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Tecnologia assistiva Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6317-8 9 788538 76317 8 Tecnologia assistiva Irene Carmem Picone Prestes 2017 © 2014-2017 IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Produção CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________ P939t Prestes, Irene Carmem Picone Tecnologia assistiva / Irene Carmem Picone Prestes. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2017. 114 p. : il. ; 21 cm. ISBN 978-85-387-6317-8 1. Educação especial. 2. Inclusão escolar. 3. Educação - Inovações tecnológica. I. Título. 17-40514 CDD: 371.9 CDU: 376 ________________________________________________________________________ Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Max Krasnov/Shutterstock No século XXI – da sociedade do conhecimento – todas as crianças têm direito fundamental à educação. A Educação para todos tem o desafio da promoção integral do desenvolvimento e da formação do aluno. A escola é o espaço, por excelência, do processo e do progresso da apren- dizagem, devendo também oferecer convivência humana e exercício de cidadania. A cidadania na sociedade informacional vai considerar como direito de todos o acesso aos recursos tecnológicos. Mostra-se promissora na implementação e consolidação de ações inclusivas e de acessibilidade, que atendam às diferenças individuais e à diversidade cultural. Numa visão psicológica, sócio-histórica, cultural e integrada do ser humano, que requer observar o potencial expressivo e criativo inerente a ele em qualquer idade. A Tecnologia Assistiva desponta como área do conhecimento atuali- zada capaz de pesquisar e planejar recursos e serviços em prol de efe- tivas ações transformadoras das práticas discriminatórias da sociedade em relação às pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou idosas. Norteia suas ações na promoção de um estilo de vida independente e no respeito aos estilos e ritmos de aprendizagem de cada aluno, essenciais para a verdadeira inclusão socioeducativa. Neste livro convidamos você a ser um promotor de tecnologias aces- síveis a todas as pessoas em nossa sociedade. Boa leitura! Apresentação Irene Carmem Picone Prestes Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Antropologia Cultural pela UFPR. Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Psicanalista. Psicóloga. Docente na UTP. Presidente da Comissão de Educação Inclusiva da UTP. Sobre a autora Sumário 1 Dimensões de acessibilidade 9 1.1 Contextualização da acessibilidade 10 1.2 Legislação da acessibilidade 13 1.3 Compreendendo as dimensões da acessibilidade 18 2 Tecnologia Assistiva e a inclusão 27 2.1 Sobre o diagnóstico na inclusão 28 2.2 Impacto causado pela deficiência no ser humano 31 2.3 Tecnologia Assistiva – valorizando a diversidade humana 36 3 Tecnologia Assistiva aplicada I 41 3.1 Descrevendo as categorias da Tecnologia Assistiva 42 3.2 Tecnologia Assistiva aplicada à vida diária 47 3.3 Tecnologia Assistiva aplicada às habilidades físicas 50 4 Tecnologia Assistiva aplicada II 57 4.1 Sob o paradigma da inclusão psicossocial 58 4.2 Tecnologia Assistiva aplicada aos recursos ambientais 62 4.3 Tecnologia Assistiva aplicada ao esporte e lazer 66 Sumário 5 Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 73 5.1 Modelos conceituais – médico e social 74 5.2 Aprendendo com o Desenho Universal 78 5.3 Compreender a incapacidade e a funcionalidade 82 6 Software Educativo 87 6.1 Tecnologias nas práticas educativas 88 6.2 Softwares e as deficiências 91 6.3 Dimensões do uso das tecnologias educativas 94 7 Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 101 7.1 Escola acessível 102 7.2 Reconhecendo a sala de recursos multifuncionais 105 7.3 Espaço multifuncional de aprender a ser 109 1 Dimensões de acessibilidade Conhecer a contextualização atual da acessibilidade, entender a legislação que envolve a acessibilidade e reconhecer a aplicabilidade das dimensões de acessibilidade no processo de inclusão. Objetivos: Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva10 1.1 Contextualização da acessibilidade Uma proposta de contextualização busca revelar a articu- lação das diversas realidades presentes na sociedade do mun- do globalizado para que possam emergir um significado e um sentido da realidade observada. Assim apresentamos alguns pontos relevantes para a contextualização e compreensão da acessibilidade na atual sociedade inclusiva brasileira. Para enfrentar os desafios do século XXI, novas concepções de educação de- vem ser ampliadas para uma visão de plenitude, em que as pessoas possam, em síntese, aprender a ser, conforme aponta o relatório da Comissão Internacional de Educação para o século XXI feito para a Unesco (2010) sobre os pilares da educa- ção. A Constituição Brasileira de 1988 garante o direito de igualdade a todos os cidadãos no espaço social da nação. Esse direito inclui o acesso a serviços essen- ciais, como habitação própria, saúde, educação e trabalho, para todas as pessoas sem qualquer forma de discriminação. É direito do cidadão e cabe ao Estado a promoção e a proteção desse direito por meio da implementação e manutenção de ações que atendam, individual e coletivamente, às necessidades e às expecta- tivas do cidadão. Na celebração dos 25 anos de vigência da Carta Constitucional do Brasil, como parte das comemorações, o Governo Federal lançou uma versão da Constituição em texto, áudio e linguagem de sinais – Libras (Língua Brasileira de Sinais), fortalecendo o paradigma vigente de acessibilidade na sociedade in- clusiva brasileira. A Constituição pode ser consultada por todas as pessoas no site PCD Legal, uma biblioteca virtual disponível em: <www.pcdlegal.com.br/ constituicaofederal/#.VDwiSPldWm2>. É notório que grande parte da população é confrontada cotidianamente com diferentes barreiras, que tornam inacessíveis o transporte coletivo, prédios públicos, metodologias educacionais, tecnologias de baixo custo, comunicação Vídeo Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 11 nos setores públicos, entre outros obstáculos. Vale verificar os números no Censo Demográfico do IBGE, realizado em 2010, de características da popula- ção, religião e pessoa com deficiência: Os resultados do Censo Demográfico de 2010 apontaram 45 606 048 milhões de pessoas que declaram ter pelo menos uma das deficiên- cias investigadas, correspondendo a 23,9% da população brasileira. Dessas pessoas 38 473 702 se encontravam em áreas urbanas e 7 132 347 em áreas rurais. A região Nordeste concentra os municípios com os maiores percentuais da população com pelo menos uma das defi- ciências investigadas [...]. (IBGE, 2010, p. 73) Os dados do Censo são significativos e justificam o incremento nas ações voltadas à acessibilidade, inclusão, tecnologias assistivas e comunicação alter- nativa nos espaços de educação formal e não formal e organizações do estado nacional. Ainda, vale um alerta, devemos considerar que a possibilidade de en- frentamento das barreiras, obstáculos do cotidiano ou até mesmo da condição de deficiência temporária assola qualquer pessoa em alguma situação de vida, senão a todos os sujeitos no processo do desenvolvimento do envelhecer que traz limitações naturais a todo o ser humano. Outro aspecto fundamental nessa contextualização e que interfere na aces- sibilidade e no processo inclusivo trata da globalização que, como um processo complexo atual, traduz o modo das interações entre os continentes e os países. Esse mecanismointerfere nas decisões numa gama de aspectos econômicos, educacionais, culturais e políticos, que articulam os confrontos planetários. Por meio da globalização, as pessoas estão mais próximas de todo mundo, os governos e as organizações trocam ideias, realizam transações e disseminam um modus operandi nas questões da educação e cultura pelos quatro cantos do planeta, como as proposições da ONU e da Unesco, expandindo, dessa forma, os limites das fronteiras e da territorialidade e consequentemente interferindo nas atitudes das pessoas. Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva12 O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos confirma essa comple- xidade e nos ajuda a refletir sobre o conceito de globalização quando considera que “o global e o local são socialmente produzidos no interior dos processos de globalização” (SANTOS, 2002, p. 63). Isso nos conduz a compreender a com- plexidade da globalização, a qual produz trocas entre as redes humanas sem fronteiras, indiscriminada e instantaneamente. Ampliam desta forma a terri- torialidade dos continentes e estabelecem a complexidade das decisões, dos recursos, dos instrumentos, entre outros, hoje em dia. Sem dúvida, favorecem e fortalecem cada vez mais as ações coletivas civilizatórias. Extra Recomendamos a leitura da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990). Brasil, UNICEF. Disponível em: <www.unicef. org/brazil/pt/resources_10230.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Liste cinco palavras-chave relacionadas à acessibilidade. Referências DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília: julho, 2010. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA E GEOGRAFIA – IBGE. