 21,3 23,4 25,5 27,5 32,3 39,8 45,8 49,5 55,8 45,0-49,9 21,6 23,1 24,8 27,4 32,5 39,5 44,7 48,4 56,1 50,0-54,9 22,2 24,6 25,7 28,3 33,4 40,4 46,1 49,6 55,6 55,0-59,9 22,8 24,8 26,5 28,7 34,7 42,3 47,3 52,1 58,8 60,0-64,9 22,4 24,5 26,3 29,2 34,5 41,1 45,6 49,1 55,1 65,0-69,9 21,9 24,5 26,2 28,9 34,6 41,6 46,3 49,6 56,5 70,0-74,9 22,2 24,4 26,0 28,8 34,3 41,8 46,4 49,2 54,6 Fonte: Frisancho (1991 apud KAMIMURA et al., 2014, p. 141). 34 ANEXO VII - Porcentagem estimada de gordura corporal a partir da soma das PCB, PCT, PCSE e PCSI Soma das PCT (mm) Homens Mulheres 16 - 29 30 - 39 40 - 49 >50 16 - 29 30 - 39 40 - 49 >50 15,0 4,8 - - - 10,5 - - - 20,0 8,1 12,2 12,2 12,6 14M1 17,0 19,8 21,4 25,0 10,5 14,2 15,0 15,6 16,8 19,4 22,2 24,0 30,0 12,9 16,2 17,7 18,6 19,5 21,8 24,5 26,6 35,0 14,7 17,7 19,6 20,8 21,5 23,7 26,4 28,5 40,0 16,4 19,2 21,4 22,9 23,4 25,5 28,2 30,3 45,0 17,7 20,4 23,0 24,7 25,0 26,9 29,6 31,9 50,0 19,0 21,5 24,6 26,5 26,5 28,2 31,0 31,4 55,0 20,01 22,5 25,9 27,9 27,8 29,4 32,1 34,6 60,0 21,2 23,5 27,1 29,2 29,1 30,6 33,2 35,7 65,0 22,2 24,3 28,2 30,4 30,2 31,6 34,1 36,7 70,0 23,1 25,1 29,3 31,6 31,2 32,5 35,0 37,7 75,0 24,0 25,9 30,3 32,7 32,2 33,4 35,9 38,7 80,0 24,8 26,6 31,2 33,8 33,1 34,3 36,7 39,6 85,0 25,5 27,2 32,1 34,8 34,0 35,1 37,5 40,4 90,0 26,2 27,8 33,0 35,8 34,8 35,8 38,3 41,2 95,0 26,9 28,4 33,7 36,6 35,6 36,5 39,0 41,9 100,0 27,6 29,0 34,4 37,4 36,4 37,2 39,7 42,6 105,0 28,2 29,6 35,1 38,2 37,1 37,9 40,4 43,3 110,0 28,8 30,1 35,8 39,0 37,8 38,6 41,0 43,9 35 115,0 29,4 30,6 36,4 39,7 38,4 39,1 41,5 44,5 120,0 30,0 31,1 37,0 40,4 39,0 39,6 42,0 45,1 125,0 31,0 31,5 37,6 41,1 39,6 40,1 42,5 45,7 130,0 31,5 31,9 38,2 41,8 40,2 40,6 43,0 46,2 135,0 32,0 32,3 38,7 42,4 40,8 41,1 43,5 46,7 140,0 32,5 32,7 39,2 43,0 41,3 41,6 44,0 47,2 145,0 32,9 33,1 39,7 43,6 41,8 42,1 44,5 47,7 150,0 33,3 33,5 40,2 44,1 42,3 42,6 45,0 48,2 155,0 33,7 33,9 40,7 44,6 42,8 43,1 45,4 48,7 160,0 34,1 343 41,2 45,1 43,3 43,6 45,8 49,2 165,0 34,5 34,6 41,6 45,6 43,7 44,0 46,2 49,6 170,0 34,9 34,8 42,0 46,1 44,1 44,4 46,6 50,0 175,0 35,3 44,8 47,0 50,4 180,0 35,6 45,2 47,4 50,8 185,0 35,9 45,6 47,8 51,2 190,0 45,9 48,2 51,6 195,0 46,2 48,5 52,0 200,0 46,5 48,8 52,0 205,0 49,1 52,7 210,0 49,4 53,0 Fonte: adaptado de Durnin e Womersley (1974 apud DUARTE et al., 2007, p. 182). ANEXO VIII – Ficha de avaliação subjetiva global 36 Fonte: Detsky et al. (1984 apud MIRANDA; CASTELLANI; OUTEIRAL, 2007, p. 34). 37 ANEXO IX – Modelo de ficha simplificada de anamnese nutricional FICHA DE ANAMNESE Data: ___/___/___ Data de nascimento: ___/___/___ Idade: ____ Nº prontuário: _______ Nome:______________________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________________ Cidade:_____________ Telefone para contato: ______________ Ocupação:____________ Estado civil: ______________ Nº de filhos:____________ Nº de pessoas que moram na casa: _______________ Renda familiar mensal: R$________ Já fez alguma cirurgia? ( ) Não ( ) Sim ______________________ Tabagista: ( ) Sim ( ) Não / Etilista: ( ) Sim ( ) Não Hábito intestinal: _________________ Diurese: ___________ Ingestão hídrica __________ Atividade Física: ( ) Sim ( ) Não Qual? _____________________ ( ) Adoçantes ___________ ANTECEDENTES FAMILIARES: ( ) OBESIDADE ( ) DM ( ) DB 2 ( ) HA ( ) RENAL CRÔNICO ( ) DISLIPIDEMIA ( ) CÂNCER Tipo e parentesco____________ ( ) Outros __________________ PATOLOGIAS PESSOAIS: ( ) DM ( ) HA ( ) DISLIPIDEMIA ( ) ANEMIA ( ) RENAL CRÔNICO ( ) GASTRITE ( ) OSTEOPOROSE ( ) Outros ___________________ MOTIVO DA CONSULTA/ OBJETIVOS/ RAZÃO DO ENCAMINHAMENTO ___________________________________________________________________________ ÓLEO: litros/mês SAL: kg/mês AÇÚCAR: kg/mês 38 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DATA ALTURA PESO ATUAL PESO IDEAL PESO USUAL PP IMC PCT PCB PCSE PCSB AMB CMB PGC % CC CQ RCQ DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL ( ) BP < 18.5 ( ) Eutrofia 18.5-24.9 ( ) Sobrepeso 25-30 ( ) Obesidade I 30-35 ( ) Obesidade III 35 - 40 ( ) Obesidade mórbida >40 AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA Parâmetro Data: Data: Resultado Valor de referência Resultado Valor de referên-cia 39 FREQUÊNCIA DE CONSUMO ALIMENTAR ALIMENTO Diário Semanal Mensal Raramente Nunca REFRIGERANTE MACARRÃO INSTANTÂNEO SUCO EM PÓ DOCES FRITURA SALSICHA/ EMBUTIDOS/ ENLATADOS VEGETAIS FRUTAS TEMPERO INDUSTRIALIZADO RECORDATÓRIO ALIMENTAR DE 24H Refeições e horários Alimentos Quantidade 40 Fonte: elaborado pela autora. Inquéritos alimentares Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os inquéritos alimentares mais utilizados atualmente. • Compreender o objetivo de cada inquérito alimentar. • Assimilar as vantagens de cada método. • Assimilar as desvantagens de cada método. • Conhecer os fatores relevantes para aplicação dos inquéritos alimentares. 