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1 SISTEMA ATMS DE DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL Esse sistema de diagnóstico leva em conta a interconexão de todos os sistemas fisiológicos do organismo, e busca as origens dos chamados desequilíbrios funcionais. Para tal, o nutricionista investiga em sua anamnese, os Antecedentes, os Triggers (gatilhos), Mediadores (que afetam esses sistemas) e os Sintomas (que o desequilíbrio funcional gera). Em seguida, iremos abordar cada componente do sistema ATMS de diagnóstico: 1.Antecedentes Nada mais são do que fatores de risco, relacionados à história familiar e de vida do paciente, podendo ser divididos da seguinte forma: A)Antecedentes – fatores genéticos: a suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças reside na associação de genética + fatores ambientais. Estudos mostram que eventos a que o individuo é exposto na vida intrauterina e nos 1ºs meses de vida, o predispõem ao desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta, devido a uma programação metabólica que ele sofre em adaptação a esses eventos. Neste contexto temos os seguintes exemplos: - Desnutrição materna no 1º trimestre de gestação: relacionada à obesidade e HAS na vida adulta do filho - Desmame precoce: promove desequilíbrio no eixo de regulação da fome-saciedade, reduzindo a capacidade de controle do apetite, pois a leptina (que nos primeiros meses de vida está em níveis baixos na criança) é o principal hormônio da saciedade e precisa ser passada para criança pelo leite materno. Essa desregulação contribui para obesidade na 1ª infância e na vida adulta. - fumo na gestação: promove uma sobrecarga no sistema imunológico da criança, contribuindo para asma, doenças alérgicas, resposta ineficaz às vacinas e câncer. - baixa ingestão proteica na gestação: favorece HAS na vida adulta da criança - exposição à chumbo: aterosclerose e doenças neurodegenerativas B)Antecedentes – hipersensibilidade alimentar ou alergia alimentar: Gera uma resposta imunológica que altera a função intestinal, liberando substâncias que atuam como gatilhos para diversas desordens, tais como: Respiratórias Asma, sinusite crônica e alérgica, coriza e congestão nasal constante. Cardiovasculares Edema, taquicardia, inflamação em vasos coronários. Gastrointestinais Doença celíaca, diarreia crônica, constipação, cólicas, ulceras duodenais, gastrite, indigestão, síndrome do cólon irritável, síndrome de má absorção, náuseas. Imunológica Otites de repetição. Mental e emocional Déficit de atenção, ansiedade, depressão, perda de memória, hiperatividade. Musculo esquelético Dores articulares e mialgias. Cutâneas Eczema, psoríase, urticária, dermatites. Outros Enxaqueca. As reações adversas aos alimentos podem gerar quadros de alergia alimentar (mediada por IgE), hipersensibilidade alimentar (mediada por IgG, IgM, IgA, IgE e cels T) e intolerância (deficiência metabólica, por exemplo intolerância à lactose por deficiência de lactase), que causarão manifestações clínicas distintas: Alergia: estimulam uma cascata de citocinas, com liberação de histamina e sintomas imediatos, tais como: obstrução nasal, asma, náuseas, câimbras abdominais, diarreia, anafilaxia etc. Hipersensibilidade: predominantemente mediadas por IgG,, geram sintomas crônicos, que demoram a se manifestar. Ocorre a formação de imunocomplexos, que se depositam e agridem a mucosa intestinas, aumentando sua permeabilidade a macromoléculas (PTN não digerida) que vão causar a sintomatologia, gerando um ciclo vicioso. Antecedentes – Hábitos alimentares: Já se identificaram alguns alimentos/nutrientes, cujo excesso ou deficiência, seria capaz de ativar a transcrição do NFkB (nuclear factor kappa Beta), que é responsável pelo aumento da expressão de genes pró-inflamatórios. Essa dieta “pró- inflamatória”, induz ao maior risco de câncer, obesidade, dislipidemia, DM tipo 2 e doenças neurodegenerativas. 