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. IBGE. ISSN 0104- 3145. Censo demogr. Rio de Janeiro, p. 1-215, 2010. Disponível em: <http:// biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia. pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 13 SOUSA SANTOS, Boaventura (Org.). A globalização e as Ciências Sociais. São Paulo: Cortez, 2002. Disponível em: <http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/ boaventura/globalizacaoeciencias.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien –1990). Disponível em: <www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade Acessibilidade: lei, cidadania, autonomia, globalização, comunicação. 1.2 Legislação da acessibilidade Inicialmente, define-se acessibilidade como a possibilidade para a remoção dos entraves que representam as barreiras para a efetiva usabilidade e participação de pessoas nos diversos ce- nários da vida pessoal, social e profissional. Ainda, entende-se que a acessibilidade está diretamente vinculada aos pressupos- tos da inclusão social e educacional, ou seja, trata-se de questões próprias dos Direitos Humanos Universais e do pleno exercício da cidadania. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um do- cumento marco na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de Dezembro de 1948 [...]. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos di- reitos humanos. [...] Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos adotados desde 1945 expandiram o corpo do direito internacional dos direitos humanos. (ONUBR, 2017) Vídeo Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva14 A acessibilidade enquanto direito humano deve nortear-se nos alicerces da inclusão que visam à autonomia, à independência e ao empoderamento da pessoa com deficiência. Segundo Sassaki (1997, p. 38), empoderamento significa “o pro- cesso pelo qual uma pessoa usa o seu poder pessoal inerente à sua condição para fazer escolhas e tomar decisões, assumindo, assim, o controle de sua vida”. Portanto, a acessibilidade nas dimensões arquitetônica, tecnológica, co- municacional, linguística, pedagógica e atitudinal (preconceito, medo e igno- rância), preconiza a construção de acesso e a eliminação dos diversos tipos de barreiras, favorecendo a dignidade e o bem-estar daqueles que têm limitações ou mobilidade reduzida. A legislação, em geral, existe para promoção da igualdade de oportunida- des entre as pessoas, especificamente da pessoa com deficiência, visando a um fim comum: tornar a estrutura em que vivemos apta a acolher as diferenças individuais e a diversidade cultural. Assim, é importante destacar e compreen- der o sentido e o significado da lei, em uma citação de Dischinger. Lei: no sentido jurídico, é a regra jurídica escrita, instituída pelo legislador, no cumprimento de um mandato, que lhe é outorgado pelo povo. Segundo Clóvis Beviláqua, “A ordem geral obrigatória que, emanada de uma autoridade competente reconhecida, é im- posta coativamente à obediência de todos”. A lei institui a ordem jurídica, em que se funda a regulamentação, para manter o equi- líbrio entre as relações do homem na sociedade, no tocante a seus direitos e deveres. (DISCHINGER, 2012, p. 103-104) A lei organizadora da sociedade visa, então, ao aprimoramento da civili- zação e à evolução do ser humano. A legislação da acessibilidade consiste na construção de um mundo includente, permitindo a existência integral e plena da pessoa. Fazer parte de uma sociedade significa ter condições de desempe- nhar papéis dos quais somos capazes, como o de pais, cidadãos, estudantes, trabalhadores, entre outros, de modo que a nossa capacidade não seja obstada por barreiras externas. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 15 O Decreto 5.296/2004, que regulamenta, inclusive, a Lei Federal 10.098/2000, sustentando a acessibilidade e estabelecendo as normas e critérios básicos para a promoção de acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade redu- zida, em seu artigo 8° (incisos I e II) esclarece: Das condições gerais da acessibilidade Art. 8° Para os fins de acessibilidade, considera-se: I. acessibilidade: condição para utilização, com segurança e auto- nomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos disposi- tivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; II. barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos es- paços de uso público; b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas inter- nas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar; c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de trans- portes; e d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entra- ve ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação. (BRASIL, 2004) Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva16 Ainda baseando-se na legislação, é possível desdobrar a acessibilidade em seis dimensões: 1. Acessibilidade arquitetônica – sem barreiras ambientais físicas em todos os recintos internos e externos da escola e nos transportes coletivos.2. Acessibilidade comunicacional – sem barreiras na comunicação in- terpessoal, na comunicação escrita e na comunicação virtual e digital. 3. Acessibilidade metodológica – sem barreiras nos métodos e técni- cas de estudo, de ação comunitária, cultural e de educação dos filhos, dos estudantes e nas relações familiares. 4. Acessibilidade instrumental – sem barreiras nos instrumentos e utensílios de estudo, de atividades habituais da vida diária e de la- zer, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sen- soriais, físicas e mentais etc.). 5. Acessibilidade programática – sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em regulamentos (institucionais, escolares, empre- sariais, comunitários etc.) e em normas de um modo geral. 6. Acessibilidade atitudinal – através de programas e práticas de sen- sibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convivên- cia na diversidade humana resultando em quebra de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. A legislação de acessibilidade assim descrita pretende contribuir para que todo ser humano, independentemente de suas diferenças físicas ou capacida- des sensório-perceptivas, possa ter garantido a equidade de oportunidades para além das deficiências, na valorização da dignidade, independência e au- tonomia do cidadão. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 17 Extra Recomendamos assistir ao vídeo Jovens brasileiros participam na sede da ONU de debate sobre a inclusão. Disponível no link <http://www.inesc.org.br/noticias/ noticias-do-inesc/2014/setembro/quatro-adolescentes-e-jovens-brasileiros-participam -na-sede-da-onu-de-debate-sobre-inclusao-escolar>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Construa um pequeno texto de três a quatro linhas relacionando Direitos Humanos Universais – Cidadania – Diversidade. Referências BRASIL. Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, em 20 dezembro de 2000. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l10098.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Publicado no Diário Oficial da União, em 3 dezembro de 2004. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/ Decreto/D5296.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília: julho, 2010. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva18 DISCHINGER, Marta. Promovendo acessibilidade espacial nos edifícios públicos: programa de acessibilidade às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nas edificações de uso público. Florianópolis: MPSC, 2012. 161p. Disponível em: <http:// www.mpam.mp.br/attachments/article/5533/manual_acessibilidade_compactado.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ONUBR. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <https:// nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/>. Acesso em: 22 mar. 2017. SASSAKI, Romeu. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990). Disponível em: <www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade Entende-se que, em essência, o que as leis voltadas aos direitos humanos preservam é o valor da diversidade humana e a garantia de igualdade social como instrumento de bem-estar e de desenvolvimento inclusivo, social e educacional. Para ser cidadã ou cidadão, cada pessoa, única e singular, precisa conviver com toda a sociedade e ofe- recer a todos o seu saber, habilidades e competências, em uma troca de permanente aperfeiçoamento. 