42 1. Inquéritos alimentares Versamos sobre os inquéritos alimentares, sua importância, os diversos métodos atuais, as vantagens e desvantagens de cada método e como empregá-los na avaliação nutricional. Os métodos de inquéritos alimentares que abordaremos são: recordatório alimentar de 24H; história alimentar; questionário de frequência alimentar; e registros alimentares. A avaliação do consumo alimentar deve, preferivelmente, ser aplicada no primeiro contato com o paciente e se faz necessária a fim de obter bases para a elaboração de planos nutricionais efetivos. Sem o conhecimento da alimentação do paciente, o plano que será proposto pelo nutricionista tem grande chance de ser falível. Além disso, podemos conhecer o consumo alimentar,a fim de calcular e obter a ingestão diária de macro e micronutrientes do paciente e, desse modo, esclarecer a necessidade de ajustar sua alimentação de forma apropriada, bem como mantê-la nos casos de ingestão adequada. Também podemos utilizar dos inquéritos alimentares para investigar as carências nutricionais que o paciente possa apresentar. O melhor método para ser utilizado, a cada paciente, dependerá das condições apresentadas, como estado geral, condição clínica e motivos pelo qual o paciente necessita de orientação nutricional, de acordo com Mara et al. (2005, p.26). Segundo Dwyer (1999), devemos considerar fatores que podem interferir na escolha do método a ser utilizado, dentre eles: o nível socioeconômico do indivíduo; a finalidade da avaliação do consumo alimentar; o tempo e disponibilidade do paciente e se pretende realizar o acompanhamento de determinada doença, ou sua investigação, 43 considerando que as alterações alimentares é um dos primeiros sinais de algumas doenças de cunho nutricional. Temos, atualmente, disponíveis para uso em ambulatórios, os métodos prospectivos, que se referem a coleta de informações atuais e os métodos retrospectivos, referentes a coleta de informações do passado. 1.1 Recordatório alimentar de 24 Horas – R24h É um método amplamente utilizado, em que podemos investigar os alimentos e bebidas consumidos pelo indivíduo nas últimas vinte e quatro horas, ou no dia anterior. Segundo Buzzard (1998), este método pode ser útil quando se deseja conhecer a ingestão média de energia e nutrientes de grupos culturalmente diferentes, pois descreve um amplo número de alimentos e hábitos alimentares. A coleta pode ser realizada pelo próprio paciente, pelo nutricionista, ou por avaliador treinado, no caso de coleta de dados, na T 1 pode ser visto o modelo de R24h. Quadro 1 – Modelo de recordatório alimentar de 24h Refeições Alimentos Quantidades Desjejum. Pão francês. 1 unidade media. Requeijão light. 3 pontas de faca. Leite. 1/2 copo – 100 ml. Café. ½ copo – 100 ml. Iogurte. 1 pote – 90 ml. Banana. 1 unidade media. Fonte: elaborado pela autora. 44 A qualidade das informações depende da cooperação, da memória e da capacidade de comunicação do paciente. Por exemplo, pacientes idosos poderão ter dificuldades para se lembrar da alimentação do dia anterior, bem como crianças. Por vezes, dificuldades na fala ou alguns tipos de deficiências também podem ser fatores limitantes para este tipo de método. A coleta do recordatório de 24h exige que o nutricionista cuide das expressões frente ao paciente, para que este não se sinta coagido ou inibido para expor sua alimentação que pode ser não convencional. Além disso, também é preciso dar atenção ao modo de perguntar para evitar induzir o paciente nas respostas, além de não sugerir medidas, ou inferir informações. Para isso, é necessário paciência, aguardando a fala por parte do entrevistado. Para facilitar a descrição do tamanho das porções consumidas, o entrevistador poderá utilizar utensílios de medida e álbuns de fotografia de alimentos com variados tipos de tamanho de porções e unidades para evitar que o entrevistado superestime ou subestime as quantidades que consome por não saber descrevê-las. A forma de preparação e seus componentes também devem ser investigados, pois se relacionam intrinsecamente com a quantidade de calorias consumidas e sua qualidade. Tabela 1 – Vantagens e desvantagens do recordatório de 24h Vantagens Desvantagens Curto tempo de administração. Depende da memória do entrevistado. O procedimento não altera a ingestão do indivíduo. Depende da capacidade do entrevistador estabelecer canais de comunicação. Recordatórios seriados podem estimar a ingestão habitual. Não estima a ingestão habitual, apenas de 24H. Pode ser utilizado em qualquer faixa etária. Há dificuldades em estimar o tamanho das porções. Pode ser utilizado por analfabetos. Depende da memória do entrevistado. Baixo custo. Fonte: adaptada de Fisberg, Martini e Slater (2005. p.5). 