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INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS FELINO – ENTERITE EPIF etiologia O Coronavírus felino (CoVF) é um Alphacoronavirus pertencente à família Coronaviridae (CVC) com as seguintes características: -Grande; -Esférico; -Envelopado (sensível a detergentes, desinfetantes comuns, etc); -Apresenta filamento único de RNA; -Apresenta uma simetria helicoidal; -Contém proteínas inseridas em seu envelope denominadas de Spikes (alvos imunológicos); -Realiza replicação no citoplasma. Mesmo sendo um vírus sensível a maioria dos desinfetantes, ele é capaz de resistir ao pH estomacal. Fora do hospedeiro sofre inativação em 24 horas quando exposta a temperatura ambiente. Porém, em caixas de areia (umidade) pode manter-se viável durante 7 semanas. Teorias sobre as mutações Atualmente existem duas teorias: -Coexistência do CoVF virulento (menor quantidade) e do avirulento; -Mutação/recombinação (alteração na sequência de bases do genoma) do CoVF no hospedeiro (gatos persistentemente infectados, apresentam maior susceptibilidade) se tornando o vírus virulento. Como não se sabe ao certo o que acontece, o ideal é evitar que gatos com PIF convivam com outros gatos. SOROTIPOS DO CORONAVÍRUS FELINO Temos: -CoVF do tipo I: são cepas felinas; -CoVF do tipo II: são uma recombinação do CoVF do tipo I com o Coronavírus canino (CoVC). OBS: uma possibilidade é que quando o CoVC acessa o gato ele pode encontrar o CoVF do tipo I, se associar a ele e introduzir um tipo de coronavírus diferente. O Corona vírus entérico (CoVF) e o Vírus da PIF (FIPV) não são distinguíveis sorologicamente. OBS: a maior parte dos vírus virulentos são do os CoVF do tipo II. Estudo mostraram que eles perdem uma sequência de bases (gene 3c). POSSÍVEIS DESFECHOS PARA A INFECÇÃO PELO CoVF 5 a 10% dos gatos são resistentes naturalmente a infecção pelo CoVF. Nesse caso, os vírus não são capazes de entrar nas células. O coronavírus felino mais presente no ambiente é o coronavírus entérico felino (não mutável) que causa uma enterite leve ou nada (70%). Geralmente esses animais passam despercebidos. Cerca de 13% dos gatos que se infectam com CoVF apresentam uma infecção persistente (a diarreia vai e volta). Nos casos de infecção persistente, normalmente tentamos esgotar tudo primeiro: -Descartar verminoses (fazemos vermífugo); -Descartar diarreia primária por disbiose bacteriana (fazemos antibiótico); -Descartar doença inflamatória intestinal ou linfoma alimentar. Diante disso, acabamos perdendo a chance de diagnosticar esse gato. Com isso esse gato pode seguir por dois caminhos: -Continuar com a infecção persistente; -Progredir para a PIF, por meio da mutação do CoVF. e ele posteriormente podendo adquirir a PIF, pela mutação do CoVF. 1 a 3% dos gatos desenvolvem a PIF (doença sistêmica grave, imunomediada, progressiva e fatal). epidemiologia A morbidade raramente excede 10% para infecção pela corona. A letalidade é considerada 100% na PIF. Gatos de todas as idades são susceptíveis à infecção pelo VPIF, porém a incidência é maior entre 6 meses a 5 anos de idade, com um segundo pico após os 10 anos de idade. OBS: a idade crítica é de 6 meses a 2 anos, por conta do desmame, sistema imune imaturo e eventos estressantes (vacinação, castração, etc). Além disso, os gatos são mais propensos a desenvolver PIF após o primeiro contato com o CoVF (mais provável de ocorrer quando ainda são filhotes). Gatos de raças puras apresentam maior risco de ter PIF do que os mestiços, talvez porque a criação desses animais esteja associada à perda da diversidade genética, de modo que seu sistema imune pode não ser tão forte como o dos mestiços. INCIDÊNCIA DA PIF Sabe-se que o tratamento da PIF tem um alto custo. Atualmente, essa doença acomete principalmente os gatos que encontram-se em gatis e aqueles que apresentam acesso a rua. A maioria desses gatos são provenientes de pessoas com baixo poder aquisitivo, desta forma o tratamento e a prevenção ficam difíceis de acessar. Se mesmo castrado, o gato tiver acesso a rua ele ainda continua apresentando risco de adquiri a PIF. MECANISMOS DE TRANSMISSÃO VIAS DE ELIMINAÇÃO CoVF entérico: fecal; VPIF: fecal, respiratória, oral, geniturinária. VIAS DE ELIMINAÇÃO Oral ou respiratória, sob condições de contato íntimo (especialmente pela via fecal-oral). FONTES DE INFECÇÃO CoVF entérico: fezes; VPIF: fezes e outras secreções de gatos infectados. Fômites e caixas de areia podem deixar o vírus viável por até 7 semanas. PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF) Pré-requisitos para a ocorrência de PIF: -Vírus virulento (é necessário que o vírus seja o virulento. No caso do CoVF ele precisa sofre mutação es se tornar o vírus da PIF); -Carga infectante elevada; -Imunidade humoral alta e imunidade celular incompetente. OBS: Existe uma vacina para PIF, porém ela é não recomendada, pois ela faz com que o animal desenvolva imunidade humoral, ou seja, predispõe o animal a PIF. Como a vacina induz a produção de anticorpos, os mesmos se ligam ao vírus (opsonização), facilitando a fagocitose pelos macrófagos (célula alvo dos vírus). Além disso, gatos FELV positivos estão susceptíveis a desenvolver PIF, pois essa doença causa uma imunidade incompetente. PATOGENIA DA PIF Após o animal entrar em contato com o CoVF entérico ele segue diretamente para o epitélio intestinal onde se replicará. No caso do CoVC, ele se replica primeiramente nas tonsilas e posteriormente alcança o epitélio intestinal. Após alcançar as células intestinais, eles migram para os linfonodos regionais (CoVC por arrasto e CoVF entérico porque ele quer). Posteriormente, o vírus da PIF infecta monócitos e macrófagos em grande quantidade e acaba se disseminando. OBS: Componentes da imunidade humoral (Humores): Imunoglobulinas (Ac), Sistema complemento, Cascata de coagulação. Imunidade celular: Linfócitos T citotóxicos, Células Natural Killer, Linfócitos, etc. Pif efusiva (úmida) Quando o gato apresenta imunidade humoral aumentada e apresentam uma imunidade celular incompetente, ele desenvolve PIF efusiva. Pif não-efusiva (seca) Nos casos em que o gato apresente uma