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Infecções Intra-abdominais 1 Infecções Intra-abdominais Data de Criação Fonte Curso de Antibióticos TdC Infecções Intra-abdominais Apendicite, diverticulite, colangite, peritonite, abscessos e pancreatite necrotizante OBS: Pacientes femininas em idade fértil e com suspeita de infecção intra-abdominal devem coletar beta-HCG antes da realização de tomografia, pois quadros de complicações gestacionais podem simular quadros abdominais. Em pacientes sedados ou com trauma raquimedular, deve-se atentar ao diagnóstico das infecções intra-abdominais devido ao exame físico frustro. Agentes Enterobactérias (bacilos gram negativos) Streptococcus (cocos gram positivos) Anaeróbios Enterococcus (coco gram positivo) Pseudomonas (bacilo gram negativo) Anaeróbios Principal anaeróbio em infecções intra-abdominais: Bacteroides fragilis Outros: Fusubacterium, Prevotellia, Peptostrepcoccus (anaeróbios colonizadores da cavidade oral) Não costumam aparecer em resultados de hemo/uroculturas pois exigem meio de cultura específica, além de apresentarem difícil crescimento em meio próprio Por isso, é preciso manter a cobertura para anaeróbio mesmo que haja o crescimento de outra bactéria na cultura @21/07/2023 Infecções Intra-abdominais 2 Quando cobrir? Infecções intra-abdominais, trato genital feminino, abscessos em geral, fasciíte necrosante e mordeduras Colite pseudomembranosa (Clostridioides difficile), síndrome de Lemierre (tromboflebite séptica da veia jugular interna com infecção metastática por Fusobacterium) Casos de colangite grave com fístula êntero-biliar Em infecções de vias biliares leves e moderadas (sem fístula êntero-biliar), não é recomendado cobrir anaeróbios O que cobre? Metronidazol (nitroimidazolico) Clindamicina (lincosamina) Moxifloxacino (quinolona de 4ª geração) Amoxicilina + Clavulanato (betalactâmico + inibidor de betalactamase) Ampicilina + Sulbactam (betalactâmico + inibidor de betalactamase) Piperacilina + Tazobactam (betalactâmico + inibidor de betalactamase) Meropenem, Ertapenem (carbapenêmicos) Penicilinas e cefalosporinas não são ideais para cobertura empírica devido ao aumento dos níveis de resistência Metronidazol Espectro de ação: Anaeróbios gram-negativos O Bacteroides fragilis (principal anaeróbio causador de infecções intra- abdominais) possui alta resistência à clindamicina, por isso o metronidazol é recomendado nesses casos (”abaixo do diafragma”) Anaeróbios gram-positivos (ex: Fusobacterium) Metronidazol x Clindamicina: a Clinda cobre outros patógenos como Strepto e Staphylo, enquanto o Mero cobre somente os anaeróbios Infecções Intra-abdominais 3 Assim, se já se está cobrindo os outros patógenos com outro antibiótico (ex: amoxicilina, ceftriaxona), o Metronidazol pode ser utilizado como adjuvante nas infecções pulmonares (”acima do diafragma”) Protozoários (Giardia, Trichomonas, Entamoeba) Efeitos adversos: Neurotoxicidade: encefalopatia, neuropatia periférica Principalmente se uso por mais de 4 semanas ou doses cumulativas altas (≥ 42 g) Caso 1 Homem, 25 anos. Dor abdominal há 1 dia iniciada em região epigástrica e migração para fossa ilíaca direita. Apresentava febre e calafrios. No exame físico, descompressão brusca positiva. Aventada a hipótese de apendicite aguda, solicitada tomografia que mostrou sinais de apendicite e de abscesso ao redor (complicação). Terapia combinada: BGN + Streptococcus = Ceftriaxona Outros: Cefuroxima, Ciprofloxacino, Levofloxacino Anaeróbios = Metronidazol Terapia única: BGN + Streptococcus + Anaeróbios = Moxifloxacino Outros: Ertapenem, Piperacilina + Tazobactam (reservar para cenários mais complexos → bala de canhão) Evitar: Amoxicilina + clavulanato ou ampicilina + sulbactam: alta taxa de E. coli resistente Clindamicina: não cobre bem anaeróbios gram negativos (Bacteroides fragilis) Infecções Intra-abdominais 4 Aminoglicosídeos: toxicidade Tempo: não é um consenso absoluto → “short is better” Pacientes não graves: 4 dias Pacientes graves: 8 dias Pseudomonas Fatores de risco: Colonização ou infeção por Pseudomonas no último ano Hospitalização recente ou antibioticoterapia de amplo espectro (cefalosporinas de amplo espectro, carbapenêmicos ou quinolonas) Pacientes graves ou imunossuprimidos Alterações pulmonares: bronquiectasias, fibrose cística, DPOC grave (VEF1 < 30%), traqueostomizados Classe: Bacilos gram-negativos não fermentadores