@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); 5.DESENVOLVIMENTO FÍSICO, MOTOR, PERCEPTIVO, COGNITIVO, SOCIAL E DA PERSONALIDADE DA CRIANÇA 0 A 2.5.1 INTRODUÇÃONo organismo humano, os dois primeiros anos de vida representam um período de crescimento rápido e de mudança, assinalados pelo desenvolvimento de duas características-chave que diferenciam os seres humanos de muitos outros animais. Em primeiro lugar, durante esta época as crianças aumentam sua mobilidade. Nessas condições, aumenta a amplitude do ambiente em que vivem, exploram e desenvolvem. Esse aumento de mobilidade é iluminado pelo caminhar, acriança começa a usar a linguagem, tanto como uma ferramenta de comunicação com as pessoas que as cercam como ferramenta para facilitar o pensar (PAPALIA &OLDS, 2006).A seguir veremos o desenvolvimento físico e motor da criança entre um mês e dois anos de idade, as mudanças perceptuais e cognitivas que nela ocorrem, a aquisição dos rudimentos da linguagem e, a emergência de comportamento social e da personalidade.5.1.1 Desenvolvimento físicoSegundo BEE (1997), as mudanças físicas ocorridas nos primeiros meses de vida do bebê seguem dois padrões bem amplos: o desenvolvimento dá-se a partir da cabeça, chamado cefalocaudal, e do tronco para fora, próximo-distal. Vemos a ação desses dois princípios em comportamentos perceptíveis, tais como a capacidade que tem o bebê para manter ereta sua cabeça antes que consiga sentar-se, e sua capacidade de sentar-se antes que consiga engatinhar. Já no sistema nervoso, as principais estruturas do cérebro e as mais desenvolvidas no nascimento, são o mesencéfalo e a medula, que regulam tarefas básicas como atenção e a habituação, o dormir, o andar, a eliminação e o movimento da cabeça e do pescoço (BEE, 1997).A parte menos desenvolvida do cérebro é o córtex, a matéria cinzenta espiralada, em torno do mesencéfalo, envolvida na percepção, movimentos do corpo e toda a linguagem e os pensamentos complexos. O córtex possui todos os seus neurônios e algum desenvolvimento dendritos no nascimento. O que ocorre entre o nascimento e os dois anos de vida é a criação de uma grande quantidade de sinapses que representa um grande crescimento da árvore dendrítica, além de axônios e suas fibras terminais. Devido a essa rápida multiplicação de fibras, o peso total do cérebro triplica neste período(BEE, 1997).No desenvolvimento de neurônios e sinapses, os dendritos não são contínuos e regulares. Neurofisiolo gistas descobriram a existência de uma primeira erupção na formação de sinapses, seguida de uma \u201celiminação\u201d de sinapses por volta dos dois anos. As conexões redundantes são eliminadas e o \u201cdiagrama elétrico\u201d é arrumado (BEE, 1997).No início do desenvolvimento, por exemplo, observa-se que cada célula musculoesquelética parece desenvolver conexões sinápticas com vários neurônios motores na medula espinhal. Mas, após o processo de eliminação, cada fibra muscular é conectada a somente um neurônio. Normalmente, o organismo é programado para criar certas espécies de conexões neuronais e o faz em abundância, criando caminhos redundantes. Conforme esse argumento, a eliminação que ocorre por volta dos dois anos constitui uma reação à experiência específica, de modo que os caminhos mais utilizados ou os mais eficientes são, seletivamente, mantidos. De acordo com Bertentahal & Campos(1987), \u201cA experiência não cria marcas em uma tábula rasa; a experiência apaga algumas delas\u201d. Na adolescência também ocorre outra eliminação de sinapses, sugerindo haver uma posterior reorganização de caminhos naquele momento.Os nervos que estão a serviço das células musculares nos braços e mãos são mielinizados mais cedo do que os que atendem o tronco inferior e as pernas. A mielinização está amplamente concluída por volta dos dois anos, embora alguma coisa ainda se processe no cérebro, durante a adolescência (BEE, 1997).Já as mudanças no sistema nervoso são acompanhadas por mudanças em outras estruturas do corpo, o que inclui ossos e músculos, embora aqui as mudanças ocorram de maneira bastante gradual, da infância por meio da adolescência, ao invés de se dar sob a forma de um arranque súbito notável que observamos no sistema nervoso (BEE, 1997).A mão, o pulso, o tornozelo e o pé, todos possuem menos ossos, no nascimento, do que na maturidade plena. Por exemplo, no pulso de um adulto há nove ossos separados. No caso de uma criança com um ano de vida, há apenas três. Os seis restantes desenvolvem-se durante a infância, sendo que o crescimento completo se dá na adolescência (BEE, 1997).Em uma parte do corpo, no entanto, os ossos mais se fundem do que se diferenciam. O crânio de um recém-nascido é formado por vários ossos, separados por espaços, chamados fontanelas. As fontanelas permitem que a cabeça se comprima sem qualquer dano, durante o processo de nascimento, também permitindo ao cérebro espaço para crescer. Na maioria das crianças, as fontanelas são preenchidas por ossos por volta dos 12 aos 18 meses, criando um único osso craniano conectado (BEE, 1997).Todos os ossos de um bebê são também mais macios, com mais elevado conteúdo de água, do que os ossos dos adultos. O processo de enrijecimento dos ossos, a ossificação, ocorre regularmente, do nascimento à puberdade, tendo-se os ossos de diferentes partes do corpo enrijecendo-se em uma sequência que segue os típicos padrões próximo-distais e cefalocaudal. Como exemplo, os ossos das mãos e pulso enrijecem antes dos pés (BEE, 1997).Os ossos macios são necessários, pois o feto precisa possuir flexibilidade suficiente para caber no espaço uterino. Mas essa mesma flexibilidade contribui para um relativo desamparo do recém-nascido. Bebês recém-nascidos são notavelmente moles; nem mesmo conseguem manter ereta a cabeça, sentar-se sem auxílio ou andar. À medida que os ossos enrijecem, o bebê consegue manipular com mais segurança seu corpo, o que aumenta o alcance da exploração com a qual ele se diverte, tornando-o muito mais independentes (BEE, 1997).Já com os músculos, o recém-nascido possui, virtualmente, todas as fibras musculares que terá mais tarde exatamente, como seus ossos, essas fibras musculares são, inicialmente, pequenas e aquosas, tornando-se mais longas, espessas e menos aquosas, a um ritmo bastante constante, até a adolescência. O bebê, então, adquire força muscular no pescoço bastante cedo, embora não possua força muscular suficiente nas pernas de modo a ter apoio para andar, o que somente se dá meses após (BEE, 1997).Todas essas mudanças internas obviamente afetam o tamanho e a forma do bebê. Os bebês crescem rapidamente, nos primeiros meses, acrescentando de 25cm a 29 cm em seu comprimento e triplicando o peso de seu corpo, no primeiro ano de vida. Por volta dos dois anos, após aumentar esses centímetros em sua altura, os bebês estão com a metade da altura que terão na vida adulta. É surpreendente que os bebês possuam a cabeça, proporcionalmente, muito maior, o que é uma necessidade óbvia para que ele mantenha aquele cérebro que já possui quase que seu tamanho total (BEE, 1997).
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