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Cícero Fernandes Marques Administração da Produção e de Materiais Adm inistração da Produção e de M ateriais Cícero Fernandes M arques Cícero Fernandes Marques Administração da Produção e de Materiais Adm inistração da Produção e de M ateriais Cícero Fernandes M arques Cícero Fernandes Marques Administração da Produção e de Materiais Adm inistração da Produção e de M ateriais Cícero Fernandes M arques Código Logístico 58736 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6505-9 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 0 5 9 Administração da produção e de materiais IESDE 2019 Cícero Fernandes Marques Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Jenson/Jirapong Manustrong/M2020/Parilov/Matej Kastelic/shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ T266a Marques, Cicero Fernandes Administração da produção e de materiais / Cicero Fernandes Marques. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 122 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6505-9 1. Administração da produção. 2. Planejamento da produção. 3. Controle de produ- ção. I. Título. 19-59392 CDD: 658.5 CDU: 658.5 Cícero Fernandes Marques Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Marketing Empresarial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Gestão de Aprendizagem pela Faculdade União das Américas (Uniamérica). Graduado em Administração pela Faculdade de Plácido e Silva (Fadeps). Administrador. Professor em diversas universidades e faculdades. Autor de livros e artigos em revistas científicas e técnicas, congressos e simpósios nacionais e internacionais. Diretor em empresas de grande e médio porte, nacionais e internacionais. Atua na inovação de negócios, produtos e serviços e em projetos de experiência do consumidor. Sumário Apresentação 7 1 Conceitos, evolução e aplicações 9 1.1 Visão geral da administração da produção e de materiais 9 1.2 Evolução dos processos de produção 11 1.3 Elementos do sistema de produção e operações 14 1.4 Noções de redes de empresas e cadeias de valor 17 2 Sistemas e processos de produção 21 2.1 Sistemas de produção 21 2.2 Sistemas em operações de serviços 26 2.3 Sistemas de manufatura 28 2.4 Gestão estratégica de operações 30 3 Administração de materiais e logística interna 37 3.1 Materiais e logística: visão global 37 3.2 Operações logísticas internas 41 3.3 Compras e fornecedores 43 3.4 Materiais: classificação e codificação 47 3.5 Estoque, armazenagem e movimentação interna 50 4 Operações logísticas e de produção 57 4.1 Serviços e operadores logísticos 57 4.2 Sistemas de produção empurrados 62 4.3 Sistemas de produção puxados 65 4.4 Fabricação de classe mundial – FCM 68 5 Planejamento e controle das operações 79 5.1 Localização e arranjo físico 79 5.2 Capacidade de produção e TOC 86 5.3 Planejamento, programação e controle 89 6 Distribuição física e gestão da qualidade 97 6.1 Processamento de pedidos 97 6.2 Distribuição física e transportes 100 6.3 Total Quality Management (TQM) – gestão da qualidade total 104 6.4 Tecnologia aplicada nas operações 108 6.5 Indústria 4.0 113 Gabarito 119 Apresentação Este livro, organizado em seis capítulos, apresenta uma visão ampla e integrada das operações logísticas, contextualizando-as historicamente para mostrar a evolução dos sistemas e processos de produção e serviços. Por meio de conceitos e aplicações, são abordados os componentes da gestão de materiais, a logística interna, a cadeia de suprimentos e os principais aspectos relacionados ao planejamento e ao controle das operações e da qualidade. O Capítulo 1 trata da administração da produção e da administração de materiais, apresentando seus principais fundamentos e conceitos e destacando a sinergia entre esses processos. Os diferentes tipos de sistemas de produção e suas aplicações são trabalhados no Capítulo 2. Tais sistemas permitem identificar as melhores alternativas para cada empresa e quais estratégias de manufatura e operações podem ser adotadas na fabricação dos produtos. No Capítulo 3, são discutidas as operações de serviços, abordando suas características e seus inter-relacionamentos com os sistemas de manufatura, com a gestão estratégica de operações e com os elementos que impactam o sucesso e as perspectivas estratégicas das operações. Na sequência, são discutidos os processos de compra, o relacionamento com fornecedores e a gestão de estoques, de armazenagem e de movimentação interna. O Capítulo 4 descreve os tipos de serviços, a terceirização e os operadores logísticos, assim como os sistemas de produção puxados e empurrados e suas diferenças e aplicações. Já o Capítulo 5 apresenta o planejamento e o controle da produção de maneira integrada, explorando a localização e o arranjo físico, a capacidade de produção, as restrições e as técnicas que auxiliam o planejamento, a programação e o controle da produção. Por fim, o Capítulo 6 discorre sobre o processamento de pedidos, a distribuição física, os canais de distribuição e transportes e a gestão da qualidade total. Também são abordadas as tecnologias da informação aplicadas às operações, a revolução das novas tecnologias e a Indústria 4.0, que traz novas possibilidades e alianças estratégicas. Bons estudos! 1 Conceitos, evolução e aplicações O atual ambiente de negócios está exigindo das organizações novas competências para manter a eficiência, a produtividade e a flexibilidade das operações e oferecer ao mercado produtos inovadores, de qualidade, preço justo e presença para obter os resultados esperados. Entre as diferentes áreas das empresas, a administração da produção e a administração de materiais eram estudadas e gerenciadas de modo isolado. Atualmente, elas estão entrelaçadas em suas diversas operações e interagindo com outras áreas, como marketing, vendas, finanças, entre outras. O objetivo deste capítulo é conhecer a evolução dos processos industriais, seus diversos estágios, as operações, as tecnologias e as atividades de produção e de materiais, os sistemas e processos produtivos, a formação e o papel das redes de empresas e a proposta de cadeia de valor. 1.1 Visão geral da administração da produção e de materiais O objetivo da administração da produção é conhecer e estudar os processos e recursos utilizados na fabricação de produtos, na prestação de serviços e nas demais operações, visando a apontar as melhores alternativas para obter maior desempenho e contribuir para atingir os objetivos organizacionais. A administração de materiais é a área da organização que realiza as atividades de aquisição, movimentação, armazenagem e abastecimento das unidades de manufatura. Produção e materiais são áreas dinâmicas, voltadas a atender às necessidades dos consumidores identificadas pelo marketing, a suprir as demandas especificadas nos pedidos dos clientes realizados ao pessoal de vendas e a evitar a falta ou o excesso de estoques para garantir a plena produção e imobilizar o mínimo de capital possível. A função da produção nas organizações, de maneira genérica, compreende a coordenação do conjunto de meios e recursos para executar e ofertar os produtos e serviços, independentemente da atividade. A função produção de uma clínica médica é prestar serviços de assistência e atendimento aos seus pacientes; a de um órgão público é atender às necessidades da população referentes às áreas em que atua; a de uma indústria é fabricar bens para atender às necessidades dos clientes. A atividade de produção no sentido de processo de fabricação é voltada ao estudo dos processos e das técnicas paratransformar materiais e componentes em produtos para uso do consumidor final. A função administração da produção é o planejamento e gerenciamento das ações de manufatura: definição das estratégias de fabricação, organização e programação das ações de transformação, utilização de recursos, máquinas, equipamentos, pessoas e tecnologias, entre outras. Vídeo Administração da produção e de materiais10 Um fluxo sintético que explica o sistema de produção é composto dos seguintes elementos: entrada (input), processamento (transformação) e saída (output). Esse fluxo, cujos fundamentos serão estudados na Seção 1.3 deste capítulo, pode ser mais bem compreendido na Figura 1, a seguir. Figura 1 – Elementos do processo ou sistema de produção ENTRADA TRANSFORMAÇÃO SAÍDA Fonte: Elaborada pelo autor com base em Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 58. A administração de materiais compreende as atividades de identificação das fontes de matérias-primas, partes e componentes, transporte, armazenagem, suprimento desses insumos para atender às necessidades de fabricação, gestão dos materiais em processo, armazenagem dos produtos acabados e distribuição física até chegar ao consumidor. A função da administração de materiais também é conhecida por logística. A logística, segundo o CSCMP (2019, tradução nossa), “é a parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o fluxo eficiente e efetivo e reverte o fluxo e armazenamento de bens, serviços e informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo para atender aos requisitos dos clientes”. A necessidade de entregar ao mercado produtos e serviços com variações e atender às mudanças nos requisitos dos produtos exigiu maior agilidade dos processos e interligação com fornecedores e distribuidores, favorecendo a integração dos processos de produção e de materiais, ou logística, originando uma nova perspectiva: produção e operações. As operações são atividades ligadas à transformação, internamente, de insumos em produtos finais. Para Jacobs e Chase (2012, p. 6), a administração das operações “é definida como projeto, operação e melhoria dos sistemas que criam e entregam os produtos e serviços primários da empresa, se preocupa com a administração de todo o sistema que produz um bem ou entrega um serviço, que envolve uma série complexa de processos de transformação”. A cadeia de suprimentos ou abastecimento se refere à rede de empresas que atuam desde a origem das matérias-primas até a entrega do produto final ao cliente e, atualmente, até os processos de destino do descarte dos produtos usados. De acordo com Chopra e Meindl (2011, p. 3): uma cadeia de suprimentos consiste em todas as partes envolvidas, direta ou indiretamente, na realização do pedido de um cliente. Ela inclui não apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadoras, armazéns, varejistas e até mesmo os próprios clientes. Dentro de cada organização, assim como em um fabricante, a cadeia de suprimento inclui todas as funções envolvidas na recepção e na realização de uma solicitação do cliente. Essas funções incluem – mas não estão limitadas a – desenvolvimento de produto, marketing, operações, distribuição, finanças e o serviço ao cliente. Para competir em um mercado disputado e globalizado, que exige permanente evolução de características, qualidade dos produtos/serviços e, principalmente, menores preços, o estabelecimento de alianças ou participação nas redes de empresas ou cadeias logísticas amplia a capacidade competitiva da organização, garantindo sua sobrevivência e seu crescimento. Conceitos, evolução e aplicações 11 1.2 Evolução dos processos de produção Para atender às suas necessidades, a humanidade buscou criar, desenvolver e produzir vestimentas, ferramentas, utensílios e outros produtos que facilitassem suas atividades, reduzindo o esforço e ampliando a produtividade para realizar tarefas. Desse modo, por meio de recursos, como a roda, a tração animal, as ferramentas para plantio e colheita, entre tantos outros, a humanidade busca permanentemente a melhoria na sua qualidade de vida. Com o passar do tempo, as técnicas para produzir vestimentas, ferramentas e utensílios, geralmente transmitidas de pai para filho, foram evoluindo. Das oficinas, onde as atividades eram realizadas e aprimoradas, emergiram os artesãos, que passaram a ter maior importância com a urbanização das comunidades, principalmente na Europa. A capacidade de produção de bens por parte dos artesões era de pequeno volume, manufaturavam produtos um a um, sob encomenda. O economista e filósofo escocês Adam Smith publicou em 1776 a primeira edição do livro A riqueza das nações, no qual apresenta a ideia de que se o trabalho fosse dividido em partes executadas por diferentes pessoas, seria possível fabricar muitas peças exatamente iguais em menor tempo, possibilitando a mais pessoas terem acesso aos bens. No século XVIII, a população da Grã-Bretanha estava migrando das comunidades rurais para as cidades, causando crescimento acelerado e fazendo emergir um novo tipo de atividade para ocupar as pessoas: o emprego industrial. Na França e na Inglaterra, no século XVII, os artesãos trabalhavam em grandes oficinas denominadas de manufaturas, designação que tem origem no termo manual, que provém de mãos. Nessas grandes oficinas, os artesões eram auxiliados por ajudantes e aprendizes. Mais tarde foram acrescentadas máquinas e foi feito o uso da divisão de trabalho, e o termo manufatura passou a ter o significado de produção industrial. As ideias de Adam Smith foram disseminadas pelos demais países da Europa e pelos Estados Unidos, onde, ao final do século XIX, já eram adotadas em muitas indústrias e processos e técnicas de manufatura continuaram a ser aprimoradas e estudadas em universidades. A invenção e disponibilização de novos recursos – como as engrenagens, as máquinas a vapor desenvolvidas pelo britânico James Watt em 1767, a eletricidade, o telégrafo e o telefone – inseridos nas fábricas ampliaram a capacidade de produção, ocasionando o surgimento da aplicação de técnicas de gestão para divisão, sequenciamento e distribuição das tarefas. Em 1804, o tecelão francês Joseph Marie Jacquard construiu o primeiro tear programável, e em 1810 já havia mais de 10 mil teares programáveis sendo utilizados. O período compreendido desde a publicação de Smith até o final do século XIX ficou conhecido como Primeira Revolução Industrial, a revolução das máquinas. As ferrovias, inicialmente movidas a vapor, foram originadas na Inglaterra, na primeira década de 1800, e tiveram importante papel no desenvolvimento dos transportes, pela movimentação de cargas e pessoas. Há concordância entre os historiadores de que a Primeira Revolução Industrial teve seu início na década de 1760, com o uso das máquinas a vapor, até aproximadamente 1850, quando o Vídeo Administração da produção e de materiais12 escocês James Young descobriu que era possível extrair o petróleo do carvão e do xisto betuminoso e, então, criou o processo de refino. No Azerbaijão, foi perfurado o primeiro poço de petróleo. Houve perfurações de poços de petróleo em diversas localidades do mundo, entre elas a Romênia, o Canadá e a Pensilvânia (EUA). Na década de 1870, foram extraídos mais de 10 milhões de barris nos Estados Unidos. A mudança da primeira para a Segunda Revolução Industrial foi a utilização do petróleo e das suas variações (o diesel, a gasolina e o gás) como fonte de energia, assim como da eletricidade. A partir de 1870, já havia geradores a vapor para acionar lâmpadas em Paris, associados à aplicação dos conceitos de Taylor e outros pesquisadores na indústria. O engenheiro mecânico norte-americano Frederick Taylor foi um dos precursores no estudo da administração moderna. Em 1911, publicou o livro Os princípios da administração científica, resultado de sua vivência profissional como operário, chefe e engenheiro em minas e em indústrias,no qual foi possível identificar a necessidade de selecionar as pessoas com perfil adequado para cada tarefa, do treinamento e da adaptação do posto de trabalho para ampliar a capacidade de execução. Alguns dos princípios da administração científica de Taylor (1970) são a racionalidade, a ergonomia no posto de trabalho, a produção em massa e o homem tratado como máquina. Ele propôs a substituição dos métodos empíricos por científicos mesmo nas menores tarefas de cada ofício. Para cada tipo de indústria, ou para cada processo, estudar e determinar a técnica mais conveniente. Analisar, metodicamente, o trabalho do operário, estudando e cronometrando os movimentos elementares. [...] Separar as funções de preparação e execução, definindo-as como atribuições precisas. Especializar os agentes nas funções de preparação e execução. (TAYLOR, 1970, p. 40) Para atender à premissa de Taylor, além da adequação das ferramentas e dos métodos científicos aplicados ao aumento da produtividade, os operários devem ser selecionados de acordo com suas aptidões e, então, treinados. Deve-se também controlar a realização do trabalho para se certificar de que ele está sendo realizado conforme o estabelecido e aplicar o conceito de tempo médio, para poder comparar os operários e escolher os melhores, como referência para a padronização das atividades, tempos e movimentos. Em 1916, o engenheiro de minas Fayol (1970) publicou em Paris o livro Administração industrial e geral, no qual apresenta os princípios gerais da administração, entre eles a divisão do trabalho e a estrutura hierárquica. Com base nos fundamentos de divisão do trabalho, no uso de recursos e técnicas, como guindastes, nas ferramentas adequadas às tarefas para sequenciar e dar ritmo às operações, utilizando e adaptando os conhecimentos em discussão na época, o engenheiro mecânico Henry Ford estruturou e operacionalizou, na Ford Motor Company, em 1906, a primeira linha de produção em massa de que se tem conhecimento. Em 1914, reduziu a jornada de trabalho para 8 horas diárias, ofertando veículos com preços acessíveis em larga escala. Na década de 1920, a Ford produzia mais de dois milhões de veículos ao ano. Conceitos, evolução e aplicações 13 Alfred Sloan (executivo e CEO da General Motors, que criou o conceito de um carro para cada bolso, reestruturou a GM em divisões – fábricas em que cada unidade produzia veículos para um público específico), Ford Withman Harris (cálculo do lote econômico e custos de estoque), Walter Shewart (controle estatístico da qualidade), William Edwards Deming (melhoria de processos produtivos e qualidade), entre outros, trouxeram contribuições para o desenvolvimento do pensamento da gestão da produção, o que se conhece como a Segunda Revolução Industrial, a era da criação e fabricação dos novos inventos, como automóveis, telefones, rádios, vitrolas, discos de vinil, refrigerantes, jeans e outros produtos. A migração da segunda para a Terceira Revolução Industrial ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, com a reconstrução das regiões destruídas; novas perspectivas de gestão e organização das empresas foram necessárias para as significativas mudanças de comportamento dos consumidores, principalmente a implementação dos conceitos de obsolescência planejada dos produtos, ou seja, a mudança de características nos produtos deixava as versões anteriores ultrapassadas, acarretando uma nova visão de mercado e sua disputa. Deming, convidado a participar do esforço de reconstrução do Japão, difundiu os conceitos e fundamentos dos 14 pontos para a qualidade total aos executivos das indústrias japonesas. Mais tarde surgiram os programas de zero defeitos nos produtos acabados. Na década de 