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AULA 3

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AULA 3 
GESTÃO DO SUAS – PLANOS DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL E PACTO 
DE APRIMORAMENTO DO SUAS 
Profª Adriana Zanqueta Wilbert Ito 
 
 
2 
TEMA 1 – PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
Apresentar o conceito de Plano demanda permear pelo processo de 
planejamento como elemento constituinte da gestão das políticas públicas. No 
caso da Política Nacional de Assistência Social, a LOAS caracteriza a assistência 
social como 
direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social 
não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um 
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para 
garantir o atendimento às necessidades básicas. (Brasil, 1993) 
Nesse sentido, a Norma Operacional Básica - NOB/SUAS 2012, que tem 
como objetivo organizar a referida política no cenário brasileiro, atribui 
responsabilidades para as três esferas do governo para viabilizar o Sistema Único 
de Assistência Social – SUAS em todo território nacional (Brasil, 2012). Para tanto, 
o Plano de Assistência Social constitui uma ferramenta para dar diretrizes, 
priorizar e operacionalizar esta política pública. Sendo assim, o que seria um 
plano? 
Carvalho (1978, citado por Teixeira, 2009, p. 4) contribui conceituando 
elementos constituintes do planejamento de políticas públicas: 
PLANO é o documento mais abrangente e geral, que contém estudos, 
análises situacionais ou diagnósticos necessários à identificação dos 
pontos a serem atacados, dos programas e projetos necessários, dos 
objetivos, estratégias e metas de um governo, de um Ministério, de uma 
Secretaria ou de uma Unidade. 
PROGRAMA é o documento que indica um conjunto de projetos cujos 
resultados permitem alcançar o objetivo maior de uma política pública. 
PROJETO é a menor unidade do processo de planejamento. Trata-se 
de um instrumento técnico-administrativo de execução de 
empreendimentos específicos, direcionados para as mais variadas 
atividades interventivas e de pesquisa no espaço público e no espaço 
privado. A distinção básica entre plano, programa e projeto está, 
portanto, no nível de agregação de decisões e no detalhamento das 
operações de execução, ou seja, o plano tem maior nível de agregação 
de decisões que o programa e este, mais que o projeto. Por outro lado, 
o projeto tem maior detalhamento das operações a serem executadas 
que o programa e este, mais que o plano. 
Uma vez compreendido o conceito do plano, é possível compreender que 
é uma ferramenta de gestão que orienta os gestores do poder público a tomar 
decisões fundamentais a respeito das necessidades da população. Para além 
disso, possibilita tornar transparente todo o processo, uma vez que ficam evidente 
os objetivos, metas e ações em que os recursos públicos serão aplicados. 
 
 
3 
O art. 30 da LOAS determina o Plano como uma condição para o repasse 
de recursos para os municípios, estados e Distrito Federal (Brasil, 1993). 
No texto produzido pela Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação e 
pela Secretaria Nacional de Assistência (2015), é possível acompanhar que as 
diretrizes para a elaboração de um plano estão presentes na Resolução CNAS n. 
33, de 12 de dezembro de 2012, a qual aprova a NOB/SUAS. Nessa normativa, é 
possível encontrar todos os elementos que devem constar no documento, os 
quais serão posteriormente observados pelos Conselhos de Assistência Social, 
respeitando cada esfera do governo. A NOB/SUAS 2012, em seu art. 22, informa 
que os Planos de Assistência Social devem observar: 
I. Deliberações das conferências de assistência social para a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II. Metas nacionais pactuadas, que expressam o compromisso para o 
aprimoramento do SUAS para a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios; 
III. Metas estaduais pactuadas que expressam o compromisso para o 
aprimoramento do SUAS para Estados e Municípios; 
IV. Ações articuladas e intersetoriais; 
V. Ações de apoio técnico e financeiro à gestão descentralizada do 
SUAS. (Brasil, 2012) 
O Plano possibilita também identificar quais áreas estão desprotegidas nos 
territórios de abrangência da política de assistência social. É importante olhar para 
a realidade concreta e direcionar as ações para atender às seguranças sociais 
que a legislação prescreve: a de acolhida, a de convivência e a de sobrevivência. 