Pseudomonas, Acinetobacter, Burkholderia, Stenotrophomonas Quando cobrir? Infecções intra-abdominais Pacientes com infecções pulmonares e alterações anatômicas: bronquiectasias, fibrose cística, DPOC grave, traqueostomizados, pneumonia associada à ventilação ITU associada a dispositivos Infecções de corrente sanguínea Infecções de pele após queimaduras Otite externa do mergulhador O que cobre? Ciprofloxacino, Levofloxacino (quinolonas) → única opção VO Piperacilina + Tazobactam (penicilina + inibidor de betalactamase) Ceftazidima (cefalosporina de 3ª geração) Infecções Intra-abdominais 5 Cefepime (cefalosporina de 4ª geração) Meropenem, imipenem e dorepenem (carbapenêmicos) Ertapenem NÃO COBRE Aminoglicosídeos Polimixina → Pseudomonas multirresistente Ceftolozane + Tazobactam → Pseudomonas multirresistente PS: única indicação de terapia dupla (não é consenso) é no caso de bacteremia associada à endocardite Piperacilina + Tazobactam Betalactâmico de espectro estendido associado à inibidor de betalactamase Espectro de ação: Cocos gram positivo (exceto MRSA) Bacilos gram negativos Anaeróbios Não há necessidade de utilizar Pipe-Tazo associado ao metronidazol para a mesma infecção Posologia: 8/8h, 6/6h ou infusão contínua Efeitos adversos: Diarreia (até 10%) Elevação da creatinina sérica sem necessariamente apresentar disfunção renal Nefrotoxicidade especialmente quando associação com vancomicina Cefepime Cefalosporina de 4ª geração Espectro de ação: Cocos gram positivos (exceto MRSA) Bacilos gram negativos mais complexos Infecções Intra-abdominais 6 NÃO cobre anaeróbio nem enterococo → o Pipe-Tazo cobre! Efeitos adversos: Relacionada à colite por Clostridioides Encefalopatia podendo estar relacionada a status epilépticos Especialmente em pacientes com disfunção renal → EVITAR!!! Carbapenêmicos Imipinem + Cilastatina Meropenem Ertapenem Doripenem Espectro de ação: Cocos gram positivos O Imipenem cobre também Enterococcus Bacilos gram negativos resistentes (incluindo ESBL e AMP-C) O Ertapenem NÃO COBRE Pseudomonas Anaeróbios Efeitos adversos: Redução do limiar convulsivo (Imipenem + Cilastatina) Especialmente em pacientes idosos ou com disfunção renal Evitar o uso excessivo dos carbapenêmicos para evitar a indução de resistência Caso 2 Homem de 63 anos, IC e DRC não dialítica. Dor em fosse ilíaca esquerda. Hipotenso, febril e confuso. Diagnóstico de diverticulite confirmado por TC. Opções terapêuticas para infecção abdominal e que precisa cobrir Pseudomonas: Infecções Intra-abdominais 7 Pipe-Tazo ou Meropenem (monoterapia) Cefepime + Metronidazol (terapia combinada) Enterococcus Relacionado a infecções intra-abdominais em pacientes hospitalizados, principalmente em pós-operatório. Coco gram positivo Enterococcus faecalis Maior virulência (infecções mais graves e disseminadas), mas menor perfil de resistência Enterococcus faecium Menos virulento/grave, mas com maior perfil de resistência Presente em contextos predominantemente hospitalares (ex: infecções intra- abdominais complicadas, ITU associada a dispositivos, infecção de sítio cirúrgico, infecção de corrente sanguínea podendo causar endocardite) Quando cobrir? Geralmente tratamento guiado, dificilmente inicia-se tratamento empírico Pós-operatório Pacientes imunocomprometidos Uso recente de antibióticos de amplo espectro O que cobre? Ampicilina (1ª opção) Vancomicina Piperacilina + Tazobactam Linezolida ou Daptomicina 2ª opção: em pacientes mais graves (endocardite/bacteremia), pode-seutilizar Ceftriaxone ou Gentamicina associados à Ampicilina como adjuvantes em terapia combinada Infecções Intra-abdominais 8 NÃO cobrem: outras cefalosporinas, Clindamicina, Bactrim, Oxacilina Caso 3 Homem de 57 anos de idade, realizou colectomia devido à neoplasia de cólon. Evoluiu no pós-operatório com aumento de PCR, leucocitose, febre e dor abdominal, realizado diagnóstico de infecção intra-abdominal pós-operatória. Esquemas Terapêuticos Cefepime + Metronidazol: Cobre: BGN incluindo Pseudomonas + anaeróbios Não cobre: Enterococcus Meropenem + Vancomicina: Cobre: MRSA, Pseudomonas, anaeróbios e Enterococcus Ertapenem + Ampicilina: Cobre: Anaeróbios e Enterococcus Não cobre: Pseudomonas Meropenem: Cobre: Pseudomonas e anaeróbios Não cobre: Enterococcus Piperacilina + Tazobactam: Cobre: BGN incluindo Pseudomonas, anaeróbios e Enterococcus Não cobre: MRSA
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