1950, recuperados dos efeitos da Segunda Guerra Mundial, mais países passaram a ofertar produtos ao mercado global. A Terceira Revolução Industrial foi liderada pela Toyota e pelo Sistema Toyota de Produção, conhecido por just-in-time (JIT – no tempo exato), que possibilitou a criação de uma linha de produção flexível, sendo possível alternar a montagem de diferentes veículos em uma mesma linha de produção, também conhecida por lean production ou produção enxuta, como definida pelo Massachusetts Institute of Tecnology (MIT). O princípio do JIT é estabelecer uma cadeia de suprimento ou abastecimento, ou seja, diversos fornecedores trabalhando em conjunto, visando minimizar os estoques (estoque zero) e abastecendo a linha de produção no momento exato em que ela é necessária; dessa forma, se componentes tiverem de ser alterados, apenas os fornecedores desses componentes irão alterá-los, para que o produto esteja adequado às novas especificações. As fábricas tradicionais, onde se produzia a maioria das peças e componentes de um produto, passam a ser montadoras de itens manufaturados por seus fornecedores, que, por sua vez, também recebem insumos de fornecedores. É importante observar que a logística e a produção estão totalmente interligadas. Outro fator que contribuiu para essa revolução foi a velocidade com que a informática – por meio do desenvolvimento e acesso ao uso dos computadores –, associada à tecnologia da comunicação, acelerou a troca de informações entre as montadoras e seus fornecedores e entre os distribuidores e as montadoras, gerando um processo produtivo integrado. Na Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, cujo processo de transição está sendo experienciado nesta década, os robôs integrados aos diferentes sistemas são responsáveis por uma transformação radical, por meio de convergência de tecnologias físicas, Administração da produção e de materiais14 biológicas, informacionais e de comunicação, redes de empresas interligadas, internet das coisas e inteligência artificial. Isso serve para observar, monitorar e compreender os consumidores e indicar novos produtos e serviços ou alterações nos já existentes. Conforme afirma Schuab (2019, p. 5), “estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”. O grande desafio aos gestores contemporâneos é como integrar e adaptar sua organização a uma ou mais cadeias de suprimento para assegurar a sobrevivência e o crescimento da organização diante das profundas mudanças que estão ocorrendo. 1.3 Elementos do sistema de produção e operações O processo de produção e operações é composto de três elementos (entrada, processamento ou transformação e saída) e quatro dimensões das operações de produção (volume, variedade, variação e visibilidade). • Recursos de entrada ou input: somatória de materiais, demais insumos, informações e necessidades do mercado, processados por meio das instalações e inseridos no processo de transformação. • Recursos de transformação ou produção: conjunto de atividades para transformar os insumos em produto final, sendo composto de máquinas, equipamentos e outros recursos físicos, tecnológicos e humanos. • Saída ou output: produtos e/ou serviços resultantes da alteração dos insumos no processo de transformação. Na Figura 2, a seguir, pode-se visualizar os elementos do processo atuando e interagindo na produção. Figura 2 – Elementos do processo de produção e operações Recursos de entrada (input) Saídas: produtos e serviços (output) Recursos de entrada a serem transformados Recursos de entrada de transformação TRANSFORMAÇÃO Ambiente Materiais Informação Consumidores Instalações Pessoal Fonte: Elaborada pelo autor com base em Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 58. Vídeo Conceitos, evolução e aplicações 15 De modo simples, todos os sistemas de produção possuem essas três etapas. A principal finalidade é poder visualizar o sistema por inteiro, de maneira ampla, e todos os seus integrantes para, em seguida, aprofundar os detalhese examinar como as operações e recursos serão utilizados para obter o melhor desempenho possível. Existem algumas variáveis que devem ser analisadas para melhor dimensionar o processo de transformação. Mesmo que as operações das diferentes dimensões possam parecer semelhantes, as dimensões das operações dos sistemas de produção são, com base em Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 48-53): • Volume de saída: indica se a quantidade de produtos a serem processados é de pequena, média ou grande escala. Essa informação irá orientar a velocidade e o ritmo das operações. Comparando a manufatura de camisetas simples e a de camisetas para uma grife com estampas exclusivas, as camisetas simples, para serem ofertadas com custo baixo, devem ser produzidas em grande escala; já a produção das camisetas para grife deverá ser em pequena escala, com participação mais intensiva dos profissionais de estampa e custo unitário mais elevado. • Variedade de saída: é o conjunto de opções nos produtos que podem ser realizadas. Tem interferência direta na relação com as mudanças no processo de produção; muitas mudanças significam a necessidade de ajustes na produção. No caso das camisetas, as opções necessárias nas camisetas simples se referem ao tamanho das confecções; já nas de grife, além das variações de tamanho, terão variações de mangas curtas ou longas, tipos de gola, cores e estampas, acessórios, entre outras. Quanto maior a possibilidade de opções, mais complexo será o sistema, o que exigirá maior flexibilidade do sistema de produção. • Variação da demanda: corresponde a produtos que podem ser sazonais, produtos com alta variação de consumo. Há de se prever e antecipar os períodos de consumo, pois podem elevar os custos unitários, enquanto os produtos com pequena variação de consumo possibilitam maior estabilidade nas previsões e menor custo. É uma aplicação para sorvetes (cujo aumento de consumo se dá no verão), ovos de Páscoa (cuja demanda é grande em um período do ano), entre outros. No caso das camisetas, dependendo das regiões onde sejam vendidas, podem ter variações significativas; onde o clima é mais estável e elevado ao longo do ano, as camisetas simples têm oscilação de demanda mínima ou quase nenhuma, enquanto as camisetas de grife podem ter maior demanda em datas festivas, como Natal e Dia dos Namorados. • Visibilidade ou contato com o consumidor: alto contato com os clientes gera menor tolerância à espera para receber os produtos, custo unitário mais alto e maior habilidade no trato com o consumidor. Quando há baixo contato, as operações são mais padronizadas, o tempo de espera é menos crítico, pois o estoque fica sob responsabilidade do distribuidor, e há menor habilidade no relacionamento com o cliente. Pode haver também operações mistas, algumas com alto grau de contato e outras com baixo grau de contato. O contato não significa necessariamente a relação no momento da venda; pode haver contato por meio de sites em que os produtos são apresentados, com chats para troca de informações, serviços de pós-vendas e orientações ao consumidor, como o 0800, ou outros meios de comunicação. Administração da produção e de materiais16 Na Figura 3, a seguir, utilizando o exemplo de camisetas simples e de grife, é possível visualizar as implicações dos diferentes tipos de operações, lembrando que essa tipologia deve ser adaptada a cada produto especificamente. Figura 3 – Tipologia das operações Volume AltoBaixo Variedade BaixaAlta Variação da demanda BaixaAlta Visibilidade BaixaAlta Implicações Implicações Baixa repetição Cada funcionário participa mais do trabalho Menor sistematização Alto custo unitário Flexível Completa Atende às necessidades dos consumidores Alto custo unitário Capacidade mutante Antecipação Flexibilidade Ajustada com a demanda Alto custo unitário Tolerância de espera limitada Satisfação definida pela percepção do consumidor Necessidade de habilidade de contato com o consumidor A variedade recebida é alta Alto custo unitário Alta repetitividade Especialização Sistematização Capital intensivo Baixo custo unitário Bem definida Rotineira Padronizada Baixo custo unitário Estável Rotineira Previsível Alta utilização Baixo custo unitário Tempo entre a produção e o consumo Padronização Pouca habilidade de contato Alta utilização de funcionários Centralização Baixo custo unitário Fonte: Elaborada pelo autor com base em Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 52. É possível utilizar a tipologia das operações – também conhecida como 4 Vs – para analisar o perfil das operações, como pode ser observado na Figura 4, a seguir. Conceitos, evolução e aplicações 17 Figura 4 – Perfil de duas operações Volume Variedade Variação Visibilidade camiseta de grife Baixo Alta Alto Baixa Baixa Baixa Alta Alta camiseta simples Fonte: Elaborada pelo autor com base em Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 52. Esses elementos e tipos de dimensões da produção são instrumentos que nos permitem conhecer e visualizar os processos necessários para projetar e adequar as operações. 