2.Triggers (gatilhos) Os gatilhos são acionados pelo estresse, radiação, estresse oxidativo, traumas, lipopolissacarideos bacterianos (LPS), vírus e parasitas.Uma vez acionados os gatilhos estimulam o NFkB, que por sua vez estimula a síntese de citocinas como TNF-alfa e interleucina-1. As bactérias que translocam de um intestino com aumento de permeabilidade, são capazes então de estimular a inflamação e por conta disto, o intestino é de fundamental importância não só no tratamento, quanto na prevenção do surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. No grupo dos vírus, já se sabe que o citomegalovirus está associado à aterogênese. Isto porque os anticorpos NUTRIÇÃO CLÍNICA FUNCIONAL Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br Outros fatores associados ao aumento de permeabilidade intestinal: ingestão excessiva de álcool, quimio e corticoterapia, estresse excessivo, consumo excessivo de carboidratos simples, jejum, infecções intestinais, uso de AINE, deficiência de micronutrientes, parto prematuro, introdução de alimentação complementar antes de 4 meses de vida. 2 que atuam contra o vírus, ativam genes que codificam moléculas de adesão (VCAM e ICAM) e citocinas. 1.Mediadores Quaisquer substancias que gere os sintomas, a destruição dos tecidos e o comportamento em relação às doenças. Os mediadores mais estudados e de maior relevância clinica são os mediadores bioquímicos envolvidos na inflamação (hormônios, neurotransmissores, neuropeptideos, citocinas e radicais livres. Quadro 1: Resumo do sistema ATMS Antecedentes Fatores de risco, relacionados à história familiar e de vida do paciente Triggers Gatilhos ambientais, como estresse, micróbios etc Mediadores Qualquer sustância causadora dos sintomas. Principais mediadores são os bioquímicos (radicais livres, hormônios, citocinas, neurotransmissores) Sintomas Resultado da disfunção funcional de sistemas, causada pelos mediadores ESTRESSE OXIDATIVO E METABOLISMO ENERGÉTICO Os danos oxidativos causados em lipídios, proteínas e no DNA são irreparáveis e levam a disfunções celulares que aumentam o risco para desenvolvimento de doenças. Além disso, o estresse oxidativo também está relacionado à indução da expressão gênica do NFk-B e de oncogênese. Há inúmeras maneiras através das quais os radicais livres (RL) podem ser produzidos (beta oxidação de ácidos graxos, metabolismo da citocromo P-450, produção por células fagocíticas contra patógenos. O tecido adiposo é o local de maior armazenamento de toxinas que são capazes de gerar RL, por este motivo, ao fazer uma dieta de emagrecimento, é importante que se faça uma dieta de detoxificante, já que na lipólise serão liberadas muitas toxinas. O estresse oxidativo pode gerar danos às células, através de diferentes mecanismos. São eles: 1)Oxidação de lipídios: a membrana celular é formada de lipídios, que são as substancias mais suscetíveis ao ataque dos RL. Mediadores de inflamação, endotoxinas bacterianas (LPS), angiotensina II, força de cisalhamento de fluxo (ocorre na hipertensão) e a própria LDL oxidada, aumentam a expressão do LOX-1 (receptor nos macrófagos para LDL-ox), o que favorece a maior captação de LDL oxidada pelos macrófagos que se tornam células espumosas, dando início ao processo aterogênico. Além disso, a captação de LDLoxidada pela LOX-1, ativa o NFk-B, qu aumenta, por sua vez, a síntese de citocinas pró-inflamatórias. Marcadores de peroxidação lipídica: São os TBARS e F2 – isoprostanos (8-iso-PGF2-alfa), que são dosados na urina. Alimentos que diminuem TBARS: suco de tomate (rico em licopeno), Spirulina Máxima (rica em ácidos fenólicos, tocoferol e beta caroteno), bebida à base de soja. Alimentos que diminuem F2-isoprostanos: vitaminas C e E, extrato de chá verde, extrato de semente de uva, extrato de fruta de oliva, Ômega 3, licopeno, vinagre de persimmon (fruta da coreia do sul), inhame e brócolis. 