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OFTALMOLOGIA BLEFARITES Blefarites referem-se às várias condições inflamatórias das pálpebras. As causas variam de acordo com o agente patogênico, estando geralmente relacionados a doenças infecciosas, parasitárias, seborreicas, alérgicas e imunomediadas. Estas afecções são clinicamente caracterizadas por prurido, secreção ocular, desconforto, hiperemia e muitas vezes com aparecimento de edema. O diagnóstico consiste na identificação do fator genético que está promovendo o aparecimento da afecção O tratamento varia de acordo o agente causador, basicamente as blefarites são tratadas com o uso de pomadas oftálmicas (neomicina, bacitracina e polimixina B, cloranfenicol), xampus neutros infantis diluídos (5 a 10 vezes em NaCl 0,9%), antibióticos e antiinflamatórios sistêmicos e caso necessário antiinflamatório tópico. Devido a essas variações as blefarites podem ser classificadas em classes de acordo com o agente. - Blefarite alérgica: normalmente esta condição é uma manifestação clínica de atopia. Observa-se edema palpebral pruriginoso e raramente doloroso. O tratamento recomendado baseia-se no uso de compressas frias, anti histamínicos como a difenidramina (Benadryl® - FH), 2 a 4 mg/kg, VO, BID a QID), e glicocorticóides sistêmicos como prednisona, 0,5 a 1,0 mg/Kg, VO, SID a BID) e tópicos como prednisona (Pred fort® - FH), 1 gota/TID. A terapia deve ser descontinuada gradativamente, pesquisando a menor dose efetiva para manutenção. Tratar a causa primária é fundamental, para tanto, o tratamento da atopia é fundamental. - Blefarite bacteriana: esta condição é causada pela infestação de bactérias patológicas, que podem diferir entre os animais jovens e adultos Em filhotes, blefarite purulenta ocorre como parte da piodermite juvenil. Há dor considerável e secreção purulenta. Staphylococcus e Streptococcus sp. são os mais envolvidos nas blefarites bacterianas entre os adultos. Nos casos agudos pode-se observar hiperemia, crostas e secreção, já nos crônicos, é comum fibrose, alopecia e ulceração. Para o tratamento, são recomendados antibióticos sistêmicos com base em cultura e antibiograma. Pode-se iniciar o tratamento com cefalexina por no mínimo 21 dias. Orienta-se fazer uma limpeza cuidadosa das margens palpebrais e remoção de exsudatos purulentos. Casos agudos podem ser tratados com antibióticos tópicos (ciprofloxacina ou tobramicina colírio), e os crônicos, além da tópica, recomenda-se terapia sistêmica. Preconiza-se ainda o uso de colar protetor devido à afecção ser altamente pruriginosa, podendo ocorrer automutilação. - Blefarite micótica: é a infecção palpebral por Microsporum e Trichophyton sp. ocorre como parte de problema dermatológico. A alopecia em expansão, descamação e hiperemia são os aspectos clínicos, e o diagnóstico é baseado em fluorescência por lâmpada de Wood e / ou cultura. O tratamento é feito com pomadas de miconazol ou clotrimazol, evitando o contato com a córnea. Infecções persistentes e/ou profundas podem ser tratadas com griseofulvina ou cetoconazol sistêmicos em doses convencionais - Blefarite parasitária: tanto a demodíciose quanto a escabiose, causadas respectivamente por Demodex canis e Sarcoptes scabiei, podem afetar as pálpebras. As lesões caracterizam-se por hiperemia e prurido (escabiose), complicadas por infecções bacterianas e auto traumatismo. A demodicose localizada tende a ser restrita a face, com envolvimento palpebral, e é mais comum em cães jovens. A regressão espontânea pode ocorrer, mas rotenona tópica e ungüento oftálmico de isoflurofato podem ser usados. O peróxido de benzoíla em gel (Benzac ® - FH) pode ser friccionado nas pálpebras a cada 12h evitando o contato com a córnea. Em casos