1.4 Noções de redes de empresas e cadeias de valor Para enfrentar a complexidade das operações e controlar os fluxos, muitas empresas estão adotando o modelo de gerenciamento com base em redes de empresas e cadeias de valor. Esse modelo traz algumas variáveis que merecem ser avaliadas, como atuação em uma rede de empresas para ampliar a capacidade competitiva, redução do volume de investimento, divisão e compartilhamento do risco do negócio e investimentos onde as competências são maiores. Porter (1999) propõe o conceito de cadeia de valores, que, de acordo com ele, acentua o papel da tecnologia da informação na competição. Esse conceito identifica as várias atividades diferenciadas, do ponto de vista tecnológico e econômico, que a empresa desempenha para executar o seu negócio. São as chamadas “atividades de valor”. O valor gerado pela empresa é mensurado através do preço que os compradores estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço. (PORTER, 1999, p. 84-85) Atividades de valor de uma empresa são estrategicamente pertinentes para entender o comportamento dos custos e as fontes de diferenciação existentes e potenciais. Uma empresa obtém vantagem competitiva desempenhando essas atividades de modo melhor ou a um custo mais baixo do que seus concorrentes. As atividades de apoio, segundo Porter (1999), são infraestrutura da empresa, gestão de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e compra de material. As atividades primárias são: logística de suprimentos, operações, logística de distribuição, marketing e vendas e serviços. Para Martel e Vieira (2008, p. 29), uma rede criará valor se aumentar o valor comercial da empresa. Quando os produtos de uma empresa são vistos com valor superior pelo mercado, a empresa será mais lucrativa e terá seu capital elevado. Os gestores e acionistas buscam a maximização do capital, que pode ser observado na fórmula: Vídeo Administração da produção e de materiais18 Maximizar = [ ( rendimentos – custos ) / capital utilizado ] Essa fórmula traduz atividades estratégicas que visam maximizar as vendas, minimizar os custos das operações de produção, suprimentos e distribuição e reduzir o capital necessário para investimentos. As organizações nas cadeias logísticas são alinhadas a partir da matéria-prima em direção ao consumidor, sendo que cada empresa ocupa uma posição. Denominam-se montante (upstream) as empresas situadas para trás, no sentido da matéria-prima, e jusante (downstream) aquelas que estão à frente, no sentido do cliente. Utilizando uma analogia baseada no fluxo de um rio, montante seria a nascente e jusante a foz. “Uma cadeia de suprimentos é a rede de organizações envolvidas, por meio de vínculos a montante e a jusante, nos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços destinados ao consumidor final” (CHRISTOPHER, 2007, p. 16). Para melhor compreenderas operações logísticas, é fundamental identificar os três grandes fluxos: informação, materiais e financeiro, conforme mostra a Figura 5, a seguir. Figura 5 – Fluxos logísticos EMPRESA FLUXO DE MATERIAIS FLUXO FINANCEIRO FORNECEDOR SUPRIMENTO P R O D U Ç Ã O DISTRIBUIÇÃO CLIENTE FLUXO DE INFORMAÇÕES Fonte: Elaborada pelo autor com base em Novaes, 2004, p. 37. O fluxo de informações se inicia a partir da previsão de demanda do consumidor, por meio de distribuidores, produção, suprimento e chegada aos fornecedores, que encaminham os materiais requisitados para o local onde os bens são produzidos e entregues aos distribuidores, e estes os entregam aos clientes, que efetuam o pagamento pela aquisição. O fluxo financeiro segue o percurso inverso até chegar aos fornecedores, e a cada etapa são retirados os valores agregados. A operação de maneira integrada das cadeias logísticas e o uso de novos recursos, como os robôs nas linhas de produção, ampliaram a flexibilidade das operações e a exatidão das atividades desenvolvidas. Há sistemas robotizados para o suprimento das linhas de produção, armazéns Conceitos, evolução e aplicações 19 automatizados, que facilitam a localização e movimentação de materiais, sistemas de códigos de barra e RFID1, que, adicionados aos produtos, facilitam a localização e o rastreamento. A ideia de estabelecer cadeias de suprimento ou abastecimento e a geração de valor são essenciais para que uma empresa se torne mais competitiva e amplie suas chances de sucesso. Considerações finais Os ambientes em que as empresas estão inseridas passam por radicais transformações. As novas possibilidades de realizar negócios (por meio da internet, por exemplo) possibilitam a qualquer empresa disputar mercados e clientes em qualquer lugar do mundo. Um dos argumentos para que as empresas ampliem suas capacidades para competir é o estabelecimento de redes ou cadeias de empresas, em que cada empresa integrante irá atuar e investir nas áreas nas quais é mais competente, deixando aos parceiros as atividades em que eles são mais competentes. Assim como a divisão do trabalho foi um grande marco para criar uma revolução industrial, a fusão de competências passa a ser um ponto-chave para que grupos de empresas prosperem e conquistem novos espaços, principalmente por ampliar a flexibilidade dos processos e a condição de inovar e criar produtos e serviços diferenciados. Ampliando seus conhecimentos • WOMACK, James; JONES, Daniel; ROOS, Daniel. A máquina que mudou o mundo. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2004. Para melhor conhecer o universo da indústria automotiva e a Terceira Revolução Industrial, é interessante ler essa obra. • QUARTA Revolução Industrial. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal Educação Holística. Disponível em: https://youtu.be/jTLpqipsw0g. Acesso em: 21 ago. 2019. Esse vídeo apresenta uma visão sobre o que vem a ser a Revolução 4.0 e as mudanças no mundo e nas diversas áreas de atuação. • APRESENTANDO a tecnologia RFID. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Biosecit. Disponível em: https://youtu.be/O0dGr5ZBRhs. Acesso em: 21 ago. 2019. Esse vídeo mostra o que é e como funciona o processo de RFID. 1 RFID (Radio Frequency Identification – identificação por radiofrequência) é um sistema de identificação composto de um microchip e uma tag ou etiqueta inteligente, em que são armazenadas informações de um produto fixadas por um adesivo ou aplicadas em um animal, veículo etc. O leitor tem uma antena que emite sinais de radiofrequência que ativam um receptor da tag, a qual emite outro sinal de radiofrequência com as informações nela contidas, que são capturadas por outra antena do leitor e serão enviadas a um computador. Administração da produção e de materiais20 Atividades 1. O estudo das operações tem crescido nos últimos anos, assim como a produção e a logística. Desenvolva uma definição para administração ou gestão de operações com base nos conceitos de administração da produção e de materiais. 2. Os processos produtivos evoluíram muito nos últimos 150 anos. Faça um comparativo entre as quatro revoluções industriais, indicando momentos e pontos-chave. 3. Apresente seu conceito de redes de empresas ou cadeias de suprimento. Referências CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operação. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2011. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando redes que agreguem valor. 2. ed. São Paulo: Thomson, 2007. CSCMP. CSCMP Supply Chain Management Definitions and Glossary. 2019. Disponível em: https://cscmp. org/CSCMP/Educate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms/CSCMP/Educate/SCM_Definitions_ and_Glossary_of_Terms.aspx?hkey=60879588-f65f-4ab5-8c4b-6878815ef921. Acesso em: 21 ago. 2019. FAYOL, H. Administração industrial e geral. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1970. JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimento. 13. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. MARTEL, A.; VIEIRA, D. R. Análise e projeto de redes logísticas. São Paulo: Saraiva, 2008. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. PORTER, M. Competição: estratégias competitivas essenciais. 13. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SCHUAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2019. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1970. 2 Sistemas e processos de produção Para ofertar os inúmeros produtos disponíveis no mercado, são necessários processos e recursos de manufatura próprios; alguns produtos requerem temperaturas específicas, como os fabricados em siderúrgicas e alimentos que podem ser resfriados ou congelados, outros precisam de ar puro, livre de resíduos, como os medicamentos e os chips dos computadores; enfim, para cada tipo de produto e aplicação há especificações para que o bem fabricado atenda às expectativas do consumidor. Os sistemas e processos de produção se referem às formas, aos meios e às características de como os produtos são fabricados. Compreendem a definição do fluxo dos materiais a ser conduzido, a disposição das máquinas e equipamentos, o pessoal necessário e qualificado para realizar as operações, a programação e a entrega dos componentes para abastecer a produção no momento certo, as embalagens e o armazenamento e distribuição do produto acabado. Para definir os processos mais adequados de fabricação, utiliza-se as dimensões das operações vistas no Capítulo 1 – volume de saída, variedade de saída (diversos tipos, modelos, tamanhos), variação da demanda e o grau de visibilidade ou contato com o consumidor – associadas à capacidade de produção e a outras especificações. Existem muitas classificações das formas e dos tipos de processos ou sistemas de produção. Os mais adotados, que contemplam a maioria dos modelos em uso no momento, serão vistos neste capítulo. 