45 PARA SABER MAIS Em 1985, o recordatório de consumo alimentar de 24h foi aplicado, por telefone pela National Health and nutritin Examination Survey (NHANES II), e apresentou como vantagem o fato do entrevistado não se sentir intimidado em suas respostas por não estar olhando para o entrevistador, de acordo com Fisberg, Martini e Slater (2005). Desse modo, como nutricionista, devemos refletir a respeito da necessidade de atenção para não reprimir o hábito alimentar do entrevistado ou induzir as respostas. 1.2 História alimentar Utilizado para descrever o consumo alimentar habitual e não apenas de um dia do paciente, se trata de uma investigação mais ampla que permite conhecer os hábitos atuais e passados e, portanto, pode incluir R24h e questionário de frequência de consumo alimentar. Deverão ser coletadas informações sobre o número das refeições, apetite, preferências alimentares, uso de suplementos nutricionais, R24h, tamanho de porções, consumo de alimentos e variações sazonais, se há prática de atividades físicas ou fumo etc. Tabela 2 – Vantagens e desvantagens da história alimentar Vantagens Desvantagens Elimina variações do dia a dia. Requer nutricionista treinado. Leva em consideração a variação sazonal. Dificuldades de padronização/ variabilidade. Descrição da ingestão habitual em relação aos aspectos qualitativos. Depende da memória do entrevistado. Descrição da ingestão habitual em relação aos aspectos quantitativos. Tempo de administração longo (uma a duas horas) Alto custo Fonte: adaptada de Fisberg, Martini e Slater (2005). 46 1.3 Questionário de Frequência Alimentar O Questionário de Frequência Alimentar (QFA) é amplamente utilizado em estudos prospectivos internacionais, considerado o mais prático e informativo método de avaliação dietética e de fundamental importância em estudos epidemiológicos que relacionam a dieta com a presença de doenças crônicas não transmissíveis, segundo Fisberg, Martini e Slater (2005). Também é muito útil no atendimento ambulatorial por permitir o conhecimento da ingesta habitual, além de ser de rápida aplicação e de não necessitar propriamente de aplicador treinado, podendo inclusive ser preenchido pelo próprio paciente. É necessário estar atento para a quantidade de alimentos, de modo que não sejam muitos, tornando o QFA extenso, ou poucos, o tornando ineficaz. Por meio do QFA, podem ser obtidos dados quantitativos, qualitativos e semiquantitativo. É o modelo mais utilizado nas pesquisas epidemiológicas, pois pode ser elaborado conforme o objetivo específico. Por exemplo, se o objetivo for perceber a carência da ingestão de algum nutriente o QFA, pode ser elaborado com alimentos fontes daquele nutriente. Se for perceber hábitos alimentares prejudiciais em uma população de baixo poder aquisitivo, o QFA poderá ser elaborado com alimentos comumente consumidos pelas populações de baixo poder aquisitivo, no entanto, essa forma de elaboração tem limitações, pois pode incluir alimentos importantes para o estudo, porém, com pouca relevância do ponto de vista da população, segundo Fisberg, Martini e Slater (2005). No Quadro 2, podemos ver o modelo de questionário qualitativo de frequência de consumo alimentar para alimentos ricos em ferro, que poderia, por exemplo, ser utilizado no atendimento a gestantes, considerando a importância deste micronutriente na gestação. 47 Quadro 2 – Modelo de questionário qualitativo de frequência de consumo alimentar para alimentos ricos em ferro Frequência de consumo Alimento. 1 x/dia 2 a 4x/sem 1x/sem 1 a 3x/mês < 1x/mês Nunca Carne de aves. Carne suína. Carne bovina. Brócolis. Rúcula. Feijão. Fígado bovino. Coração bovino. Fonte: elaborado pela autora. No Quadro 3, há o modelo de questionário semiquantitativo, em que se expõe também as quantidades consumidas além da frequência. Quadro 3 – Modelo de questionário semiquantitativo de frequênciade consumo alimentar Frequência de consumo Alimento 1 x/dia 2 a 4x/sem 1x/sem 1 a 3x/mês < 1x/mês Nunca Maçã (1 unidade). Bolo (1 fatia). Biscoito (6 unidades). Café (1 xícara de café). Fonte: elaborado pela autora. 48 Quadro 4 – Modelo de questionário quantitativo de frequência de consumo alimentar Alimento Quantas vezes você come Unidade* Porção média Sua porção** N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 D S M A P M G Leite. 