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6 - Alimentação nos Primeiros Anos de vida Introdução Alimentar

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Prévia do material em texto

Nutrição 
Materno-Infantil 
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Fernanda Trigo Costa
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro 
Alimentação nos Primeiros Anos 
de Vida: Introdução Alimentar
Alimentação nos Primeiros Anos 
de Vida: Introdução Alimentar
 
 
• Conhecer as recomendações alimentares até os dois anos para desenvolver a capacidade de 
associar essas informações à elaboração de planos e orientações alimentares que busquem 
o desenvolvimento adequado de crianças nesse período de vida.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução Alimentar;
• Recomendações para Bebês em Aleitamento Materno;
• Recomendações para Bebês em Aleitamento Artificial;
• Comportamento Alimentar e Seletividade Alimentar.
UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
Contextualização
A introdução alimentar é um tema que vem sendo muito discutido em várias áreas 
do conhecimento, pois envolve aspectos que vão além das recomendações nutricio-
nais, sendo um ponto de preocupação e ansiedade para os pais e cuidadores, resul-
tando em condutas variadas, algumas adequadas, mas outras tantas não.
Os lactentes, devido à sua imaturidade biológica, dependem totalmente de outras 
pessoas para se alimentar. Essas pessoas, especialmente as mães, por serem as 
principais cuidadoras das crianças, têm papel fundamental na construção do hábito 
alimentar infantil. Além de decidirem o que as crianças irão comer, elas determinam 
como a criança será alimentada (SILVA; COSTA; GUIGLIANI, 2016). 
Porém, mesmo sob orientação do profissional da saúde, pode ser que essas orien-
tações não sejam seguidas. 
O artigo “Percepção e atitudes maternas a decisão materna sobre o tipo de alimen-
tação a ser oferecido para o lactente é influenciada fortemente pelo parceiro, família 
ou amigos em relação às orientações de profissionais de saúde referentes a práticas 
alimentares no primeiro ano de vida” (BROILO et al., 2013) avalia as razões pelas 
quais as famílias não seguem as orientações recebidas dos profissionais da saúde 
com base nas recomendações dos guias alimentares. Discute que talvez os profissio-
nais não tenham adequada formação quanto à alimentação da criança ou convicção 
em relação ao tema, o que leva a orientações não alinhadas às condições sociais 
da população, gerando falhas de comunicação de forma a não auxiliar as famílias a 
entenderem o real significado e a importância das condutas corretas para a saúde da 
criança ao longo da vida.
“Percepção e atitudes maternas em relação às orientações de profissionais de saúde refe-
rentes a práticas alimentares no primeiro ano de vida”, disponível em: https://bit.ly/2VikffF
A forma como a mãe cuida do seu filho é determinante para a saúde do bebê e 
está associada ao grau de escolaridade, às informações recebidas acerca de saúde 
pelos profissionais e/ou mídia, ao apoio social recebido, bem como à disponibilidade 
para cumprir o papel de cuidadora. A discussão sobre as condições sociais, bem 
como a pressão exercida sobre o papel de mãe na atualidade não pode deixar de 
ser discutida e promover ações para favorecer contextos em que a mãe possa estar 
presente nos cuidados dos filhos é essencial. Por isso, os profissionais da saúde têm 
a importante responsabilidade de estar preparados para acolher as famílias e fazer 
orientações condizentes com os estudos científicos atualizados, mas que sejam adap-
tadas à compreensão e possibilidades dessas famílias, tornando-as viáveis.
Nesta unidade, vamos estudar as recomendações sobre a introdução alimentar 
para crianças em aleitamento materno e para crianças em aleitamento artificial, bem 
como discutir aspectos relacionados à formação dos hábitos alimentares, essenciais 
para a manutenção da saúde até a vida adulta.