2)Oxidação do DNA: O DNA mitocondrial é mais suscetível à oxidação devido à proximidade com o local de maior geração de RL, que é justamente na mitocôndria, no processo de respiração celular. Marcadores de dano oxidativo do DNA: o marcador mais útil é o 8OHdG urinário.Alimentos que diminuem 8OHdG: couve de Bruxelas, brócolis (ricos em glicosinolatos), chá verde, suco de tomate ou licopeno isolado, bebida à base de soja ou suplemento de isoflavona. 3)Oxidação de Proteínas: contribui de forma significativa para o estresse oxidativo, uma vez que afeta a sinalização celular, a estrutura da célula e processos enzimáticos do metabolismo. O mais abundante produto da oxidação proteica é a proteína carbonila. Ela favorece a inibição do processo proteolítico possuindo impacto direto no envelhecimento e no aparecimento de doenças. Marcadores de oxidação de proteínas: carbonil plasmático. O livro cita que podem ser usados outros métodos de dosagem de carbonil, mas não informa quais. Alimentos que diminuem carbonil: ácido lipóico, dietas ricas em frutas, verduras, óleos essenciais, oleaginosas, sementes e cereais integrais. ENZIMAS ANTIOXIDANTES Para se proteger do dano oxidativo, as células possuem mecanismos antioxidantes não enzimáticos (vit. E, A, C, glutationa, ácido úrico) e enzimáticos (superoxido dismutase –SOD, catalase-CAT, glutationa peroxidase – GSH-Px, glutationa-S-transferase – GST, glutationa sintetase e glutationa redutase. 1. SOD: Responsável pela redução do radical superóxido a peróxido de hidrogênio, que rapidamente será removido pela atividade da CAT e GSH-Px, já que é também um radical livre deletério. O açaí é a fruta com maior poder antioxidante CONTRA O SUPEROXIDO (e não contra todos os RL), já que é o alimento com maior quantidade de SOD. Os polifenóis do vinho tinto, a isoflavona da soja e a cúrcuma também aumentam a atividade desta enzima. A silimarina atua evitando redução da atividade desta enzima. 2. CAT: responsável pela neutralização do peróxido de hidrogênio, formando água e oxigênio. Tem sua atividade, assim como as demais enzimas antioxidantes, prejudicada pelo fumo, radiação e ozônio. A silimarina atua evitando redução da atividade desta enzima. 3. Enzimas dependentes da glutationa: removem peróxido de hidrogênio e detoxificam xenobióticos nocivos. Essas enzimas são selenoproteínas e portanto para seu adequado funcionamento, é importante a manutenção de um adequado status de selênio orgânico. Além disso, ATENÇÃO: A vit. E é considerada o mais potente antioxidante lipossolúvel e a glutationa o mais potente hidrossolúvel. 3 alguns alimentos já foram identificados como capazes de modular a atividade dessas enzimas e são eles: a. Extrato de alho envelhecido: aumenta a capacidade antioxidante da GSH-Px b. Vinho tinto e soja: rico em polifenóis e isoflavonas respectivamente, atuam aumentando a atividade da GSH- Px e glutationa redutase. c. silimarina: atua evitando redução da atividade da GSH- Px d. Cúrcuma: aumenta a atividade da GSH-pX, aumenta a expressão gênica glutationa em culturas de células de ratos. ALERGIA ALIMENTAR 1. Reações GASTROINTESTINAIS das hipersensibilidades alimentares • DRGE: Quando se inicia em lactentes com a introdução do leite de vaca ou a que não responde ao tratamento habitual, pode ter fundo alérgico. As manifestações clínicas incluem, além do refluxo, inapetência, recusa alimentar, náuseas, vômitos e dores abdominais. Nessas circunstancias, há uma pronta resposta clínica quando é feita a exclusão da proteína suspeita, comprovando o fundo alérgico da manifestação. • Esofagite e gastrenterite eosinofilica alérgica (EEA e GEA): pode ser alergia mediada ou não por IgE e caracteriza-se por infiltração de eosinófilos em