2.1 Sistemas de produção Com a rápida e constante evolução tecnológica, aumentam as exigências dos requisitos dos produtos; mais e novas operações são agregadas, ampliando a complexidade, tornando os ambientes cada vez mais dinâmicos e os cenários mutantes. Crises em algum lugar do planeta podem influenciar ou gerar consequências em outra parte ou em todo mundo. Pesquisadores e cientistas de diferentes áreas do conhecimento humano se preocuparam em criar modelos conceituais para explicar os fenômenos naturais, físicos, biológicos e sociais para serem mais bem compreendidos. Na década de 1950, com base na análise das relações entre os seres vivos e suas partes e da interação entre eles, o biólogo Ludwig von Bertalanffy desenvolveu a teoria geral dos sistemas (TGS) e demonstrou que as pesquisas até então estavam fixadas em partes de um ser ou um ambiente. Primeiramente, deve-se conhecer o ambiente global de maneira integrada,todos os seus componentes e suas inter-relações. Esse modelo alterou a forma de pensar, pesquisar e analisar; passou-se a estudar um ponto ou uma parte para considerar o todo integrado com seu ambiente e as trocas realizadas entre eles. Vídeo Administração da produção e de materiais22 Para melhor conhecer uma parte deve-se observar o todo, suas inter-relações, os papéis e as funções de dado componente, desde um ser, uma sociedade, até uma empresa e suas partes. Por exemplo, para estudar o coração, pode-se observar o corpo humano por inteiro, os diversos sistemas e as inter-relações com outros órgãos e suas funções; no caso, o coração pertence ao sistema circulatório, que na interação com o sistema respiratório supre o organismo de oxigênio, bombeando sangue ao pulmão para coletar oxigênio, retornando para ser novamente bombeado e circular em todo o organismo. Um sistema é a soma de partes de elementos que se integram formando um todo que visa atingir um objetivo. Por exemplo: uma indústria fornece embalagens a uma fábrica de biscoitos; as embalagens fazem parte do sistema biscoito; o sistema biscoito é formado por partes das duas empresas. De acordo com Bertalanffy (2014, p. 18-19), “sistema é um conjunto de partes independentes que interagem entre si para atingir um objetivo comum”. Os sistemas têm como principais características o propósito (objetivo) e o globalismo (totalidade). Esses princípios permitiram melhor compreender e pensar de modo global, por isso transformaram o pensamento da gestão. O sistema parte do conceito de que o todo é maior que a soma das partes, mas a força está na interdependência. O todo é composto de diversos elementos que combinados formam o conjunto complexo. Maximiano (2017) apresenta a perspectiva de que as tecnologias e a sociedade se tornaram mais complexas. Para obter soluções, é necessário pensar de maneira integrada para compreender as partes e suas interações. Segundo o autor, “a tecnologia e a sociedade hoje tornaram-se tão complexas que as soluções tradicionais já não são suficientes, é necessário utilizar abordagens de natureza holística ou sistêmica, generalistas ou interdisciplinares” (MAXIMIANO, 2017, p. 286). A análise das operações busca maior eficiência e efetividade das operações de transformação de matérias-primas e componentes em produtos que satisfaçam os desejos e as necessidades dos clientes nas diferentes possibilidades. Assim como há processos industriais que manufaturam bens iguais em grande quantidade com preço baixo, outros produtos são diferenciados com preços mais elevados e alguns necessitam ser encomendados. Dessa forma, temos as diferentes visões ou sistemas de produção aplicados em função das quantidades a serem fabricadas e das variações dos processos industriais. É possível classificar os sistemas de produção por meio de diversos elementos, como porte, processos industriais, categorias de produtos, entre outros. Serão apresentados a seguir, conforme Plossl (1993, p. 55), os tipos de produção, observando a flexibilidade, a natureza dos sistemas de gestão (produção sob medida, em lote ou intermitente), o processo contínuo, o sistema repetitivo e a produção controlada. Baranger e Huguel (1994, p. 22-29) definiram três sistemas: fluxo em linha, fluxo intermitente e por projeto. O modelo de Hayes e Wheelwright (1984, p. 134) adota as características dos processos industriais, considerando, com base em Corrêa e Corrêa (2017, p. 332-333), o ciclo de vida dos produtos, que compreende os aspectos a seguir. Sistemas e processos de produção 23 • Volume ou quantidade de fluxos processados: há processos, como os da indústria petrolífera ou do tratamento de água para as populações, que possuem fluxos elevados, enquanto um restaurante e uma oficina de automóveis têm capacidade reduzida de produção. • Variedade de fluxos processados: Existem diferentes processos industriais. Há processos com uma única sequência e com diversas etapas, como a impressão de jornais e revistas, e há fluxos produtivos que, para manufaturarem um bem, utilizam diferentes sequências e processos, como a produção de alimentos industriais. • Recurso dominante: em alguns processos, o recurso dominante são as pessoas, como em agências de propaganda ou de desenvolvimento de software; em outros, o recurso dominante é o tecnológico, como em unidades que operam processos de modo automático ou robotizado, por exemplo, centrais telefônicas com atendimento virtual. • Incrementos de capacidade: há processos que somente conseguem ampliar sua capacidade de produção com grandes degraus, ou seja, com mais equipamentos ou a substituição dos atuais por outros que processem volumes maiores. Em outros casos, é possível ampliar a capacidade com o uso de incrementos graduais, como acrescentar mais mesas no salão de um restaurante e contratar mais pessoas para atender em um posto de combustível ou em uma lanchonete. • Critério competitivo de vocação: há processos que tendem a ser mais eficientes com menor flexibilidade, como o do transporte público, e outros, com maior flexibilidade, mas com perda da eficiência, como o de um salão de beleza ou de uma confeitaria. Os estágios da variação dos processos com os diferentes aspectos e os tipos de processos podem ser mais bem compreendidos na Figura 1. Figura 1 – Estágios da variação de processos baixo alto alta baixa pessoas tecnologia graduais em degraus flexibilidade eficiência Processos por tarefa Processos intermediários Processos em fluxo contínuo Aspecto Volume de fluxo processado Variedade de fluxos processados Recurso dominante Incrementos de capacidade Critério competitivo Variação dos processos Fonte: Elaborada pelo autor com base em Corrêa e Corrêa, 2017, p. 279. Administração da produção e de materiais24 Em diversas classificações dos tipos de sistemas de produção são citados os discretos – sistemas de produção de um bem específico em que, ao final do processo descontínuo ou por etapas, os produtos finais podem ser distinguidos um do outro mesmo sendo iguais – e os não discretos ou contínuos – que, ao final do processo, não podem ser distinguidos, como derivados do petróleo, álcool, aço. Os principais sistemas de produção e suas características, com base na matriz produto- -processo de Hayes e Wheelwright (1979), serão apresentados a seguir. 2.1.1 Por projeto Os sistemas de produção por projeto são unitários, com manufatura de bens específicos, totalmente personalizados, possuem início e fim determinados e, geralmente, apresentam períodos longos de fabricação. As principais características são o baixo volume de produção, a alta variedade e o preço elevado. São sistemas muito flexíveis, que apresentam uso de pessoal qualificado e estruturas que precisam de grande investimento, por exemplo, os estaleiros, que produzem embarcações sob encomenda para atender a necessidades específicas, como o porte, o tipo de equipamento a ser instalado e todos os demais detalhes para atender ao que foi solicitado e especificado na contratação. Nos casos de produtos volumosos, pesados ou com problemas de movimentação – navios, por exemplo –, a posição do produto é fixa, os materiais, os equipamentos e as pessoas vão até a montagem. As indústrias fabricantes de carrocerias de ônibus são desse tipo, aparentemente os ônibus urbanos são iguais, porém atendem às características especificadas pelo cliente. 2.1.2 Job shop, jobbing ou tarefa Job shop (oficina ou loja de trabalho) é um tipo de sistema de produção por tarefa, em pequenos lotes, com gama de variedade de produtos que são manufaturados em diferentes fluxos de manufatura. Cada pedido pode exigir uma configuração e um sequenciamento específicos das etapas dos processos. Refere-se à produção de peças ou componentes personalizados, produzidos por empresas de médio ou pequeno porte diretamente para clientes finais ou para o abastecimento de outras empresas em uma cadeia produtiva. Cada pedidoé único, com especificações próprias, por isso é necessário realizar cotação antes do início da execução. Os funcionários são especializados e têm custos mais elevados, pois realizam diversas funções e utilizam vários equipamentos; é comum um ou poucos funcionários atenderem a um pedido por inteiro. As áreas de trabalho são organizadas por função e os requisitos podem mudar drasticamente de um trabalho para o próximo (muito flexível, não muito eficiente), fatores que exigem precisa determinação de custos para fixar um preço e para garantir a rentabilidade da organização, assim como para organizar e gerenciar a agenda da execução dos pedidos nos diferentes processos, visando a garantir a entrega dos itens nas datas solicitadas pelos clientes. Sistemas e processos de produção 25 É comum uma indústria nova optar pelo modelo job shop em uma fase inicial e migrar o sistema de produção para poder atingir maior capacidade de produção no futuro. Inicialmente, atende a pedidos específicos de outras indústrias; com o aumento da experiência e a aquisição de mais maquinários, expande a capacidade de produção. Gráficas, indústrias de móveis sob medida, fornecedores de peças e/ou componentes, costureiras, alfaiates, serviços industriais, como usinagem para outras indústrias, são exemplos desse sistema de produção. 