A realização de um bom diagnóstico permite identificar as demandas que já estão 
atendidas, bem como aquelas que ainda precisam de atenção. Na sequência, 
vamos ver a possibilidade de elaborar ações que venham responder à proteção 
social prevista na legislação vigente. 
1.1 Dimensões do Plano de Assistência Social 
1.1.1 Responsabilidade do Estado 
A LOAS (Brasil, 1993) determina que a assistência social é uma política 
pública de responsabilidade do Estado na garantia da universalização do acesso 
a direitos e serviços sociais. Também destaca a participação da sociedade como 
uma condição necessária para o exercício do controle social e na elaboração de 
ações para a própria política. As ações são desenvolvidas por órgãos 
governamentais e por organizações não governamentais. O Plano de Assistência 
 
 
4 
Social fica sob coordenação do órgão gestor, juntamente com os Conselhos e 
Fundos, e integra a gestão pública do SUAS (Brasil, 2008). 
1.1.2 Instrumento de descentralização democrática 
O SUAS pressupõe gestão intergovernamental, bem como estabelece a 
necessidade de construir novas relações entre Estado e sociedade civil. O 
exercício do diálogo, da negociação e da pactuação entre os vários atores fomenta 
a elaboração de Planos de Assistência Social com metas, diante da diversidade 
socioterritorial e das competências de cada esfera de governo (Brasil, 2008). 
1.1.3 Intersetorialidade das políticas sociais 
A assistência social deve buscar dados e informações disponíveis nas 
demais políticas, integrando as diferentes visões da realidade. A interlocução 
entre as políticas setoriais deve ser mantida em todo o processo de planejamento 
e durante a execução do plano. Também a relação entre territorialidade e 
matricialidade familiar, que considera os indivíduos nos seus núcleos familiar, 
comunitário e societário, demanda reavaliar estudos e planejamentos conjuntos e 
complementares entre as distintas áreas, qualificando a análise das necessidades 
sociais e os níveis de intervenção socioterritorial (Brasil, 2008). 
1.1.4 Desafios para a reconstrução da cultura institucional 
A Política Nacional de Assistência Social/2004 e sua regulamentação pela 
NOB/2005 apresentam concepções, diretrizes e normas que permitem concretizar 
o redirecionamento dessa área, abrindo novas possibilidades de resultados e 
impactos às suas ações. Nesse ínterim, o Plano de Assistência Social se 
caracteriza como planejamento governamental, como produto de prioridades a 
serem definidas no âmbito da política de assistência social. A lógica para 
estabelecimento de um Sistema Único da Assistência Social exige um 
ordenamento definido, com regras claras e pactuadas para que se transversalize 
a gestão da política com unidade e coerência. A elaboração de planos nas várias 
instâncias constitui instrumento estratégico, permitindo o ajuste das intervenções 
entre as esferas estaduais e municipais e sua coerência com a Política Nacional 
de Assistência Social (Brasil, 2008). 
 
 
5 
TEMA 2 – DIMENSÕES ESTRATÉGICAS DO PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
A perspectiva do SUAS é de possibilitar uma dinâmica diferenciada para a 
política de Assistência Social, requerendo a superação da visão reducionista e 
formalista, da tendência dicotômica que separa planejamento e execução (Brasil, 
2008). Para tanto, cabe elaborar estratégias que possibilitem uma integração 
entre os serviços dentro da própria política da assistência e de outras políticas 
públicas, que permitam realimentar o plano, reformulando as táticas, sempre que 
necessário. 