generalizados pode-se associar banhos de amitraz a cada três dias ou moxidectina (Cydectin 1%) na dose de 0,5mg/Kg/VO a cada 72h até a obtenção de dois raspados cutâneos negativos. A escabiose causa prurido intenso, com várias partes do corpo envolvidas além das pálpebras. O tratamento é feito juntamente com a terapia cutânea, sendo os banhos com amitraz e moxidectina bastante eficientes. CALÁZIO Esta afecção é resultado da inflamação das glândulas tarsais. Acontece principalmente em animais jovens. A infecção é contida profundamente na placa tarsal, e o aumento de volume é visto distendendo à conjuntiva palpebral. O termo calázio denota a formação granulomatosa como resultado de secreções tarsais retidas nas glândulas. Para o diagnóstico observa-se durante a inspeção uma massa amarelo-acinzentada, firme e não dolorosa à palpação. Diferencia do hordéolo pela consistência e ausência de sensibilidade dolorosa. O tratamento é cirúrgico (Figura 27). Pratica-se imobilização da área com pinça de Calázio, incisa-se com bisturi, e procede-se curetagem do tecido com material apropriado (cureta). Recomendam-se antibióticos e antiinflamatórios tópicos como gentamicina e dexametasona por um período de 7 a 10 dias. HORDÉOLO Refere-se à inflamação, infecção e abscesso das glândulas de Zeis ou de Moll (hordéolo interno) ou das glândulas tarsais (hordéolo externo). Existe sensibilidade dolorosa à palpação, e não forma uma massa tão evidente como aquela formada no calázio. É possível observar conjuntiva hiperêmica e discreto aumento de volume palpebral. O tratamento envolve o uso de compressas quentes, drenagem do abscesso e possível pressão manual das lesões sob anestesia tópica e antibióticos tópicos. colírio prednisolona tid 3x ao dia xarope prednisolona vo bid 1x ao dia 1ml x 3mg 0.5ml x 1.5 mg 0.3ml x 1 1mg Observar o corpo do animal, procurar sinais de alergia, verifica coloração da lesão, se é dolorosa, LACERAÇÃO PALPEBRAL Urgência Limpeza e desinfecção da superfície acometida com PVPI diluído em solução salina a 0,9% (1:50) Proceder-se ao desbridamento das margens palpebrais e da conjuntiva palpebral e aproximação por sutura que pode ser em dois planos (conjuntiva e pele) Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) administrados sistemicamente meloxicam 0,2mg/kg VO/SC SID, no primeiro dia, seguido por 0,1 mg/kg VO por mais 3 dias, associado a antibióticos sistêmicos e locais (tobramicina) QID LÁGRIMA DE MÁ QUALIDADE Diagnóstico: TSL normal (acima de 15mm/minuto em cães e 3mm/minuto em gatos) com tempo de ruptura do filme lacrimal reduzido (menor que 13 seg em cães e 12 seg em gatos). Associado aos sinais clínicos (hiperemia conjuntival e oftalmorréia variável). Tratamento: mesmo de ceratoconjuntivite seca MANIFESTAÇÃO OCULAR DO COMPLEXO RESPIRATÓRIO DOS FELINOS Idoxuridina a 1% ocular 4-6 x ao dia (manipulada - farmácia Ophthalmos), aliado ao mesmo tratamento prescrito para úlcera de córnea superficial Estudos mostram que não há benefícios após o uso ocular de interferon-alfa antivirais sistêmicos: Fanciclovir (Penvir 125 mg) 40-90 mg/kg VO TID (aciclovir é tóxico na dose terapêutica necessária) Antibioticoterapia tópica: tetraciclina a 1% (terramicina) QID Antibioticoterapia sistêmica: doxiciclina 5 mg/kg VO BID por 21 dias em casos que se suspeitar de Chlamydophila felis. OBSTRUÇÃO DO DUCTO NASOLACRIMAL Fluoresceína não sai pelos orifícios nasais Tratamento: intervenção cirúrgica ÚLCERA DE CÓRNEA SUPERFICIAL: Principais sintomas: Dor manifestada por blefarospasmo, hiperemia conjuntival e edema focal Tratamento: Colar elizabetano Terapia local com 6 instilações diárias de cada agente, exceto AINEs Antibioticoterapia tópica: colírio de cloranfenicol ou tobramicina a 0,3% Still colírio (anti-inflamatório) Pilocarpina (estimula produção de lágrimas) Ciclosporina 1% pomada oftálmica (tratamento de várias patologias da superfície ocular dependentes de corticoterapia tópica, evitando os seus efeitos indesejáveis) OLHO AZUL/CERATOPATIA BOLHOSA Formação de bolhas subepiteliais, devido a edema corneal severo. Ocorre degeneração de células endoteliais da córnea. É de caráter hereditário, mas pode ser causado por traumas por cirurgias, uveíte severa, vírus da hepatite infecciosa canina e queimadura corneal química. Tratamento: transplante decórnea penetrante autógeno Instilação de cloreto de sódio a 5% QID pode amenizar casos leves, mas a terapia favorece de úlceras corneais PROPTOSE TRAUMÁTICA DO BULBO DO OLHO Protusão do bulbo do olho com encarceramento palpebral, que ocorre por ruptura de alguns músculos extraoculares e retrobulbares Geralmente a conjuntiva está hemorrágica e a pupila irresponsiva à luz. Pode-se observar laceração da esclera, úlcera de córnea e sinais de uveíte. Tratamento cirúrgico: limpeza com solução de PVPI diluído (1:50), redução da proptose, com posterior recobrimento pela terceira pálpebra. AINEs: meloxicam 0,2 mg/kg VO SID no primeiro dia, seguido por 0,1 mg/kg VO por mais 3 dias, ou prednisolona 0,5 - 1,0 mg/kg VO SID, por 5 dias em casos que a proptose não foi provocada por mordedura Antibioticoterapia sistêmica: cefalexina 22-30 mg/kg VO BID, 7 dias e analgésico tramadol 1-4 mg/kg VO TID 4 dias Lubrificantes oftálmicos Refresh gel, Vidisic, Fresh tears, Viscotears. QID PROTRUSÃO DA GLÂNDULA DA TERCEIRA PÁLPEBRA O teste da lágrima de Schirmer e o tempo de ruptura do filme lacrimal geralmente estão diminuídos Tratamento: cirúrgico Sepultamento da glândula Pré-operatório da conjuntivite: exposição com AINEs tópico diclofenaco (Still) ou corticosteroides tópicos (Dexafenicol) TID/QID, por pelo menos 7 dias antes da cirurgia ÚLCERA DE CÓRNEA COM DESTRUIÇÃO DO LIMBO A destruição do limbo acarreta em perda de células-tronco, com diminuição da capacidade proliferativa de células corneais, resultando em superfície corneal anormal. Diagnóstico: Histórico de queimadura ou cirurgia da região esclerocorneal, aliado a presença de sinais clínicos, do teste de tingimento com fluoresceína positivo e da conjuntivalização em casos crônicos Tratamento: Igual a úlcera superficial aliado ao cirúrgico (transplante de limbo) ULCERA DE CORNEA INDOLENTE (CERATITE SUPERFICIAL ESPONTÂNEA CRÔNICA) Diagnóstico: Sinais clínicos aliados à presença de epitélio solto, que se desprende facilmente com a ponta de um cotonete ou gaze estéril. O teste de tingimento com fluoresceína é sempre positivo e o corante pode penetrar o espaço subepitelial em algumas áreas. Tratamento: o mesmo de úlcera de córnea superficial Cirúrgico Tratamento local: à base de ácido aminocapróico na concentração de 40 mg/ml (manipulado - farmácia Ophthalmos) TID, ou ácido tranexâmico (uma gota da formulação comercial - Transamin) TID, podem ser acrescidos ao tratamento clínico e parecem acelerar a epitelização corneal (estabilizam a adesão do epitélio neoformado à membrana basal) em úlceras indolentes de cães. ÚLCERA DE CÓRNEA PROFUNDA Diagnóstico: Sinais clínicos e teste de teste de tingimento pela fluoresceína positiva. Antibiograma pode ser útil na escolha do melhor antibiótico. Em caso de descemetocele, apenas as bordas da úlcera se coram pela fluoresceína. Prolapso de íris geralmente é nítido pela inspeção e o teste de Sydel pode ser positivo (gotejamento de aquosos corado pela fluoresceína). Cultivo e antibiograma são indicados. Tratamento: Mesmo da úlcera superficial Emergencial Intervenção cirúrgica: recobrimento com enxerto conjuntival pediculado
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