8
9
Durante os estudos, propomos que sejam feitos os seguintes questionamentos: 
quais são as recomendações para a introdução de alimentos complementares para 
as crianças em aleitamento materno? Há diferenças quando as crianças estão em 
aleitamento artificial? Como a introdução alimentar auxilia no desenvolvimento de 
hábitos alimentares adequados e qual é o papel dos cuidadores nesse processo? 
Como devem ser elaborados os planos alimentares para crianças de 6 a 12 meses?
Bons estudos!
9
UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
Introdução Alimentar
O conhecimento correto e atualizado sobre a alimentação da criança é essencial 
para a avaliação e a orientação adequadas sobre sua nutrição (SBP, 2018). As práti-
cas alimentares no primeiro ano de vida são essenciais para a formação dos hábitos 
da criança, sendo que esse período pode ser dividido em duas etapas: 
• Primeiro semestre, quando a recomendação é de que seja praticado o aleita-
mento materno exclusivo ou que se atrase quando for possível a introdução de 
outros alimentos; 
• Segundo semestre, quando o leite materno já não satisfaz todas as necessidades 
nutricionais do bebê e é necessário introduzir gradativamente outros alimentos, 
com o foco numa alimentação similar à da família quando o bebê completar os 
12 meses. 
Além disso, até completar 24 meses, é essencial que haja uma preocupação em 
manter uma variedade de alimentos em quantidades adequadas, para a formação 
não somente dos hábitos alimentares, mas, também, de condições que perdurem no 
decorrer da vida desse indivíduo, visto a importância sabida dos primeiros 1000 dias 
para a saúde na vida adulta (VÍTOLO, 2015).
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2009) adota os seguintes princípios 
para a alimentação complementar saudável de crianças em aleitamento materno:
• Praticar aleitamento materno exclusivo do nascimento aos 6 meses de ida-
de e, após, introduzir alimentos complementares, mas manter o aleitamen-
to materno;
• Continuar com o aleitamento materno em livre demanda, frequente, até os 
2 anos ou mais;
• Praticar alimentação responsiva, aplicar o princípio de cuidado psicossocial;
• Praticar boa higiene e manipulação apropriada dos alimentos;
• Iniciar aos 6 meses com pequenas quantidades de alimentos e aumentar a quanti-
dade à medida que a criança for crescendo, mas manter amamentação frequente;
• Aumentar gradualmente a consistência e variedade à medida que a criança for 
crescendo, adaptar às necessidades e habilidades da criança;
• Aumentar o número de vezes que a criança é alimentada com alimentos com-
plementares à medida que ela for crescendo;
• Alimentar com uma variedade de alimentos nutritivos para assegurar que todas 
as necessidades nutricionais sejam atingidas;
• Usar alimentos complementares fortificados ou suplementos vitamínicos para a 
criança, se necessário;
10
11
• Aumentar a ingestão de líquidos durante as doenças, incluindo aleitamento materno 
mais frequente, e encorajar a criança a comer alimentos prediletos, macios. Após 
a doença, oferecer alimentos com mais frequência que o habitual e encorajar a 
criança a comer mais.
Como forma de orientar a população e promover saúde e crescimento para que as 
crianças brasileiras desenvolvam todo o seu potencial, o Ministério da Saúde lançou o 
Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos (BRASIL, 2019) alinha-
do às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014). 
É um instrumento para orientação tanto para as famílias como para os profissionais 
de saúde desenvolverem ações de Educação Alimentar e Nutricional em sua atuação 
no âmbito coletivo e individual.
Além desse material, também podemos contar com o Manual de alimentação da 
infância à adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2018), que orienta es-
pecificamente pediatras, mas que pode ser utilizado pelos demais profissionais da saúde, 
sobre como alimentar de modo adequado os pacientes pediátricos durante todo o seu 
desenvolvimento, do recém-nascido ao adolescente e ainda enfatiza aspectos importan-
tes sobre a alimentação adequada na escola, na gestação e os aspectos fundamentais 
envolvidosna prevenção de doenças que estão relacionados com os erros alimentares.