De acordocom Brasil (2008, p. 29), o Plano de Assistência Social – PAS 
constitui um subsidio estratégico para a implantação de um Sistema: 
É a possibilidade de uma abordagem racional e metódica sobre as 
situações de vulnerabilidade e risco que se expressam nos territórios, 
viabilizando o ordenamento de atos decisórios, seleção de ações, 
escolhas de caminhos estratégicos, em momentos definidos, baseados 
em conhecimentos teóricos e técnicos. 
Diante do exposto, o SUAS propõe que o Plano se constitua como um 
instrumento que permita construir a política de forma planejada, visando melhorar 
de maneira significativa as situações de vulnerabilidade e risco sociais mapeadas 
nos territórios. Uma vez tendo clareza das genuínas necessidades, serve como 
parâmetro para democratizar o processo decisório. 
Propõe um investimento no aparato tecnológico e no sistema de 
comunicação, permitindo constituir bancos de dados dos serviços oferecidos à 
população. Também permite caracterizar as instituições que compõem a rede 
socioassistencial. 
Ao elaborar bancos de informações, facilita a análise de indicadores que 
permite traçar as características da população usuária, identificar regiões 
territoriais que demandam atendimento prioritário, facilitando a identificação de 
áreas que estão descobertas pelos serviços. 
A proposta é que os planos sejam elaborados de forma democrática e 
participativa, utilizando metodologias e técnicas para tanto, o que demanda 
escolhas de planejamentos estratégicos que: 
• Levam o plano a se completar e refazer na ação; 
• Consideram cenários/ contextos/ circunstâncias; 
• Percebem e manejam o contexto social na correlação das forças 
políticas, das relações de poder e conflitos; 
• Articulam áreas e setores; 
• Formulam e negociam estratégias tendo em vista assegurar a direção 
que se pretenda imprimir; 
 
 
6 
• Atribuem um caráter participativo e comunicacional fazendo do plano um 
produto coletivo; 
• Conduzem o processo de decisão no contexto das relações de poder 
que estão em jogo. (Brasil, 2008, p. 31) 
Desta feita, o plano avança a perspectiva de ferramenta técnica e alcança 
a dimensão política, caracterizando-se nas dimensões ética, teórico-política e 
técnico-operacional. 
O método de análise da realidade social permite observar para além das 
características geográficas, populacionais e culturais e perceber as forças 
políticas presentes no território. Deve ser pensado de forma flexível, permitindo a 
mudança de rotas, quando necessário. 
Com a participação dos usuários e da comunidade, supera a visão 
corporativa, estabelecendo laços cooperativos. Nesse sentido, deve ser 
Formulado como resultado da interação entre diferentes atores sociais, 
o Plano deve contar também com a intuição, a criatividade e a inovação. 
No debate público, a informação e o conhecimento são sempre 
instigadores de distintas contribuições que constituem insumos 
relevantes na busca de novas e alternativas formas de ação. (Brasil, 
2008, p. 32) 
Esse contexto exige formação, capacitação, perfil criativo e ousado. É 
preciso construir um enfoque próprio de planejamento e gerenciamento social, 
caracterizado por marcos conceituais específicos e instrumentos técnicos de 
execução, monitoramento e avaliação adequados (Brasil, 2008, p. 32). 
O Plano de Assistência Social deve provocar, instigar, promover reflexões 
críticas para ampliar o olhar para a realidade concreta e pensar alternativas de 
garantia de direitos a população brasileira. 