imunidade celular parcialmente protetora (tenta controlar e causa mais lesão do que ajuda – piogranulomas vasculares), porém não neutralizante, o animal desenvolve a PIF não-efusiva. São os piogranulomas vasculares que dão o diagnóstico da PIF, porém só é identificado na necropsia. Pif mista O que mais vemos na prática é a PIF mista, pois existe a hipótese que os animais que no primeiro momento fizeram efusão, eles tentaram mudar a imunidade celular que não estava pronta. Consequentemente ocorre a formação dos piogranulomas vasculares. Papel dos macrófagos infectados pelo covf Os macrófagos infectados pelo CoVF liberam: -IL-6 (interleucina 6); -IL-1 beta; -Metaloproteinase da matriz (MMP-9); -TNF-alfa (Fator de necrose tumoral alfa). IL-6 No inicio da infecção a IL-6 estimula a liberação de proteínas de fase aguda (como a glicoproteína ácida – AGP) pelos hepatócitos. O aumento de proteínas de fase aguda estimula: -Os processos inflamatórios vasculares; -Proliferação e diferenciação de linfócitos B em plasmócitos levando a um quadro de hipergamoglobulinemia (aumento de Ac). OBS: a produção de anticorpos auxilia o vírus a se proliferar, pois facilita a sua entrada nos macrófagos. TNF-ALFA É liberada pelos macrófagos nas fases inicias e pelos linfócitos nas fases tardias. O TNF-alfa promove: -A resposta inflamatória; -Linfopenia, pois promove a apoptose dos linfócitos T CD8+ (apresenta efeito antiviral – participa da resposta celular); -Caquexia (o animal entra em um estado catabólico pelo excesso de TNF-alfa). IL-1 A IL-1 promove: -Ativação das células B e T; -Febre (principal pirógeno);-Contribui para a resposta inflamatória. OBS: a febre tem importância para o organismo, pois a temperatura ideal para o funcionamento das enzimas é mais alta. METALOPROTEINASE DA MATRIZ (MMP) As MMP são endopeptidades dependentes de zinco capazes de realizar o desdobramento das proteínas da matriz extracelular (deixa a matriz frouxa). Acredita-se que a MMP-9 (produzida pelo macrófago infectado) é responsável pelo extravasamento dos vasos sanguíneos (Efusão). Lesão A opsonização do vírus (marcação dos vírus com anticorpos) favorece a sua penetração em monócitos. Desta forma complexo antígeno-anticorpo + monócitos e macrófagos infectados levam a vasculite piogranulomatosa. O piogranuloma (lesão clássica da PIF) apresenta uma população mista de neutrófilos, macrófagos e outras células PIF EFUSIVA SINAIS CLÍNICOS No primeiro momento temos sinais inespecíficos, como: -Febre intermitente crônica que não responde a antibióticos: 39ºC e 41ºC, durante 2 a 5 semanas; -Anorexia; -Inatividade; -Perda progressiva de peso; -Diarreia; -Desidratação. Começa a aparecer os sinais específicos, quando se tem os edemas (vasculite). Aproximadamente 60% dos gatos desenvolvem icterícia causada por hemólise (bilirrubina não conjugada), normalmente sem alterações de enzimas hepáticas. Por conta das células de Kupffer serem altamente ativas na patogenia PIF, temos a vasculite piogranulomatosa dos vasos hepáticos. Consequentemente as lesões hepáticas, podemos encontrar um aumento de ALT (melhor pra avaliar gatos) e AST. A caquexia pode levar a lipidose hepática, consequentemente ao aumento dos hepatócitos os canalículos são comprimidos. Desta forma, podemos ver o aumento de FA (primeiro a aumentar quando a lesão primária é em hepatócitos). LESÕES MACROSCÓPICAS Liquido cavitário com as seguintes características: -Viscoso (por ser rico em proteína); -Flocoso (pois está cheio de fibrina); -Geralmente sem sangue; -Coloração Âmbar. As superfícies serosas podem ter aspecto granular (recobertas com exsudato serofibrinoso, branco, placóide e multifocal, mais evidente em fígado e baço). Os focos brancos elevados sobre as serosas, podem se estender para o interior dos órgãos. RINS Os rins podem estar aumentados de volume e apresentar nódulos (piogranulomas). Podem estar hemorrágicos (coloração escura) por conta da vasculite. O dano endotelial pode contribuir, também, para a CID, observando nos estágios finais da doença. olhos Por conta da vasculite os vasos sanguíneos dos olhos aumentam e levam a uma alteração de coloração dos olhos (cor ferruginosa). PIF não-EFUSIVA SINAIS CLÍNICOS Os locais alvo principais na PIF não-efusiva são: olhos, sistema nervoso central e rins. Sinais oculares Os animais com PIF não-efusiva podem ter os seguintes sinais: -Irite (mais comum): é a alteração da cor da íris (fica acastanhada ou verdes) provocada pela vasculite em vasos sanguíneos do olho. -Delineamento na vasculatura da retina: linhas acinzentadas indistintas de cada lado do vaso sanguíneo; -Piogranulomas na retina (alguns casos); PIF infecção micobacteriana; -Deposito de grande quantidade de células e proteínas inflamatórias na câmara anterior, atrás da córnea (precipitados ceráticos). -Edema corneano; -Turvação do humor aquoso; -Hifiema (sangue na câmara anterior do olho); -Hipópio (pus na câmara anterior do olho). Sinais neurológicos Os sinais neurológicos irão depender da área de acometimento do SNC. OS sinais clínicos mais comuns são: -Ataxia (cerebelar, espinal, proprioceptiva geral ou vestibular central); -Incoordenação progressiva (cerebelo); -Hiperestesia toracolombar; -Nistagmo; -Anisocoria; -Mudanças no comportamento; -Apreensão; -Tetraparesia; -Tremores. lesões As lesões consistem de vasculite por deposição de imuno-complexos. Falhas na resposta imune celular em destruir o vírus faz com que formem-se múltiplos granulomas no interior do SNC (por macrófagos infectados). Nos animais em que a doença causa meningite, os sinais clínicos refletem alteração do tecido nervoso subjacente; Além das meninges, o plexo coróide e o epêndima podem ser afetados => obstrução do aqueduto mesencefálico – hidrocefalia. DIAGNÓSTICO Clínico Histórico e sinais clínicos (a maioria apresentaram PIF mista). Por imagem Utiliza-se muito o raio-x e o ultrassom para identificar as efusões e os piogranulomas (raio-x melhor, pois mostra a localização). LABORATORIAL Suporte: -Hemograma (anemia, leucocitose neutrofilica com ou sem desvio a esquerda); -Perfil de Proteínas (hipogamaglobulinemia com tendência a hipoalbuminemia); -Perfil hepático (ALT E FA aumentados); -Perfil renal (Ureia e creatinina aumentados - Hiperbilirrubinemia). Análise de liquitos cavitários -Análise físico-química: alta quantidade de proteínas indica PIF. Baixa relação albumina/gamaglobulina (abaixo de 0,45 indica PIF); -Citologia e microbiológica; -Teste de Rivalta (coagulação de proteína – positivo indica PIF). OBS: a Histopatologia com imuno- histoquímica defini a PIF. Para realizar é necessário anestesiar o animal, e o risco desses animais terem complicações é alta. Sorologia e pcr Não há especificidade para o CoVF ou VPIF (vírus avirulento e vírus virulento são sorologicamente semelhantes). OBS: o que se faz para diagnosticar a PIF é juntar todos os resultados dos testes feitos, porém nunca batemos o martelo. O CoVF encontram-se amplamente difundido na população de gatos. Caso o animal seja negativo sorologicamente para o CoVF, é possível descartar a PIF (a sorologia ajuda a descartar). Hemograma e bioquímico No hemograma podemos ter as seguintes alterações que indicam a PIF: -Leucocitose neutrofilica com ou sem desvio a esquerda; -Trombocitopenia (por conta da vasculite - CID); -Anemia (por conta da vasculite ocorre a agregação de plaquetas e as hemácias também ficam agarradas, e posteriormente rompem - hemólise); -Hiperbilirrubinemia: por hemólise (bilirrubina não conjugada) ou por conta da vasculite hepática (bilirrubina não conjugada ou conjugada); Perfil proteico Ajuda um pouco mais. Quando a relação albumina-globulina do soro ou de possíveis efusões apresenta valores abaixo de 0,45 indica PIF. Efusões São muito úteis quando estão presentes e podem ser detectadas por raio-x ou ultrassom. Temos: -Quantidade de proteína > 3,5 mg/dL (efusão proteica); -Relação albumina-globulina < 0,45 (altamente indicativo de PIF); -Citologia: mostra que se tem um transudato modificado (pobre em células) ou exsudato (processo inflamatório). O que se tem são macrófagos e neutrófilos; -Teste de rivalta: quando positivo indica que a efusão é rica em proteína. OBS: No fim calcula-se o valor de Kapa (concordância entre todos os achados). Quando o valor de Kapa é bom, indica que estamos próximos do diagnóstico. Imunofluorescência da efusão É uma forma de diagnóstico nova que surgiu recentemente no mercado, porém ainda não é confirmatório (é muito próximo). Nesse caso é necessário mandar a efusão para fora. Teste de rivalta 7 a 8 ml de água destilada + 1 gota de ácido acético a 98% e pinga uma gota da efusão: -Positivo: formação da gota caudada ou que não desce; -Negativo: gota desaparece ou afunda logo; -Falso negativo: peritonite bacteriana associada (pode causar proteólise das proteínas); -Falso positivo: linfomas (aumento de volume que pode atrapalhar a expansão do pulmão, podendo gerar uma efusão). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A efusão pode ocorrer por: -Causas de hipoproteinemia; -Cardiomiopatia; -Doenças hepáticas; -Neoplasias (linfoma). Os diferencias da forma não-efusiva são (formações de nódulos): -FIV e FelV; -Toxoplasmose (sinais neurológicos); -Neoplasias. OBS: O gato não faz edema pulmonarcom a facilidade que o cão faz. Geralmente os gatos fazem efusão pleural, por conta da anatomia dos vasos torácicos (é mais fácil extravasar líquido para pleura do que para o pulmão). O gato fica cianótico por conta de um tamponamento dos pulmões e do coração, por conta da grande quantidade de líquido em volta. Sempre que atendermos animais com ascite e/ou efusão pleural devemos ter em mente todas essas doenças, inclusive a PIF. Tratamento Antiviral O nucleosídeo análogo GS-441524 é um antiviral que impede a replicação do vírus da PIF, consequentemente ele limita a PIF. O problema é que a maioria dos tutores não terão condições de arcar com esse tratamento. OBS: nem todos se curam da PIF. IMUNOSSUPRESSÃO Com o intuito de conter a doença, pode-se utilizar a imunossupressão para diminuir a alta imunidade humoral (auxilia na disseminação do vírus). A primeira escolha é o Prednisolona (2 a 4 mg/kg/dia, PO, durante 10 a 14 dias). Posteriormente deve-se fazer o desmame e realizar a migração para outro fármaco: -Ciclofosfamida: não tem bons resultados; -Clorambucil: também não se tem bons resultados; -Ciclosporina A (Ciclavance): apresenta os melhores resultados, porém é um medicamento mais caro. Outras opções de tratamento Inibição do TNF-ALFA Pode-se utilizar a Pentoxifilina que inibi o TNF- alfa, consequentemente diminui a vasculite e a caquexia resultante da expressão dessa citocina. Dose: 100mg/gato PO BID em associação com prednisolona. Interferon O interferon é uma proteína antiviral, que melhora a imunidade celular (atua sobre linfócitos estimulando efeito antiviral). Temos: -Interferon ω recombinante felino: 1UI/kg/dia sc até melhora clínica. Depois passar para 1x na semana. Não está disponível em todos os lugares. -Interferon alfa humano: 30 UI/kg/dia VO por 7 dias em semanas alternadas. Após dar por via oral essa proteína passa pelo tecidolinfoide da orofaringe, mucosa oral e do esôfago (efeito direto). Agentes anabolizantes como nandrolona Não se tem muito sucesso. São usados para aumentar o apetite e diminuir o catabolismo para manutenção da condição corporal especialmente se houver evidência de falha renal. Antitrombóticos A primeira escolha é o Clopidogrel (inibe a areação plaquetária). O AAS (ácido acetilsalicílico) pode ajudar, pois tem enfeito antinflamatorio (porem apresenta diversos efeitos adversos). Tratamento suporte Antitrombóticos A primeira escolha é o Clopidogrel (inibe a areação plaquetária). O AAS (ácido acetilsalicílico) pode ajudar, pois tem enfeito antinflamatorio (porem apresenta diversos efeitos adversos). Antimicrobianos Pode ser necessário utilizar um antibiótico, pois a doença pode predispor a infecções bacterianas secundárias. A ampicilina é uma ótima escolha, pois não sobrecarrega fígado e rim. Estimuladores de apetite Pode-se utilizar a mirtazapina, para estimular o apetito do animal e impedir a ocorrência de lipidose hepática. Vitaminas e antioxidantes Devemos fornecer para esse gato: -Vitamina A (proteger mucosas); -Vitamina B1 (pois gatos hiporexos entram e hipovitaminose b com