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QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS ANEMIAS CARENCIAIS EM PEDIATRIA ? ANEMIAS CARENCIAIS VINHETA DE ABERTURA VINHETA DE ABERTURA CASO CLÍNICO ੦ Alice ੦ 1 ano e 3 meses de idade CASO CLÍNICO ੦ vem à consulta de rotina trazida por sua mãe ੦ a mesma diz estar preocupada, pois a menina está com um hábito terrível de comer terra, quando brinca no quintal de casa ੦ sem outras queixas ੦ Alice é a primeira filha do casal, que pretende ter mais um filho no ano que vem ੦ nasceu de parto cesáreo a termo ੦ Apgar: 8/9 ੦ PN: 2.950 g ੦ permaneceu por 5 dias no berçário por quadro de icterícia neonatal, resolvido após fototerapia por 2 dias CASO CLÍNICO ੦ alimentou-se ao seio materno de maneira exclusiva até os 6 meses de idade, quando então foram introduzidos alimentos complementares ੦ atualmente, come a comida da família ੦ ainda mama ao seio materno 2X/dia (de manhã e à noite antes de dormir) ੦ cartão vacinal atualizado ੦ nunca foi internada ੦ nunca recebeu qualquer suplemento ou vitaminas ੦ ao exame: • P: 10.100 g • E: 74 cm CASO CLÍNICO AO EXAME: ੦ paciente lúcida, embora pouco comunicativa ੦ hipocorada ++/4+, anictérica, acianótica, com boa perfusão ੦ ACV: Ritmo regular, ausência de B3 ou B4 ੦ sopro sistólico +/6+, de caráter musical, melhor audível próximo ao ictus, sem irradiação. FC: 118bpm ੦ AR: MV universalmente audível. Sem ruídos adventícios ੦ FR: 28 ipm ੦ abdome: flácido. Fígado a 1,5 cm do RCD. Não palpei baço. Peristalse presente ੦ MMII: sem edemas CASO CLÍNICO ੦ orofaringe e otoscopia sem anormalidades ao exame ੦ Alice é capaz de dar alguns passos sem apoio ੦ consegue folhear um livro e rabiscar um papel ੦ faz uma torre de 2 cubos ੦ fala cerca de 5 palavras com sentido ੦ segundo a mãe, Alice adora brincar, mas estranha bastante os desconhecidos CASO CLÍNICO COM RELAÇÃO AO CASO 1. o que pode justificar este hábito de comer terra, o fato de estar hipocorada e ainda apresentar um sopro sistólico à ausculta cardíaca (hipótese diagnóstica)? 2. cite o exame complementar que pode esclarecer o caso. CASO CLÍNICO 1. o que pode justificar este hábito de comer terra, o fato de estar hipocorada e ainda apresentar um sopro sistólico à ausculta cardíaca (hipótese diagnóstica)? Anemia carencial CASO CLÍNICO 2. cite o exame complementar que pode esclarecer o caso. Hemograma completo CASO CLÍNICO ੦ hemograma completo • Hg : 8,5 g/dL • Ht: 26 % • VCM: 65 fL • RDW : 19,1 % • leucócitos: 11.530 / µL • neutrófilos › bastões: 1%; segmentados: 38% • linfócitos: 48% • monócitos: 2% • eosinófilos: 10% • basófilos: 1% • plaquetas: 680.000/ µL CASO CLÍNICO ੦ hemograma completo • Hg : 8,5 g/dL • Ht: 26 % • VCM: 65 fL • RDW : 19,1 % • leucócitos: 11.530 / µL • neutrófilos › bastões: 1%; segmentados: 38% • linfócitos: 48% • monócitos: 2% • eosinófilos: 10% • basófilos: 1% • plaquetas: 680.000/ µL CASO CLÍNICO 3. baseado neste exame, podemos definir o diagnóstico? Sim: anemia ferropriva! Hg: 8,5 g/dL VCM: 65 fL RDW: 19,1% CASO CLÍNICO 4. como explicar a trombocitose (plaquetas: 680.000/µL)? DEFINIÇÃO DE ANEMIA ૦ hemoglobina (Hgb) abaixo dos limites considerados para sexo e idade DEFINIÇÃO DE ANEMIA ૦ para crianças entre 6 meses e 5 anos de idade