TEMA 3 – DIAGNÓSTICO SOCIOTERRITORIAL 
Ao desenvolver o tópico sobre o diagnóstico socioterritorial, é necessário 
empreender um olhar ampliado para essa ferramenta de gestão. Trata-se de um 
cenário em que se estabelecem as relações da vida em sociedade. Em relação a 
esse tema, Viudes e Ferreira (2017, p. 2) afirmam o seguinte: “A dimensão 
socioterritorial do diagnóstico tem por objetivo justamente aproximar as pessoas 
e os números (estatísticos), ou seja, dar base para os números, até para ser 
possível comparar um lugar e outro de uma mesma cidade”, uma vez que 
é possível que um lugar seja considerado pior que outro não somente 
porque seus moradores são pobres, mas porque além da pobreza se 
percebe que faltam serviços urbanos (esgoto, água, luz, estrada, 
 
 
7 
transporte), de saúde, de educação, de assistência social. Não basta 
dizer “quem são as pessoas”, se faz necessário também responder 
“onde elas estão”. (Brasil, 2013, p. 70) 
Ampliando os horizontes, Santos (2002, p. 14, citado por Viudes e Ferreira, 
2017, p. 3) promove uma reflexão nos convidando a pensar o diagnóstico 
socioterrial como o “chão nas suas particularidades e complexidades”: 
Santos (2002) faz referência ao uso da palavra chão, dizendo que o 
território usado é o chão mais a identidade, O território tem que ser 
entendido como o território usado, não o território em si. O território 
usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de 
pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do 
trabalho; o lugar da residência, das trocas materiais e espirituais e do 
exercício da vida. 
Sob essa perspectiva, é importante olhar para o território para além do 
“espaço administrativo, circunscrito a um limite artificialmente definido em um 
mapa chamado de político-administrativo” (Viuves; Ferreira, 2017, p. 3). Vale 
salientar que é um elemento importante para o desenvolvimento da análise, mas 
precisa ser ampliado de maneira a observar que neste espaço ocorrem as 
relações sociais. Assim sendo, 
por informações na forma de números e estatísticas, como também por 
informações que se traduzem em histórias de vida dos lugares, de suas 
famílias e instituições, atores sociais os mais diversos. Para isso, se faz 
necessário definir também quem participa desse processo de construção 
do conhecimento, em que são igualmente valorizados os dados 
estatísticos, bem como os dados considerados mais qualitativos. Trata-
se de duas formas de ler a realidade que são complementares. (Brasil, 
2013, p. 71) 
Dessa forma, o exercício de observação e análise deve se debruçar no 
sentido de conhecer a realidade do local (se urbano ou rural), as características 
da população, cultura, mapeamento das instituições e serviços públicos 
oferecidos. Tudo isso demanda reconhecer as genuínas necessidades da 
população. Para tanto, é necessário cruzar dados como de saúde, educação, 
habitação, trabalho e renda. E mais: mapear indicadores de pobreza, 
vulnerabilidade e risco social. 
Utilizar metodologias de pesquisa qualitativa e participativa enriquece esse 
olhar, o que significa conversar com as famílias, com a comunidade, com os 
líderes locais – é necessário envolver todos os atores desse cenário. 
Reportando às normativas, o art. 21 da NOB/SUAS 2012 determina que a 
realização do diagnóstico socioterritorial deve ser desenvolvido da seguinte 
maneira: 
 
 
8 
a. processo contínuo de investigação das situações de risco e 
vulnerabilidade social presentes nos territórios, acompanhado da 
interpretação e análise da realidade socioterritorial e das demandas 
sociais que estão em constante mutação, estabelecendo relações e 
avaliações de resultados e de impacto das ações planejadas; 
b. identificação da rede socioassistencial disponível no território, bem 
como de outras políticas públicas, com a finalidade de planejar a 
articulação das ações em resposta às demandas identificadas e a 
implantação de serviços e equipamentos necessários; 
c. reconhecimento da oferta e da demanda por serviços 
socioassistenciais e definição de territórios prioritários para a atuação da 
política de assistência social. 
d. utilização de dados territorializados disponíveis nos sistemas oficiais 
de informações. (Brasil, 2012, p. 25-26) 
Outro elemento que precisa ser considerado na realização do diagnóstico 
socioterritorial é o grau de alcance das seguranças afiançadas à população que 
está em situação de desproteçãosocial. Sejam elas: acolhida, renda, convívio ou 
vivência familiar, comunitária e social, desenvolvimento de autonomia, apoio e 
auxílio. 