muita facilidade); -Vitamina C (hidrossolúvel mais antioxidante); -Vitamina E (lipossolúvel mais antioxidante). Os antioxidantes são extremamente importantes nas doenças infecciosas, pois muitas geram um estado muito oxidativo. Consequente a essa oxidação temos muita perda tecidual, perda de função tecidual. Desta forma, se tenho fármacos captadores finais de elétron ou captador de oxigênio tecidual, eles impedem a oxidação excessiva. Prognóstico O prognóstico da PIF é ruim -> progressivo e fatal. Gatos com envolvimento somente ocular, algumas vezes sobrevivem por um ano ou mais. Prevenção e profilaxia Para a prevenção e profilaxia devemos: -Evitar misturar animais sem quarentena; -Realizar a higienização correta de gatis, baias e caixas de areia; -Não vacinar o animal com a vacina da PIF, pois ela predispõe o animal a doença (estimula imunidade humoral). RETROVIROSES felina Os vírus da família Retroviridae apresentam a transcriptase reversa, enzima responsável por transformar a fita simples de RNA em dita dupla de DNA (DNA pro-viral). Os vírus da FeLV e da FILV apresentam distribuição mundial e também já foram isolados em felinos selvagens. Estão presentes em média em 2% da população geral de gatos (subdiagnóstico). Aproximadamente 30% em gatis. O grupo de risco compreende os gatos machos, adultos, com acesso a rua (em geral os não castrados). OBS: no Brasil ainda não temos uma quantidade de gatos vacinados suficiente para poder evitar a prevalência alta de FeLV. etiologia A família Retroviridae apresentam dois principais gêneros: -Gammaretrovirus (FeLV); -Lentivirus (FIV). Principais características dos Retrovírus: -Capsídeo icosaedro; -Envelope (sensível a desinfetantes comuns, dessecação e morre em poucas horas); -2 moléculas idênticas de RNA de fita simples; -1 molécula de transcriptase; -1 molécula de integrasse. Família: Retroviridae; Subfamília: Orthoretrovirinae; Gênero: Gamaretrovirus (FeLV) e Lentivirus (FIV). MULTIPLICAÇÃO DE RETROVÍRUS O vírus apresenta em suas superfícies proteínas como a gp70 que se ligam aos receptores celulares para que o vírus seja internalizado. Após ser internalizado as proteínas do capsídeo se desfazem, deixando o conteúdo interior (2 fitas simples de RNA, 1 transcriptase reversa e 1 Integrase) exposto no citosol da célula do hospedeiro. Posteriormente a transcriptase reversa pega a fita simples de RNA e faz transcrição e uma fita dupla de DNA pro-viral. A integrasse pega essa fita dupla de DNA pro-viral e insere ela no genoma do gato. A partir dai toda vez que as células contendo o DNA pró-viral em seu genoma se multiplicam, as novas células terão esse DNA pro-viral também. PRODUÇÃO DE PARTÍCULAS VIRAIS A produção pode ocorrer ou não. Quando os vírus decidirem amplificar a infecção, mais partículas virais serão produzidas. A partir do DNA pro-viral realiza a produção (transcrição) de novas moléculas de RNA viral que vão para o citosol serem moldes para as proteínas dos vírus. Desta forma temos a formação de novos retrovírus. Os gatos que realizam a produção de novos vírus são considerados virêmico e será um transmissor por vias naturais e não naturais. Os gatos que não produzem novos vírus, são considerados não virêmicos. Esse animais não transmitem o vírus por vias naturais, porém podem transmitir por meio da transfusão sanguínea. OBS: O teste rápido detecta apenas animais virêmicos (produtores de partículas virais), desta maneira ele não deve ser o único utilizado para ver se o animal é um bom doador. O ideal é realiza a PCR, pois ela detecta tanto o gato virêmico quanto o gato não virêmico. DOAÇÃO DE SANGUE Quando se coleta sangue de um gato que seja não virêmico, ele pode passar a ser virêmico, pois houve estimulação da medula a repor (mitose) o que atrai o vírus. Quando se realiza a transfusão de sangue de um gato não virêmico para um gato saudável, pode-se transmitir os retrovírus que pode iniciar a produção de partículas viras. OBS: O ideal é ter um banco de dados de gatos PCR negativos para serem doadores. FELV O FeLV A é o único subtipo transmissível (não da para transmitir os outros subtipos pelas vias naturais – B e C). O FeLV A sozinho pode: -Ativar oncogenes do próprio animal; -Pode se inserir ao lado do enFeLV, levando a formação do FeLV B (causa muitas neoplasias) ou o FeLV T (causa imunodeficiência grave). -Sofrer mutações espontâneas nos genes do envelope, leva a formação do FeLV C (causa anemias arregenerativas). Principal achada hematológico nos gatos FeLV. Enfelv enFeLV é um FeLV ancestral que se encontra inserido no genoma dasmaiorias dos felinos em geral (não é capaz de produzir partículas virais infecciosas). Quando o DNA pro-viral da FeLV se insere ao lado do enFeLV, pode levar a formação de uns novos subtipos de vírus. Dinâmica da infecção A transmissão pode ser horizontal ou vertical (via transplacentária, ou quando a mãe lambe os filhotes e os amamenta). Fontes de infecção As principais fontes de infecção são: -Saliva (principal); -Leite; -Sêmen; -Sangue de gatos infectados ou portadores (transfusão de sangue); -Urina e fezes (menos comum); -Fômites como comedouros e bebedouros (por conta da saliva). Vias de infecção As vias de infecção são: -Oronasal (mais importante); -Sexual; -Transfusional; -Transplacentária; -Via mordedura. Vias de eliminação As principais vias de eliminação do vírus são: -Salivar (estratégias, pois os gatos tem habito de se lamber); -Seminal. Patogenia Fase 1 1 – Entrada do vírus via oronasal; 2 – Eles infectam os linfócitos e macrófagos das tonsilas e dos tecidos linfáticos da faringe; 3 – Posteriormente, segue para os linfonodos, e inicia uma replicação nos linfócitos B dos centros foliculares (amplificação viral); 4 – Alguns linfócitos e monócitos se infectam e seguem para a corrente sanguínea (disseminação da infecção); 5 – O vírus atinge a medula óssea e se distribui pelo organismo via linfócitos e monócitos (viremia). Fase 2 6 – Estágio hemolinfático e intestinal (ponto crítico, onde o gato desenvolvera uma pequena diarreia, onde a infecção se instala realmente). É aqui que ocorre a definição se o gato irá ficar virêmico ou não. 7 – Neutrófilos e plaquetas