considere Hg < 11% como anemia GRAUS DE ANEMIA ૦ leve: Hg de _ a _ ૦ moderada: Hg de _ a _ ૦ grave: Hg _ GRAUS DE ANEMIA ૦ leve: Hg de 9 a <11 ૦ moderada: Hg de 6 a <9 ૦ grave: Hg <6 ANEMIA GRAVE ૦ palidez ૦ fraqueza ૦ intolerância a exercícios ૦ ICC CONTAGEM DE RETICULÓCITOS ૦ normal: _% do total de hemácias CONTAGEM DE RETICULÓCITOS ૦ normal: 1% do total de hemácias (25 mil a 75 mil/mm3) ANEMIA ૦ anemia com nº ↓ reticulócitos • falha da medula óssea • eritropoiese ineficaz ૦ anemia com nº ↑ reticulócitos • resposta medular à anemia por sangramento ou hemólise HEMATOSCOPIA POLICROMATOFILIA ૦ correlaciona-se ao grau de reticulocitose Anemias de produção inadequada Anemias hemolíticas CARACTERÍSTICAS DA HEMÓLISE RETICULOCITOSE ૦ ↑ Bil. indireta ૦ ↑ LDH ANEMIA C/ RETICULOCITOPENIA ૦ obstáculo à eritropoiese normal ANEMIA C/ RETICULOCITOPENIA ૦ obstáculo à eritropoiese normal Checar o VCM MACROCITOSEMICROCITOSENORMOCITOSE ANEMIA MACROCITOSEMICROCITOSENORMOCITOSE Megaloblásticas Deficiência de B12 ou folato Deficiência de ferro Talassemia Doença crônica Ex. ins. Renal (↓ EPO) ANEMIAS DE PRODUÇÃO INADEQUADA ૦ anemia ferropriva ૦ anemia megaloblástica ANEMIA FERROPRIVA ૦ doença hematológica mais comum em pediatria ૦ ferro do leite humano é 2 a 3 vezes melhor absorvido que o ferro do leite vaca ૦ alimentados exclusivamente ao seio: • não há indicação de reposição de ferro ANEMIA FERROPRIVA GRUPOS DE RISCO ૦ lactentes e adolescentes ANEMIA FERROPRIVA GRUPOS DE RISCO ૦ adolescentes → risco em função de: • estirão puberal + perdas menstruais GRUPOS DE RISCO PARA ANEMIA FERROPRIVA QUADRO CLÍNICO ૦ palidez (palmar, conjuntiva) ૦ falso + e falso – AVALIAÇÃO DE ANEMIA AO EXAME FÍSICO SUBJETIVO ANEMIA FERROPRIVA QUADRO CLÍNICO ૦ pagofagia, pica ૦ Hgb < 5 g/dL: • irritabilidade, anorexia, taquicardia, ICC, sopro cardíaco ANEMIA FERROPRIVA QUADRO CLÍNICO ૦ deficiência de ferro pode afetar a função intelectual ANEMIA FERROPRIVA ACHADOS LABORATORIAIS ૦ sequência de eventos: Reservas de ferro tecidual desaparecem (hemossiderina na MO) Ferro sérico diminui ↓ nível de ferritina sérica (proteína que armazena ferro) ↑ capacidade do soro de ligar ferro (receptores transferrina sérica) ↓ percentual de saturação da transferrina MICROCITOSE, HIPOCROMIA ૦ ↑ RDW (anisocitose) ૦ reticulócitos N ou ↓ (resposta insuficiente à anemia) ૦ pode haver trombocitose (semelhança da EPO com a trombopoetina) ANEMIA FERROPRIVA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ૦ outras anemias microcíticas • talassemias (traço) ૦ o RDW é normal nas talassemias e elevado na carência de ferro (anisocitose) TRAÇO DA ß-TALASSEMIA MICROCITOSE ૦ + níveis elevados de HbA2 ou Hb fetal ૦ a cinética do ferro é normal αTRAÇO DA -TALASSEMIA ૦ familiares com anemia microcítica e hipocrômica ૦ cinética normal do ferro ૦ níveis normais de HbA2 e Hb fetal QUE VERMINOSE PODE LEVAR À ANEMIA CARENCIAL GRAVE? QUE VERMINOSE PODE LEVAR À ANEMIA CARENCIAL GRAVE? Ancilostomíase ANEMIA FERROPRIVA TRATAMENTO ૦ ferro via oral: 3 a 6 mg/kg/dia de Fe elementar (após 3 a 4 dias: reticulocitose no sangue periférico) ૦ limitar a ingesta de leite de vaca a 500 ml/dia ૦ manter reposição de ferro por mais 8 semanas após a normalização dos exames ANEMIA FERROPRIVA