Prévia do material em texto
ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 1 Endocrinologia Diabetes Tipo 2 O que é Diabetes? Diabetes: Se trata de uma doença do metabolismo intermediário. Caracterizada por: Hiperglicemia crônica Longo prazo: provoca lesões em órgãos-alvo, como olhos, rins, coração e vasos, e descompensações metabólicas agudas O que contribui para a hiperglicemia? • Défict de Insulina – absoluto ou relativo • Resistência a insulina Duas principais etiologias: DM2 90 a 95% dos casos, e DM1 que corresponde de 5 a 10%. Resultado final: Diminuição da utilização periférica e aumento da produção hepática de glicose. Metabolismo intermediário: Conjunto das reações bioquímicas de síntese e degradação de macromoléculas. Controlado por Hormonios: • Insulina: Secretada por cél beta pancreática – anabolismo • Contrarreguladores da insulina: Glucagon, adrenalina, cortisol, GH -> exercem efeito de catabolismo, oposição a insulina. No período pós-prandial: Predomínio do anabolismo, estimulada pela secreção de insulina. Período de jejum: Predominio de catabolismo, movido pela queda da insulina e aumento de contrarreguladores, como glucagon. Insulina Insulina: peptídeo derivado da pró-insulina, originando o peptídeo C. Estímulo para síntese: Aumento dos níveis séricos de glicose. Como: Adentra pelos canais GLUT 1 e 2, na membrana da célula beta. Há glicólise, formação de ATP, gerando fechamento de canais de potássio ATP-sensíveis – despolarização celular e influxo de cálcio Calico: degranulação – secreção de insluna Glucagon Glucagon: Hormonio peptídico, liberado pelas células alfa das ilhotas, na redução dos níveis séricos de glicose. Epidemiologia Segundo Lucio Vilar Mundial: O número de adultos acometidos por diabetes triplicou nos ultimos 20 anos. IDF – International Diabetes Federation – 9,3% dos adultos entre 20 e 79 anos vivem com diabetes, sendo 1 em cada 2 não diagnosticados. 4 milhões de mortes em 2019 – reduz a expectativa de vida e morbimortalidade. IDF – estima 578 milhões de adultos com DM. Porque os casos aumentaram? • O aumento, em grande parte, se deve ao aumento da DM2 e outros fatores de riscos relacionados a hábitos de vida, urbanização, maior ingestão calórica, sedentarismo, obesidade. Brasil – IDF Haveria 16,8M de pessoas com DM, 46% sem diagnóstico, prevalência de 9,4%, 1 em cada 8 adultos. 5º lugar em maior numero de diabéticos. Genética: ocorrência de agregação familiar da DM é mais comum na DM2. Estudos recentes mostram prevalência 2x maior de DM1 em familias com DM2. Categorias/Classificação da Diabetes ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 2 A classificação da DM é proprosta pela ADA – American Diabetes Association, com base na etiologia, dividida em categorias gerais: Diabetes tipo 1 → devido à destruição autoimune das células b, geralmente levando à deficiência absoluta de insulina, incluindo diabetes autoimune latente da idade adulta (LADA) • Tipo 1A – Mecanismo autoimune – 90% dos casos • Tipo 1B – Mecanismo idioático, negros e asiáticos. • LADA – Latent Autoimunne Diabetes of Adults – Diabetes latente autoimune do adulto – 30% dos casos – costuma aparecer depois dos 30 anos, pode confundir o seu diagnóstico com DM2 por conta da idade. Diabetes tipo 2 → devido a uma perda progressiva não autoimune da secreção adequada de insulina das células b frequentemente no contexto de resistência à insulina e síndrome metabólica. Tipos Específicos de Diabetes → síndromes de diabetes monogênico (como diabetes neonatal e diabetes de início na maturidade dos jovens), doenças do pâncreas exócrino (como fibrose cística e pancreatite) e drogas ou diabetes induzida por produtos químicos (como com o uso de glicocorticoides, no tratamento de HIV/AIDS ou após transplante de órgãos) Diabetes Melito Gestacional → diabetes diagnosticado no segundo ou terceiro trimestre de gravidez que não era claramente diabetes manifesto antes da gestação. Características importantes para discriminação de DM 1: • Idade mais Jovem no Diagnóstico • Menor IMC • Cetoacidose • Glicose >360 Diferenciação