1.3 Compreendendo as dimensões da acessibilidade Reconhecer a aplicabilidade das seis dimensões de aces- sibilidade propostas na legislação nos fortalece no reconheci- mento do caminho trilhado nas práticas para a verdadeira so- ciedade inclusiva, que abre suas portas à pessoa com deficiência na vida escolar para a vida profissional, a fim de conquistar o Vídeo Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 19 pleno exercício da cidadania, entendido como o lugar máximo de todo ser hu- mano na civilização. É importante considerar, na aplicação das propostas de acessibilidade, a existência de situações ambientais, atitudinais, tecnológicas em que possam ocorrer barreiras, obstáculos de diversos âmbitos. Essas situações devem ser tomadas como parâmetros investigativos para se encontrar a solução viável aos problemas vividos. A alternativa acessível deve considerar o processo históri- co, cultural e educacional, demonstrando a necessidade de constante alinha- mento para soluções criativas e enriquecedoras do ser humano na permanente construção e atualização da sociedade inclusiva. Para a aplicação das seis dimensões de acessibilidade apresentamos algu- mas alternativas: 1. Acessibilidade arquitetônica – sem barreiras ambientais físicas dentro dos critérios preconizados pela norma NBR 9050 (2004), que estabelece os parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptações de edificações, mobi- liários, equipamentos urbanos ás condições de acessibilidade como rampas, piso tátil, banheiros adaptados, nos transportes coletivos, entre outros. cowardlion/Shutterstock RioPatuca/Shutterstock Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva20 2. Acessibilidade comunicacional – sem barreiras na comunicação in- terpessoal (face a face, língua de sinais, linguagem corporal, lingua- gem gestual etc.), na comunicação escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braile, textos com letras ampliadas para quem tem baixa visão, notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicação virtual (acessibilidade digital). tomgigabite/Shutterstock NataLT/Shutterstock 3. Acessibilidade metodológica – sem barreiras nos métodos e técni- cas de estudo (adaptações curriculares, aulas baseadas nas inteligên- cias múltiplas, uso de todos os estilos de aprendizagem, participação do todo de cada aluno, novo conceito de avaliação de aprendizagem, novo conceito de educação, novo conceito de logística didática etc.), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística etc. ba- seada em participação ativa) e de educação dos filhos (novos méto- dos e técnicas nas relações familiares etc.). 4. Acessibilidade instrumental – sem barreiras nos instrumentos e uten- sílios de estudo (lápis, caneta, transferidor, régua, teclado de computa- dor, materiais pedagógicos), de atividades da vida diária (Tecnologia Assistiva para comunicar, fazer a higiene pessoal, vestir, comer, Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 21 andar, tomar banho etc.) e de lazer, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.). Jaren Jai Wicklund/Shutterstock Huntstock.com/Shutterstock 5. Acessibilidade programática – sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em regulamentos (institucionais, escolares, empre- sariais, comunitários etc.) e em normas no geral.6. Acessibilidade atitudinal – por meio de programas e práticas de sensibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convi- vência na diversidade humana, resultando em quebra de preconcei- tos, estigmas, estereótipos e discriminações. Finalizamos esta aula com uma reflexão significativa. A legislação brasi- leira voltada à pessoa com deficiência nas suas diferentes expressões, acessi- bilidade, tecnologias assistivas e comunicação alternativa é de boa qualidade e possui quantidade bastante abrangente, a ponto de destacar o Brasil ao nível de países mais desenvolvidos do ponto de vista político, econômico e social. Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva22 A questão “deficiente” está no cumprimento prático da legislação e no frágil exercício prático da cidadania. Extra Sugerimos a leitura do artigo de Romeu Sassaki intitulado “Inclusão: aces- sibilidade no lazer, trabalho e educação”. Disponível em: <www.apabb.org.br/ admin/files/Artigos/Inclusao%20-%20Acessibilidade%20no%20lazer,%20tra- balho%20e%20educacao.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades No artigo indicado anteriormente, de Romeu Sassaki, é apresentado um histórico da acessibilidade no Brasil. Monte um esquema com o principal as- pecto de cada década. Referências BRASIL. Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, em 20 dezembro de 2000. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, em 3 dezembro de 2004. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/ D5296.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. SASSAKI, Romeu. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Disponível em: <www.apabb.org.br/admin/files/Artigos/Inclusao%20-%20Acessibilidade%20no%20 lazer,%20trabalho%20e%20educacao.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 23 VILLAVERDE, Adão (Org.). Manual de redação – mídia inclusiva. Porto Alegre: Assembleia Legislativa, 2011. Disponível em: <www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/ uploads/1313497232Manual_de_Redacao_AL_Inclusiva.pdf.> Acesso em: 21 mar. 2017. YOSHIDA, Maria Aparecida Gomes Bronhara. Pessoas com deficiência: legislação, acessibilidade e trabalho. BEPA, Boletim Epidemiológico Paulista (online), vol. 5, n. 57, São Paulo, set. 2008. Disponível em: < http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1806-42722008000900002&lng=pt>. Acesso em: 09 mar. 2017 Resolução da atividade Breve histórico de acessibilidade no Brasil: • Anos 50 – profissionais denunciam a existência de barreiras. • Anos 60 – Universidades do EUA iniciam eliminação das barreiras arquitetônicas. • Anos 70 – 1975, ONU – Declaração dos Direitos das Pessoas Diferentes. • Anos 80 – Participação plena e igualdade. Ano Internacional das pessoas deficientes. • Anos 90 – Desenho Universal. Diversidade Humana. • Século XXI – 2006, ONU – Acessiblidade. Ampliando seus conhecimentos Pessoas com deficiência: legislação, acessibilidade e trabalho (YOSHIDA, 2008) [...] Acessibilidade é a condição para utilização, com segurança e auto- nomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva24 São consideradas pessoas com mobilidade reduzida as que, tempo- rária ou permanentemente, têm limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo, estando aí incluídos idosos, gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo. A questão da acessibilidade é uma das reivindicações mais antigas e de maior visibilidade dos movimentos das pessoas com deficiência, tendo paradigmas que variaram ao longo da história. No início dos anos 1980 buscava-se a eliminação de barreiras arquitetônicas, e em meados daquela década identificavam-se as barreiras ambientais. No início dos anos 1990 eram identificadas, além das barreiras am- bientais e atitudinais, as de comunicação e de transporte. Em meados daquele período surgiu o conceito de desenho universal, ou seja, um planejamento arquitetônico ambiental, de comunicação e transporte em que todas as características das pessoas são atendidas, independente- mente de possuírem ou não uma deficiência. O desenho universal pro- cura romper com a visão de uma arquitetura voltada para um ideal de homem ou a um pretenso homem médio, buscando respeitar a diversi- dade humana. No final daquela década, passou-se a usar simultanea- mente acessibilidade ao termo desenho universal. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou em 2004 a segunda edição da Norma Brasileira NBR 9050, que versa sobre: “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.” Em decorrência do interesse social dessa norma, e tendo em vista a relevância e o caráter público de que se reveste, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público Federal e a ABNT, para que essa norma fosse disponibilizada, na íntegra e gratuita- mente, para acesso amplo e irrestrito a qualquer cidadão. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 25 Assim, por meio da Secretaria Especial de Direitos Humanos - Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) -, a NBR 9050 encontra-se no site: http://www.mj. gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp. São exemplos das disposições da NBR 9050/ 2004: a vaga reservada com o símbolo internacional de acessibilidade na entrada das empresas; as rampas de acesso com até 8% de inclinação; largura das portas e áreas de circulação adequadas às cadeiras de rodas; sinalização tátil, visual e audi- tiva; tipos de piso; adequação de mobiliários, sanitários, vestiários e bebe- douros, dentre outros. Assim, encontram-se normatizados, desde a entrada nas empresas, edifícios até o detalhamento de como deve ser o ambiente de trabalho para acolher todos os trabalhadores com deficiência ou não. http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp 2 Tecnologia Assistiva e a inclusão Refletir sobre a importância do diagnóstico nos processos de inclusão e apresentar a Tecnologia Assistiva. Objetivos: Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva28 2.1 Sobre o diagnóstico na inclusão Saber lidar com a diversidade humana implica compreen- der os processos diagnósticos e não o diagnóstico, “porque não entendemos que deva ser feito em momentos específicos do tra- tamento, e sim, que deve ser uma preocupação constante do profissional” (FABRICIO; CANTOS, 2011, p. 2). Desta maneira, o diagnóstico deve ser um processo sistemático e permanente de investigação e análise de hipóteses diagnósticas, com a finalidade primordial de evitar a dis- criminação, a estigmatização ou a rotulação da pessoa com deficiência. Todo o processo diagnóstico deve se sustentar na ética dos Direitos Universais do Ser Humano. “Uma postura diagnóstica e a observação cuidadosa do momento do indivíduo são pressupostos indispensáveis para construção