PREVENÇÃO ANEMIA FERROPRIVA ANEMIA FERROPRIVA: PREVENÇÃO SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO REVISADA Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em aleitamento materno exclusivo ou não 1 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 3º mês até 24º mês de vida Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em uso de menos de 500 mL de fórmula infantil por dia 1 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 3º mês até 24º mês de vida Recém-nascidos a termo com peso < 2.500 g 2 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este período, 1 mg/kg/ dia mais um ano ANEMIA FERROPRIVA: PREVENÇÃO SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO REVISADA Recém-nascidos pré-termo com peso entre 2.500 e 1.500 g 2 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano Recém-nascidos pré-termo com peso entre 1.500 e 1.000 g 3 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este período, 1 mg/kg/ dia mais um ano Recém-nascidos pré-termo com peso < 1.000 g 4 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este período, 1 mg/kg/ dia mais um ano UPDATE ANEMIA FERROPRIVA: PREVENÇÃO ૦ ferro profiláticoem lactentes SEM fator de risco SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO REVISADA Recém-nascidos a termo, de peso adequado para idade gestacional, em aleitamento materno exclusivo até o 6º mês 1 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir de 180 dias de vida 3º mês até 24º mês de vida ANEMIA FERROPRIVA: PREVENÇÃO ૦ ferro profilático em lactentes COM fator de risco SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO REVISADA Recém-nascidos a termo, de peso adequado para idade gestacional, em aleitamento materno exclusivo até o 6º mês 1 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir de 90 dias de vida 3º mês até 24º mês de vida ANEMIA FERROPRIVA: PREVENÇÃO RECONHECIMENTO DE FATORES DE RISCO 1. baixa reserva materna • gestações múltiplas com pouco intervalo entre elas • dieta materna deficiente em ferro • perdas sanguíneas • não suplementação de ferro na gravidez e lactação ANEMIA FERROPRIVA: PREVENÇÃO RECOMENDAÇÃO – RECONHECIMENTO DE FATORES DE RISCO 2. aumento da demanda metabólica: • lactentes em crescimento rápido (velocidade de crescimento > p90) ANEMIA FERROPRIVA: PREVENÇÃO RECOMENDAÇÃO – RECONHECIMENTO DE FATORES DE RISCO 3. diminuição do fornecimento: • clampeamento do cordão umbilical antes de um minuto de vida • consumo de leite de vaca antes de um ano de vida RECOMENDAÇÃO – PREVENÇÃO Gestação Insuficiência placentária presumida* SH do 3º trimestre (DPP e placenta prévia) Má nutrição materna* Falta de suplementação de Fe na gestação Clampeamento do CU (< 1 min) Necessidade de atendimento imediato do RN** Concepção Nascimento Primeiros 90 dias Má nutrição materna* ou perda sanguínea materna** Falta de suplementação de Fe na lactação Na mãe, concentrações baixas de Hb (<11,0g/dL) ou ferritina (<15 mcg/dL) Velocidade de crescimento > p90 90 dias Iniciar Fe elementar 1mg/kg/dia Iniciar Fe elementar 1mg/kg/dia + Fatores de risco - 180 dias CASO CLÍNICO ੦ Leonardo ੦ 9 anos CASO CLÍNICO ੦ escolar de 9 anos apresenta eritema do olho direito, queda da acuidade visual e turvação do cristalino. O diagnóstico