entre tipos 1 e 2 A diferenciação entre DM 1 e 2 pode ser feita por: dados clínicos e epidemiológicos, e exames. DM1: Surge na infância e adolescência, sintomas clássicos – polis – polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso. DM2: Predomínio em adultos com excesso de peso e idade >30/40 anos. Mesmo assim, no momento do diagnóstico, pode ser confuso. DM1 na Fase Adulta – LADA – quadro pode ser diferente e arrastado Os sintomas podem não se apresentar na forma clássica, como visto nas crianças. Porém, uma hora ou outra, chegará ao hipoinsulinismo absoluto. Casos duvidosos: possibilidade da dosagem de autoanticorpos contra antígenos da célula B e peptídeo C. Dm1: Anti-GAD65 e ICA (anti insulina) presentes Dm2: Peptídeo C elevado, contrário de DM1 Diabetes Melito Tipo 2 Surge → Habitualmente após 30/40 anos de idade. Epidemiologia • Cerca de 80% dos pacientes são obsesos. • 70 a 90% dos pacientes possuem síndrome metabólica – dislipidemia, obesidade abdominal, resistência insulinica, tolerancia alterada a glicose, HAS e DM. Obs: Está ocorrendo aumento da frequência em jovens, Estudo da ERICA (Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes) – realizou estudo com 38 mil adolescentes, ondem 22% possuiam estado de pré-diabetes e 3,3% DM2. Complicação Aguda: Síndrome Hiperosmolar hiperglicêmica SHH – elevada mortalidade. Segundo Lucio Vilar Mundial: O número de adultos acometidos por diabetes triplicou nos ultimos 20 anos. IDF – International Diabetes Federation – 9,3% dos adultos entre 20 e 79 anos vivem com diabetes, ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 3 sendo 1 em cada 2 não diagnosticados. 4 milhões de mortes em 2019 – reduz a expectativa de vida e morbimortalidade. IDF – estima 578 milhões de adultos com DM. Porque os casos aumentaram? • O aumento, em grande parte, se deve ao aumento da DM2 e outros fatores de riscos relacionados a hábitos de vida, urbanização, maior ingestão calórica, sedentarismo, obesidade. Brasil – IDF Haveria 16,8M de pessoas com DM, 46% sem diagnóstico, prevalência de 9,4%, 1 em cada 8 adultos. 5º lugar em maior numero de diabéticos Patogênese Na DM1, o problema está em destruição das células beta, seja autoimune ou idiopático. Dm2 - Principais mecanismos fisiopatológicos que levam a hiperflicemia no DM2 são: • Resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético • Secreção deficiente de insulina pelo pâncreas • Aumento da produção hepática de glicose, resultante da resistência insulínica no fígado. Obs: Na verdade, acredita-se que tanto a resistência a insulina quanto o déficit secretório das celulas beta estão associadas para a expressão clínica da doença. Sequência de eventos: A resistencia a insulina surge primeiro -> a célula béta trabalha em excesso, atingindo um estado de exaustão secretória – Hipoinsulinismo relativo, mesmo a insulina estando normal, ou alta, ela é insuficiente para manter a homeostase da glicose. Genética: Há grande correlação da história familiar em casos de DM2, genes: • Gene da insulina, PPAR-gama, Canal de K ATP-sensível e calapaína 10. Octeto Ominoso de DeFronzo Mostra os outros componentes que desempenham papel na patogênese do DM: • Adipócito – lipólise acelerada • Trato Gastrintestinal – deficiência/ resistência incretínica • Celulas alfa pancreáticas – hipergucagonemia • Rim – reabsorção aumentada de glicose nos túbulos renais • Cérebro – resistência a insulina O que leva a resistênciaà insulina? Mecanismos de Resistência a Insulina relacionados com a Obesidade O que a Insulina faz? Insulina gera: • aumento do transporte de glicose, via GLUT 4, no tecido adiposo e músculo. • gera inserção do GLUT 4 na membrana plasmática. ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 4 Isso depende de alguns componentes, a fosfatidilinositol 3quinase (PI3q) e da ativação da Akt. A via PI3Q/Akt estimulada pela insulina, tem papel fundamental na gliconeogênese, lipogênese e bloqueio de neoglicogênese. A RI da Obesidade e do DM2 – tem como alteração diversas alterações em pontos da vida do sinal da insulina – INCLUINDO PI31/AKT Ou seja - A RI ocorre por: • Redução do Receptor de Insulina, • Redução da atividade da PI3q e Akt, • diminuição da Translocação dos GLUT e enzimas intracelulares. Genética: Basicamente, as alterações envolvem vários genes, responsáveis pelo controle das vias de sinalização da insulina, na secreção de insulina e no metabolismo intermediário. Ou seja, A DM2 é poligênica, já que vários fatores podem estar alterados, diminuindo a eficácia da Insulina. Mecanismos: Porém, os estudos mostraram alguns mecanismos regulatórios descritos, que contribuem para a Resistência de Insulina: • Inflamação crônica subclínica, • Estresse de retículo endoplasmático • Alterações na microbiota intestinal Inflamação Crônica subclínica no tecido adiposo Adipocitocinas inflamatórias: O indivíduo obeso possui um adipócito hipertrofiado: que produz e libera adipocitocinas – TNF-Alfa, resistina, Il-6 – que contribuem para a instalação de uma inflamação crônica subclínica. Além disso – células imune: Haverá células imunes infiltradas no tecido adiposo que irão contribuir para a inflamação. Macrófagos M1: Existirão Macrófagos ativados, M1, que expressam TNF-alfa e IL-6 – atuam de maneira parácrina inibindo a ação da insulina em células-alvo: • Hepatócitos • Miócitos • Adipócitos Citocinas do M1 no sangue: Mas também, as citocinas caem na circulação sistêmica, gerando RI por efeito endócrino. OS macrófagos M1 amplificam o sinal inflamatório da obesidade. Em contrapartida, os macrófagos M2, liberam IL-10 e TGF-Beta, anti-inflamatórios. Ativação de Vias inflamatórias Na obesidade e no DM2, há ativação de vias inflamatórias em vários tecidos: • músculo, fígado, trato gastrintestinal e sistema nervoso central (SNC) Isso ocorre por vários estímulos: • Ativação do receptor tolllike 4 (TLR4), • ativação de receptores de citocinas, • estresse oxidativo, • estresse de retículo endoplasmático e • ativação por lipídios intracelulares dessas vias Essas ativações levam a vias que inibem o sinal da insulina por meios transcricionais e pós- transcricionais. Via da IKK-Beta: TNF-alfa e agonistas de TLR-4 ativam uma via que resulta em uma enzima, a IKK-Beta. A IKK-Beta fosforila IRS-1 e 2: • uma serina-quinase que fosforila um sítio do substrato do receptor de Insulina: IRS 1 e 2. • A fosforiração reduz a capacidade do IRS-1 e 2 de interagir com receptor de insulina, gerando estados de RI. ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 5 Via JNK: Além disso, existe uma outra via, a via JNK, que é ativada em resposta a TNF-alfa e ativação de TLR- 4, que fosforila o IRS-1, inibindo o sinal da Insulina – RI. Correlação – adipócitos e Macrófagos M1 do tecido adiposo estão secretando TNF-alfa, que ativa a via da IKK-Beta. Acúmulo de Lipídios Intracelulares e Aa de cadeia ramificada circulantes Processo inflamatório subclínico O processo inflamatório subclínico pode ser ativado ou mantido por outras alterações da obesidade: • o acúmulo de lipídios intracelulares e elevação de alguns aminoácidos que alteram sinalização de insulina. Excesso de Lipídos: Ativação PKCo: Excesso de Consumo de Lipídos – ac graxos livres ou não esterificados na circulação – ativação da PKC0 que fosforila IRS-1 em serina – inibe o sinal de Insulina. Resumo: Ácidos graxos livres ativação PKCo que fosforila IRS-1 Biossíntese de ceramidas – PP2A Acidos graxos – aumenta biossíntese intracelular de ceramidas – ativa fosfatases, a PP2A – inibe ativação de Akt – RI Resumo: Ceramidas – PP2A – inibe Akt Efeitos dos BCAA – Ativação MtorC-1 – leva a fosforilação de IRS-1 • Níveis elevados de BCAA –> pode ocorrer ativação do Complexo 1 da Mtor ( mTORC- 1) pela leucina • isso gera, no fim das contas, ativação de S6 K-1 – fosforilação do IRS-1. Outra hipótese é o metabolismo anormal de BCAA em obesos: • levando acúmulo de metabolitos tóxicos – disfunção mitocondrial e RI ou DM2. Resumo: Ativação MtorC-1 – leva a reação que culmina em fosforilação de IRS-1 ENFIM – Estresse de RE Processo inflamatório subclínico + anormalidades lipídicas e aminoácidos – levam estresse de Reticulo