1 xícara de chá. Pão francês. 1 unidade. Banana. 1 unidade. Fonte: Fisberg, Martini e Slater (2005). D =dia; S= semana; M= mês; A= ano; P= pequena; M=média; G=grande. Tabela 3 – Vantagens e desvantagens do QFA Vantagens Desvantagens Utilizado em estudos epidemiológicos. Depende da memória dos hábitos alimentares passados. Estima a ingestão habitual do indivíduo. Desenho do instrumento requer esforço e tempo. Rápido e simples de administrar. Pode haver limitações em analfabetos e idosos. Não altera o padrão de consumo. Informação passada pela informação atual. Baixo custo. A validade deve ser testada a cada novo questionário. Classifica os indivíduos em categorias de consumo. Dificuldades para os entrevistados, conforme o número e a complexidade da lista de alimentos, Minimiza a variação intrapessoal ao longo dos dias. Quantificação pouco exata, Fonte: adaptada de Fisberg, Martini e Slater (2005). 49 1.4 Registro alimentar ou diário alimentar O indivíduo anotará em questionário previamente elaborado, os alimentos e bebidas de consumo atual, são aconselhados a coleta de três, cinco ou sete dias, de preferência que um deles seja de fim de semana, períodos superiores há um ano podem comprometer a qualidade dos dados coletados, segundo Thompsom e Byers (1994). Os alimentos podem ser registrados de duas maneiras: pesados ou anotadas as medidas caseiras de cada um. Se pesados, deverá ser anotado o peso de cada alimento antes de ser consumido e suas sobras, caso haja, deverão ser consideradas como rotina do paciente e a disponibilidade para realizar tal atividade. Se for anotações de medida caseira, deverá ser anotado a quantidade de cada alimento, para que, posteriormente, seja mensurado em gramas pelo nutricionista e, assim, possa ser conhecida sua composição em termos de macro e micronutrientes. Para que o paciente seja melhor instruído quanto as anotações das quantidades, assim como no R24h, poderá ser instruído com o auxílio de livro de figuras de porções alimentares e medidas caseiras que inclui diferentes tamanho de colheres de servir, porções, tamanhos, diferentes utensílios como xícaras, copos etc. É o método preferível quando o paciente tem dificuldades de memória, além de poder ser preenchido por cuidadores, nos casos de crianças e idosos. Tabela 4 – Vantagens e desvantagens entre o registro alimentar estimado e o registro alimentar por peso de alimentos Registro estimado Registro por peso Quantidade dos alimentos, das bebidas e sobras são estimadas por meio do auxílio de medidas caseiras, de fotos de porções, modelos de alimentos. Os alimentos, as bebidas e as sobras são pesadas em balanças, sendo o peso anotado. 50 Considerado menos preciso que o registro do peso. Mais preciso que o registro estimado. Bem aceito para coletar ingestão de grupo de pessoas. Requer cooperação e treinamento dos participantes. O entrevistado tende a cooperar, pois a responsabilidade de transformar medidas caseiras em gramas é do entrevistador. Pode alterar o hábito alimentar do indivíduo e também o indivíduo poderá, por si mesmo, perceber que sua alimentação está inadequada. Custo pode ser elevado em razão da aquisição e calibração da balança. Fonte: adaptada de Fisberg, Martini e Slater (2005). A tabela abaixo expõe as vantagens e desvantagens do registro alimentar. Tabela 5 – Vantagens e desvantagens do registro alimentar Vantagens Desvantagens Os alimentos são anotados no momento do consumo. Consumo pode ser alterado, pois o indivíduo sabe que está sendo avaliado. Não depende da memória. Depende mais do entrevistado. Menor erro quando há orientação. Há dificuldade de estimar as porções. Mede o consumo atual. Menor adesão de pessoas do sexo masculino. Maior precisão (registro do peso) e exatidão das porções ingeridas. O número de dias de registro depende do nutriente que será avaliado. As sobras são computadas como alimentos ingeridos. Requer tempo. Custo elevado quando há necessidade de registro do peso. O indivíduo deve conhecer medidas caseiras. Fonte: adaptada de Fisberg, Martini e Slater (2005). 