esôfago, estomago e/ou paredes intestinais. A EEA é vista mais na infância e adolescência, enquanto a GEA é mais comum em bebes. Sintomas da EEA: náusea, disfagia, vomito e dor epigástrica Sintomas GEA: estenose pilórica com vômitos pós prandiais em jato. • Proctocolite induzida por PTN alimentar: Trata-se de outra desordem gastrointestinal eosinofílica, mas parece envolver somente mecanismos não mediados por IgE. As lesões são limitadas a cólon distal e há edema de mucosa. Está geralmente presente nos primeiros meses de vida devido às PTN alimentares que passam pelo leite materno ou por fórmulas a base de soja ou leite de vaca. As crianças parecem saudáveis e possuem bom crescimento, mas identifica-se o problema pela presença microscópica ou grosseira de sangue nas fezes. • Constipação intestinal crônica refratária e Síndrome do intestino irritável (SII): Quando apresentam fundo alérgico, são refratárias aos tratamentos habituais e o alimento causador mais envolvido é o leite de vaca. No caso da SII também os grãos são comuns causadores. 2. Reações CUTÂNEAS das hipersensibilidades alimentares: Urticária aguda e angioedema são os mais comuns sintomas das alergias induzidas por alimentos. 3. Reações RESPIRATÓRIAS das hipersensibilidades alimentares: A ocorrência de manifestações respiratórias associadas à alergia alimentar é estimada em 20 a 30%. Alergia alimentar tardia: Podem causar pólipos nasais, asma, otite crônica secretória, otite media crônica, obstrução nasal, sinusite recorrente ou crônica Alergia alimentar imediata: pólipos nasais e asma. Sintomas asmáticos induzidos por alimentos devem ser suspeitados em pacientes com asma refratária e história de dermatite atópica, história de DRGE e alergia alimentar. 4. Reações NEUROPSIQUIÁTRICAS das hipersensibilidades alimentares: Muitos estudos associam a ocorrência de Esclerose múltipla, DM tipo 1 (autoimune), artrite reumatoide e Lupus à uma reação contra antígenos alimentares. Neste contexto, parece que os principais antígenos seriam glúten e proteína do leite de vaca. DIETAS DE ELIMINAÇÃO PASSO 1: eliminar alimentos suspeitos 1. Dieta de eliminação Padrão: Nesta dieta, os alimentos suspeitos são eliminados por duas semanas ou até que os sintomas desapareçam. Caso não haja desaparecimento dos sintomas, deve-se fazer a dieta de eliminação restrita. Seguem abaixo os dois tipos de dietas padrão de eliminação. 4 2. Dieta de eliminação modificada: Dieta desenvolvida pelos profissionais do Functional Medicine Research Center, exclui os alimentos com maior incidência de reações alimentares tardias, de acordo com as pesquisas do instituto. Nesta dieta, todos os alimentos são eliminados de forma simultânea, por um mínimo de 30 dias e normalmente não precisa ser por mais de 60 dias. Segue abaixo tabela com os alimentos permitidos e a serem evitados. 5 PASSO 2: Reintrodução dos alimentos Os alimentos podem ser reintroduzidos em grupo ou individualmente, por exemplo, pode-se reintroduzir o grupo de laticínios de uma só vez, ou ir reintroduzindo cada alimento do grupo em separado. Na reintrodução cada alimento ou grupo de alimentos semelhantes deve ser consumido 3 vezes ao dia, em porções usuais, onde o individuo deve registrar todos os sinais e sintomas que observar. Feito isto, seguem-se mais 3 dias nos quais o individuo volta a seguir a dieta de eliminação rigorosamente e após a resolução clinica dos sintomas que possam ter surgido, faz-se novamente a reintrodução de um novo alimento ou grupo, mantendo-se este mesmo processo até o termino da reintrodução de todos os alimentos. O intervalo padronizado estabelecido entre um alimento e outro é de 4 dias. DIETA DE ROTAÇÃO Tem sido indicada para manejo a longo prazo de indivíduos alérgicos. Consiste na elaboração de 4 cardápios que deverão ser seguidos na ordem proposta, de forma que qualquer