Endoplasmático. Estresse de retículo endoplasmático oxidativo na resistência à insulina Dieta Hiperlipídica + obesidade + DM2 • geram sobrecarga capacidade funcional do RE –> estresse em hepatócitos, adipócitos e SNC. • Estresse crônico do RE pode levar a sinalização de IRE-1alfa. • IRE-1alfa ativa a via da IKK-beta (inflamação) e JNK (fosforilação de IRS-1 Microbiota Alterações de Microbiota: Na DM2, existem alterações na microbiota, em todos os níveis. Microbiota normal: Análises mostram que as bactérias do intestino pertencem a 2 filos principais: • Bacteroidetes, gram-negativo, e • Firmicutes, Gram positivo. Resumindo: há um predomínio de bactérias gram- negativas. Obesidade e microbiotas – redução de gram - Na obesidade – há redução das gram negativas, e aumento das positivas. Há alteração de permeabilidade de membrana: • Há absorção aumentada de LPS, um lipídio da membrana de gram-negativas, por conta de alterações que ocorrem na permeabilidade do intestino. ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 6 Mas porque ocorre alteração da permeabilidade? Um pouco complexo, a própria: • alteração da proporção das bactérias já pode alterar a permeabilidade do intestino, pois há bactérias que estimulam o metabolismo energético • Além disso, há conexão com outros fatores que levam a RI, como os aminoácidos de cadeia ramificada. Correlação - LPS aumenta – inflamação – leva a RI por ativação do TLR-4 – citocinas e resposta inflamatória. Falência de células Beta Quando a Dm2 começa? A DM2 começa quando as células Beta do pâncreas não conseguem secretar insulina o suficiente para suprir o metabolismo. Ocorre por: Isso ocorre pela disfunção secretória e/ou por diminuição da massa de céulas B. Massa de células Beta: Obesos que não tem Dm: Os obesos que não desenvolvem diabetes apresentam aumento da massa de células B, para compensar a RI, é preciso de mais insulina para vencê-la. Quem desenvolve Dm2 – redução de massa Porém, quem desenvolve DM2 não tem aumento de massa, e sim, redução de células B pancreáticas. Redução de Massa – deficiência relativa: Ocorre uma deficiência relativa de insulina, há células beta produzindo, mas em quantidade insuficiente para vencer a RI. Correlação com Idosos: Massa de células B cai, o que explica a maior propensão nessa faixa etária. O que leva a queda de massa de cel beta? Lembra da via IKK-Beta – ativada por TNF-alfa, TLR-4? Ela fosforila o IRS-2! IRS-2 – Protetor de células beta: A IRS-2 protege a célula B, pois ela estimula sua replicação, e sua diminuição pode levar a apoptose das células. Inflamação crônica = Risco para Dm2. Então, na DM2: Há maior apoptose de Cel B, decorrente da: • hiperglicemia, lipotoxicidade, • estresse oxidativo, estresse do RE e ação de algumas citocinas Hiperglicemia crônica: • leva a espécies reativas deOxigênio, expressão de IL-1 nas ilhotas, somado a TNF-alfa e Il-6 aumentada e os ácidos graxos como ativadores de serina-quinases (JNK) – fosforila a IRS-2 Resumo: hiperglicemia crônica aumenta expressão de TNF-alfa, e ácidos graxos a JNK – ambos leva a fosforilação de IRS-2 Incretinas: Há menor efeito insulinotrópico das incretinas na obesidade e Dm2. O GIP e GLP-1 induzem secreção de insulina após refeição, estimula a proliferação das células B, são responsáveis por cerca de 50% da secreção de insulina após refeição. Na DM2 – o GLP-1 tem efeito reduzido e GIP efeito quase perdido, por isso há redução a tolerância da glicose. OUTROS MECANISMOS SNC – Cérebro – Inflamação do Hipotálamo Dieta rica em gorduras - estresse oxidativo, citocinas pro inflamatórias – leva a inflamação do hipotálamo. ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 7 Há redução dos sinais anorexígenos da insulina e leptina, gerando hiperfagia e ganho de peso. Resumo: dieta rica em gordura leva a estresse oxidativo – inflamação do hipotálamo, reduz sinal anorexígeno da insulina e leptina Rins: Há aumento da atividade dos transportadores de sódio e glicose 2 nos túbulos proximais, que são responsáveis por reabsorver glicose. Resumo: Aumento de reabsorção de glicose. Em contrapartida, os macrófagos M2, liberam IL-10 e TGF-Beta, anti-inflamatórios. 