de uma interven- ção positiva” (FABRICIO; CANTOS, 2011, p. 2). O tema do diagnóstico no processo inclusivo é delicado e fundamental quando pensamos numa sociedadeplenamente acessível e respeitosa da diver- sidade e das diferenças individuais. [...] as diferenças entre os indivíduos, indicadas pelos limites, são também determinadas socialmente, mas tais limites, quando não são produtos de um delírio, tem uma base real. Quem tem deficiên- cia visual, deficiência auditiva, deficiência intelectual, deficiência física, pode ter diversos destinos, dependendo dos significados que a cultura atribui a essas deficiências; significados que dependem de condições sociais objetivas. (CROCHIK, 2012, p. 43) Quer dizer, ser deficiente, ser incapaz, está relacionado ao contexto sócio-his- tórico-cultural. Por vezes, não reconhecemos que as diferenças individuais cons- tituem aquilo que é o comum entre os seres humanos, somos todos digitalmente diferentes, uns dos outros. Por vezes, desconsideramos este detalhe fundamental e estruturante de cada pessoa. Saber sobre as diferenças individuais é considerar Vídeo Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 29 que cada pessoa é única e detentora de potencialidades singulares. Boaventura Souza Santos assim se expressa: “temos o direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza, e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza” (SANTOS, 2003 apud SOUSA, 2011, p. 1). O diagnóstico é o início de um atendimento, que pode desdobrar-se num plano de tratamento, num encaminhamento. É no ato de debruçar-se na pro- cura de sinais, sintomas, causas que o levantamento de hipóteses diagnósticas estabelece prováveis prognósticos e prescreve direções de tratamento para os respectivos quadros particulares que singularizam o diagnóstico de cada pessoa. Um processo diagnóstico satisfatório exige uma postura de distanciamen- to do seu próprio ponto de vista para considerar os outros pontos de vista, muitas vezes, contrários aos seus. Assim, o diagnóstico inclusivo sugere uma prática em equipe multidisciplinar e interdisciplinar, entre profissionais de di- versos segmentos da saúde como: psicólogo, médico, fisioterapeuta, fonoau- diólogo, entre outros. Finalmente, as práticas diagnósticas precisam ser repensadas dia a dia para que os discursos não sejam abstrações de palavras vazias, sem sentido e significado, ditos de todos, que se revestem de padronizações limitadoras, que rotulam, e que excluem de maneira velada as diferenças existentes no espaço escolar, até mesmo na sociedade. Extra A sugestão é assistir ao fime Somos todos diferentes (Taare Zameen Par, Índia, 2007), dirigido por Aamir Khan, que trata de um assunto muito delicado e importante: a dislexia e a falta de conhecimento e informação do educador para observar e diagnosticar esses casos. Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=fK09tpyvEr4>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva30 Atividades Sugerimos a leitura do artigo de Fernanda Rodrigues Cacciari, Flávia Teresa de Lima e Marli da Rocha Mernard: “Ressignificando a prática: um caminho para a inclusão”. Publicado em 2005. A atividade consiste em escrever uma síntese bre- ve com as principais ideias apresentadas no artigo. Disponível em: <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542005000100011>. Acesso em: 22 mar. 2017. Referências CACCIARI, Fernanda Rodrigues; LIMA, Flávia Teresa De; BERNARDI, Marli da Rocha. Ressignificando a prática: um caminho para a inclusão. Construção Psicopedagógica, [online]. v. 13, n. 10. São Paulo: 2005. Disponível em: <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542005000100011>. Acesso em: 22 mar. 2017. CROCHIK, José Leon. Educação inclusiva e preconceito: Desafios para a prática pedagógica. In: GALVÃO FILHO, Teófilo Alves; MIRANDA, Theresinha Guimarães orgs. O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugar. Salvador: EDUFBA, 2012. Disponível em: <www.galvaofilho.net/noticias/baixar_livro.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. FABRICIO, Nivea Maria de Carvalho; CANTOS, Paula Virgínia Viana. Diagnóstico- intervenção-perspectivas: atuação da escola inclusiva. Construção Psicopedagógica, v 19, n. 19. São Paulo: 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542011000200009>. Acesso em: 22 mar. 2017. SOUSA, Nair Heloisa Bicalho de. Memorial de candidatura de Boaventura de Sousa Santos ao título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília. Brasília: UnB, 2011. Disponível em: <www.boaventuradesousasantos.pt/media/Memorial_ Nair%20Heloisa%20Bicalho%20de%20Sousa_29%20Outubro%202012.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 31 Resolução da atividade As autoras concluem que a instituição demanda tanta atenção e tantos cuidados quanto a própria criança a ser incluída. O professor também merece um olhar diferen- ciado, pois estabelece com essa criança uma relação que precisa ser cuidada. A atenção dispensada a todos os envolvidos institucionalmente resultam na melhoria do ambiente para todos que nela estão inseridos. A metodologia do diálogo percorreu o trabalho e se pode entender a complexidade das atuações subjetivas, bem como das relações institu- cionais estabelecidas. A atuação junto ao professor é fundamental para que a inclusão escolar aconteça de forma satisfatória. 2.2 Impacto causado pela deficiência no ser humano Saber do impacto do diagnóstico sobre a pessoa com defi- ciência é importante quando pensamos na longevidade do ser humano e os avanços das tecnologias de informação e comunica- ção, quer dizer, após o diagnóstico é necessário atentar às Ajudas Técnicas para o planejamento de ações que considerem o dia a dia das pessoas, a limitação na execução das tarefas e a restrição na convivência em sociedade e, finalmente, o contexto ambiental que interfere facilitando ou dificultando a responsividade da pessoa no desempenho das suas tarefas, com- prometendo a inclusão social. As limitações de atividade são as dificuldades que o indivíduo pode ter para executar uma determinada atividade. As restrições à partici- pação social são os problemas que um indivíduo pode enfrentar ao se envolver em situações de vida. (FARIAS, 2005, p. 190) Vídeo Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva32 A inclusão social e educacional pautada na proposição de trabalhar com a diversidade cultural deve focar sua atenção e ação na superação das práticas educativas de exclusão, desta forma, vai buscar estratégias que promovam a qualidade de vida e a equiparação de oportunidades para todas as pessoas. Assim, a comunidade escolar constrói práticas educativas éticas, democráticas e de respeito à cidadania. Jacques Delors no relatório para a Unesco (2010) destaca que o século XXI da Civilização do Conhecimento se alicerça: [...] na esperança de um mundo melhor à medida que sabe respei- tar os direitos humanos, colocar em prática a compreensão mú- tua e transformar o avanço do conhecimento em um instrumento, não de distinção, mas de promoção do gênero humano. (DELORS, 2010, p. 6) Assim, é importante saber que a “deficiência” interfere no desenvolvimento e na estruturação do ser humano, especificamente nele, o si mesmo e, também na constelação e relação familiar, valer dizer que: “a informação sobre o diagnóstico acrescido da funcionalidade fornece um quadro mais amplo sobre a saúde do indivíduo” (FARIAS; BUCHALLA, 2005, p. 194). Tomando como referência os sites Vez da voz e Espaço Psiquê1, apresentamos a seguir uma breve descrição das deficiências com suas características, indicadores mais comuns, que auxiliam no reconhecimento das mesmas: Na deficiência visual, que significa a diminuição da resposta e acuidade visual em virtude de causas hereditárias e adquiridas. A diminuição da res- posta visual pode ser leve, moderada, severa ou profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira). Verifica-se que essasespecificidades da deficiência visual interfe- rem no desempenho diário, seja no âmbito social ou escolar, de modo diverso 1 Disponível em: <http://www.acessibilidadeinclusiva.com.br/category/visao/>. Acesso em: 21 mar. 2017. Disponível em: <http://espacopsyque.blogspot.com.br/2009/12/deficiencia-visual.