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Dietoterapia nas Doenças Renais Prof. Elen Faculdade Atenas Curso de Nutrição Nutrição Clínica II 1 rim = 1.000.000 de néfrons (estruturas funcionais) RINS • Funções: - Regulação de líquidos; - Regulação de íons (Na+, K+, HCO3); - Regulação do pH; - Excreção de escórias metabólicas; - Produção de renina; - Produção de eritropoietina; - Manutenção da homeostase de cálcio-fósforo. ESTUDO DE CASO “Marina é nutricionista do Centro de Especialidades Renais e faz parte de uma equipe multidisciplinar a qual acompanha três pacientes. - Paciente 1: H.K.L., sexo masculino, 47 anos, com diagnóstico de insuficiência renal crônica. O paciente estava sendo acompanhado no tratamento conservador por 2 anos, evoluindo recentemente para hemodiálise. O paciente apresenta taxa de filtração glomerular menor que 10 mg/dL e faz hemodiálise três vezes por semana. ESTUDO DE CASO - Paciente 2: J.F.O., sexo feminino, 28 anos, apresenta cálculo renal. Ao fazer anammese, foi constatado uma dieta com excesso de cálcio e oxalato, além da utilização de drogas a base de sulfa. - Paciente 3: F.U.P., sexo masculino, 2 anos, apresenta diagnóstico de insuficiência renal aguda devido a uma insuficiência bacteriana no trato urinário”. ESTUDO DE CASO • O que é insuficiência renal crônica? • Quais são os tipos de tratamentos na insuficiência renal crônica e qual a diferença entre eles? Quais deles o paciente 1 foi submetido? • Qual o tratamento nutricional para cada um dos tratamentos? Quais orientações você daria ao paciente? • O que é insuficiência renal aguda e quais são as suas causas? Qual a causa do paciente 3? • Como se dá o tratamento nutricional na insuficiência renal aguda? • Quais os principais tipos de cálculos renais e quais são suas principais causas? Qual é a causa do paciente 2? • Quais o tratamento nutricional para os diferentes tipos de cálculos renais? Qual o tratamento nutricional para o paciente? ESTUDO DE CASO • O que é síndrome nefrítica e síndrome nefrótica? • Quais são as recomendações nutricionais para pacientes com essas síndromes? ESTUDO DE CASO • O que é insuficiência renal crônica? INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA Síndrome clínica decorrente da perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Redução da filtração glomerular Acúmulo de substâncias tóxicas UREMIA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR • Clearance ou depuração de proteína: ClC (mL/min) = [140 – idade (anos)] x peso (kg) Creatinina plasmática (mg/dL) x 72 TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR CIC x 1 (homens) CIC x 0,85 (mulheres) TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR • Clearance ou depuração de proteína: ClC (mL/min) = [creatinina urinária (mg/dL) x volume urinário (mL)] / tempo de coleta (min) Creatinina plasmática (mg/dL) ESTÁGIOS DA DRC Estágio Classificação TFG 1 Lesão renal com TFG normal ou aumentada > 90 2 Lesão renal com diminuição leve da TFG 60-89 3 Lesão renal com diminuição moderada da TFG 30-59 4 Lesão renal com diminuição grave da TFG 15-29 5 Insuficiência renal terminal ou fase dialítica < 15 ESTUDO DE CASO • Quais são os tipos de tratamentos na insuficiência renal crônica e qual a diferença entre eles? Quais deles o paciente 1 foi submetido? TRATAMENTO • Tratamento conservador • Tratamento dialítico (hemodiálise ou diálise peritoneal) ESTÁGIOS DA DRC Estágio Classificação TFG 1 Lesão renal com TFG normal ou aumentada > 90 2 Lesão