Buscar

Resumo - Escabiose e pediculose

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESCABIOSE
AGENTE ETIOLÓGICO: ácaro Sarcoptes scabiei var. hominis
EPIDEMIOLOGIA: mais comum no adulto. Em geral, há mais de um caso no ambiente residencial. Transmissão por contato direto, inclusive sexual; através de fômites (lençóis, toalhas, roupas, etc.). O parasita morre após poucas horas fora da pele.
PATOGÊNESE: produzida exclusivamente pela fêmea fecundada, já que o macho morre após a cópula. Esta penetra na epiderme, fazendo um túnel subcórneo, com a progressão noturna de 2 a 3 mm/dia. Período de incubação: 3 a 4 semanas, quando aparece erupção pruriginosa. O prurido ocorre por mecanismos: alérgico (eosinofilia sanguínea, às vezes elevada, sobretudo na escabiose crostosa), e mecânico, pela progressão do parasita, a qual se faz especialmente à noite (consequência do calor do leito).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: túnel escabiótico 5 a 15 mm, sinuoso, tendo na extremidade migrante uma pápula ou vesícula chamada eminência acarina. Localizam-se preferentemente em: dedos, pregas interdigitais, punhos, cotovelos, mamilos, pregas axilares, genitália, nádegas e hipogástrio; nas crianças, as lesões localizam-se também no couro cabeludo, nas palmas e nas plantas. Lesões são papulocrostas eritematosas, nódulos ou vesículas; prurido intenso, mais à noite e ao amanhecer.
Podem ocorrer lesões de escoriação com impetiginização secundária, causando como complicação a glomerulonefrite.
Sarna crostosa (escabiose crostosa): formação de crostas estratificadas, que podem chegar a centímetros de espessura, localizadas nas eminências ósseas, podendo comprometer unhas, face, cabeça e regiões palmoplantares. Ocorre em indivíduos de hábitos higiênicos precários, neuropatas, deficientes mentais e imunodeprimidos. Pode ser uma manifestação da infecção pelo vírus HTLV-1 e deve-se considerar a solicitação de sorologia diante de um quadro suspeito.
DIAGNÓSTICO: clínico; achado do Sarcoptes por exame microscópico direto do raspado cutâneo das eminências acarinas.
TRATAMENTO: é preciso fazer um levantamento de todos os habitantes da casa e avaliar os que estão de fato acometidos. Nos casos de dúvida, é melhor tratar todos, pois, do contrário, novo ciclo epidemiológico familiar pode ocorrer.
· Permetrina 5% (loção ou creme): aplicar no corpo inteiro (na criança até couro cabeludo), em uma única noite, retirar pela manhã. Repetir em 5-7 dias. Não deve ser usada em crianças < de 2 meses, gestantes e durante o aleitamento.
· Enxofre (forma de enxofre precipitado 5 a 10%) em vaselina líquida ou pasta d’água, por 3 noites consecutivas.
· Ivermectina (6 mg): 01 cp a cada 30 kg (200 microgramas/kg/dia), VO, dose única. Repetir em 7 dias.
· Loratadina (10mg), se prurido: 01 cp uma vez ao dia.
PEDICULOSE (Dermatoses pruriginosas produzidas por piolhos)
Três localizações: cabeça (Pediculus humanus var. capitis), tronco (P. humanus var. corporis) e região pubiana (Phthirus pubis).
EPIDEMIOLOGIA: Afecções cosmopolitas, preferência para os grupamentos de baixo nível socioeconômico. A pediculose da cabeça é a ectoparasitose humana mais prevalente e tem preferência por escolares e mulheres em função dos cabelos mais compridos. A pediculose pubiana e a do corpo ocorre mais em adultos, em geral mendigos e soldados em campanha, nas regiões frias que exigem muita roupa. Esses parasitas fora do organismo humano podem sobreviver entre 1 e 2 semanas. A transmissão se faz pelo contato direto pessoal e/ou por objetos (pentes, roupas etc.).
Todos os três perfuram a pele com suas probóscides, pois são hematófagos e possuem o primeiro par de patas muito desenvolvido, e inoculam substâncias irritantes e sensibilizantes. O mecanismo de hipersensibilidade, causado pela presença de saliva e fezes do parasito, que se instala em torno de 10 dias após a infestação é o responsável pela maioria das manifestações clínicas. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
Pediculose da cabeça: prurido intenso, com preferência pelas regiões occipital e retroauriculares. Pode haver sinais de escoriação e infecção secundária, com repercussão ganglionar regional; além do achado do parasito, encontram-se as lêndeas, que nada mais são que ovos alongados, esbranquiçados, que se fixam por meio de uma gelatina ao longo dos cabelos.
Pediculose corporal: há lesões papulourticariformes e hemorrágicas decorrentes da picada, e sobretudo da sensibilidade provocada pela inoculação salivar. Localizam-se preferentemente no tronco, no abdome e nas nádegas, às vezes também nos membros; escoriações lineares, liquenificação e pigmentação completam o quadro (“doença do vagabundo”).
Pediculose pubiana: o parasita fixa-se ao osteofolículo, injetando sua saliva, que altera a hemoglobina, originando manchas puntiformes cerúleas; o prurido é intenso, há escoriações e crostículas hemorrágicas; pode haver impetiginização e eczematização secundárias. Localização: regiões pubiana e perineal, porém pode acometer abdome, tórax, coxas e região supraciliar.
DIAGNÓSTICO: dermatoscopia com a visualização das lêndeas ou dos ectoparasitas
TRATAMENTO: xampus de permetrina 1%, Loção de lindano 1%, benzoato de benzila a 25% e monossulfiram a 25% apresentam bons resultados e devem ser empregados por apenas uma noite, com repetição 8 a 10 dias após; ivermectina é útil (via oral dose única 200 mcg/kg). Em geral, é imperativo fazer o tratamento conjunto dos comunicantes. O uso de pente fino metálico pode ajudar no diagnóstico e no tratamento, assim como o corte dos cabelos.
CASO CLÍNICO
J.M.S, sexo feminino, 21 anos, vai à UBS com queixa de bolinhas avermelhadas nas pernas, punhos, costas, virilha e abdome, que apareceram há uma semana. A jovem diz não saber a causa, mas que sua irmã mais nova (que dorme no mesmo quarto) começou a apresentar os mesmos sintomas. Relata ainda que as lesões coçam bastante, principalmente à noite. Ao exame físico, lesões eritematopapulocrostosas, sinuosas, algumas com sinais de impetiginização.
1. Qual a hipótese diagnóstica? 
Escabiose.
2. Qual a principal complicação relacionada à impetiginização?
Glomerulonefrite difusa aguda.
3. Quais as orientações gerais?
Buscar casos na família ou nos residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve possível; lavar diariamente as roupas de banho e de cama. 
4. Descreva a sua conduta
1) Apresentar-se e coletar a queixa principal 
2) Realizar exame físico dermatológico e descrever a lesão
3) Detalhar a história clínica, caracterizando a lesão dermatológica
4) Informar ao paciente a hipótese diagnóstica e sobre o tratamento
5) Prescrever o tratamento com ivermectina e permetrina 5%
6) Prescrever ATB sistêmica
7) Tratar contactantes 
8) Orientações sobre cuidados ambientais
Referências
AZULAY, Rubem David. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
Manual de dermatologia / editores Cyro Festa Neto, Luiz Carlos Cucé, Vitor Manoel Silva dos Reis. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2015.

Outros materiais