2.1.3 Lotes ou bateladas (batch) São sistemas de produção intermitentes, que fabricam quantidades ou lotes de produtos iguais. O volume é de média escala e a variedade é de média a pequena. Os volumes manufaturados são em quantidade superior à do job shop. Por serem mais repetitivos, exigem pessoas com menor qualificação e adotam maquinário multifuncional agrupado por processo. A manufatura segue por meio das etapas de fabricação em grupos ou lotes, com volumes moderados, vários produtos e sequência de etapas. Esses sistemas estabelecem um equilíbrio entre a flexibilidade do job shop e a eficiência de uma linha de produção. Fabricantes de detergentes e setores de estamparia das indústrias automotivas (manufatura das partes da lataria de um veículo) são exemplos de produção em lotes que geram estoques. 2.1.4 Produção em massa ou em linha de produção As principais características desse sistema de produção são o grande volume de produção, superior ao sistema de lotes e inferior ao sistema contínuo, e a baixa variedade. Um processo em massa ou fluxo intermitente encontra-se entre o processo por lote e o processo contínuo (que será visto a seguir). Os recursos da indústria são organizados de acordo com o fluxo de produção. É um sistema de produção que adota métodos, equipamentos e operações padronizados, no qual são necessárias muitas pessoas com pouca ou média qualificação, e pode ser direcionado para gerar estoques como estratégia para atender imediatamente aos clientes ou para sempre ser possível entregar os pedidos completos com as diferentes variações que possuem. Há forte tendência em ampliar a automação nos processos e produção de alto volume de itens padrão com projetos idênticos ou similares. Os processos são organizados sequencialmente, por fluxo de produto; são eficientes, mas pouco flexíveis. Como exemplo, tem-se as indústrias de eletrodomésticos (refrigeradores, fogões) e as indústrias de refrigerantes. 2.1.5 Produção ou processos contínuos Os sistemas de produção contínuos ou em linha são aqueles que têm uma única linha de produção e execução ininterrupta – 24 horas por dia, 365 dias ao ano. Possuem operação em larga escala, pouca ou nenhuma variação e exigem grandes investimentos, fluxos rígidos e sistemas projetados para atuar por longo período. Administração da produção e de materiais26 A manufatura segue um fluxo, não pode ser dividida em unidades discretas. Os custos fixos são muito altos e os processos são inflexíveis. Os principais exemplos desse sistema são as refinarias de petróleo e as usinas hidroelétricas e siderúrgicas. 2.1.6 Sistemas mistos ou híbridos Para atender às necessidades específicas de um processo industrial, pode-se adotar um sistema de produção com características de dois ou mais sistemas vistos anteriormente. Um exemplo é a manufatura celular, que insere uma pequena fábrica dentro da fábrica, por exemplo: a instalação de um sistema job shop em uma fábrica para suprir determinados itens que serão incorporados na montagem de um automóvel específico em menor escala. Na Figura 2, a seguir, combinando volume e variedade, é possível identificar os sistemas. Figura 2 – Matriz produto-processo Por projeto Alta Variedade Volume Alto Baixa Baixo Por tarefa (job shop) Foco na eficiência Volumes baixos Baixa padronização Alta variação Volumes altos Alta padronização Baixa variedade Foco na flexibilidade Lote (batch) Em linha Em fluxo contínuo Fonte: Elaborada pelo autor com base em Corrêa e Corrêa, 2017, p. 280. Quanto menor a escala de produção, maior é a possibilidade de manufaturar produtos com maior variedade ou possibilidade de personalização; são processos industriais mais flexíveis. 2.2 Sistemas em operações de serviços Os serviços estão complementando cada vez mais os processos produtivos e os produtos, para além de suas características básicas. No início do século XX, os produtos eram totalmente tangíveis, palpáveis, físicos, porém, com a evolução tecnológica, os mais recentes integram as partes físicas e as intangíveis, como um computador ou um smartphone. Para utilizá-los, há a necessidade dos recursos físicos, como chips, tela, teclado, entre outros; porém, sem o sistema operacional e os aplicativos, não é possível fazê-los funcionar. As características analisadas na classificação dos serviços e processos (volume e variedade) associadas à classificação de Schmenner (1986) (grau de interação e personalização e grau de intensidade de trabalho) são apresentadas na Figura 3, a seguir. Vídeo Sistemas e processos de produção 27 Figura 3 – Matriz de processo em operações de serviço Grau de interação e personalização Fábrica de serviços Serviços de massa Loja de serviços Serviços profissionais Baixo trabalho Baixa interação Pouca personalização Grande volume Alto trabalho Baixa interação Baixa personalização Grande volume Baixo trabalho Alta interação Muito personalizado Médio volume Alto trabalho Alta interação Alta personalização Pequeno volume Baixo Alto G ra u de in te ns id ad e d e t ra ba lh o Fonte: Elaborada pelo autor com base em Schmenner, 1986, p. 25-27 e Corrêa e Corrêa, 2017, p. 283. As diferentes formas de prestação de serviço se assemelham à manufatura de produtos em uma planta industrial; quanto maior o volume de atendimento, menos flexível é o processo e os serviços se tornam mais estruturados. 2.2.1 Serviços profissionais São os serviços de alto contato com o cliente, são totalmente personalizados e os processos são muito flexíveis para atender aos desejos e às necessidades dos clientes. Para a execução dos serviços, há muito contato com os profissionais de linha de frente, a relação funcionários por cliente é alta, as pessoas são bastante qualificadas e a ênfase dos serviços está nas pessoas, e não nos equipamentos ou na tecnologia. Exemplos dos serviços profissionais são: consultorias de gestão, escritórios de arquitetura, agências de propaganda, designers de moda e clínicas médicas. 2.2.2 Serviços de massa Os serviços de massa envolvem muitas transações com os clientes, muitos clientes atendidos por período, serviços padronizados, ganhos de escala, roteiro ou horários fixos. O contato é quase exclusivamente com recursos físicos e tecnológicos. O foco central está nos processos de controle realizados em centrais distantes dos clientes. Para alguns casos, é possível personalizar serviços por meio de processos automatizados e robotizados, com possibilidade de pequenas variações. Atacado, bancos comerciais e transporte coletivo são os principais exemplos. 2.2.3 Lojas de serviços Uma forma de operação de serviçosintermediária entre o serviço em massa e os serviços profissionais; concentra a maioria dos tipos de operações disponibilizadas. Possui capacidade operacional de atendimento com volume intermediário e diversas opções de personalização. Apresenta ênfase em pessoas, tecnologias e recursos, com contato e intensidade Administração da produção e de materiais28 pessoal variável. Exemplos desse tipo de operação são hospitais, restaurantes, lojas de varejo e supermercados. Há tendência, nos casos dos varejos e restaurantes, em reduzir o contato pessoal, transferindo ao cliente o autosserviço, como em supermercados, lojas de confecções e buffets. 2.2.4 Fábricas de serviços Uma variação da operação de serviços em massa. São estruturas que oferecem serviços padronizados, necessitam de investimentos com capital elevado, poucos funcionários e mínima personalização. Exemplos desse tipo de serviço são as companhias aéreas e as distribuidoras de energia elétrica e de água que abastecem as residências. 2.3 Sistemas de manufatura Nas diferentes classificações dos sistemas de produção, conforme Pires (2017, p. 42), há duas visões distintas de operações nos ambientes de manufatura: uma é produzir para vender e outra é vender para produzir. São visões distintas que devem ser aplicadas a diferentes categorias de produtos, por exemplo, nenhuma indústria de biscoitos irá esperar encomendas de um cliente para produzi-los. No entanto, é pouco provável que uma indústria de equipamentos industriais específicos produza unidades inteiras para aguardar clientes comprarem, pois há necessidade de adequar os equipamentos para cada linha de produção. Esses dois ambientes estabelecem diferentes posições em relação aos clientes e fornecedores. Os ambientes de manufatura serão descritos a seguir. 2.3.1 Make to Stock (MTS) – produção para estoque A produção para estoque tem como fundamento realizar a entrega de produtos de maneira imediata ao cliente, semelhante à situação em que um cliente em um supermercado retira um produto da prateleira, paga no caixa e pode consumir em seguida. O sucesso desse sistema depende de um modelo de previsão de vendas calibrado para neutralizar faltas ou excessos de estoques dos produtos. Na falta, perdem-se vendas pela frustração do cliente; no excesso, os custos dos produtos parados, além da armazenagem, podem onerar acima do previsto, alterando o equilíbrio financeiro da organização. É um método mais comum para alimentos industrializados, bebidas em geral, detergentes e outros produtos de menor valor agregado e de elevado consumo. São produtos padronizados, sem personalização, com entregas imediatas e com estoques de produtos acabados. 