renal com diminuição leve da TFG 60-89 3 Lesão renal com diminuição moderada da TFG 30-59 4 Lesão renal com diminuição grave da TFG 15-29 5 Insuficiência renal terminal ou fase dialítica < 15 TR AT A M EN TO C O N SE R V A D O R DOENÇA RENAL CRÔNICA • TFG < 10 tratamento dialítico ou transplante renal DIÁLISE PERITONEAL Solução de diálise DIÁLISE PERITONEAL • Solução de diálise: sódio, potássio, magnésio, cloreto, dextrose e lactato; • Lactato: transformado em bicarbonato para corrigir a acidose metabólica; DIÁLISE PERITONEAL • Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua: - 4 a 6 trocas por dia; - Á noite, não há troca; • Diálise Peritoneal Automatizada: - Geralmente, à noite; - Máquina cicladora, que regula o tempo e o volume. HEMODIÁLISE • Centro de diálise; • 3 vezes por semana em dias intercalados; • Cada sessão: 3,5 a 4h; • Processo de transferência de massa entre o sangue e o líquido de diálise modulado por uma membrana semipermeável artificial. ATENDIMENTO NUTRICIONAL NO DRC 1. OBJETIVO: • Necessidades nutricionais; • Prevenir desnutrição • Atuar nas comorbidades. PROTEÍNA PROTEÍNA PROTEINÚRIA DANOS HISTOLÓGICOS RENAIS E MORTE PROTEÍNA HIPOPROTÉICA RITMO DE PROGRESSÃO SINTOMATOLOGIA URÊMICA ESTUDO DE CASO • Qual o tratamento nutricional para cada um dos tratamentos? Quais orientações você daria ao paciente? TRATAMENTO CONSERVADOR PROTEÍNA TFG (mL/min) Proteína (g/kg/dia) > 60 Sem restrição (0,8 – 1,0) 25 - 60 0,6 (50 a 60% de alto valor biológico) < 25 0,6 (50 a 60% de alto valor biológico) ou 0,3 + suplementação com mistura de aminoácidos essenciais e cetoácidos Proteinúria e/ou diabetes mal controlado 0,8 (50 a 60% de alto valor biológico) * Peso ideal ou desejável CETOÁCIDOS • Análogos de aminoácidos essenciais sem nitrogênio. Ácido alfacetoisotópico (KICA) Leucina NH2 Ácido alfacetobetametilvalérico NH2 Isoleucina ENERGIA Energia (kcal/kg peso/dia) Manutenção do peso < 60 anos 35 > 60 anos 30 Obeso 30 Desnutrido > 35 * Peso ideal ou desejável NUTRIENTES Recomendação Carboidrato 55 – 65% Lipídios 30 – 35% Saturado < 10% Monoinsaturados 10 – 15% Poliinsaturados 10% FASE DIALÍTICA PROTEÍNA Proteína (g/kg/dia) 50% de proteína de alto valor biológico Hemodiálise Diálise peritoneal Manutenção 1,2 1,3 Desnutrição 1,2 – 1,4 1,3 – 1,5 * Peso ideal ou desejável ENERGIA Hemodiálise Diálise peritoneal Energia (kcal/kg peso) Manutenção do peso 30 – 35 25 – 35 Repleção 35 – 50 35 – 50 Redução 20 – 30 20 – 25 Carboidrato (%) 50 – 60 35 Lipídio (%) 30 – 35 30 – 35 * Peso ideal ou desejável HIPERCALEMIA K: entre 40 e 70 mEq/dia Cocção em água (perda de 60%) Frutas e hortaliças com menor concentração de K POTÁSSIO Alimentos com K < 5 mEq/porção FRUTAS 1 laranja lima média 1 pêra média 1 banana maçã média 1 pêssego médio 1 caqui médio 1 ameixa média fresca 2 pires de chá de jabuticaba ½ copo de suco de limão concentrado 1 fatia média de abacaxi ½ manga média 10 morangos Alimentos com K < 5 mEq/porção HORTALIÇAS 5 folhas de alface 1 pimentão médio 2 pires (chá) de agrião 1 tomate pequeno ½ pepino pequeno ½ cenoura média 1 pires (chá) de repolho 1 pires (chá) de escarola crua 3 rabanetes médios SÓDIO • Tratamento conservador: restrição de sódio para controle da HAS - 1000 a 3000 mg (5 g de NaCl) - Sal light – contra-indicado • Hemodiálise: restrição para evitar retenção hídrica e edema; • Diálise peritoneal: monitorar PA. FÓSFORO • Tratamento conservador: - Restrição protéica = restrição de fósforo • Hemodiálise e diálise