1.Fatores de Risco Obesidade - IMC: A Obesidade é o mais importante – abdominal Maior IMC e Circunferencia abdominal = maior risco. Incidência de DM2 – 5x maior em pacientes com síndrome metabólica. Sedentarismo e História familiar também entram em FR. Tabagismo – maior risco para DM2. Café – evidencias que consumo cronico diminua o risco para DM2. Crianças que nascem com idade gestacional pequena tem risco aumentado de desenvolver DM2 e sindrome metabolica na vida adulta: Hipótese do Fenótipo econômico: A desnutrição uterina modifica os mecanismos reguladores da tolerância a carboidraos, aumentando a disponibilidades de nutrientes, porém, esses mecanismos poupadores de glicose perduram por toda a vida, aumentando a resistência a insulina. Resumo: Mecanismos poupadores de glicose decorrentes de desnutrição uterina geram RI em adultos. Quadro Clínico do DM2 Oligoassintomáticos: O diagnóstico do DM2 costuma ser tardio, já que muitos pacientes passam anos assintomáticos. Cerca de 50% dos casos, só ocorre o reconhecimento da doença quando já há lesões de ógão-alvo. Sintomas clássicos do DM – polis – poliúria, polidipsia, polifagia, e perda ponderal – são característicos do DM1 Dm2: No DM2, 40 a 50% dos pacientes desconhecem ter a doença, sao oligo ou assintomáticos, podem apresentar sintomas inespecíficos: • Tonturas • Difuculdade visual • Caibras • Astenia Paciente típico da DM2: >40 anos, obeso, sedentário, possui fatores de risco cardiovasculares Obs: Vale lembrar também da incidência aumentando em jovens e adolescentes. Menos frequente: sintomas de franca hiperglicemia – poliúria e polidipsia – raro a cetoacidose diabética, já que existe uma produção endógena de insulina para evitar a cetogênese hepática. Sinal clínico: acantose nigrans – ou diabetes ou neoplasia, principalmente em dobras cutâneas. A não ser que ocorra diagnóstico clínico claro – crise hiperglicêmica, glicose plasmática aleatória de >200mg, recorreremos para 2 resultados anormais de exames: • Glicemia • Teste oral de tolerância a glicose • Hemoglobina Glicada Diagnóstico O diagnóstico de DM requer demonstração laboratorial de hiperglicemia. ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 8 Basicamente, precisamos de 2 resultados anormais de: • Glicemia, • Teste oral de tolerancia a glicose • e/ou Hemoglobina Glicada. Glicemia Meio mais prático de avaliar status glicêmico. Jejum de ao menos 8 horas. Valores: • valores >126mg em dias diferentes estabelece o diagnóstico de DM. • 100 e 125 – status pré-diabético – já é alterada – lançar mão de TOTG – teste oral Teste oral de tolerância à glicose Coleta sangue para dosagem da GJ Após, se Administra 75g de glicose anidra dissolvidos em 250/300ml de agua. 2 horas após, amostra de glicemia do sangue. Deve ser feito pela manhã, após 8/14h de jejum. Valores: • Se a glicemia for >200 – DM • Se entre 140 – 200 – Tolerancia diminuida a glicose – pré diabetes • < 140 – tolerancia normal a glicose Hemoglobina Glicada HbA1c ou A1C – representa 4 a 6% da Hb total. Produto da reação não enzimática entre glicose sanguinea e grupo aminoterminal na cadeia beta da Hemoglobina. • Se trata de uma reação irreversível, com intensidade proporcional a glicemia. • Os valores da HbA1c reflete a média da glicemia nos últimos 2 a 3 meses, o tempo de sobrevida das hemácias. Alguns estudos demonstram que em pacientes com controle da glicemia estável: • 50% da HbA1c é formado no mês precedente • 25% anterior • 25% no 3º ou 4º mes anterior ao exame Acurácia É Considerada o padrão-ouro para avaliar o controle glicêmico. O teste deve ser realizado usando o método certificado pelo NGSP. Resultados • A1c> 6,5% indica DM, desde que o método utilizado seja aprovado pelo NGSP. A escolha de 6,5% ja ser considerado DM baseia-se que há maior risco de retinopatia diabética a partir de 6,5%. • Entre 5,7 e 6,4% - pré diabéticos. Interpretação – cuidados É necessário considerar alguns fatores para a interpretação da HbA1c. Método – Padrão ouro: O método laboratorial