2.3.2 Make to Order (MTO) – produção sob encomenda A produção sob encomenda, também conhecida por Design to Order (DTO – desenhado ou criado sob encomenda), é o processo inverso do anterior, não há estoques de produtos acabados e a produção somente é iniciada após a realização da venda. Exige o desenvolvimento de um projeto e a especificação do que o cliente deseja, algo semelhante a um traje para ser confeccionado por Vídeo Sistemas e processos de produção 29 um alfaiate, ressaltando que, nesse caso, refere-se à produção de bens de valores elevados, com períodos longos para a entrega. São produtos exclusivos. Nesse tipo de produção, encontram-se navios, plataformas marítimas e equipamentos industriais. 2.3.3 Assemble to Order (ATO) – montagem sob encomenda A montagem sob encomenda significa que há uma estrutura básica de produto com variações, que devem ser especificadas por meio de encomenda ou pedido. Há subconjuntos padronizados, que são estocados até a formalização do processo com o cliente. A diferença entre os produtos iniciados após a realização do pedido sob encomenda (MTO), por serem utilizadas partes já estocadas, reduz o prazo de entrega, porém a capacidade de personalização é menor. Nesse tipo de sistema de produção, enquadram-se o Build to Order (construção por encomenda) na construção civil e o Configure to Order (configuração sob encomenda) na indústria moveleira. O sucesso desse sistema está na capacidade de identificar módulos e componentes de uso comum na manufatura. A indústria da informática é uma aplicação para esse sistema. Computadores utilizam processadores, memórias, fontes de alimentação e outros componentes que podem estar presentes em diversos modelos ou possibilidades, o que justifica os estoques desses materiais. Para ter maior compreensão: em uma pizzaria, as massas e os componentes ficam estocados e a pizza é montada e assada após o pedido. 2.3.4 Engineering to Order (ETO) – engenharia sob encomenda Projeta o produto mediante as informações prestadas pelo cliente e necessita de grande interação com ele. São grandes projetos com particularidades voltadas para soluções específicas – como construção de casas, satélites artificiais, projeto, montagem ou instalação de unidades fabris completas –, de acordo com o especificado pelo cliente, em função de insumos na entrada e de produtos na saída da produção. Necessita de mão de obra qualificada, o prazo de execução é longo, há baixo volume de produção e grande flexibilidade. Um exemplo de projeto desse tipo é o desenvolvimento de uma aeronave para atender a determinadas especificações, como a Qantas, companhia australiana de aviação, que solicitou à Boeing e à Airbus uma aeronave que acomodasse passageiros de uma categoria especial (VIP) no bagageiro, com camas confortáveis e academia de ginástica, para proporcionar uma experiência melhor e conforto nos voos com 20 horas de duração. A semelhança entre o ETO e o MTO é o pedido do cliente; a diferença é que o ETO desenvolve o projeto e o MTO faz a manufatura. É como o arquiteto que projeta e a construtora que edifica. A Figura 4, a seguir, apresenta os sistemas de produção em relação à orientação para o mercado, para produtos sob previsão e com pedidos. Administração da produção e de materiais30 Figura 4 – Sistemas de orientação ao mercado Fases do produto Projeto Fabricação Montagem Expedição MTS ATO MTO ETO Matéria-prima Componentes Semiacabados Produtos acabados Ciclo produtivo Produção sob pedidos – responsabilidade do cliente Produção sob previsões – responsabilidade do fabricante/fornecedor F O R N E C E D O R E S C L I E N T E S P E R S O N A L I Z A Ç Ã O Fonte: Elaborada pelo autor com base em Bremer e Lenza, 2000, p. 274. Cada um dos diferentes sistemas de manufatura é adequado a um tipo de possibilidade, com maior ou menor capacidade de personalização. Aqueles sob pedido ou encomenda são processo mais flexíveis. 2.4 Gestão estratégica de operações As empresas atendem às necessidades dos clientes por meio de propostas de valor, compostas de um conjunto de benefícios capazes de satisfazer essas necessidades. Segundo Kotler e Keller (2019, p. 9), a proposta de valor intangível é materializada por uma oferta, que pode ser uma combinação de bens, serviços, informações e experiências. Esse conceito amplo de propostas de valor contempla uma gama de possibilidades de resultados entre as entradas de insumos e as saídas de produtos e serviços, entre produto puro e serviço puro, apresentados na Figura 5. É uma estratégia adotada para migrar um modelo de negócio centrado em produtos (tradicional) para um modelo de servitização que vise agregar valor por meio da inserção de serviços. Servitização provém do termo em inglês servitization e refere-se à geração de valor nos produtos com serviços relacionados, conhecida também por sistema produto-serviço (PSS – product-service-system), uma associação entre serviço e produto que cria valor para o cliente. A compra de um software permite instalá-lo e usá-lo em um ou mais computadores, por período indefinido. Devido a isso, diversos desenvolvedores migraram para a locação, por determinado tempo, de licenças de uso – semelhante ao aluguel de um automóvel ou uma casa, assim como ocorrecom os serviços de televisão por assinatura e telefonia. Vídeo Sistemas e processos de produção 31 Figura 5 – Sistema produto-serviço Aço Produto – tangível Serviço – intangível Produto puro Orientado a produto Orientado ao uso (híbrido) Orientado a resultado Serviço puro Fundição Restaurante Consultoria Clínica Fonte: Elaborada pelo autor com base em Tukker, 2004, p. 248. A gestão dos processos e recursos necessários para a produção de bens e serviços são as operações, responsáveis pela transformação de insumos que entram em produtos e serviços, como resultado ou saídas. A melhoria na definição das estratégias de produção deve considerar elementos que impactam o aumento da probabilidade de compra pelos clientes. Assim, os fatores devem ser classificados nas categorias a seguir: • Qualificadores: são fatores mínimos esperados de um produto ou serviço por parte do mercado. São obrigatórios para que seja possível participar da disputa do mercado. • Ganhadores de pedido: são fatores que fazem a diferença para seu público-alvo. Serão os decisivos na hora da compra. • Menos importantes: são fatores que podem fazer a diferença, porém com menor intensidade. Para auxiliar a escolha da estratégia de operações, é interessante conhecer as prioridades competitivas de produção. De acordo com Batalha (2019, p. 10) e Ballesteros-Alvarez (2019, p. 37), são elas: • Preço/custo: otimizar o processo para reduzir o preço ao mínimo sem afetar as características e funcionalidades dos produtos e/ou serviços. Para reduzir custos, é necessário investimento em tecnologia. • Entrega/confiabilidade/velocidade: a entrega vincula dois fatores de decisão de compra por parte dos clientes: a confiabilidade (certeza de entrega no prazo, local e nas especificações contratadas) e a velocidade (tempo de processamento do produto entre o pedido e a entrega). • Qualidade: atender a conformidade e os requisitos especificados pelos consumidores para os produtos e/ou serviços. • Flexibilidade: é a capacidade de atender a diferentes variações do produto. Necessita de uma estrutura de produção com alta tecnologia e pessoal qualificado. • Serviços: podem ser ajustados em quatro dimensões (serviços de vendas, serviço ao cliente, solução de problemas e informação). Solucionam problemas e prestam assistência aos clientes. Administração da produção e de materiais32 Agrupados em quatro perspectivas, os diversos fatores que devem participar da formulação das estratégias de operações possuem, conforme Hayes et al. (2011, p. 68-69), as características que podem ser visualizadas na Figura 6. Figura 6 – Perspectivas da estratégia de operações Estratégia de operações Perspectiva dos recursos da operação Perspectivas do mercado Perspectiva bottom-up Perspectiva top-down Fonte: Elaborada pelo autor com base em Slack, Brandon-Jones e Johnston, 2018, p. 110. As diferentes perspectivas estratégicas representadas na Figura 6 devem ser consideradas para contribuir na formulação das estratégias de operações. A seguir, cada uma das perspectivas será descrita. • Perspectiva top-down (de cima para baixo): o que a empresa deseja que as operações façam. Grandes corporações necessitam se posicionar nos ambientes global, econômico, político e social, definindo o tipo de negócios em que irá atuar e como irá desempenhá- -lo. Dessa forma, cada unidade desenvolverá a sua própria estratégia, com missão e objetivos individuais, contemplando a direção definida na estratégia corporativa. As decisões estratégicas corporativas orientam as decisões estratégicas do negócio (unidades independentes) que indicam as decisões estratégicas funcionais, para alcançar os objetivos estratégicos da empresa. • Perspectiva bottom-up (de baixo para cima): as melhorias da produção cumulativamente constroem a estratégia. A visão da hierarquia tradicional necessita de vivência, experiência e capacidades adquiridas por meio das operações que indicam melhores alternativas e restrições dos processos, possibilitando o surgimento de ideias e novas visões que contribuirão para o aprimoramento das estratégias. Assim, as experiências e o aprendizado diário operacional fornecem uma noção crescente do que deve ser a estratégia de operações que contribui para a consolidação de uma estratégia formal. • Perspectiva dos requisitos do mercado: o que o posicionamento de mercado requer que as operações façam. Falhas persistentes das operações que afetam o atendimento dos desejos e das necessidades dos clientes interferem negativamente na sobrevivência da organização a médio e longo prazo. A função do marketing é