Elaborar um diagnóstico socioterritorial requer a realização de duas etapas, 
conforme estabelecido na NOB/SUAS 2012: 
• Interpretação e análise da realidade socioterritorial: investigação das 
situações de risco e vulnerabilidade social presentes nos territórios e das 
demandas sociais. Permite o reconhecimento da demanda 
• Identificação da rede socioassistencial disponível no território e de outras 
políticas públicas. Permite o reconhecimento dos serviços 
socioassistenciais. (Brasil, 2012, p. 25) 
Assim sendo, o diagnóstico socioterritorial é uma ferramenta de gestão que 
tem o propósito de elencar subsídios, contribuindo para que os trabalhadores do 
SUAS responsáveis pela gestão tomem decisões assertivas, melhorando os 
serviços já ofertados e criando novos e viabilizando a elaboração de um plano que 
fomente a garantia dos direitos da população brasileira. 
TEMA 4 – PRINCIPAIS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM UM PLANO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL 
Conforme já vimos nos tópicos anteriores, a Resolução do Conselho 
Nacional de Assistência Social (CNAS) n. 33/2012, em seu art. 18 determina que 
o Plano de Assistência Social, de que trata o art. 30 da LOAS, é um instrumento 
de planejamento estratégico que organiza, regula e norteia a execução da Política 
Nacional de Assistência Social na perspectiva do SUAS (Brasil, 2012). A 
elaboração desse documento é de responsabilidade do órgão gestor da referida 
 
 
9 
política que, ao finalizar a redação, deve submeter ao Conselho de Assistência 
Social para aprovação. 
Segundo o art. 18, parágrafo 2º da NOB/SUAS 2012, a elaboração do Plano 
de Assistência Social deve conter, além da identificação do plano e da introdução, 
as seguintes etapas: 
a. Diagnóstico socioterritorial; 
b. Objetivos; 
c. Diretrizes e prioridades deliberadas; 
d. Ações estratégicas; 
e. Metas; 
f. Resultados e impactos esperados; 
g. Recursos materiais, humanos e financeiros; 
h. Mecanismos e fontes de financiamento; 
i. Cobertura da rede prestadora de serviços;2 
j. Indicadores de monitoramento e avaliação; 
k. Espaço temporal de execução. (Brasil, 2012) 
A NOB/SUAS (Brasil, 2012) determina também que os planos devem ser 
elaborados em um recorte de tempo de 4 anos, respeitando os períodos de 
elaboração do Plano Plurianual – PPA. 
Para o melhor entendimento da leitura desse texto, conceituaremos o PPA, 
que é um instrumento do planejamento orçamentário definido pela Constituição 
Federal de 1988. Esse plano, em parceria com a Lei de Diretrizes Orçamentares 
(LDO) e a Lei de Orçamentária Anual (LOA) permitem que o gestor possa planejar 
o sistema de orçamento das políticas públicas. Sendo assim, o PPA estabelece 
“as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração Pública para as despesas 
de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de 
duração continuada” (Brasil, 1988), conforme exposto no art. 165 da Constituição. 
Ele é elaborado no primeiro ano de governo, portanto, a cada quatro anos. 
A elaboração do Plano de Assistência Social pede a utilização do 
Planejamento Estratégico Situacional (PES), pois assim como previsto na 
NOB/SUAS, esse processo deve ser desenvolvido de maneira participativa e 
democrática. Nesse sentido, cabe destacar alguns elementos fundamentais para 
a qualificação deste processo: 
• a gestão e o conselho municipal marcam esta tarefa na agenda técnico-
política da assistência social municipal; 
• a gestão convida todos os atores sociais relacionados ao tema e com 
responsabilidades públicas; 
• realização de um planejamento coletivo sobre como será o 
desenvolvimento das atividades necessárias, estabelecendo um 
cronograma para o trabalho; 
• definição dos responsáveis pela coordenação das atividades, 
importante para dar direção na condução da tarefa; 
 
 
10 
• este coletivo tem uma tarefa a realizar, e ao final dos trabalhos 
precisam ter um produto, que é o PAS; 
• dependendo do porte do município, haverá necessidade de maior 
volume de trabalho e este pode ser distribuído em grupos de trabalho 
(GTs), para otimização da tarefa. 
