Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bactérias Multidroga-resistentes 1 Bactérias Multidroga- resistentes Data de Criação Fonte Curso de Antibióticos TdC Antibiograma S = sensível I = sensível aumentando a exposição (intermediário) Precisa de uma dose mais alta que a padrão R = resistente Não significa que o antimicrobiano necessariamente não vai funcionar Significa maior chance de falha Resistência intrínseca: Algumas bactérias são intrinsicamente resistentes a alguns antibióticos, por isso eles não serão testados no antibiograma Exemplo: Pseudomonas e ertapenem, Enterococcus e cefalosporinas Beta-lactamases São enzimas produzidas por bactérias e que inativam os antibióticos Penicilinases: beta-lactamases que inativam penicilinas Cefalosporinases: beta-lactamases que inativam cefalosporinas Também é resistente às penicilinas Carbapenemases: beta-lactamases que inativam carbapenêmicos Também é resistente às cefalosporinas e às penicilinas Os inibidores de beta-lactamases apresentam espectros de ação diferentes entre si Classificação de Amber @28/07/2023 Bactérias Multidroga-resistentes 2 Ambler A: ESBLs (cefalosporinase) e KPC (carbapenemase) Ambler B (metalobetalactamases): NDM (carbapenemase) Tratamento mais difícil Amber C: Amp-C (cefalosporinase) Amber D: OXA-48 (carbapenemase) Também pode ser de mais difícil tratamento Cefalosporinases ESBLs A identificação é feita no laboratório Principais produtoras: E. coli e Klebsiella Outras possíveis produtoras: Proteus, Salmonella, Shigella, Pseudomonas, Acinetobacter Tratamento Tratamento de escolha: carbapenêmicos É o ideal, mas procura-se outras opções para evitar o uso excessivo da classe Existem ESBLs que podem ser sensíveis ao cefepime (cefalosporina de 4ª geração), mas a recomendação das diretrizes é evitar o seu uso, mesmo se apresentar sensibilidade Existe dúvida sobre o uso de piperacilina-tazobactam em infecções por produtores de ESBLs Bactérias Multidroga-resistentes 3 Alguns locais orientam o uso de amoxilicina-clavulanato, especialmente nos cenários de descalonamento e alta com antibioticoterapia por via oral Antibióticos não beta-lactâmicos são opção contra ESBLs ITU ou infecção de via biliar sem sepse associada: piperacilina-tazobactam, amoxicilina-clavulanato e quinolonas são opções Na ITU, se houver sensibilidade, também são opções sulfametoxazol- trimetroprima ou aminoglicosídeos Pneumonia, infecção de corrente sanguínea associada a cateter ou infecção urinária ou de via biliar graves: os carbapenêmicos são recomendados Amp-C A resistência pode ser induzida durante o tratamento Inicialmente é sensível ao antibiótico, mas desenvolve a resistência ao longo do tratamento Produzida por bactérias específicas: Enterobacter cloacae, Klebsiella aerogenes e Citrobacter freundii Tratamento Não é recomendado o uso de cefalosporinas de 3ª geração (ceftriaxona, ceftazidima) para o tratamento de bactérias com risco de indução de Amp-C Em infecções leves e em que houve melhora clínica, pode-se considerar manter o uso das cefalosporinas de 3ª geração se já iniciadas O Cefepime pode ser considerado como tratamento, preferencialmente se MIC ≤ 2 Se MIC > 2, a recomendação é utilizar um carbapenêmico Evitar o uso de piperacilina-tazobactam em infecções graves devido à incerteza de benefício comparado a outros tratamentos Em infecções leves (cistite) pode ser considerado Diante do crescimento das bactérias específicas (Enterobacter cloacae, Klebsiella aerogenes e Citrobacter freundii) e infecções potencialmente graves, a recomendação é trocar o esquema antibiótico para cefepime (se MIC ≤ 2) ou por carbapenêmico Bactérias Multidroga-resistentes 4 Carbapenemases KPC, OXA-48 e NDM Carbapenemases diferentes têm tratamentos diferentes KPC Identifica uma proteína → KPC o nome da beta-lactamase (carbapenemase) NÃO É A BACTÉRIA RESISTENTE AO CARBAPENÊMICO QUE SE CHAMA KPC Pode ser produzida pela Klebsiella (que deu origem ao nome), E. coli ou outras bactérias É a carbapenemase mais prevalente Novos inibidores de beta-lactamases Ceftazidima + avibactam Meropenem + vaborbactam Imipenem + relebactam Os três têm ação contra a proteína KPC Contra a proteína OXA-48, somente o avibactam consegue inibir Nenhum deles tem ação contra a proteína NDM (metalobetalactamase) Cefiderocol Nova cefalosporina para gram negativos resistentes Pode ser usada contra KPC, NDM e OXA-48 Também tem ação contra Pseudomonas, Acinetobacter ou Stenotrophomonas resistentes Menos estudada e muito menos disponível Polimixinas Ação principalmente contra gram negativos Não cobre gram positivos nem anaeróbios Apresentações mais comuns: Polimixina B (mais comum no Brasil) Bactérias Multidroga-resistentes 5 Polimixina E ou colistina (mais comum nos EUA) A polimixina B não tem muita excreção urinária, devendo ser evitada no tratamento de ITUs, ao contrário da polimixina E Efeitos adversos: Nefrotoxicidade (50-60%): pode ser tubular ou associada a distúrbios hidroeletrolíticos A colistina parece ter maior nefrotoxicidade