51 1.4.1 Registro alimentar por meio de métodos visuais O registro alimentar por meio de métodos visuais é obtido por meio de fotografias e filmagens em que se perceba as porções, tipos de alimentos e quantidades ingeridas. Pode ser utilizado com pacientes em ambulatórios, e é o método preferido a ser utilizado em creches, casas de repouso e hospitais, quando em atendimento de pacientes com dificuldades cognitivas, visuais ou verbais, segundo Fisberg, Martini e Slater (2005). É necessário contar com recursos como câmeras fotográficas, filmadoras e auxiliador que manuseará esses itens caso o paciente não seja capaz. Nos casos de vídeos, o indivíduo pode desconhecer o que está sendo avaliado e, desse modo, expor sem constrangimento sua rotina alimentar. Tabela 6 – Vantagens e desvantagens dos registros visuais Vantagens Desvantagens Boa qualidade. Alto custo. Menor tempo. Requer treinamento do entrevistador para interpretar as porções. Bom para instituições. Não distingue os alimentos regulares dos light/ diet. Menor responsabilidade do entrevistado. Não é recomendado para estudos que envolvam grande número de indivíduos. Bom para indivíduos com dificuldades de escrever. Podem ocorrer problemas técnicos que comprometam a filmagem (ângulo da câmera, baixa qualidade das imagens). O indivíduo pode não saber o que está sendo avaliado (vídeo). Fonte: adaptada de Fisberg, Martini e Slater (2005). 52 2. Fatores relevantes para aplicação dos inquéritos alimentares É necessário considerar que há fatores relevantes para aplicação dos inquéritos alimentares, conforme Silva e Mura (2016), a anamnese pode conter informações adicionais, como: • Tratamentos nutricionais anteriores. • Forma de mastigar os alimentos. • Preferências, aversões, intolerâncias, crenças e tabus. • Apetite. • Padrão de refeições (horário, local). • Hábitos de atividade física. Além disso, é fundamental investigar se o paciente já se submeteu a dietas anteriormente, se apresenta o hábito de se alimentar em frente à televisão, horário de trabalho, se sente necessidade de se alimentar na madrugada, em que momento apresenta maior apetite e quais os sentimentos nestes horários (ansiedade, nervosismo, tristeza etc). ASSIMILE Após a coleta dos dados de alimentos consumidos por meio dos inquéritos alimentares, é possível conhecer as quantidades de carboidratos, lipídeos, proteínas, cálcio, ferro, vitaminas A, C e E, entre outras, consumidas por dia pelo indivíduo, bem como comparar as tabelas de recomendações nutricionais de referência: Reference Dietery Intake (DRI´s), que é composta pelo estimated average requirement (EAR), recommended dietary allowance (RDA), adequate intake (AI), e torelable upper inteke level (UL). 53 Para o atendimento de alguns grupos etários, ou de diferentes fases da vida, são necessárias algumas considerações. Para o atendimento de gestantes, devemos lembrar que a ingestão alimentar oscila amplamente durante a gestação e pode ser influenciada pelos enjoos, pirose e demais alterações fisiológicas que podem ocorrer nessa fase da vida da mulher. Desse modo, deve ter acompanhamento médico, com uma frequência, e este atendimento deve permanecer intenso até o desmame da criança. A criança, ao ser atendida em ambulatório, também deverá ter avaliado seu consumo alimentar, o que será abordado mais adiante. Ao avaliar pré-escolares, portadores de necessidadesespeciais e idosos, por meio de inquéritos alimentares, deve se considerar o auxílio de observadores para anotações dos alimentos em diário alimentar ou exposição da ingestão no ato da consulta. Esses pacientes requerem maior atenção quanto à escolha do método de inquérito alimentar para avaliação nutricional. Figura 1 – Pré escolar com Síndrome de Down Fonte: DenKuvaiev/iStock.com. https://www.istockphoto.com/br/portfolio/DenKuvaiev?mediatype=photography 54 Pacientes adolescentes, atletas e portadores de transtornos alimentares, devem ser avaliados cuidadosamente pois tendem a omitir a real ingestão alimentar, uso de suplementos etc. Para melhor investigação do consumo alimentar desse público, deve se reservar um espaço na investigação alimentar para descrever os dados expostos, coletados, inferidos ou suspeitos. No ambulatório, é comum o atendimento de enfermos. Para tanto, devem ser considerados fatores como disponibilidade para investigação alimentar no ato da consulta, bem como a possibilidade de anotações de informações quando coleta de dados no domicílio, sempre preferindo por reservar um espaço no prontuário em que se possa explanar os fatores que interferem do hábito alimentar atual, como, por exemplo, vômito e dificuldades de locomoção para posse de alimentos. Abordamos, neste tema, sobre os diferentes inquéritos alimentares, bem como as vantagens e desvantagens de cada um e os fatores relevantes para aplicação dos inquéritos alimentares. Vale ressaltar que mais de um método pode ser utilizado para melhor conhecer os hábitos alimentares do paciente, no entanto, as limitações do paciente e de cada método devem ser sempre consideradas. TEORIA EM PRÁTICA No ambulatório em que você atende, antes de solicitar a entrada do paciente, verifica no prontuário que se trata de um jovem, do sexo masculino, 17 anos, portador da Síndrome de Down. Dentre os inquéritos alimentares que tem para uso no consultório, qual prefere utilizar neste atendimento? Por quê? 55 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: A avaliação do consumo alimentar deve, preferivelmente, ser aplicada no __________ contato com o paciente e se faz necessária a fim de __________. a. Primeiro; obter bases para a elaboração de planos nutricionais efetivos. b. Primeiro; conhecer as limitações do paciente. c. Segundo; conhecer as limitações do paciente. d. Obter bases para a elaboração de planos nutricionais efetivos; primeiro. e. Segundo; obter bases para a elaboração de planos nutricionais efetivos. 