alimento alergênico consumido só venha a ser novamente consumido em no quinto dia da sequencia. Isto possibilita um “descanso” ao sistema imunológico e reduz a sobrecarga do alergeno ao organismo. REGULAÇÃO HORMONAL E DE NEUROTRANSMISSORES Moduladores nutricionais do cortisol - Theanine: é um aminoácido encontrado no chá verde que atravessa a barreira hipotalâmica, exercendo propriedades psicoativas e reduzindo estresse físico e mental pelo controle dos níveis de cortisol. Além disso, aumenta produção de GABA. Dose proposta: 25 a 250mg/dia - Fosfatidilserina: fosfolipídios encontrado nos peixes, vegetais folhosos escuros, na soja e no arroz. É fundamental para o adequado funcionamentodos neurônios. Sua suplementação por 3 semanas reduziu os níveis de ACTH e cortisol plasmático. Dose proposta: 50 a 100mg/dia - Beta-sitosterol: Aparentemente este fitoesterol modula os efeitos do cortisol, em especial após o exercício. - Vitamina C: A suplementação com 3g/dia reduziu os níveis de cortisol. Moduladores nutricionais do estresse oxidativo Além dos já conhecidos efeitos antioxidantes das vitaminas A, C e E, zinco, selênio e manganês, outros 6 nutrientes como taurina, coenzima Q10, ácido lipóico e n- acetilcisteína também exercem importante efeito antioxidante. Moduladores nutricionais da resistência à insulina e hiperglicemia a) Cromo: seus mecanismos de ação envolvem aumento da ligação da insulina ao seu receptor, aumento do numero de receptores de insulina e consequente aumento da translocação de GLUT, auxiliando no controle glicêmico. Fontes: levedo de cerveja, cereal integral, cogumelo, oleaginosas, gérmen de trigo e brócolis. Dose sugerida: 200 a 400mcg/dia na forma de picolinato de cromo, nicotinato de cromo ou cromo glicina. b)Vanádio: funciona como um insulin-like, ativando a sinalização intracelular de insulina. Fontes: cogumelo, marisco, salsa e vinho Dose: 50mg/dia de sulfato de vanádio c) Zinco: é cofator da síntese, estocagem e utilização da insulina, além de ser cofator da SOD que protege a insulina da degradação. Além disso a insulina pode ser ligar ao Zinco, melhorando sua solubilização nas células beta do pâncreas. Fontes: ostras, carne vermelha, cereais integrais, peixes e oleaginosas. Dose sugerida: 10 a 30mg/dia d) Magnésio: o magnésio melhora a atividade dos receptores de insulina e seu status sérico está frequentemente reduzido em diabéticos tipo 2. Fontes: vegetais folhosos escuros Dose sugerida: 300 a 700mg/dia para diabéticos e)Ácidos graxos W-3: interferem na sinalização intracelular de insulina e melhoram a fluidez de membrana, sendo ambos responsáveis pela melhora na atividade do receptor. Dose sugerida: 1 a 3g/dia na forma de óleo de peixe. f) Ácido alfa-lipóico: é uma vitamina hidrossolúvel antioxidante que protege os adipócitos e os miócitos do estresse oxidativo, prevenindo a resistência à insulina e disfunção das células beta. Além da proteção antioxidante, ele atua no aumento da sinalização intracelular de insulina e tem demonstrado efeito promissor no tratamento da neuropatia diabética. Fontes: é encontrado nos alimentos na forma de lipolisina, sendo as principais fontes o espinafre, flores do brócolis, tomate, ervilha e couve de Bruxelas. Dose sugerida: 50 a 300mg/dia e 600 a 1200mg/dia para tratamento da neuropatia diabética. g)N-acetilcisteina: parece melhorar a sensibilidade à insulina na síndrome de ovários policísticos. h)Biotina: aumenta a atividade da glucoquinase hepática (enzima responsável pela utilização de glicose pelo fígado), promovendo mais eficiência na formação dos estoques hepáticos de glicogênio e aumentando a sensibilidade à insulina. Alem disso, possui efeito trófico na célula beta, aumentando a produção de insulina Fontes: levedo de cerveja, gema de ovo, oleaginosas, vegetais e frutas, em especial a maçã. Dose sugerida: a máxima é 2,5mg/dia, que