compreender o mercado, identificando Sistemas e processos de produção 33 os desempenhos necessários que compõem as prioridades competitivas da produção sob a ótica do consumidor, que pode desejar produtos com baixo preço, com qualidade superior à dos concorrentes, além de exigir rapidez, confiabilidade e flexibilidade no atendimento às variações e às personalizações dos produtos. Aqui, podem ser inseridos os elementos que impactam o aumento da probabilidade de compra pelos clientes. O Quadro 1 relaciona os fatores competitivos valorizados pelos compradores e os objetivos de desempenho a serem aprimorados para ampliar a performance dos produtos e da organização no mercado. Quadro 1 – A perspectiva de mercado e as operações Fatores competitivos valorizados pelo mercado geram oportunidades Baixas taxas de falhas/defeitos Produtos de alto desempenho Preço baixo Alta qualidade Entrega rápida Entrega confiável Produtos e serviços inovadores Ampla variedade de produtos e serviços Habilidade em alterar o prazo e a quantidade de produtos e serviços Disponibilidade de produtos, alto nível de serviços Oferta de serviços adicionais, qualidade de atendimento Objetivos de desempenho (em que a operação deverá se aprimorar) Qualidade Qualidade de produto Custo Qualidade de produto Rapidez/velocidade Confiabilidade Flexibilidade (produto/serviço) Flexibilidade (composta de produtos e serviços) Flexibilidade (volume e/ou entrega) Entrega (velocidade e confiabilidade) Serviços Fonte: Elaborado pelo autor com base em Batalha, 2019, p. 16. O quadro identifica fatores que diferenciam produtos e/ou serviços e proporcionam vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Os objetivos de desempenho correspondentes orientam o que deve ser aprimorado. A perspectiva dos recursos de operações se baseia em recursos (RBV – resource-based view). É o resultado da pesquisa em que Barney (2001) observou que as empresas com alto desempenho estratégico obtiveram a vantagem competitiva por meio de seus recursos. Indica que as organizações Administração da produção e de materiais34 que melhor implementam e utilizam seus recursos têm maiores possibilidades de sucesso. Inicia com a compreensão das capacidades e restrições do processo produtivo, identificando quais elementos proporcionam vantagem competitiva para direcionar as estratégias e operações, assim como as tecnologias adotadas e a forma de trabalho de seu pessoal. A gestão estratégica de operações tem como função central determinar a escolha dos processos industriais e os arranjos dos recursos para otimizar os resultados, bem como redesenhar os fluxos de materiais para adaptar os processos a novas situações. Considerações finais As decisões sobre os sistemas de produção têm grande relação com o sucesso das estratégias empresariais, pois cada tipo de processo tem características próprias, e definem o volume, a qualidade e a variedade do que será manufaturado, os fluxos de materiais. As relações com fornecedores e distribuidores dependem do modelo de fabricação adotado. O importante é perceber que não interessa o tamanho da empresa, seja grande ou pequena, ou o segmento em que atue, os sistemas de produção determinam como as organizações processam seus produtos e serviços. O fundamental é compreender que cada tipo de modelagem dos fluxostem uma finalidade, que é ajustar os dimensionamentos de volume e variedade dos produtos e/ou serviços – grandes volumes requerem estruturas mais rígidas com menor flexibilidade e menor preço unitário e pequenos volumes podem ser muito personalizados e ter maior preço unitário –, possibilitando estabelecer um faturamento que atenda às necessidades operacionais, remunere o capital investido e gere recursos para promover o crescimento da organização. Ampliando seus conhecimentos • COMO é feito o aço. 1 vídeo (50 s). Publicado pelo canal Matrix Ferramentas AF. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IC-81In72YI. Acesso em: 22 ago. 2019. • PROCESSOS de fabricação incríveis e satisfatórios. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal TechZone. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0xrLp9p6tLA. Acesso em: 22 ago. 2019. • MERCEDES-BENZ - Fábrica de Caminhões 4.0. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Planeta Caminhão. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Hl6KY6wpWwU. Acesso em: 22 ago. 2019. • COMO são feitos os Toy Cars de luxo. Forbes Brasil, 31 maio 2019. Disponível em: https://forbes.uol.com.br/videos/2019/05/como-sao-feitos-os-toy-cars-de-luxo/. Acesso em: 22 ago. 2019. Sistemas e processos de produção 35 Com o objetivo de melhor compreender as operações de produção, esses vídeos permitem visualizar as operações e os processos de produção. O primeiro refere-se a um processo de produção contínua do aço na Gerdau; o segundo apresenta diversos processos de produção; no terceiro, há uma apresentação da nova fábrica de caminhões da Mercedes Benz, que utiliza os conceitos da Indústria 4.0; o quarto vídeo mostra um sistema de produção sob encomenda de carros em miniatura. • OLBO & Mehler: um novo começo. Forbes Portugal, 17 maio 2019. Disponível em: https:// www.forbespt.com/olbo-mehler-um-novo-comeco/?geo=pt. Acesso em: 22 ago. 2019. Esse artigo da revista Forbes Portugal apresenta a reestruturação de uma produção de têxteis técnicos para fins industriais. Atividades 1. Compare os processos produtivos de um restaurante tradicional, em que os clientes realizam os pedidos a partir de um cardápio, com os de um restaurante que oferece um serviço de buffet, livre ou por quilo, em que os próprios clientes se servem. Identifique e comente o tipo de processo de produção com que cada tipo de restaurante opera. 2. Explique o que são os fatores qualificadores e os fatores ganhadores de pedido e descreva as diferenças entre eles. 3. Apresente as perspectivas das estratégias de operações e comente a aplicação de cada uma delas. Referências BALLESTEROS-ALVAREZ, M. E. Gestão da qualidade, produção e operações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2019. BARANGER, P.; HUGUEL, G. Gestion de la Production: acteurs, techniques et politiques. Paris: Vuilbert, 1994. BARNEY, J. B.; ARIKAN, A. M.; HITT, M. (coord). 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Business Strategy and the Environment, Sydney, v. 13, n. 4, p. 246-260, 2004. 3 Administração de materiais e logística interna Gestão de operações se refere à relação integrada entre a administração de materiais, ou logística, e da produção, composta de atividades que possibilitam às organizações manufaturar seus produtos e serviços. Na gestão de materiais, as matérias-primas, os insumos e os serviços devem estar disponíveis para que seus processos sejam realizados sem qualquer ruptura por falta de algum elemento do produto final. Imagine, por exemplo, faltar em uma instituição bancária bobinas de papel para impressão, utilizadas nos caixas e nos ATMs (Automatic Teller Machines – máquinas de caixa automático). Seria um caos, pois, apesar de as operações serem efetivamente realizadas digitalmente, os clientes ficariam sem a comprovação da realização de pagamentos, depósitos, transferências e outras operações financeiras. A logística deve ser vista de maneira integrada, mas, para efeito de estudo e melhor compreensão das operações, é dividida em três áreas: abastecimento, operações de suporte à produção e distribuição. O abastecimento se refere às operações de identificação de fornecedores, aquisição dos materiais necessários, recepção e conferência das compras efetuadas e armazenamento. As operações de suporte à produção referem-se à preparação de materiais e à disponibilização destes no processo de fabricação e gerenciamento dos produtos em processo. A distribuição controla os produtos finais, sua movimentação e estocagem, e realiza a separação e preparação dos pedidos e o transporte até os clientes. Este capítulo se dedica ao estudo do ambiente interno – o processo de identificação das necessidades de materiais, as políticas de relacionamento com fornecedores e os processos de compra, a recepção e a conferência, os tipos, os mecanismos, os processos e as estruturas de armazenamento e movimentação interna. Além disso, trata das diferentes classificações de materiais e equipamentos, visando a facilitar a identificação e as movimentações e garantir a integridade dos itens estocados, antes e após o processo de fabricação. 3.1 Materiais e logística: visão global O atual conceito da gestão da cadeia de suprimentos (SCM – Supply Chain Management), segundo o CSCMP (2019), evoluiu em diversas fases, ampliando o espectro de atuação da logística ao longo do tempo. Acompanhando a evolução dos processos industriais e tecnológicos, as atividades logísticas têm uma história tão longa quanto a da humanidade. A gestão da cadeia de suprimentos engloba o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades envolvidas na terceirização e aquisição, conversão e todas as atividades de gerenciamento de logística. É importante também incluir a coordenação e a colaboração com parceiros de canal, que podem ser fornecedores, intermediários, provedores Vídeo Administração da produção e de materiais38 de serviços de terceiros e clientes. Em essência, o gerenciamento da cadeia de suprimentos integra o gerenciamento da oferta e demanda dentro e entre empresas. [...] é uma função de integração com a responsabilidade primária de vincular as principais funções de negócios e processos de negócios [...] em um modelo de negócios coeso e de alto desempenho. Ela
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