2. Assinale a alternativa que apresenta o que não é objetivo da avaliação nutricional, por meio do uso de inquéritos alimentares: a. Conhecer os hábitos alimentares do paciente. b. Conhecer a composição corporal do paciente. c. Obter os dados alimentares habituais do paciente. d. Obter os dados dietéticos atuais do paciente. e. Investigar a composição da dieta usual do paciente. 3. “Os alimentos, as bebidas e as sobras são pesadas em balanças, sendo o peso anotado”. Esta informação faz parte de qual método de investigação alimentar? a. Recordatório alimentar de 24h. 56 b. Questionário de frequência de consumo alimentar. c. História alimentar. d. Registro alimentar por peso do alimento. e. Registro alimentar estimado. Referências Bibliográficas BUZZARD, M. 24-hours dietary recall and food record methods. In: Nutritional Epidemiology. 2. ed. Oxford, Oxford Unuversity Press, 1998. DWYER, J. Dietary assessment. In: Modern nutrition in health and disease. 9. ed. Baltimore, Williams & Wilkins, 1999. FISBERG, Regina Mara et al. Inquéritos alimentares: métodos e bases científicos. São Paulo: Manole,2005. FISBERG, Regina Mara; SLATER, Betzabeth; MARTINI, Ligia Araújo. Métodos de Inquéritos alimentares. In: FISBERG, Regina Mara; SLATER, Betzabeth; MARTINI, Ligia Araújo. Inquéritos alimentares: métodos e bases científicos. São Paulo: Manole,2005. SILVA, Sandra M. Chemin S. da; MURA, Joana D´Arc Pereira. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Roca, 2016. THOMPSON, F. E; BYERS, T. Dietary assessment resource manual. Journal of Nutrition, v.124, 1994. Gabarito Questão 1 – Resposta: A. Resolução: A avaliação do consumo alimentar deve, preferivelmente, ser aplicada no primeiro contato com o paciente e se faz necessária a fim de obter bases para a elaboração de planos nutricionais efetivos. Na avaliação do consumo alimentar, é necessário considerar (e não conhecer) as limitações do paciente, pois já é preciso conhecê-las previamente. Feedback de reforço: Retome os estudos e tente novamente! 57 Questão 2 – Resposta: B. Resolução: Conhecer a composição corporal do paciente é objetivo da avaliação nutricional de composição corporal, por meio de métodos como aferição de pregas cutâneas, bioimpedância etc. Feedback de reforço: Retome os estudos e tente novamente! Questão 3 – Resposta: D. Resolução: No registro alimentar por peso do alimento, os alimentos devem ser pesados e anotados para posterior cálculo pelo nutricionista para conhecimento dos valores de macro e micronutrientes na alimentação daquele paciente. Feedback de reforço: Retome os estudos e tente novamente! Avaliação nutricional da criança e do adolescente Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Compreender os métodos de avaliação nutricional da criança. • Conhecer os métodos de avaliação nutricional do adolescente. • Conhecer os pontos de corte em Percentis e Escore Z para classificar o estado nutricional da criança e do adolescente. • Assimilar os métodos de avaliação nutricional da criança com Síndrome de Down. • Interpretar os métodos de avaliação nutricional da criança prematura. 59 1. Avaliação nutricional da criança Neste tema, você conhecerá os métodos utilizados para avaliação nutricional da criança e do adolescente, bem como os desafios frente a tais avaliações. O estado nutricional de crianças e adolescentes são indicadores da qualidade de vida de uma determinada população. O acompanhamento da evolução nutricional deste público se faz necessária e é muito desafiadora pelas dificuldades nas coletas de dados específicos. Como exemplo, temos as medidas antropométricas de crianças com síndrome do jaleco branco e ausência de informações por parte dos pais, que preferem omitir os erros alimentares dos filhos, pois refletem seus próprios hábitos alimentares, além, muitas vezes, da omissão de dados por adolescentes com transtornos alimentares. A palavra comprimento se refere a medida de crianças menores de dois anos de idade, deitadas, e é aferido por régua antropométrica, enquanto que estatura se refere a medida realizada em crianças em pé, a partir de dois anos. Para o uso da régua antropométrica, a criança deverá estar deitada, sem adereços na cabeça, pois podem influenciar na aferição, e totalmente estirada, da maneira mais próxima possível da reta. Para aferir o peso de crianças que não se apoiam ainda, é necessário balança específica. Após estar de pé, poderá ser aferido o peso da criança mais facilmente em balança convencional. 