demonstra efeito na redução de glicemia e DM tipo 2 i) Vitamina D: promove uma ativação geral da síntese proteica das células beta pancreáticas, estimulando a conversão da pro-insulina e insulina. j) Coenzima Q10: pode melhorar a função das células beta pancreáticas no DM tipo 2, estimulando a síntese de insulina e utilização periférica de glicose. Suplementação de coenzima Q10 em pacientes DM tipo 2 geraram melhora significativa dos níveis de homoglobina glicosilada (HbA1C) e na pressão arterial. Dose sugerida: 200mg/dia k) Canela: estudos com diabéticos mostraram redução dos níveis glicêmicos de 18 a 29%. Estudos in vitro sugerem que esse efeito seja atribuído ao composto hidrossolúvel da canela hidroxicalcone, que aumenta a sinalização intracelular da cascata de sinalização de insulina. l) Fenugreek: funciona como uma fibra solúvel, inibindo a absorção de glicose intestinal e melhorando a sensibilidade à insulina. Dose sugerida: 1g/dia de extrato de semente de fenugreek. m) Chá verde: Estudos demonstram que a epigalocatequina galato (EGCG) do chá verde não apenas regula os níveis de glicemia por apresentar efeito insulin- like, como também protege a função da célula beta, preservando a secreção da insulina. Dose sugerida: 4 a 6 xicaras/dia, na forma de infusão. n)Panax Ginseng (ginseng asiático): O principio ativo do ginseng, os ginsenóides, diminuem a absorção da glicose pela circulação portal e modulam a secreção de insulina.Além disso, estimula a atividade dos receptores localizados na célula beta para secreção de insulina. Dose sugerida: 200 a 600 mg/dia de extrato seco da raiz do ginseng. ECOLOGIA E DISBIOSE INTESTINAL O intestino contém mais de 400 espécies bacterianas com intensa atividade metabólica, destas há predomínio de 20. A colonização destas bactérias não se dá de maneira uniforme ao longo de todo intestino, visto que elas apresentam diferentes atividades: - estômago pequena população e pouca variedade de espécies bacterianas (predomínio do gênero lactobacillus), pois o ácido clorídrico controla a colonização bacteriana na região. - íleo número mais evidente - cólon região que alberga a maior massa bacteriana 1010 a 1012 g/tecido, com 13 gêneros diferentes. Por concentrar o maior tempo de trânsito intestinal, entre outras razões, o intestino grosso permite uma maior adesão e colonização bacteriana. 7 Diariamente e individualmente a composição da flora intestinal modifica-se, ou seja, deve-se estar sempre vigilante em relação à composição da microbiota intestinal.Os fatores que influenciam a composição da microbiota intestinal são: - idade: crianças nascem com intestino praticamente estéril, primeira fonte de colonização são as fezes maternas e o canal do parto (trabalhos com uso de probióticos em gestantes têm demonstrado melhora na colonização intestinal de bebês e redução de doenças alérgicas), crianças amamentadas tem melhor colonização do que as que utilizam fórmulas lácteas. Atenção deve ser dada aos idosos, após os 55 anos há uma queda fisiológica no número de bifidobactérias intestinais, redução que contribui para menor motilidade, menor produção de AGCC e menor tempo de trânsito intestinal. - tempo de trânsito intestinal; - pH intestinal; -disponibilidade de matéria fermentável – fibras, prébióticos e carboidratos não digeridos, muco e células mortas e metabólitos provenientes da atividade enzimática bacteriana - interação entre os componentes da microbiota; - suscetibilidade a infecções; - estado imunológico; - requerimentos nutricionais; - uso de antibióticos e imunossupressores. O TGI é um local que pode abrigar além de bactérias, leveduras, helmintos, protozoários e vírus. No caso das bactérias, 95-99% são anaeróbias e somente 1-5% são aeróbias. As bactérias que habitam o TGI podem ser divididas em três grupos: - Bactérias probióticas: benéficas, 