infectados vão para a circulação e também temos vírus livres (viremia); 8 – Posteriormente o vírus penetra em todos os tecidos epiteliais, inclusive aqueles que produzem as fontes de infecção (saliva, glândulas anexas do trato geniturinário, glândulas mamarias). Possíveis DESFECHOS da infecção INFECÇÃO ABORTIVA (eliminação completa) Se o animal, entre o 2 e o 3 estágios, consegue bloquear o avanço do vírus, ele faz a infecção abortiva (elimina completamente o vírus). INFECÇÃO REGRESSIVA (viremia transitória) Caso o vírus consiga ter êxito (DNA Pro-viral se instala no genoma), porém o organismo do gato não permita produção de partículas virais, o animal apresenta infecção regressiva. Esse animal não elimina o vírus apenas por vias naturais. INFECÇÃO progressiva (viremia persistente) É aquele que além de apresentar o DNA pro- viral inserido em seu genoma, têm partículas virais novas sendo formadas. Esse animal elimina o vírus através das vias naturais. É o único que dá positivo no teste rápido. atípica É uma quantidade de vírus sequestrados para determinados tecidos (sítios) que são negativos no teste rápido e na PCR. Só da positivo caso seja puncionado o tecido onde esses vírus se encontram. O que dificulta é que geralmente não se formam estruturas visíveis. Quanto mais gatos vacinados, maior a probabilidade do animal desenvolver a forma abortiva. Ainda que o gato não seja vacinado, caso ele tenha uma capacidade imunológica adequada ele pode abortar a infecção. Categorias de infecção Caso o animal apresente uma capacidade imunológica parcial, ele pode se tornar repressor ou fazer a forma atípica. Como saber a categoria de infecção de um gato? -Testando mais de uma vez em intervalos variados; -Alguns autores sugerem anualmente; -Usar mais de um tipo de teste (sorologia e PCR). Focma FOCMA representa o antígeno de membrana celular do oncornavírus felino. Esse antígeno está localizado na superfície das células transformadas. É um antígeno tumoral especifico, presente nas superfícies de células: -De linfossarcoma (FeLV); -De eritroleucemia (FeLV); -De leucemia mielógena (FeLV); -Do Fibrossarcoma (FeSV - vírus do sarcoma felino – mutação do FeLV-A). O vírus da FeLV imprime o FOCMA nas células e induz à formação de neoplasias. O desenvolvimento de grandes anticorpos contra o FOCMA pode proteger contra o desenvolvimento de neoplasias malignas (mas não das síndromes não-neoplásicas). PANORAMA DA FELV Apresenta alta taxa de prevalência local (não totalmente definida - faltam dados disponíveis). A sobrevida de gatos “sadios” é de 2 a 3 anos. Apresenta alta relação com anemias graves e neoplasias. Vacina disponível (é necessário a conscientização). FIV etiologia A FIV é ocasionada por um retrovírus do gênero Lentivirus (semelhante ao vírus da AIDS humana). O vírus da FIV apresenta os seguintes subtipos (todos são transmissíveis): -A; -B; -C; -D; -E. Só replica nas células da espécie felina e alguns felídeos selvagens. Superinfecções (+ de 1 subtipo) podem ocorrer em infecções naturais. TRANSMISSÃO A transmissão se dá principalmente pela saliva, porém requer um sistema de inoculação parental (mordedura) para a inoculação do FIV. Desta forma, as brigas são as principais formas de transmitir. Além disso pode ser transmitida via sexual, vertical (transplacentária) e iatrogenia (transfusional). A infecção As principais fontes de infecção são: -Saliva; -Sangue (quem morde também pode ser infectado); -Líquor (para grandes felinos que entram em contato com gatos); -Sêmen; -Leite. De animais virêmicos. As vias de eliminação são aqueles epitélios que produzem as fontes de infecção. As vias de infecções principais são: -Parenteral (mordedura); -Oral; -Genital (coito); -Transplacentária (situação vertical) -Transmamária (situação vertical). Patogenia Após o vírus ser inoculado no organismo do gato, ele causa um processo inflamatório no tecido onde foi inoculado. Com isso ele acessa os linfócitos B, T e macrófagos (células apresentam receptores que favorecem a entrada do vírus). Com isso o vírus da FIV causa uma diminuição no número de células CD4+ (organiza as respostas no primeiro momento) e além da disfunção de citocinas. Causa um comprometimento da barreira inicial. Posteriormente ele dissemina, fazendo uma viremia, e segue para os órgãos linfoides e para o SNC. A partir dos órgãos linfoides (linfonodo, baço, timo, etc) ele causa uma nova viremia. Essa viremia faz com que haja uma diminuição mais intensa dos linfócitos T CD4+ e também causa diminuição dos linfócitos T CD8+ (citotóxicos). OBS: O bloqueio da ação dos linfócitos T CD4+ (T helper) faz uma inibição da produção de anticorpos que iriam neutralizar esses vírus. O bloqueio da ação dos linfócitos T CD8+ (citotóxico) é para evitar a destruição das células que estão infectadas. Com essa depleção de T CD4+ e T CD8+, a resposta mediada por células e a humoral ficam comprometidas. Posteriormente a viremia diminui, a replicação viral fica cada vez mais baixa (poucos vírus – se esconde). Porém, isso tem um preço. É muito provável que em algum momento o gato entre em uma disfunção imune clássica, podendo ser: -De magnitude grande, chegando à síndrome da imunodeficiência felina (animais com uma imunidade fragilizada); -De magnitude baixa (imunidade mais ou menos). Nesse caso o animal progride cada vez mais (8 anos, 9 anos). No momento que isso começa a passar do limite, chegou em um ponto de imunodisfunção, onde as doenças oportunistas começaram a detonar com gato, desviam a resposta imunologica (qualquer situação que possa baixar a imunidade do animal), o FIV para de ser discreto e começa a ser horroroso para a vida do animal. Consequente a isso começam a aparecer: -Infecções oportunistas; -Neoplasias; -Debilitação: o animal fica magro, apresenta caquexia, começa ter disfagia. Sistema nervoso O SNC é alvo do FIV, pois a intenção dele é alterar o comportamento do gato, para tornar mais provável a mordedura. Promove uma alteração do metabolismo neuronal, deixando o neurônio mais intoxicado e funcionandode forma diferente. Consequentemente é mais provável que o gato apresente: -Disfunção cognitiva precoce; -Alterações do SNC