60 Figura 1 – Criança recém-nascida pesada em balança específica, e apresentando peso ao nascer adequado Disponível em: Yuri_Arcurs/ iStock.com. Por considerar a importância da coleta das informações antropométricas da criança, na caderneta da criança há uma folha de registro das medidas antropométricas. No primeiro ano de vida, a avaliação nutricional dever ser cuidadosa, especialmente nos primeiros meses, considerando que os valores de peso (gramas/dia) são norteadores para as condutas nutricionais. Tabela 1 – Ganho de peso recomendado por dia e mês, conforme o trimestre da criança 1º trimestre. 700 g/mês. 25 a 30g/dia. 2º trimestre. 600 g/mês. 20 g/dia. 3º trimestre. 500 g/mês. 15 g/dia. 4º trimestre. 300 g/mês. 10 g/dia. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2009, p.72). https://www.istockphoto.com/br/portfolio/Yuri_Arcurs?mediatype=photography61 Figura 2 – Folha de registro das medidas antropométricas da caderneta da criança do Ministério da Saúde (2013) Fonte: Ministério da Saúde (2013). A classificação do recém-nascido (RN) pelo peso ao nascer, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), de 2009, é a seguinte: Tabela 2–Classificação do RN pelo peso ao nascer Peso ao nascer Classificação Peso ao nascer ≥ 4000g. Macrossomia. Peso ao nascer ≥ 2500g a ≤ 4000g. Peso adequado. Peso ao nascer < 2500g. RN de baixo peso (RNBP). Peso ao nascer < 1500g. RN de muito baixo peso (RNMBP). Peso ao nascer < 1000g. RN de muitíssimo baixo peso (RNMMBP). Peso ao nascer < 800g Microprematuro. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2009, p. 64). O RN também poderá ser classificado conforme a Idade Gestacional (IG): Tabela 3–Classificação do RN pela idade gestacional Idade gestacional Classificação < 37 semanas. RN pré-termo (RNPT). Entre 37 e 42 semanas. RN de termo (RNT). > 42 semanas. RN pós-termo. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2009, p. 64). 62 A avaliação do RN, de acordo com IG, pode ser realizada, conforme o proposto por Battaglia e Lubchenco (1971), que considera peso do recém-nascido com a Idade Gestacional. Figura 3 – Crescimento gestacional e Idade Gestacional, segundo Bataglia e Lubchenco (1967) Fonte: Bataglia e Lubchenco (1967 apud TANAKA et al. (1977). A avaliação do RN, de acordo com IG, é realizada em percentis por meio das curvas de crescimento fetal, propostas por Ramos (1986), que considera a classificação seguinte: Tabela 4–Classificação do RN pela Idade Gestacional em percentis Percentil Classificação Abaixo do percentil 10 Pequeno para a IG (PIG) = ou > percentil 10 e = ou < P90 Adequado para IG (AIG) Acima do percentil 90 Grande para a IG (GIG) Fonte: Ramos (1986). 63 É necessário compreender que percentil é a distribuição em ordem crescente de frequência, dos valores das medidas antropométricas dos indivíduos de uma determinada amostra populacional. Cada percentil representa a posição que aquele valor tem na distribuição ordenada dos valores, enquanto que Escore Z é a medida de quanto o indivíduo se afasta ou se aproxima da mediana de referência. Essa distância é avaliada em unidades ou frações de desvios-padrão, considerando que cada desvio padrão de diferença da mediana corresponde a uma unidade de escore Z. O peso ao nascer e idade gestacional estão intrinsecamente relacionados, por isso se faz tão necessário conhecer esses dados. Os RNs devem ter seu peso mensurado no mínimo duas vezes por dia, devido à perda de peso fisiológica que apresentam, que varia entre 10 a 20% do seu peso ao nascer. O peso reflete o potencial de recuperação nutricional imediata, enquanto que a estatura da criança reflete o resultado do estado nutricional por um período a longo prazo. A medida do comprimento da criança deve ser realizada ao nascer e uma vez por semana, sendo esperado um centímetro de crescimento por semana (SBP, 2009). O Perímetro Cefálico (PC) merece atenção especial até o sexto mês de idade da criança, mas deve ser aferido no mínimo até um ano da criança, pois reflete diretamente a evolução neurológica. Conforme aumenta de tamanho, sendo esperado um centímetro, por semana, na circunferência