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 33 a cada pessoa com baixa visão ou cega. O tempo de perda da acuidade visual se ao nascer ou ainda na infância, exigirá necessidades sociais e educacionais diferentes daquelas que perderam a visão mais tarde. Na deficiência física, podemos dizer que existe uma variedade de fatores que interferem na mobilidade corporal e na coordenação motora global e fina, comprometendo o sistema dos movimentos físicos que compreende o sistema ósteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As causas podem ser adquiridas e ou genéticas, com índices de alta incidência de malformações ge- néticas que ocasionam alterações funcionais e estruturais no cérebro e como consequência, levam a um parto com complicações, às paralisias cerebrais de grau leve, moderado ou grave. Na deficiência intelectual, são inúmeros os fatores de risco que podem ocasioná-la. O atual conceito de deficiência intelectual compreende limitações significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizagem, resolução de problemas) quanto no comportamento adaptativo das pessoas, que se expressam nas habilidades conceituais, práticas e sociais e ocorrem an- tes dos 18 anos de idade (AAIDD, 2010 – American Association on Intellectual and Developmental Disabilities). As Ajudas Técnicas ao deficiente intelectual devem ser planejadas como os recursos e estratégias individuais necessários para a promoção do desenvolvimento integral e da qualidade de vida. Na deficiência auditiva conhecer os fatores que a ocasionam é importante, para o planejamento de ações de prevenção e proteção das dificuldades do sur- do. Uma vez que, na deficiência auditiva, a comunicação está comprometida em diferentes graus, seja no reconhecimento das intenções do ouvinte e das regras conversacionais para estabelecer um diálogo ou transmitir uma ideia. As causas mais comuns da surdez são: genéticas, pré-natais (como, por exemplo, rubéola, toxoplasmose, sífilis, medicamentos, incompatibilidade Rh), perina- tais (como traumatismos de parto, falta de oxigênio) e pós-natais (como trau- matismos, infecções, medicamentos). Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva34 Para minimizar os impactos da deficiência sobre o ser humano, atualmente encontramos as tecnologias assistivas, no planejamento e desenvolvimento de recursos ou procedimentos que aumentam ou restauram a função humana. Extra Para refletir sobre o impacto causado pela deficiência no ser humano, su- gerimos alguns vídeos: Comercial Inclusão Social – Pessoa com deficiência. Disponível em: <www.youtu- be.com/watch?v=ANFu9gcIQho>. Acesso em: 21 mar. 2017. Eficiente ou deficiente? Disponível em: <www.youtube.com/watch?v= G9xjw7Wec8I>. Acesso em: 21 mar. 2017. Além destes vídeos, sugerimos também alguns filmes consagrados sobre diferentes casos de deficiência: • Deficiência física – Meu pé esquerdo (1989). • Deficiência visual – Ensaio sobre a cegueira (2008). • Deficiência auditiva – Filhos do silêncio (1986). • Deficência intelectual – Uma mente brilhante (2002). Atividades Retire do texto da ficha de estudo uma frase que apresenta a função com- prometida em cada uma das deficiências descritas: deficiência auditiva, defi- ciência visual, deficiência física e deficiência intelectual. Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 35 Referências DEFICIENTES EM AÇÃO. Disponível em: <http://deficientesemacao.cpanel0076. hospedagemdesites.ws>. Acesso em: 22 mar. 2017. DELORS, Jacques. Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília: julho, 2010. Disponível em: <http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_ descobrir.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ESPAÇO PSIQUÊ. Disponível em: <http://espacopsyque.blogspot.com.br/2009/12/ deficiencia-visual.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. FARIAS, Norma; BUCHALLA, Cassia Maria. A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da organização mundial da saúde: conceitos, usos e perspectivas. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v8n2/11. pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. VEZ DA VOZ. Disponível em: <http://www.acessibilidadeinclusiva.com.br/category/ visao/>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade • Deficiência auditiva – reconhecer as intenções do ouvinte e as regras para conversação e transmissão de ideias; • Deficiência visual – diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa ou profunda; • Deficiência física – interfere na mobilidade corporal e na coordenação motora global e fina, comprometendo o sistema dos movimentos físicos. • Deficiência intelectual – limitações no funcionamento intelectual (raciocí- nio, aprendizagem, resolução de problemas) e no comportamento adaptativo da pessoa. Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva36 2.3 Tecnologia Assistiva – valorizando a diversidade humana Num giro histórico pela valorização da diversidade huma- na nos processos educativos, apresentamos a precursora Maria Montessori, 1870-1952, médica e educadora italiana, que se de- dicou ao tratamento e a educação de crianças com necessidades especiais, especificamente, com deficiência mental. Seu método pedagógico voltado à estimulação sensório-perceptiva e intelectual, com ativi- dades motoras e sensoriais dirigidas para cada aluno. Montessori teve a preo- cupação em atender às diferenças individuais de modo a preservar a liberdade e a espontaneidade do aluno para que se adapte à vida social e desenvolva suas potencialidades integralmente. Na atualidade destacamos a contribuição do relator Jacques Delors que no relatório para a Unesco, 2010, descreve que o século XXI da Civilização do Conhecimento deverá superar tensões, entre elas: A tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conheci- mentos e as capacidades de assimilação do homem. [...] acres- centar novas disciplinas, tais como o autoconhecimento e a busca dos meios adequados para garantir a saúde física e psicológica ou, ainda, a aprendizagem de matérias que levem a conhecer melhor e preservar o meio ambiente. (DELORS, 2010, p. 9, grifo nosso) Nestas considerações, Delors ressalta o trabalho atual na construção da sociedade acessível a todas as pessoas calcada na valorização da diversidade cultural. Especificamente na educação, o trabalho com as diferenças indivi- duais, no ambiente escolar, na sala de aula, deverá desenvolver ações para a emergência das potencialidades e os variados ritmos de aprendizagem com os alunos, sejam deficientes ou não. Vídeo Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 37 Acrescentamos, neste momento, a contribuição da Tecnologia Assistiva – TA, que por definição dirige-se aos recursos de acessibilidade que atendam à pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida e limitada nas suas funções motoras, auditivas, visuais ou de comunicação. Teófilo Galvão Filho (2013), ao refletir sobre a definição de Tecnologia Assistiva, declara que em relação às características, deve-se considerar na TA: o que, para quem e para quê. O primeiro caracteriza o tipo de recurso tecnológico, por exemplo, um recurso de acessi- bilidade física. O segundo, caracteriza a quem se destina o recurso, exemplo, o usuário com limitação motora no caminhar. O terceiro, o para que, caracteriza a finalidade do recurso em auxiliar na mobilidade de determinada limitação do usuário em questão, para um idoso com dificuldade de locomoção será útil um andador que lhe proporcione segurança e autonomia no caminhar. Favorece deste modo, a vida independentee a inclusão social. Percebe-se que os recursos das tecnologias assistivas configuram-se coe- rentes com a civilização do conhecimento, valorizando as diferenças indivi- duais e reconhecendo a diversidade cultural. Extra Sugere-se a consulta ao site Assistiva – tecnologia e educação que apresenta comentários, informações e definições sobre Tecnologia Assistiva. Disponível em: <www.assistiva.com.br/tassistiva.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Assista ao vídeo Método Montessori (Material sensorial), sobre a aplicação dos materiais pedagógicos montessorianos ao desenvolvimento das experiências sensoriais dirigidas, a qual destaca a diversidade na aprendizagem em sala de aula. Em seguida, produza um pequeno texto que reflita sobre o trabalho com Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva38 os materiais apresentados no vídeo. Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=izomt9M5gw4&spfreload=1>. Acesso em: 21 mar. 2017. Referências DELORS, Jacques. Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília. Julho, 2010. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. GALVÃO FILHO, Teófilo. A construção do conceito de tecnologia assistiva: alguns novos interogantes e desafios. Revista Entreideias, Salvador, v. 2, n.1, p. 25-42, jan/jun.2013. Disponível em: <www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo= 2430>. Acesso em: 21 mar. 2017. RODRIGUES, Patrícia Rocha; ALVES, Lynn Rosalina Gama. Tecnologia Assistiva: uma revisão do tema. Holos. Ano 29, vol. 6, 2013. Disponível em: <http://www2.ifrn.edu.br/ ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/1595/765>. Acesso em: 09 mar. 2017. SOUSA, Nair Heloisa Bicalho de. Memorial de candidatura de Boaventura de Sousa Santos ao título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília. Brasília: UnB, 2011. Disponível em: <www.boaventuradesousasantos.pt/media/Memorial_ Nair%20Heloisa%20Bicalho%20de%20Sousa_29%20Outubro%202012.