levando a quadros neurológicos clássicos. DIAGNÓSTICO COM BASES NA PATOGENIA Um gato da fase assintomática pode migrar para uma fase clínica ou permanecer na fase assintomática. Na fase assintomática o animal apresenta anticorpos, o que faz com que ele seja assintomático. Desta forma o teste rápido (busca Anticorpo) é positiva. No caso da PCR, ela pode ser positiva ou negativa (quantidade de partícula viral muito baixa – indetectável). RETROVIROSES FELINAS - ASPECTOS GERAIS TRANSMISSÃO FIV é transmitida principalmente por mordedura (brigas – via parenteral) A FeLV é transmitida principalmente por lambedura (via oronasal). Ambos têm como fonte de infecção a saliva (principal). Fatores que influenciam consequências das infecções por retrovirus Fatores virais -Subgrupos virais, carga viral infectante e modo de exposição; -Variabilidade genética viral; -Vírus que emergem nos estágios finais da infecção são mais patogênicos que a forma transmitida. Fatores do hospedeiro -Idade: é extremamente importante, pois a capacidade de resistir a infecção é adquirida com a idade e a maturidade do sistema imunológico; -Presença de comorbidades e fatores imunossupressores. Fatores do ambiente -Aglomerações aumentam a exposição, a possibilidade de infecção e a disseminação de variantes virulentas; -Ambientes mais úmidos favorecem a persistência do vírus. SINAIS CLÍNICOS EM GATOS PORTADORES DE RETROVIROSE E SUA RELAÇÃOCOM AS INFECÇÕES Temos: -Doenças que não apresentam relação direta com a infecção por retrovirus, porém quando elas aparecem o retrovírus pode ser influenciada por elas: diabetes, hipertireoidismo, cardiopatias, doença renal crônica; -Doenças secundárias a infecção por retrovirus (doenças oportunistas pela queda da imunidade): infecções oportunistas (micoplasmose, toxoplasmose, calicivirose, etc) e neoplasias; -Doenças associadas a infecção por retrovirus: ->FeLV: neoplasia (linfoma), trombocitopenia, leucopenia e anemia. ->FIV: imunossupressão e doenças neurológicas. OBS: a chance de ter câncer é maior pra que tem FeLV, do que pra quem tem FIV ou não tem nada. O FIV não é oncogênico, porém da mais chance de ter neoplasia, pois tira a reposta imunologica que é necessária para lidar com células neoplásicas. ACHADOS CLÍNICO-LABORATORIAIS MAIS COMUNS Os principais achados clínicos são: -Anemia (principalmente no FeLV); -Neoplasias (linfomas, leucopenias); -Disfunções imunológicas; -Coinfecções. ACHADOS CLÍNICO-patológicos -A anemia pode ser regenerativa, tudo vai depender da causa de base (micoplasmose = regenerativa; depleção medular = arregenerativa - FeLV). -Neutropenia (pode ser própria do FeLV) -Disfunção neutrofílica (pode ser própria do FeLV); -Lise de linfócitos T e depleção de linfócitos T CD4+ e CD8+ (FIV); -Formação de imunocomplexo (provocando depleção de anticorpo e hipocomplementemia): uveite, glomerulonefrite, poliartrite, etc; -Trombocitopenia; -Leucemias (causa Policitemia, com muitas células atípicas no sangue) e mielodisplasias. AIDS FELINA A síndrome da imunodeficiência felina induzida pelos retrovirus felinos, pode ser ocasionada pela FeLV, pois também pode fazer uma síndrome de imunodeficiência. Infecções secundárias ou oportunistas: -Estomatites, faucites (fauces: arcos palatoglosso e palatofaríngeo), dermatites, abcessos, otites e enterites; -Toxoplasmose, micoplasmose, criptococose, esporotricose; -Quadros gravíssimos quando há co-infecção PIF-FeLV e FIV-FeLV. FILHOTES Uma coisa que é frequentemente vista é o linfoma mediastinico, que ocorre por conta do animal ter sido infectado cedo. Além disso esses animais que são infectados muito cedo, podem desenvolver atrofia tímica Isso piora o prognóstico do animal. SINAIS CLÍNICOS -Doenças orais: como exemplos temos as lesões provocadas pelo calicivirus (podemos ter lesões descamativas da língua, gengivite persistente). -PIF; -Síndrome do rim grande e do rim pequeno; glomerulopatia com deposição de imunocomplexos. -Abcessos que não se cicatrizam; -Linfomas: mediastínico, multicêntrico (linfonodos acometidos), renal, -Poliartrite: claudicações; -Glomerulonefrite: subclínica ou síndrome nefrótica. -Distúrbios neurológicos: ->Paralisia de ciliares (dilatação pupilar persistente) ->Ataxia, paresia, paralisia ou tetraparalisia (associada ou não ao linfoma de canal medular); ->Mudanças comportamentais; ->Hiperestesia à palpação da pele do dorso; ->Incontinência urinária. Diagnóstico Técnicas sorológicas: testes utilizam anticorpos mono ou policlonais contra a mais importante proteína viral p27; -Soro é material ideal, podendo ser sangue total ou plasma também -Técnicas: Western Blotting, Imunofluorescência indireta (RIFI), ELISA, Teste rápido FeLV/FIV (imunocromatográfico ou ELISA). Biologia molecular (PCR): -RNA ou DNA; -Qualitativo ou quantitativo. Isolamento viral. Teste de imunofluorescência de Membrana (IMI): exposição ao FeLV e imunidade ao FOCMA. Teste rápido Quando acende a bolinha da direita, quer dizer que o animal apresenta antígeno p27, gato virêmico, positivo para FeLV (infecção ocorreu a mais de 30 dias). Quando a bolinha da esquerda acende, quer dizer que o animal apresenta anticorpos anti- FIV (infecção ocorreu a mais de 60 dias), animal positivo para FIV. Teste rápido felv Busca o antígeno p27. A p27 é uma proteína amplamente produzida pelos vírus (produz mais do que precisam). É um teste extremamente sensível, porém só ocorre a produção de p27 o gato que está produzindo o vírus (virêmico). Nos casos quem que não a produção de vírus (DNA pro-viral no genoma das células), o teste perde sua sensibilidade. Desvantagens: -Não detecta gatos regressivos; -Demora 30 dias para positivar após a infecção. Teste rápido Fiv Busca anticorpos específicos anti-FIV. Nesse caso os anticorpos estarão presentes em todas as fases (não depende da viremia). Desta forma é um teste sensível e especifico que indiretamente detecta todas as fases da doença. Desvantagens: - Alguns gatos nunca irão soroconverter (em casos onde a síndrome da imunodeficiência felina já se instala o animal poderá ser impedido de produzir anticorpos – o ideal seria fazer uma PCR); -Outros reduzem a produção de Anticorpos; -Leva 60 dias