peritoneal:- Importante restrição de fósforo; - 8 – 17 mg/kg/dia - Refrigerantes (cola), cervejas, oleaginosas, vísceras e peixes (sardinha), hamburgueres. FÓSFORO • Quelantes de fósforo: - A base de cálcio: carbonato de cálcio e acetato de cálcio - Sem cálcio: cloridrato de sevelamer - Junto com refeições com grandes teores CÁLCIO • Tratamento conservador: - Restrição protéica = restrição de cálcio - 1400 – 1600 mg/dia - Suplementação VITAMINAS • Insuficiente quando há restrição dietética de proteína, potássio e fósforo; • Diálise: perda de vitaminas (hidrossolúveis) Tratamento conservador Hemodiálise Diálise peritoneal Vitaminas A e K Não suplementar Não suplementar Desconhecido Vitamina E (UI) 400 - 800 400 - 800 400 - 800 Vitamina B6 (mg) 5 10 10 Vitamina B12 (mcg) 2,4 2,4 2,4 Vitamina C (mg) 75 – 90 75 – 90 75 – 90 Ácido fólico (mg) 1 1 1 Niacina (mg) 14 – 16 14 – 16 14 – 16 Biotina (mcg) 30 30 30 Ácido pantotênico (mg) 5 5 5 LÍQUIDOS • Tratamento conservador: - Capacidade de manter balanço hídrico. • Hemodiálise: - 500 mL + diurese 24 h - Difícil adesão 800 mL - Pesar paciente após sessão (peso normal: 3 – 5%) • Diálise peritoneal: - Ultrafiltração não suficiente ESTUDO DE CASO • O que é insuficiência renal aguda e quais são as suas causas? Qual a causa do paciente 3? INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA CONCEITO Redução súbita na taxa de filtração glomerular (TFG) e alteração na capacidade do rim excretar a produção diária de excreção metabólica. Associado ou não com oligúria CAUSAS Pré-renal PA Volume urinário CAUSAS Pós-renal Obstrução dos ureteres Obstrução na bexiga Obstrução na uretra CAUSAS Renal Lesão no parênquima renal CAUSAS Recuperação rápida após interrupção da droga • Exposição à droga tóxica ESTUDO DE CASO • Como se dá o tratamento nutricional na insuficiência renal aguda? TERAPIA NUTRICIONAL OBJETIVO: MELHORAR O ESTADO NUTRICIONAL, PRESERVAR A MASSA MUSCULAR E REDUZIR A ALTA TAXA DE MORTALIDADE OBSERVADA NESSES PACIENTES. PROTEÍNA CAUSA TRATAMENTO DIALÍTICO ESTADO DE HIPERCATABOLISMO DE PROTEÍNAS DETERMINAÇÃO DO GRAU DE CATABOLISMO PROTÉICO TAU (g/dia) = nitrogênio uréico urinário (g/dia) + nitrogênio uréico do dialisato (g/dia) + variação do nitrogênio uréico corpóreo (g/dia) Variação do nitrogênio uréico (g/dia) = UNSf – UNSi x PCi (kg) x 0,6 + (PCf – PCi) x UNSi (g/L) x (1 L/kg) • TAU < 5g (grau de catabolismo leve) • TAU: 5 – 10g (grau de catabolismo moderado) • TAU > 10g (grau de catabolismo grave) DETERMINAÇÃO DO GRAU DE CATABOLISMO PROTÉICO PROTEÍNA GRAU DE CATABOLISMO LEVE MODERADO GRAVE TAU < 5 g 5 – 10 g > 10 g Recomendação de proteína (g/kg/dia) 0,6 -1 0,8 – 1,2 1 – 1,5 ENERGIA GRAU DE CATABOLISMO LEVE MODERADO GRAVE TAU < 5 g 5 – 10 g > 10 g Recomendação de energia (kcal/kg/dia) 25 25-30 25-35 NUTRIENTES • Normolipídica • Normoglicídica • Oferta normal de fibras LÍQUIDOS • Volume urinário normal: sem restrições • Oligúricos: 500 mL + volume urinário do dia anterior ATENÇÃO ÀS PERDAS DO DIA ANTERIOR COM VÔMITOS E DIARRÉIA MICRONUTRIENTES • Individualizado, de acordo com níveis séricos e/ou excreção urinária Ex.: Para pacientes oligúricos, restrição de sódio. LITÍASE RENAL OU NEFROLITÍASE OU CÁLCULO RENAL CONCEITO Fenômeno multifatorial que resulta da supersaturação urinária, nucleação de cristais, agregação, retenção e crescimento de cristais. ESTUDO DE CASO • Quais os principais tipos de cálculos renais e quais são suas principais causas? Qual é a causa do paciente 2? CÁLCULOS • Oxalato