do que a polimixina B Neurotoxicidade: confusão mental, parestesia, tontura ou bloqueio neuromuscular (grave) Tigeciclina Espectro de ação muito amplo: Gram positivos, incluindo Enterococcus, MRSA, VRE Gram negativos, incluindo Acinetobacter NÃO cobre Pseudomonas Atípicos Anaeróbios Estudos demonstraram possível aumento da mortalidade Preferir doses mais altas Recomenda-se evitar o uso em ITU ou infecção de corrente sanguínea Efeitos adversos predominantemente gastrointestinais Esquemas Terapêuticos Se enterobactérias resistentes a carbapenêmicos, sejam elas produtoras de KPC ou sem especificar qual a carbanepenemase (assumir que é KPC por ser a mais prevalente) Utilizar ceftazidima+avibactam, meropenem+vaborbactam ou imipenem+relebactam Se for uma ITU e houver sensibilidade aos antibióticos usuais (cistite: nitrofurantoína ou fosfomicina; pielonefrite: aminoglicosídeo ou quinolona) pode- se utilizar tais medicações Bactérias Multidroga-resistentes 6 Se estiver disponível o cefiderocol, pode-se utilizar, mas deve-se dar preferência aos novos inibidores de beta-lactamase antes de utilizá-lo Esquemas alternativos: 1) Tigeciclina em monoterapia (diretriz americana) Exceto se ITU ou infecção de corrente sanguínea 2) Terapia combinada (diretriz europeia) Combinar 2 antibióticos com sensibilidade in vitro Opções: tigeciclina, polimixina B e amicacina 3) Terapia combinada (em desuso) Combinar 1 antibiótico com sensibilidade in vitro + meropenem Meropenem em dose alta (2g) de 8/8h em infusão estendida (3-4h) 4) Duplo carbapenêmico (citada na diretriz europeia, mas não recomendada nem que sim nem que não) Meropenem + ertapenem Ertapenem ao menos 1 hora antes da dose do meropenem NDM As metalobetalactamases são resistentes aos novos inibidores de beta-lactamases Apresentam sensibilidade aos monobactâmicos (aztreonam) Aztreonam Ação contra gram negativos, principalmente produtores de NDM Bactérias produtoras de NDM geralmente também produzem outros tipos de beta- lactamases Por isso, a recomendação no tratamento de metalobetalactamases é combinar aztreonam + ceftazidima+avibactam OXA-48 Dar preferência ao uso da ceftazidima+avibactam Bactérias Multidroga-resistentes 7 Pseudomonas resistente a carbapenêmicos Infecções por Pseudomonas necessitam de doses mais altas de alguns antibióticos No antibiograma, a letra I (sensível aumentando a exposição) aparece apenas para lembrar da necessidade de aumento da dose → não significa resistência ou que se deve evitar As Pseudomonas podem ter resistência aos carbapanêmicos através de mecanismos diferentes do que a produção de beta-lactamases → não afeta a resistência a outros betalactâmicos Mas os mecanismos também podem estar combinados e estarem ambos presentes Tratamento Ceftolozana É uma “ceftazidima modificada” Direcionada para cobrir Pseudomonas resistentes É utilizada em combinação ao tazobactam: ceftolozana+tazobactamOutras opções Se houver sensibilidade: novos inibidores de beta-lactamases, quinolonas, aminoglicosídeos e polimixina OBS: A tigeciclina não tem ação contra Pseudomonas Esquemas Terapêuticos Se Pseudomonas resistente a carbapenêmicos mas sensível com dose aumentada a outros beta-lactâmicos (I) Primeiro confirmar a sensibilidade com aumento da exposição Em infecções não graves, considerar usar esses outros antimicrobianos, mas observar a evolução Se Pseudomonas resistente a todos os beta-lactâmicos Antibiótico de escolha: ceftolozana+tazobactam Bactérias Multidroga-resistentes 8 Alternativas: ceftazidima+avibactam, imipenem+relebactam ou cefiderocol Se for uma ITU e houver sensibilidade aos antibióticos usuais, pode-se utilizar tais medicações A Polimixina B não é recomendada Esquemas alternativos: 1) Terapia combinada com 2 medicações com sensibilidade in vitro Polimixina B + amicacina Acinetobacter baumannii Bacilo gram negativo não fermentador Infecção relacionada ao ambiente hospitalar Pode acumular diversos tipos de resistência → difícil tratamento Tratamento Ampicilina+sulbactam Quem tem ação contra o Acineto é o sulbactam, não a ampicilina Exige doses muito altas (18 ampolas/dia) Outras opções Se houver sensibilidade: quinolonas, aminoglicosídeos, sulfametoxazol+trimetroprima, polimixinas e tigeciclina Esquemas Terapêuticos Se Acinetobacter resistente aos carbapenêmicos: Terapia combinada: Ampicilina+sulbactam + polimixina/tigeciclina/cefiderocol Se ampicilina+sulbactam não disponível, associar 2 antibióticos com sensibilidade in vitro A combinação polimixina+carbapenêmico não é recomendada Bactérias Multidroga-resistentes 9 Enterococcus resistente à vancomicina (VRE) VRE sensível à ampicilina Menos comum Escolha: ampicilina (antibiótico de escolha para o enterococcus) VRE resistente à ampilicina Mais comum Esquema Terapêutico 1) Linezolida 2) Daptomicina 3) Tigeciclina Alguns estudos sugerem superioridade da linezolida em relação à daptomicina para o tratamento do VRE Não existem recomendações para terapia combinada além das já conhecidas (ex: endocardite)
Compartilhar