tem que ser o padrão ouro utilizado no DCCT, a cromatografia líquida de alta eficiência. Precisamos levar em consideração fatores que podem alterar a glicação da hemoglobina, independendente de glicemia: Abaixam a glicada: • Anemia hemolítica • Estágios hemorrágicos Aumentam a glicada: • Anemias por carência de Ferro • Vitamina B12 • Deficiência de Folato Cuidado – hemoglobinopatias: A quantificação da HbA1c não deve ser feita em pacientes com hemoglobinopatias, principalmente as formas homozigotas. Nessas situações, é mais recomendável avaliar o controle do DM pela frutosamina Glicosúria Baixa sensibilidade diagnóstica, ela costuma surgir apenas com glicemias >180mg/dl. Pode ocorrer na ausencia de DM, em até 50% das ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 9 gestantes, tubulopatias renais, IRC. Peptídeo C A capacidade secretória do pancreas pode ser analisada pela dosagem do Peptideo C. Secretado na circulação porta em [] equimolar a insulina, já que é originado da clivagem da proinsulina. • Dm1 - o C de 0,35 ng/mℓ no basal e de 0,5 ng/mℓ após estímulo. • Dm2 - 2,1 e de 3,3 ng/mℓ , respectivamente Valor para Dm2: • Basal >0,9 • Estímulo>1,8 Deve ser considerado que níveis do peptídeo C > 0,9 ng/mℓ no basal e > 1,8 ng/mℓ após glucagon indicam uma reserva de insulina compatível com DM2. Valores inferiores confirmam o diagnóstico de DM1. Dosagem de autoanticorpos contra célula beta Autoanticorpos são encontrados no DM1A e LADA. Dosar permite diferenciar de DM2. GAD65 – 80% dos casos de DM1 recente • 50% detectável após 10 anos de ddo. ICA, IAA, IA2 e antiZnt8A – encontrados em 70/80% logo após ddo, desaparecem em até 2/3 anos da doença. Estado de pré diabetes Os pacientes em estado pré diabético tem glicose alterada, mas não possuem critérios para DM. Obs: Possuem alta probabilidade de desenvolver DM2 em curto prazo, 30% em 5 anos. Seu risco cardiovascular já é aumentado. Exame de TOTG-75 – em pré diabéticos: Fazer o TOTG-75 para pré diabéticos pode ser uma ferramenta útil, já que pode detectar DM nesses casos. Se a TOTG não for >200, ele é realmente pré diabético. IntervirOrientação Nutricional + Atividades Físicas – MEV – modificações terapeuticas no estilo de vida – visa a redução do peso e a reversão da resistência insulínica. MEV: A adoção da MEV reduz o risco de DM2 em até 60%. O uso de drogas para reduzir o risco de DM2 tem que ser analisado, geralmente, a MEV é mais efetiva em reduzir o risco. Metformina: Apenas a metformina, que vale ser indicada em pacientes de alto risco, como IMC>35, idade <60ª e história de diabétes gestacional, apenas nesses pacientes ela possui eficácia próxima a MEV. Rastreamento DM sempre deve ser considerado em pacientes com sintomas clássicos – poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso. Assintomáticos: Entre os assintomáticos – pesquisa >45 anos ou mais jovens se IMC>25, HAS, Histórico familiar, dislipidemia e DMG. Uso de fármacos: glicocorticoides, diuréticos tiazídicos, alguns medicamentos para o HIV e antipsicóticos atípicos – aumentam risco de DM. ADA - Recomenda que a partir dos 10 anos ou início da puberdade, quando há sobrepeso, (IMC > 85 opercentil para idade e sexo ou peso, 120% do ideal para a altura, e 2 ou+ FR: • História familiar de DM2 em parentes em primeiro e segundo graus • Determinadas raças ou etnias (p. ex., índios norte-americanos, negros, latino-americanos etc.) • Sinais de resistência insulínica ou condições associadas à resistência insulínica (p. ex., acantose nigricans, hipertensão • dislipidemia, SOP ou recém-nascido com baixo peso para a idade gestacional) ANDRÉ WILLIAMS – UFMS 10 • História materna de DM ou DMG na gestação da criança. ALVOS GLICÊMICOS Controle Glicêmico: O objetivo do tratamento do DM2 é diminuir as complicações micro a macrovasculares, e isso é obtido através do controle glicêmico, da PA e lipídico. Alvos: Adultos não grávidos: A1C <7% sem hipoglicemia significativa. Metas limitadas <8% podem ser apropriadas para pacientes com expectativa de vida limitada, onde os riscos do tratamento são maiores.