para positivar após a infecção; -Anticorpos maternos interferem por até 6 meses (mães que apresentam anticorpos anti-FIV, passam os mesmos pelo leite para os filhotes, desta maneira os filhotes podem dar positivo no teste). PCR – POLYMERASE CHAIN REACTION Detecta o material genético do vírus (RNA ou DNA). A PCR é sensível e específica, podendo ser qualitativa (tem ou não) e quantitativa (quanto tem). Vantagens: -Diagnóstico preciso; -Amostras de diferentes naturezas. Desvantagens: -Tipo de amostra faz diferença; -Não é amplamente acessível; -Nem sempre são conclusivos. PCR FELV Pode-se pedir PCR de: -RNA viral: positivo apenas quando se tem viremia; -DNA proviral: detecta o DNA proviral que está inserido na célula do hospedeiro. Detecta a animais com infecção regressiva. O RNA viral é detectável até 1 semana e o DNA proviral até 2 semanas após a exposição ao FeLV. PCR FELV -RNA viral: identifica o vírus. Pode dar negativo em casos que a viremia esteja extremamente baixa. -DNA proviral: detecta o DNA proviral associado à célula. Ambos são detectáveis em até 2 a 4 semanas após a exposição ao FIV. Sorologia (imunofluorescência) A sorologia é útil para saber se o animal que foi vacinado está soroconvertendo (produzindo anticorpos). Detecção mais tardia de anticorpos para FIV (sustentada pela falsa latência).Diagnóstico das comorbidades Buscar diagnosticar as coinfecções: -Sorologias especificas, isolamento culturas, esfregaços. Atenção especial com sítios típicos de tumores (diagnóstico por imagem). Hemograma, perfil hepático e renal (rotina). Aspirado de MO. Análise de fluido pleural e citologias aspirativas. Exames especiais Citologia: massas, exsudatos. Mielograma: aplasia, mielodisplasia, leucemias. Tratamento Tratamento inespecífico (suporte) -Antiparasitários e antimicrobianos (evitar que o animal desvie a atenção do sistema imunológico dele que já está debilitado); -Transfusão de sangue total para animais anêmicos; -Em gatos neutropênicos pode-se utilizar um fator estimulante de colônia granulocítica (por um lado estimula a produção de neutrófilos, por outro favorece o vírus); -Quimioterapia para os animais com leucemia (Policitemia) ou linfoma (diminui o tamanho da neoplasia); -Prednisolona: aumenta o apetite e reduz o tamanho de massas (deve-se utilizar em curto prazo). Tratamento específico (sintomático) -Antiviral: AZT (zidovudina 3’-azido-1’, 3’- desoxitimidina, Retrovir): -> inibidor da transcriptase reversa (limita a infecção e novas células); ->Se feito logo após a exposição pode evitar a viremia persistente; ->Melhora o estado clínico dos gatos doentes com FIV e FeLV; ->Efeitos adversos importantes (metabolização hepática). -Imunomoduladores (estimula a imunidade): ->Proteína estafilocócia A; ->Propionibacterium acnes; ->Acemannan (derivado da babosa); ->Interferon alfa-2b humano; ->Interferon ϒ recombinante felino (ideal); ->Lactoferrina bovina (lesões orais); ->Fator estimulador de linfócitos T; ->Timomodulina. Medicina veterinária integrativa Podemos utilizar: -Viscum álbum (homeopatia) em pontos de acupuntura estimula a imunidade do animal; -Ozonioterapia: utilizada para o manejo de infecções e inflamações; -Outras modalidades, de acordo com cada caso. Exemplo: cromoterapia e aromaterapia para gatos estressados, mas que toleram bem a intervenção; Cuidados no ambiente hospitalar Esses cuidados no ambiente hospitalar ajudam a evitar a transmissão iatrogênica. -Gaiolas individuais e isoladas; -Manipular esses animais com luvas; -Doadores de sangue devem ser sempre testados para FIV e FeLV com PCR. -Desinfecção de gaiolas e potenciais fômites. prognóstico -FeLV: sobrevida média de um gato saudável infectado é de 2 a 3 anos; -FIV: variável, podendo viver o mesmo que gatos não infectados. O sucesso no tratamento dos linfomas e leucemias levam à remissão destas anormalidades e aumentam a sobrevida dos animais. Prevenção e profilaxia -Não devemos aglomerar os gatos; -Não introduzir animais em residências ou gatis sem realizar o teste para FIV e FeLV; -Manter os gatos em ambiente domiciliar, utilizando telas de proteção e não permitindo acesso de outros gatos de origem desconhecida à casa; -Vacinar os animais. PROTOCOLO VACINAL em cães e gatos A vacina é um imunobiológico, ou seja, um microrganismo, proteína ou subunidade que é inoculada em um hospedeiro com o intuito de gerar imunidade ativa. Vias para vacinação: -Parenteral (injetável): subcutâneo (SC), intradérmica (ID), intramuscular (IM). -Enteral (oral): estimula a produção principalmente de IgA (mucosa). -Intra-nasal (semelhante a oral): estimula a produção principalmente de IgA (mucosa) Tipos de imunidade Imunidade passiva: -Natural: colostro ou sangue da placenta para algumas espécies; -Artificial: soro hiperimune. Imunidade ativa: -Natural: contato com microrganismo selvagem; -Artificial: vacinas. Histórias das vacinas O médico britânico naturalista, Edward Jenner, foi quem fez a vacina contra a varíola (1796). Entretanto, foi uma mulher que observou que pessoas que lidavam com aquelas que cuidavam de pessoas com varíola faziam doença branda ou não adoeciam. Ela percebeu que isso poderia ser uma resistência criada a partir do contato progressivo com essas pessoas. O cientista frânces criador da teoria microbiológica, Louis Pasteur, desenvolveu a vacina contra raiva (1885). EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO DE JENNER Os matérias oriundos de feridas ou pacientes com varíola passaram a serem inoculados em outras pessoas para gerar imunidade. Como o vírus estava vivo, as pessoas faziam sinais clínicos da doença de forma branda. Posteriormente começou-se a inocular materiais provenientes de casos mais brandos. Consequentemente, os números de pessoas que faziam reação diminuíram significativamente (vírus atenuado). Posteriormente, notou-se que mulheres que ordenhavam vacas com varíola bovina (vaccínia), não adoeciam pela varíola humana (vacinação por similaridade). Tipos de vacinas 1a geração: consiste em pegar o agente patogênico completo, submetido a um tratamento para atenuação ou inativação. 2a geração: é direcionar a produção de anticorpos para um único alvo, como uma toxina, açucares de superfície de bactérias. 