• considerar a seguinte dinâmica no desenvolvimento dos trabalhos: 
que haja momentos de concentração e momentos de dispersão dos 
participantes na elaboração. Momentos para alinhamento de 
concepções, informações e formas de elaboração, e momentos 
dedicados para a operação de coleta de dados para o diagnóstico. Esta 
dinâmica facilita o acompanhamento e a avaliação do processo de 
elaboração, apontando novos caminhos se for necessário. 
• os momentos de tomada de decisão vão requerer da gestão e dos 
participantes do processo de elaboração posicionamentos calcados nos 
seus compromissos com a cidadania e a política pública. (Brasil, 2015, 
p. 72) 
Conhecer a realidade é um dos principais momentos para a elaboração de 
um plano, pois esse exercício permite identificar as necessidades e anseios da 
população. Demanda escolher um método de investigação que permita levantar o 
conjunto de informações que embasarão a elaboração das ações que serão 
executadas. Ao finalizar a construção do documento, segue para outra etapa 
muito importante que trataremos no próximo tópico: o monitoramento e a 
avaliação do Plano de Assistência Social. 
TEMA 5 – MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PLANO DE ASSISTÊNCIA 
SOCIAL 
Este tópico irá discorrer sobre as categorias do monitoramento e avaliação 
da Política Nacional de Assistência Social. Como já comentado anteriormente, é 
uma política de desenvolve ações intersetorialmente para atender às 
necessidades da população. A Política de Monitoramento e Avaliação do 
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, definida pela Portaria 
n. 329, de 11 de outubro de 2006, assevera no art. 2º que 
são consideradas ações de monitoramento aquelas que se destinam ao 
acompanhamento da implementação e execução dos programas e 
ações, visando à obtenção de informações para subsidiar 
gerenciamento e a tomada de decisões cotidianas, bem como a 
identificação precoce de eventuais problemas. (Brasil, 2006) 
A NOB/SUAS 2012, por sua vez, define o monitoramento como: “o 
acompanhamento contínuo e sistemático do desenvolvimento dos serviços, 
programas, projetos e benefícios socioassistenciais em relação ao cumprimento 
de seus objetivos e metas” (Brasil, 2012). Dessa forma, contribui para os 
processos de gestão e controle social. 
 
 
11 
O monitoramento permite ampliar o olhar dos gestores, permitindo tomar 
decisões sobre a implantação e implementações de ações, como: 
• Contribuir para a eficiência das políticas e dos programas: O 
monitoramento pode retroalimentar a gestão e subsidiar a melhoria da 
implementação, otimizando a utilização dos recursos e a redução dos 
custos; 
• Guiar, revisar e ajustar o desenvolvimento do programa: O 
monitoramento é um instrumento de gestão e aprendizagem 
indispensável para subsidiar a reflexão e os ajustes da estratégia da 
política e do programa. 
• Possibilitar a transparência na informação e fortalecer a comunicação: 
O monitoramento pode ter a função de manter diferentes atores 
(integrantes, parceiros e o público em geral interessado) informados 
sobre o andamento das ações e as situações relativas ao programa. 
Pode esclarecer sobre os sucessos, mas também sobre os problemas 
muitas vezes enfrentados na implementação. (Piecha; Valerelli, 2008, 
citado por Brasil, 2015, p. 88) 
Além de monitorar, é necessário avaliar também os processos. Há uma 
diferença entre monitorar e avaliar. 
A avaliação e o monitoramento da política de assistência social estão 
inerentes à gestão e ao controle social e consistem no acompanhamento contínuo 
e sistemático do desenvolvimento dos serviços, programas, projetos e benefícios 
socioassistenciais, em relação ao cumprimento de seus objetivos e metas (Brasil, 
2012, citadopor Bueno; Carloto, 2015, p. 17-18). 