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade Montessori partiu de um princípio básico: A criança é capaz de aprender natural- mente: Ofereça a ela um ambiente adequado com riqueza nos materiais e com experiências educativas. Um ambiente onde ela possa, sem a intervenção inadequada do adulto, mer- gulhar em atividades e descobertas pessoais. O ambiente deve ser preparado para que a criança consiga desenvolver a espontaneidade, iniciativa, independência. Revoluciona as práticas pedagógicas com seu método inovador. Sua pedagogia se sustenta em valores para que a criança se revelar era necessário que o educador interferisse no seu trabalho de modo adequado e oportunamente. As origens do desenvolvimento são internas: o desenvolvimento psico-mental, se faz pela interação; o ambiente preparado visa nutrir o desenvolvimento Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 39 mental da criança; os conceitos de percepção da criança são geralmente determinados pelo meio social e físico; a criação determina a linguagem, os conceitos, as percepções e os valores individuais; a capacidade é determinada pela aprendizagem. Ampliando seus conhecimentos Tecnologia Assistiva: uma revisão do tema (RODRIGUES; ALVES, 2013) [...] A área de TA vem crescendo nos últimos anos como consequên- cia de alguns fatores que têm impulsionado demandas de recursos e ser- viços destinados às pessoas com deficiência. O principal desses fatores refere-se ao destaque que se tem dado aos arranjos sociais como promo- tores ou não de acessibilidade para essas pessoas. Nessa concepção, são questionados todos os mecanismos que de alguma forma impedem a par- ticipação plena nos diferentes espaços e papéis sociais e, busca-se formas de garantir efetivamente tal participação como direito de todos. Diniz (2007) ao defender um conceito de deficiência, segundo um mode- lo social e antropológico, destaca a experiência histórica de opressão e apar- tação social vivida pelas pessoas com algum tipo de deficiência. Para essa autora, esse fato é decorrente da incapacidade social em prever e incorporar a diversidade humana. Além disso, a concepção de deficiência fora marcada (e ainda é, em muitos contextos) pelo modelo médico que costuma considerar as limitações como consequências intrínsecas ao corpo deficiente. Assim, nessa nova perspectiva de sociedade que se mobiliza para ga- rantir a participação de todos, independentemente de quaisquer caracte- rísticas, surge a necessidade de ampliação dos recursos de TA nos mais diferentes espaços. Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva40 No Brasil, as pessoas com deficiência (público alvo da TA) represen- tam o percentual de 23,9% da população nacional, segundo os dados do Censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012, p. 114). Esse número apresenta um significativo aumento, se comparado aos 14,5% registrados no Censo de 2001. Além disso, é impor- tante destacar que o público ao qual a TA se destina também engloba os idosos. Nesse sentido, Diniz (2007, p. 78) destaca que “ser velho é expe- rimentar o corpo deficiente”. E essa população também vem crescendo: em 2000 era representada pelo percentual de 5,9%, passando para 7,4 em 2010 (IBGE, 2010). Esses números, por si só expressivos, tomam dimen- sões maiores, uma vez que aqueles que convivem de forma direta ou in- direta com idosos e/ou pessoas com deficiência também são impactados com situações limitantes. Atualmente, algumas políticas públicas brasileiras também têm contribuído para gerar demandas de TA em larga escala. Uma delas é a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), com suas normas e orientações para a inclu- são de crianças, jovens e adultos com deficiência nas escolas regulares. A plena participação desses alunos, em muitos casos, só pode ser garantida com a presença dos recursos de TA, não só no ambiente escolar, mas para permear todos os processos de aprendizagem desses sujeitos. Outra contribuição importante é a Política de Inclusão Digital (BRASIL, 2009b), com ações que possibilitam a implantação e a manuten- ção de telecentros públicos e comunitários em todo o território nacional. Mesmo que tal política não faça referência direta à necessidade de recur- sos de TA nos telecentros, podemos presumir que isso é essencial diante da diversidade do público ao qual se destina, e também em decorrência das leis brasileiras que garantem a acessibilidade em diversos espaços. 3 Tecnologia Assistiva aplicada I Conhecer a aplicação e compreender o contexto atual e a legislação da Tecnologia Assistiva. Objetivos: Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva42 3.1 Descrevendo as categorias da Tecnologia Assistiva Vamos identificar a trajetória histórica da Tecnologia Assistiva – TA na busca por uma melhor conceituação. Dizemos que o século XXI é o auge da TA, uma vez que vai ao encontro do paradigma da inclusão social de potencializar a autonomia, independência e o empoderamento das pessoas com deficiên- cia, mobilidade reduzida ou idosos. Em acordo à Conferência da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto 3.956/2001, que define como ato dis- criminatório com base na deficiência toda diferenciação que impeça o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Outro ponto é destacar o contexto social atual, complexo, globalizado, tec- nológico, comunicacional e as contingências das políticas públicas brasileiras, conferências que na luta pelos direitos do cidadão com deficiência têm exigido dos diversos arranjos sociais a acessibilidade, em todas as suas dimensões e para todos, nos diversos aspectos da vida do cidadão. As pesquisadoras Patricia Rodrigues e Lynn Rosalina Alves, no artigo Tecnologia Assistiva – uma revisão do tema, discorrem sobre o conceito de TA, que: remete a concepções eparadigmas diferentes ao longo da história, com características específicas a partir do referencial de cada país. Contudo, em todas essas variáveis podemos identificar como obje- tivo essencial a qualidade de vida, com referência a processos que favorecem, compensam, potencializam ou auxiliam habilidades ou funções pessoais comprometidas por algum tipo de deficiência ou pelo envelhecimento. (ALVES e RODRIGUES, 2013, p. 174) Em complemento à busca por uma configuração conceitual da TA, cita- mos o Programa de Inovação em TA, que atrelado ao plano Viver sem limites Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 43 (2012), instigam o desenvolvimento de produtos, estratégias e serviços inova- dores que aumentem a autonomia, o bem-estar e a qualidade de vida das pes- soas com deficiência. Também orientam uma rede de pesquisa em universi- dades públicas do país. Ainda, disponibilizam uma linha de crédito facilitado para aquisição de produtos. Podemos mencionar também a conclusão do Comitê de Ajudas Técnicas1 que define como sendo adequada a nomenclatura TA e sugere uma definição mais ampla para TA entendendo-a como área do conhecimento de prática mul- tidisciplinar, voltada à promoção da funcionalidade de pessoas com o objetivo de potencializar a autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão so- cial. Deve ser coerente aos princípios do Desenho Universal na composição de produtos, estratégias e serviços. Vale citar que a Legislação Brasileira, no Decreto 3.298/99, reconhece que os primeiros conceitos para TA foram iniciados a partir dos conceitos de Ajudas Técnicas. O decreto apresenta no seu artigo 19 a referência ao direito do cida- dão às Ajudas Técnicas: Consideram-se Ajudas Técnicas, para os efeitos deste Decreto, os elementos que permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão social. (BRASIL, 1999) Acrescentam-se aqui as tecnologias para a inclusão social em conso- nância com as políticas públicas brasileiras. Refere-se à tecnologia social entendida como: 1 Comitê de Ajudas Técnicas-CAT, instituído em 2006, pela Portaria n. 142, estabelecido pelo Decreto n. 5.296/2004 no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, na perspectiva de ao mesmo tempo aperfeiçoar, dar transparência e legitimidade ao desenvolvimento da Tecnologia Assistiva no Brasil. Ajudas Técnicas é o termo anteriormente utilizado para o que hoje se convencionou designar Tecnologia Assistiva. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva44 O termo “Tecnologia Social” é pensado de forma ampla para as diferentes camadas da sociedade. O adjetivo “social” não tem a pretensão de afirmar somente a necessidade de tecnologia para os pobres ou países subdesenvolvidos. Também faz a crítica ao modelo convencional de desenvolvimento tecnológico e propõe uma lógica mais sustentável e solidária de tecnologia para to- das as camadas da sociedade. Tecnologia social implica partici- pação, empoderamento e autogestão de seus usuários. (JESUS, 2013, p. 17) De posse dessas informações é que se poderá ajudar a estabelecer mode- los para serviços e projetos de desenvolvimento tecnológico em nosso país. Caminhamos, então, para a aplicação de Tecnologia Assistiva, a qual abrange todas as ordens do desempenho humano, desde as tarefas básicas de autocui- dado até o desempenho de atividades profissionais. A TA pode ser descrita em onze categorias como: 1. auxílio para a vida diária; 2. comunicação suplementar e alternativa; 3. recursos de acessibilidade ao computador; 4. sistemas de controle de ambiente; 5. projetos arquitetônicos para acessibilidade; 6. órteses e próteses; 7. adequação postural; 8. auxílio de mobilidade; 9. auxílios para cegos ou com visão subnormal; 10. auxílios para surdos ou com déficit auditivo; 11. adaptações em veículos. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 45 A CIF descreve as Ajudas Técnicas coerentes à ISO 9.999: A classificação ISO 9.999 das Ajudas Técnicas define-se como ‘qualquer produto, instrumento, equipamento ou sistema técnico utilizado por uma pessoa incapacitada, especialmente produzido ou geralmente disponível, que se destina a prevenir, compensar, monitorizar, avaliar ou neutralizar a incapacidade’. É aceite que qualquer produto ou tecnologia pode ser de apoio. (vide ISO 9.999: Ajudas Técnicas para pessoas com incapacidade). (CIF, 2004, p. 157) Finalmente, a TA está engajada em trabalhar para ampliar a compreensão sobre ela e as necessidades de diferentes áreas do conhecimento e pessoas, se envolvendo na pesquisa do tema, visando à inter-relação de saberes em prol de efetivas ações transformadoras das práticas discriminatórias da sociedade em relação às pessoas com deficiência. Extra A sugestão é a leitura do artigo de Luciana Baptista, intitulado “Novas tecnologias da informação e comunicação no contexto educacional”. O artigo, com base em pesquisas bibliográficas, apresenta como as novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC) se comportam no contexto educacional, analisando seus pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades para o processo de ensino e aprendizagem apresentados. Demonstra a im- portância do recurso para a construção de conhecimentos enfatiza que to- dos (educadores e alunos) devem se preparar para a utilização das NTIC no ambiente educacional. Disponível em: <http://201.55.32.167/retc/index.php/ RETC/article/view/180/pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva46 Atividades Baseando-se no texto desta aula retire o nome de quatro documentos le- gais (leis, decretos etc.) que fundamentam a TA. Referências BRASIL. Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Publicada no Diário Oficial da União, de 20 de dezembro de 1999. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Decreto 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Publicada no Diário Oficial da União, de 9 de outubro de 2001. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956. htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Secretaria Nacional da Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Viver sem limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Brasília, 2013. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_ generico_imagens-filefield-description%5D_0.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. JESUS, Vanessa. Tecnologia social: breve referencial teórico e experiências ilustrativas. In: COSTA, Adriano(Org.). Tecnologia social e políticas públicas. São Paulo: Instituto Polis, Brasilia, Fundação Banco do Brasil, 2013. Disponível em: <http://www.polis.org. br/uploads/2061/2061.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa-Portugal, 2004. Amélia Leitão – tradução e revisão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. RODRIGUES, Patricia; ALVES, Lynn Rosalina. Tecnologia Assistiva – uma revisão do tema. Holos, Ano 29, v. 6, 2013. Disponível em: <www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/ HOLOS/article/viewFile/1595/765>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 47 Resolução da atividade • Conferência da Guatemala; • Decreto 3.956/2001; • Decreto 3.298/99 – Política nacional para a integração da pessoaportadora de deficiência; • Plano Viver sem limite; • Comitê Ajudas Técnicas. 3.2 Tecnologia Assistiva aplicada à vida diária Iniciamos este conteúdo justificando que não há consenso entre os pesquisadores e órgãos legislativos quanto à uma única forma de classificar e categorizar as tecnologias assistivas. O critério que optamos para descrever as tecnologias as- sistivas foi pelo critério da aplicação visto na troca usuário-tec- nologia, considerando as três qualidades: acessibilidade, usabilidade e comu- nicabilidade. Nesse critério elegemos onze categorias, sendo que nessa aula apresentaremos seis delas. Outro aspecto relevante como proposição de aplicação surge do mode- lo de classificação Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology (HEART), o qual propõe um foco em Tecnologia Assistiva, com base nos co- nhecimentos envolvidos na sua utilização. Consideram-se três componentes de planejamento em Tecnologia Assistiva: técnicos, humanos e socioeconômicos. Especificamente, neste momento, destacamos o componente humano: Este grupo de componentes de formação inclui tópicos relaciona- dos com o impacto causado pela deficiência no ser humano. As noções adotadas pelas ciências biológicas, pela psicologia e pelas Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva48 ciências sociais, podem ajudar na compreensão das transforma- ções da pessoa, e como esta se relaciona com o espaço em que vive, como resultado de uma deficiência, e como é que a TA pode faci- litar a autonomia dessa pessoa. (BRASIL, 2009, p. 21, grifo nosso) No componente humano analisa-se a limitação da deficiência que favoreça a reabilitação e a autonomia, aceitação e imagem social da TA, análise de neces- sidades e adequação da pessoa à tecnologia. Esses aspectos podem interferir no sucesso ou fracasso da TA. Na aplicação de um recurso ou serviço da tecnologia de informação e co- municação deve-se observar que traduzam as melhores condições de vida, pre- servem a igualdade de oportunidades, assegurem valores éticos socialmente desejáveis por parte da comunidade e que seja uma maneira de enfrentar as práticas excludentes e um bom caminho para uma ação que visa o exercício da cidadania. Na comunidade escolar, especificamente, saber lidar com a diver- sidade e saber visualizar cada aluno como possuidor de competências é um desafio para a garantia de acesso e permanência na escola para todos. Apresentamos aqui seis possíveis aplicações das tecnologias à vida diária: 1. Como auxílio às atividades do cotidiano – materiais e produtos para ajudar em tarefas rotineiras, como: comer, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar cuidados pessoais de higiene etc. 2. Na comunicação suplementar e alternativa – consiste de recursos ele- trônicos ou não, que permitem a comunicação expressiva e receptiva das pessoas. São muito utilizadas as pranchas de comunicação com os símbolos PCS ou Bliss, além de vocalizadores e softwares dedicados para este fim. 3. Como auxílio de mobilidade – cadeiras de rodas manuais e motoriza- das, bases móveis, andadores, scooters de três rodas e qualquer outro veículo utilizado na melhoria da mobilidade pessoal. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 49 4. Como auxílio para cegos ou com visão subnormal – inclui lupas e len- tes, braille para equipamentos com síntese de voz, grandes telas de impressão, sistema de TV com aumento para leitura de documentos e publicações. 5. Como auxílio para surdos ou com déficit auditivo – inclui vários equi- pamentos (infravermelho, FM) aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta tátil-visual, entre outros. 6. Nas adaptações em veículos – acessórios e adaptações que possibilitam a condução do veículo, elevadores para cadeiras de rodas, camionetas modificadas e outros veículos automotores usados no transporte pessoal. Extra Sugerimos a leitura do material Tecnologia Assistiva nas escolas: Recursos básicos de acessibilidade sócio-digital para pessoas com deficiência, da ITS Brasil (Instituto de Tecnologia Social). Disponível em: <www.itsbrasil.org.br/sites/ itsbrasil.w20.com.br/files/Digite_o_texto/Cartilha_Tecnologia_Assistiva_ nas_escolas_-_Recursos_basicos_de_acessibilidade_socio-digital_para_ pessoal_com_deficiencia.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Assista ao vídeo Tecnologia Assistiva. A partir do que é exposto, retire in- formações importantes que se relacionam à TA. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=WEF-PvLC_QE>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva50 Referências BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas Tecnologia Assistiva. Tecnologia Assistiva. – Brasília: CORDE, 2009. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/ files/publicacoes/livro-tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade O vídeo justifica de forma lúdica que a TA veio para mediar as relações do homem com o ambiente, e isso decorre do advento do desenvolvimento da tecnologia, o efeito da globalização e a mudança no perfil dos alunos. 3.3 Tecnologia Assistiva aplicada às habilidades físicas Nesta aula descrevemos as tecnologias aplicadas às habili- dades físicas, que como visto anteriormente, devem relacionar os recursos e serviços da TA ao critério de aplicação, quer di- zer, as possibilidades de propiciar uma maior independência, autonomia, qualidade de vida, de outra maneira, que para sua utilização deve atender as habilidades, as potencialidades do usuário incrementando assim a inclusão social. Justifica-se o foco no aspecto social, na medida em que o indivíduo faz trocas e tem experiências no ambiente social como: a família, a escola e o traba- lho. É neste ambiente de convivência sócio-histórico-cultural que o indivíduo se relaciona com pessoas e diversos grupos sociais. É no espaço interativo in- divíduo-ambiente que é confrontado cotidianamente a resolver desafios e daí extrair significados e sentidos para sua vida. Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 51 Esse aspecto está bem descrito no documento que o modelo de classifica- ção Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology – HEART (BRASIL, 2009) apresenta sobre a aplicação da Tecnologia Assistiva. Destaca que se deve conhecer o seu uso e a sua utilização no ambiente de convivência social do usuário. O HEART considera três componentes fundamentais de planejamento e de produção em Tecnologia Assistiva: técnicos, humanos e socioeconômicos. Especificamente, neste momento, destacamos o componente socioeconômico: Este grupo de componentes indica que a tecnologia afeta as inte- rações dentro do contexto social (pessoas, relacionamentos e im- pacto no usuário final). Os socioeconômicos também enfatizam as vantagens e desvantagens dos diferentes modelos de prestação de serviços. (BRASIL, 2009, p. 22) O HEART (BRASIL, 2009) destaca que o componente socioeconômico vai contemplar no planejamento as qualidades de acessibilidade e usabilidade do recurso ou serviço de TA, adaptações do local de trabalho, perspectivas na so- ciedade, procedimentos para financiamento de TA. Lembrando que os contex- tos de vida do usuário podem ser o profissional, o escolar ou familiar. No espaço escolar, a questão da aplicação da TA focaliza a prática educa- tiva facilitadora e promotora do aprender. “Potencializar pode ser a chave do processo, no sentido de ampliar as facilidades do ensino e da aprendizagem” (BARROS, 2012, p. 211). Quer dizer, para compreender como as pessoas apren- dem e como focar no desenvolvimento das habilidades pessoais do aprendiz, a descoberta de estilos de aprendizagem facilita esse processo. Assim, o sucesso escolar está associado à oferta de recursos e soluções da TA que auxiliem o alu- no na superação de limitações funcionais no ambiente escolar. Apresentamos nessa aulaa descrição de outras cinco categorias de TA e sua aplicação: 1. Recursos de acessibilidade ao computador – equipamentos de en- trada e saída (síntese de voz, braille), teclados adaptados, auxílios Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva52 alternativos de acesso (ponteiras de cabeça, de luz), acionadores, soft- wares especiais (de reconhecimento de voz). 2. Sistemas de controle de ambiente – sistemas eletrônicos que permitem às pessoas com limitações locomotoras controlar remotamente apare- lhos eletroeletrônicos, sistemas de segurança, entre outros, localiza- dos em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. 3. Projetos arquitetônicos para acessibilidade – adaptações estruturais na casa e/ou ambiente de trabalho, através de rampas, elevadores, adaptações em banheiros entre outras, que eliminam ou reduzem as barreiras físicas. 4. Órteses e próteses – troca ou ajuste de partes do corpo, faltantes ou de funcionamento comprometido, por membros artificiais ou outros recursos ortopédicos (talas, apoios etc.). Incluem-se os protéticos para auxiliar nos déficits ou limitações cognitivas, como os gravadores de fita magnética ou digital que funcionam como lembretes instantâneos. 5. Adequação postural – adaptações para cadeira de rodas ou outro sis- tema de sentar, visando o conforto e distribuição adequada da pressão na superfície da pele (almofadas especiais, assentos e encostos anatô- micos), bem como posicionadores e contentores que propiciam maior e melhor estabilidade e postura adequada do corpo através do supor- te e posicionamento de tronco/cabeça/membros. Extra A sugestão é a consulta às seguintes fontes: Site: Assistiva – tecnologia e educação, de Mara Lucia Sortoretto, e Rita Bersch (2014). Disponível em: <www.assistiva.com.br/tassistiva.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 53 Texto: “Design e avaliaçao de tecnologia web-acessível”, de Amanda Melo, e Maria Cecilia C. Baranauskas, apresentado no XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Computação. Unisinos, São Leopoldo, RS. Disponível em: <www. lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/jai/2005/006.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades É necessário conhecer o ambiente escolar para que a TA auxilie as práticas educativas como facilitadora e promotora do aprender. A TA participa como potencializadora do processo do aprender. Quais as perguntas iniciais que de- vemos fazer ao ambiente escolar, a fim de identificar a TA adequada? Referências BARROS, Daniela. Estilos de aprendizagem e uso de tecnologias na formação de professores para a prática pedagógica inclusiva valorizando as competências individuais. In: GIROTO, Claudia; POKER, Rosimar e OMOTE, Sadao (Orgs.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília: Oficina Universitária. São Paulo: Cultura acadêmica, 2012. Disponível em: <www.marilia.unesp.br/Home/ Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas Tecnologia Assistiva. Tecnologia Assistiva. Brasília: CORDE, 2009. 138 p. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/ default/files/publicacoes/livro-tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. LUZ, Claudia Ferreira da Silva; SOUZA, Ana Lúcia Santos; DUARTE, Ana Cristina Santos. Educação inclusiva e tecnologias assistivas: uma análise acerca da aprendizagem de deficientes visuais. IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, São Cristóvão – SE, 2012. Disponível em: < http://educonse.com. br/2012/eixo_11/PDF/25.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva54 Resolução da atividade Perguntas básicas: 1. Quem é o aluno ? (por exemplo, ele tem deficiência física) 2. Quais são as barreiras que limitam sua aprendizagem? (por exemplo, limita- ções motoras) 3. Que recursos a escola tem para minimizar as barreiras ? (TA disponíveis na escola) 4. Que novos recursos podem ser construídos que vão facilitar a aprendizagem? (planejamento e produção de TA) Ampliando seus conhecimentos Educação inclusiva e tecnologias assistivas: uma análise acerca da aprendizagem de deficientes visuais (LUZ; SOUZA; DUARTE, 2012) [...] Tecnologia Assistiva (TA) é o ramo da ciência que pesquisa, desen- volve e aplica aparelhos, instrumentos ou procedimentos que aumentam ou restauram a função humana. Tecnologias assistivas referem-se a todo o arsenal técnico utilizado para compensar ou substituir funções quando as técnicas reabilitadoras não são suficientes para resgatar a função em sua totalidade, além do desenvolvimento e da aplicação de aparelhos/instrumentos ou procedimentos que aumentam ou restauram a função humana. O objetivo Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 55 maior da TA é proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho (MELLO, 2006, p. 7). As modalidades de TAs estão em pleno desenvolvimento e agrupam- -se em categorias como: acessibilidade física, acessibilidade a computador, acessibilidade à internet, apoios educativos e comunicação. Cada uma dessas categorias oferece recursos distintos que podem ser usados pela es- cola pra facilitar a aprendizagem de alunos independente da deficiência. A TA viabiliza que pessoas com deficiência (física, auditiva, visual e mental), tenham melhor qualidade de vida, com mais possibilidades de serem incluídas na escola e na sociedade. Por meio dessas tecnologias, pessoas com deficiências ganham autonomia e possibilidade da realiza- ção das tarefas do cotidiano desde as tarefas mais básicas de autocuidado até o desempenho de atividades educacionais e profissionais. O professor dispõe de um arsenal de material de apoio, mas indiscu- tivelmente o computador é muito mais do que uma ferramenta, é a opor- tunidade de comunicação, de autonomia e pode ser para ele um grande aliado para melhorar a aprendizagem de todos os alunos, principalmente dos alunos com necessidades educacionais especiais. Para pessoas com deficiências motoras, sensoriais ou cognitivas, o computador pode contribuir para sua autonomia e acesso a informação. Há uma quantidade significativa de softwares educacionais disponíveis no mercado. Esses são aplicativos que contribuem par o desenvolvimento cognitivo do aluno, facilitando a apresentação dos conteúdos, tornando a ação pedagógica dinâmica e interessante. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva56 Nos últimos anos, foram criados vários aparatos tecnológicos para pessoas com deficiência visual. As dificuldades visuais são alterações sensoriais, o que implica o comprometimento dos canais que fornece in- formação visual. Podemos incluir alterações de visão, visão subnormal e até cegueira total. Para minimizar as consequências sobre o aprendizado, existem sistemas de ensino que utilizam tecnologias variadas que ofere- cem vias alternativas de obtenção da informação. Podemos citar como exemplo: os ampliadores de tela (softwares que ampliam as representações gráficas na tela do computador melhorando a compreensão de pessoas com baixa visão), as linhas braille (instrumento de leitura que traduzem o conteúdo de um texto para o sistema Braille), a impressora Braille (que identifica os caracteres utilizados em um texto e imprime em braille no papel), os sistemas NVDA4 e Jaws , (que permitem operar no sistema Windows e navegar pela internet) e o navegador de voz (permite o uso do computador e a navegação na internet por meio de um comando de voz). Dentre eles, um dos mais conhecidos e utilizados é o sistema DOSVOX. 4 Tecnologia Assistiva aplicada II Refletir sobre os pressupostos do paradigma da inclusão e conhecer a aplicação da Tecnologia Assistiva. Objetivos: Tecnologia
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