11-13%. - Lactobacillus são as predominantes no intestino delgado; - Bifidobactérias predominantes no intestino grosso; - Bactérias comensais: a maior parte das bactérias, podendo ter ações que promovem o equilíbrio ou o desequilíbrio das funções do TGI. - Bactérias patogênicas: podem causar doenças agudas ou crônicas. Habitualmente estão presentes em pequenas quantidades. Quando existe a oportunidade proliferam. PROBIÓTICOS: - Lactobacillus: é o gênero normalmente presente no intestino delgado, são bactérias anaeróbias facultativas. - Bifidobacterium: são bactérias normalmente anaeróbias estritas ou anaeróbias, que predominam no intestino grosso. - Streptocuccus: S. thermóphilus,bactériaaneróbia facultativa, juntamente com a L.bulgaricus é muito utilizada na produção de iogurtes. - Enterococcus: apesar do gênero Enterococcus ser reconhecido causador de infecções no ser humano, o E. faecium pode apresentar benefícios no ser humano. Benefíciosdos probióticos para a saúde: - Função nutricional: síntese de vitaminas do complexo B e vitamina K; - Função digestória: síntese de enzimas digestivas, sobretudo lactase, mas também proteases e peptidases, regula o trânsito intestinal e a absorção de nutrientes; - Função cardiovascular: atuando na redução do colesterol plasmático; - Função metabólica: as bactérias probióticas produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que são substratos metabólicos para os colonócitos. A acidificação do pH deixa o ambiente inóspito à presença de patógenos que, normalmente, sobrevivem em pH alcalino. Além disso, produzem enzimas citocromo P450-like que estimulam a expressão gênica do citocromo no fígado favorecendo a detoxificação hepática, evitando a ressíntese de hormônios já degradados e convertem muitos flavonóides em suas formas ativas. Auxiliam ainda na metabolização de medicamentos, hormônios, carcinógenos, metais tóxicos e outros xenobióticos. - Função imunomoduladora: essas bactérias são essenciais para o desenvolvimento e a maturação do sistema imune entérico e sistêmico (GAL e MALT), visto que estimulam a expansão de linfócitos e evitam sua apoptose. Produzem substâncias antimicrobianas que agem sobre microrganismos patogênicos, previnem a adesão de patógenos através da competição por sítios receptores. Contribuem para a promoção da tolerância oral, mecanismo pelo qual nosso organismo passa a não reagir a determinados antígenos. Atuam na manutenção da barreira mucosa intestinal, assim como na produção de anticorpos (IgA intestinal e sérica), na atividade de fagócitos e na dos linfócitos matadores naturais (NK), Modulam também, os mecanismos de atuação do fator nuclear kappa B (NF-kB). Reduzem a produção intestinal de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, Interferon-IL-8) e aumentam a produção de citocinas anti-inflamatórias (IL- 10, TGF-) A importância do intestino na Imunidade: Para proteção, o intestino dispõe de 03 eficientes linhas de defesa que se comunicam entre si: a microbiota intestinal, a barreira mucosa e o sistema imune entérico. O intestino contém o maior pool de células imunocompetentes do organismo, sendo o seu desenvolvimento diretamente dependente de microrganismos intestinais. Sabe-se que 70% do sistema linfoide está associado ao intestino, onde se encontram linfócitos T, B e fagócitos, uma vez que o intestino é a principal porta de entrada de diversos elementos estranhos ao corpo. Com isso, decorre que 20% das células intestinais não são enterócitos e sim linfócitos. Além disso, o GALT (tecido linfoide associado ao intestino) produz 60% do total das imunoglobulinas. O GALT torna o intestino o principal órgão imune do organismo que pode tolerar antígenos alimentares e bactérias colonizadoras do intestino e reconhecer e rejeitar microrganismos patogênicos.
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