O monitoramento é desenvolvido processualmente por intermédio do 
acompanhamento de indicadores e informações produzidas in loco, dados de 
sistemas de informação. A avaliação, por sua vez, poderá ser realizada por meio 
de “contratação de serviços de órgãos e instituições de pesquisa, visando à 
produção de conhecimentos sobre a política e o sistema de assistência social” 
(Brasil, 2012, citado por Bueno; Carloto, 2015, p.18). 
No âmbito do SUAS, o monitoramento é uma atividade da Vigilância 
Socioassistencial, setor responsável por levantar um conjunto de informações de 
forma sistemática referente aos serviços ofertados, tipo e volume das ofertas. 
Esse setor organiza as informações de dados secundários, aqueles oriundos de 
sistemas de informação, base de dados oficiais, relatórios administrativos, assim 
como dados primários, por meio de visitas in loco (Brasil, 2015). 
A avaliação tem que ser realizada com base em critérios estabelecidos. A 
melhor forma é aderir a métodos e instrumentos técnicos para aferir os resultados. 
Esses procedimentos realimentam o plano, contribuem para a decisão de novas 
rotas, caso seja necessário, e otimiza a aplicação dos recursos. 
 
 
12 
A avaliação deve ser compreendida de forma ampliada e como processo, 
o qual deve acompanhar todo o ciclo da política pública de forma sistemática. 
Conforme Mario, Laisner e Granja (2016, p. 43), 
A avaliação da política pública pode ser definida, em termos gerais, 
como o processo em que se questiona como uma política está 
funcionando na prática, refletindo sobre os meios empregados e sobre 
os objetivos e os resultados alcançados. Ela permite pensar a eficácia 
de uma política pública, questionando a validade, e o sucesso ou falha 
dos projetos colocados em prática. 
Ao avaliar uma política, é necessário um olhar para as relações existentes 
no âmbito da sociedade – uma percepção conjuntural. Mapear como os usuários 
acessam a política, de que maneira os atores participam dela, os impactos 
gerados para a sociedade. De forma a operacionalizar esse processo, é 
importante delimitar os indicadores que orientam as avaliações e análises. 
Mario, Laisner e Granja pontuam as reflexões de Bernadete Gatti (2004), 
que enfatiza que 
é preciso que o olhar avaliativo se vincule a três aspectos básicos: 
primeiro ao cenário histórico-social; segundo, e relacionado ao anterior, 
ao papel social da própria avaliação, e, ligado a ambos, a uma 
perspectiva de conhecimento como instrumento para o desenvolvimento 
Avaliação de Políticas Sociais e Participação Popular: uma abordagem 
política de políticas que visem a melhoria da qualidade de vida dos 
beneficiários. Sem base nestes fundamentos, de acordo com a mesma 
autora, pouco se avança na “real efetividade desses programas”, sem 
possibilidades substantivas de influenciar nos fatores institucionais e 
processuais geradores de ineficiências crônicas no desempenho das 
políticas e programas sociais. Assim, pode-se concluir que a avaliação 
de políticas públicas não tem a menor possibilidade de ser apenas 
técnica, instrumental ou neutra. (Mario; Laisner; Granja, 2016, p. 54-55) 
O entendimento de Mario, Laisner e Granja (2016) é muito interessante: 
eles compreendem a política pública como uma rede intrincada de relações 
sociais. Nessa rede, diferentes sujeitos recebem determinada intervenção, porém 
nem sempre possuem os mesmos interesses; o que pode gerar inúmeros 
processos contraditórios. O desafio posto está na possibilidade de aplicar 
sistemas de informação e metodologias avaliativas que articulem as diversas 
dimensões de análise e de compreender que a concepção funcionalista da 
avaliação não consegue ampliar os horizontes das análises das relações que 
estão imbricadas no âmbito das políticas públicas. Nesse sentido, é importante 
salientar que os processos de monitoramento alimentam a avaliação e vice-versa. 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
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