cefálica, nas cartilhas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde sobre recém nascidos, essa medida se encontra entre as prioritárias, especialmente, frente a ocorrência dos casos de microcefalia resultantes da infecção de Zica vírus, transmitida pelo Aedes aegypti, no período em que a mulher está grávida. Nesses casos, o Ministério da Saúde (2016) orienta que, para recém-nascidos vivos a termo, o corte de PC para meninas é ≤31,5 cm, e para meninos, ≤31,9cm. 64 Figura 4 – Curva perímetro cefálico versus idade em meninos Fonte: Ministério da Saúde (2017). PARA SABER MAIS As pregas cutâneas subescapular e tricipital também podem ser utilizadas em crianças, no entanto, as medidas de peso e altura são preferíveis, pois permitem plotagem nos gráficos preconizados pela OMS e pelo MS. O MS, inclusive, distribui a caderneta da criança contendo as curvas de crescimento com os indicadores peso/idade; estatura/idade para cada sexo, além das curvas de perímetros cefálicos/idade para crianças de até dois anos. Para crianças de zero a cinco anos incompletos, os indicadores antropométricos utilizados na avaliação do estado nutricional 65 são: peso para idade; estatura para idade; peso para estatura; e IMC (peso/altura2) para idade. Para crianças de cinco a dez anos incompletos, os indicadores antropométricos utilizados na avaliação do estado nutricional são: peso para idade; estatura para idade; e IMC para idade. Na caderneta da criança constam as curvas de peso para idade de zero a dois anos, dois a cinco anos e cinco a dez anos, conforme o sexo. a. Peso para idade (P/I): reflete o peso para idade cronológica da criança. Utilizada, de preferência, para o acompanhamento do ganho de peso. A atenção deve estar no traçado da curva que deverá estar, preferivelmente, ascendente. b. Indicador de comprimento ou estatura para idade (E/I): reflete o crescimento em centímetro alcançado para a idade, considerando que os déficits de estatura refletem um longo período de déficit nutricional para criança que apresenta baixa estatura para idade, que devem ter seu histórico considerado. c. Peso para estatura (P/E): reflete o crescimento e o ganho de peso frente a idade. É um bom indicador para a avaliação de recentes alterações de peso, o que interfere no IMC e, consequentemente, na plotagem gráfica. d. Índice de Massa Corporal (IMC) para idade: reflete a relação entre o peso da criança e a estatura, o que resulta no IMC. Quando necessário, seu uso isolado é o que melhor expressa o diagnóstico individual. É preferível, internacionalmente, para diagnósticos coletivos dos distúrbios nutricionais no público infantil. 66 Figura 5 – Curva de peso para idade para meninos de zero a dois anos Fonte: Ministério da Saúde (2017). Figura 6 – Curva de crescimento estatura por idade de meninos de zero a dois anos Fonte: Ministério da Saúde (2017). 67 Figura 7 – Curva de crescimento IMC para idade de meninos de cinco a dezenove anos Fonte: Ministério da Saúde (2017). Para crianças nascidas prematuras, há curvas específicas preconizadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), disponíveis em seu site oficial. A interpretação desses gráficos se dá em Escore Z e consideram o sexo. Nessas curvas se encontram o peso com a idade da criança, e o comprimento e perímetro cefálico com a idade da criança. 68 Figura 8 – Curva internacionais de crescimento para crianças nascidas pré-termo (meninos) Fonte: SBP (2019). O Ministério da Saúde preconiza o uso das curvas da WHO (1995) e, baseado em recomendações internacionais, há a determinação dos pontos de corte segundo cada índice, que seguem abaixo. Para ter acesso a todas as curvas de crescimento preconizadas pelo Ministério da Saúde, e que podem ser utilizadas na avaliação nutricional, acesse o site da Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: https:// www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-de- crescimento/. Acesso em: 12 dez. 2019. Lembre-se de considerar que as curvas são em percentis, em escores e são diferentes para cada sexo e faixa etária. https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/ https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/ https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/ 69 Figura 9 - Altura para idade, percentil zero a cinco anos, meninos Fonte: OMS (2006). Figura 10 – IMC para idade, percentil cinco a dezenove, meninos Fonte: OMS (2006). 70 Figura 11 – Peso para idade, percentil cinco a dez anos, meninos Fonte: OMS (2006). Figura 12 – Pontos de corte de peso-para-idade para crianças (zero a dez anos)
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