3a geração: são vacinas de DNA ou gênicas. PREPARAÇÕES VACINAIS Vacina atenuada (passagem sucessivas por cultivo celular e redução do nº das partículas infectantes): -Viva; -Replicação no hospedeiro; -Preserva melhor os epítopos; -Menor carga microbiana; -Dispensa adjuvantes; -Imunidade sólida e duradoura; -Pode haver reversão da patogenicidade; -Neutralizada por anticorpos maternos. Vacina inativada: -Morta; -Não há replicação no hospedeiro; -Alguns epítopos se perdem; -Alta carga microbiana; -Requer adjuvantes (causar inflamação e chamar a atenção do sistema imune). -Imunidade pouco duradoura; -Não há reversão da patogenicidade; -Neutralizada por anticorpos maternos; -Mais segura para gestantes e gatos FIV ou FeLV +. Vacina recombinante (sequencias de genes é inserida em um vetor para produzir os epítopos desejados): -Viva; -Replicação no hospedeiro; -Produção dos epítopos desejados; -Genoma do mo desejado é inserido num mo vetor; -Dispensa adjuvantes; -Imunidade sólida e duradoura; -Não há reversão da patogenicidade; -Sem interferência de anticorpos maternos. Por isso as melhores vacinas para cinomose, são aquelas com vírus recombinante, que a imunidade é muito precoce (por iniciamos com 45 dias). Tipos de vacinas recombinantes Para fazer uma vacina recombinante, inicialmente seleciona a parte do RNA que codifica a proteína F e o que codifica a proteína H. Esses dois RNAS são transcritos em DNA por meio de uma transcriptase reversa artificial. Posteriormente, esse DNA é inserido no genoma de um vírus da bouba do canário (não causa nada no animal). Coloca-se esse vírus em cultivo celular, para ele se multiplicar. Após esses vírus serem introduzidos no animal e penetrar suas células, o DNA viral é transcrito e inicia-se a produção de proteínas H e F. Diante disso, o cão desenvolve imunidade contra essas proteínas especificas e fica protegido contra a cinomose. Principias tipos de vacina recombinantes: Categoria I: de subunidade; Categoria II: de genes isolados; Categoria III: vetoriais. Resposta vacinal e imunidade É necessário a produção de anticorpos na maioria das vezes. Para a vacina de PIF ser efetiva, ela deverá estimular a reposta citotóxica (efetiva contra o coronavírus mutado). Existem vacinais que estimulam a ativação de linfócitos T efetores (T CD8+, Th1-CD4+ e Th2-CD4+). Imunidade protetora contras os agentes infecciosos aos quais a vacina é especifica. Anticorpos e células T citotóxicas especificas contra agentes infecciosos, ou contra seus produtos tóxicos. Geração de linfócitos T e B de memória que podem perdurar por muitos anos. Qualquer paciente pode ser vacinado? A resposta é não. Quando não vacinar? -Animais com doençasfebris agudas; -Submetidos à corticoterapia; -Em antibioticoterapia; -Após transfusão sanguínea; -Em anestesia; -Com intervalo de menos de 2 semanas entre uma dose e outra (de qualquer vacina); -Quando o animal apresenta hipersensibilidade conhecida a algum componente da formula da vacina; -Animais parasitados (desvio da imunidade – resposta th2); -Animais imunocomprometidos (quimioterapia, retorovirose sintomático, etc). Todo paciente precisa ser vacinado? A resposta é não. Quem não precisa? -Animais soropositivos para as doenças para as quais a vacina pretendida protege (exposição ou vacinação); -Animais que não se expõe a estas doenças: ->Hábitos (animal não se expõem); ->Geografia (não há incidência da doença na região); ->Condições sanitárias. Pré-requisitos para uma boa resposta vacinal -Vacina de qualidade e bem conservada. -Vacina aplicada de forma correta e pela via indicada; -Animal hígido, livre de doenças que possam interferir na resposta imunológica; -Não haver neutralização por anticorpos martenos; -Animais imunocompetente. Vacinas para cães Essências -Cinomose (Morbilivirus); -Parvovirose (Parvovirus canino do tipo 2); -Hepatite infecciosa (Adenovirus canino do tipo-1); -Raiva (no Brasil). OBS: a vacina para Coronavirus e Adenovirus canino tipo 2 é não recomendada. Não-Essências -Leptospirose (L. Pomona, L. harjo, L. icterohemorragiae, L. interrogans). Pode ser indicada na nossa região; -Bordetella bronchiseptica; -Vírus da Parainfluenza; -Microsporum canis; -Leishmaniose (L. infatum chagasi, L. donovani, L. amazonenses e L. guianesis); -Borrelia burdorferi; -Influenza canina. Protocolo básico (filhote) O ideal é começar com 8 semanas (56 dias ou 2 meses): V8 ou V10; !2 semanas (84 dias ou 3 meses): V8 ou V10; 16 semanas (112 dias ou 4 meses): V8 ou V10; 19 semanas (133 dias ou 5 meses): antirrábica. Início com 6 semanas: V8 ou V10; 10 semanas: V8 ou V10; 14 semanas: V8 ou V10; 18 semanas (4a dose): V8 ou V10; 21 semanas: antirrábica. OBS: Quando o animal completa 1 ano de idade, ele deverá revacinar. Depois trienalmente pode-se realizar o reforço de V8/V10 + 1 dose anual de antirrábica. V8 -CDV (cinomose); -CAV-1 (adenovírus canino tipo 1 – Hepatite infecciosa); -CAV-2 (adenovírus canino tipo 2 – Adenovirose); -CPV (parvovirose); -CCV (coronavírus); -CPIV (parainfluenza); -Leptospirose (2 sorovares). V10 -CDV (cinomose); -CAV-1 (adenovírus canino tipo 1 – Hepatite infecciosa); -CAV-2 (adenovírus canino tipo 2 – Adenovirose); -CPV (parvovirose); -CCV (coronavírus); -CPIV (parainfluenza); -Leptospirose (4 sorovares). Vacinas para gatos Essências -Rinotraqueíte infecciosa; -Calicivirose; -Panleucopenia felina; -Raiva. Não-Essências -Clamydophyla felis; -Bordetella bronchiseptica; -Dermatofitose (Microsporum canis); -FeLV; -FIV; -PIF. Principais vacina disponíveis V3: Rinotraqueíte (FHV-1), Calicivirose (FCV) e Panleucopenia felina (FPV); V4: + Chlamydophila felis V5: + FelV Protocolo básico (filhote) O ideal é começar com 8 semanas: V3, v4 ou V5; !2 semanas: V3, v4 ou V5; 16 semanas: V3 ou v4; 19 semanas: antirrábica. OBS: Quando o animal completa 1 ano de idade, ele deverá revacinar. Depois trienalmente pode-se realizar o reforço de V8/V10 + 1 dose anual de antirrábica. O ideal para aplicação é: -Membro torácico direito: V3 ou V4; -Membro pélvico direito: raiva; -Membro pélvico esquerdo: Leucemia felina
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