de cálcio; • Estruvita (infecção – urease); • Ácido úrico (pH < 5,5; doença intestinal inflamatória e perda gastrointestinal de bicarbonato por diarreia) • Cistina (cistinúricos); • Medicações a base de sulfato. QUADRO CLÍNICO DOR FEBRE + infecção ESTUDO DE CASO • Qual é o tratamento nutricional para os diferentes tipos de cálculos renais? Qual o tratamento nutricional para o paciente? TRATAMENTO NUTRICIONAL ALTA INGESTÃO DE LÍQUIDOS + REDUÇÃO DA CARGA DE SOLUTO LÍQUIDOS • 2,1 a 2,5 litros / 30 ml/kg/dia • 250 mL de líquido a cada refeição, entre as refeições, ao acordar e na hora de dormir; • ½ : água • Compensar: perda de líquido gastrointestinal, transpiração excessiva por exercício ou ambiente seco. CÁLCIO Antigamente: restrição de cálcio cálcio disponível para ligar com oxalato no TGI excreção de oxalato CÁLCIO Recomendação DRIS (1200 mg para mulheres e 1000mg para homens) + Restrição de proteína animal + Restrição de sódio OXALATO • Dieta + metabolismo endógeno + vitamina C Espinafre cozido 750 Quiabo cozido 146 Beterraba cozida 675 Chocolate amargo 139 Cacau em pó 623 Chocolate ao leite 117 Ruibarbo enlatado 600 Manjericão fresco 116 Germe de trigo 299 Salsinha crus 100 Noz peçã 202 Alho-poró cozido 89 Amendoim torrado 187 Cenoura cozida 62 OXALATO TIROSINA FENILALANINA GLICOLATO GLIOXILATO GLICINA SERINA TRIPTOFANO PIRIDOXINA OXALATO ÁCIDO ASCÓRBICO OXALATO • Não há comprovação científica que a redução leva à menor formação de cálculo; • Recomenda-se evitar os alimentos extremamente ricos em oxalato. VITAMINA C • Formação de oxalato; • Estudo: mulheres saudáveis – nenhuma associação da vitamina C com cálculo renal; • Suplementação de vitamina C (1 ou 2g) aumentou a excreção de oxalato. SÓDIO SÓDIO HIPECALCIÚRIA REABSORVIDOS EM LOCAIS COMUNS NO TÚBULO RENAL RECOMENDAÇÃO: < 2300 MG/DIA PROTEÍNA PROTEÍNA HIPERURICOSÚRIA HIPEROXALÚRIA HIPERCALCIÚRIA RECOMENDAÇÃO: 0,8 – 1,2 g/KG/DIA PURINAS PURINAS ÁCIDO ÚRICO Evitar: vitela, bacon, cabrito, carneiro, fígado, língua, rim, miolo, anchova, sardinha, arenque, bacalhau, truta, ovas de peixe, marisco, galeto, peru, porco, coelho, pato e ganso. POTÁSSIO POTÁSSIO MAIOR RISCO DE CÁLCULO RENAL CALCIÚRIA Alimentos ricos em potássio (frutas e vegetais): efeito protetor ESTUDO DE CASO • O que é síndrome nefrítica e síndrome nefrótica? • Quais são as recomendações nutricionais para pacientes com essas síndromes? SÍNDROME NEFRÍTICA OU GLOMERULONEFRITE CONCEITO Inflamação nos capilares dos glomérulos Taxa filtração glomerular SÍNDROME NEFRÍTICA • Causa: infecção streptocócica • Hematúria, hipertensão e perda suave da função renal; • Recuperação completa ou síndrome nefrótica TERAPIA NUTRICIONAL • Estado nutricional • Uremia e hipercalemia significante: restrição protéica • Hipertensão arterial: restrição de sódio SÍNDROME NEFRÓTICA CONCEITO Síndrome caracterizada por proteinúria (>50mg/kg/dia) + hipoalbuminemia + retenção de sódio (edema) + hiperlipidemia CAUSAS • Glomerulonefrite; • Doenças infecciosas (toxoplasmose, AIDS); • Doenças crônicas (Diabetes). TERAPIA NUTRICIONAL • Objetivos: - Controlar sintomas (edema, hipoalbuminemia e hiperlipidemia); - Diminuir risco de progressão; - Evitar desnutrição. PROTEÍNA • Antigamente:1,5 g/kg/dia ( proteinúria); • Atualmente: 0,8 g/kg/dia (3/4 de alto valor biológico); LIPÍDEOS • < 30 % ENERGIA • 35 kcal/kg/dia para adultos e 100 a 150 kcal/kg/dia para crianças SÓDIO • Até 3 g/dia prevenção de edema
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