presuntivo é de toxoplasmose ocular e ele é tratado com pirimetamina e sulfadiazina ੦ a acuidade visual do paciente começa a melhorar, mas na 5ª semana de tratamento há queda do estado geral e o hemograma mostra: • Ht: 28%, VCM: 95, leucócitos: 3500/mm³, plaquetas: 40.000/mm³ CASO CLÍNICO ੦ qual seria a medicação a ser usada neste momento ? ácido folínico ANEMIAS DE PRODUÇÃO INADEQUADA ૦ anemia megaloblástica ૦ anemia ferropriva ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ૦ eritropoese ineficaz ૦ VCM aumentado (macrocítica) ૦ neutrófilos hipersegmentados (> 5 lobos) ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ETIOLOGIA ૦ deficiência de ácido fólico ou vitamina B12 (necessários à síntese de DNA) DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO ૦ folatos presentes em: vegetais verdes, frutas, fígado de animais... ૦ reservas limitadas no organismo humano: • anemia aparece após 3 meses de dieta sem folato DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO ETIOLOGIA ૦ dieta em lactente apenas com leite de cabra ૦ má absorção: • diarreia crônica • fenitoína e fenobarbital podem afetar a absorção do folato DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO ૦ pirimetamina e o trimetoprima podem alterar o metabolismo do folato: • é necessária a reposição de ácido folínico #PEGADINHA ૦ anemia macrocítica ૦ reticulócitos diminuídos ૦ TTO: Doses de folato de 0,1 mg/dia por 1 sem ૦ doses > 0,1 mg podem corrigir a anemia da deficiência de vitamina B12, porém agravam sintomas neurológicos DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO – LABORATÓRIO DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 (COBALAMINA) ૦ vitamina B12 deriva da cobalamina em fontes alimentares animais, secundária à produção por micro-organismos ૦ reservas podem durar de 3 a 5 anos DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 (COBALAMINA) ETIOLOGIA ૦ dieta vegetariana estrita ૦ deficiência de fator intrínseco (anemia perniciosa congênita) DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 (COBALAMINA) CLÍNICA ૦ fraqueza ૦ palidez ૦ irritabilidade ૦ glossite ૦ diarreia ૦ icterícia DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 (COBALAMINA) SINTOMAS NEUROLÓGICOS ૦ parestesias ૦ hipotonia ૦ convulsões ૦ atraso do desenvolvimento DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 (COBALAMINA) LABORATÓRIO ૦ VCM aumentado (macrocítica) ૦ neutrófilos hipersegmentados (> 5 lobos) ૦ LDH ↑ DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 (COBALAMINA) DIAGNÓSTICO ૦ teste de Schilling ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Resultados: ૦ baseados na excreção urinária de B12 radioativa Teste de Schilling 1. B12 radioativa (oral) + B12 intramuscular 4. B12 radioativa + enzimas pancreáticas 3. B12 radioativa + antibiótico 2. B12 radioativa + fator intrínseco DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 (COBALAMINA) TRATAMENTO ૦ resposta imediata à reposição parenteral de B12 (reticulocitose em 2 a 4 dias) ૦ na anemia por deficiência de fator intrínseco: • reposição regular de vitamina B12 parenteral QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS ANEMIAS CARENCIAIS EM PEDIATRIA ?
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