Guia Alimentar para Crianças brasileiras Menores de 2 anos: https://bit.ly/2YAwqXq
Manual de alimentação da infância à adolescência da SBP: https://bit.ly/2Vp07ZE
A partir dos 6 meses, recomenda-se a introdução de duas refeições à base de 
frutas (lanche da manhã e lanche da tarde) e uma refeição principal (salgada) para 
ser oferecida no almoço. Aos 7 meses, a criança poderá receber a segunda refeição 
salgada no horário do jantar (Quadro 1). Os alimentos devem ser modificados em 
sua consistência natural, frutas cruas ou cozidas raspadas/amassadas (Figura 1) e 
alimentos salgados bem cozidos, para que possam ser amassados com o garfo e não 
batidos. Durante a introdução, é importante avaliar a condição do bebê de aceitar 
a evolução da consistência das refeições, caminhando até os 12 meses para uma 
alimentação similar à da família.
Quadro 1 – Esquema para a introdução dos alimentos complementares 
Faixa etária Tipo de alimento
Até 6º mês Leite materno exclusivo
6º a 24º mês Leite materno complementado
6º mês Frutas (amassadas ou raspadas)
6º mês Primeira papa principal de misturas múltiplas
7º a 8º mês Segunda papa principal de misturas múltiplas
9º a 11º mês Gradativamente, passar para a refeição da família com ajuste da consistência
12º mês Comida da família – observando a adequação dos alimentos
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UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
Figura 1 – Exemplo de formas para oferecer frutas às crianças 
durante a introdução de alimentos complementares
Fonte: Adaptado de Getty Images
Há sempre dúvidas a respeito de quando introduzir determinados alimentos ou 
mudanças, mas não há restrição quanto aos alimentos a serem oferecidos e as etapas 
podem ser superadas com tranquilidade:
• Carnes bovinas e de aves: ao se introduzirem alimentos complementares, as 
carnes já podem ser incluídas para garantir a ingestão de ferro de boa disponi-
bilidade. Recomenda-se o uso de carne moída ou cozida desfiada, misturada aos 
demais alimentos;
• Vísceras: quando utilizadas, deverão ser bem cozidas, assim como as demais 
carnes, para evitar qualquer tipo de contaminação;
• Peixes e Ovos: podem ser introduzidos desde o início (inclusive o ovo inteiro) 
para variar as fontes proteicas, mesmo se a família apresentar história prévia 
de alergia. As crianças devem ser observadas quanto a possíveis sintomas, mas 
os estudos que avaliaram os benefícios da introdução de alimentos alergênicos 
a partir dos 6 meses e não tardiamente, observaram menor risco para o desen-
volvimento futuro de desfechos alérgicos. A introdução, após um ano de idade, 
parece aumentar ainda mais os riscos de alergia (SBP, 2018);
• Amendoim, castanhas e nozes: em sua forma inteira, podem causar engas-
gos às crianças, no entanto, se forem triturados ou bem picados, podem ser 
ofertados à criança, seguindo o mesmo princípio do oferecimento de alimentos 
potencialmente alergênicos citado anteriormente (BRASIL, 2019);
12
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• Suco de frutas: os sucos (naturais e artificiais) devem ser evitados pelo risco de 
predispor à obesidade devido ao maior consumo de calorias e não ingestão das 
fibras das frutas que contribuem para diminuir a absorção do açúcar. Deve ser 
recomendado somente em situações onde há baixa ingestão de vitamina C ou 
por outros motivos particulares, que devem ser avaliados;
• Refeições industrializadas (papinhas): as papas industrializadas são conside-
radas adequadas do ponto de vista microbiológico e nutricional, pois são pre-
paradas por meio de rigorosos critérios de higiene e conforme recomendações 
para as crianças nesta faixa etária, porém, não são recomendadas para uso 
frequente visto que a consistência e sabor não se igualam às refeições prepara-
das em domicílio. Portanto, podem ser utilizadas em casos onde não é possível 
administrar a refeição caseira de forma adequada, mas não devem fazer parte 
da rotina alimentar (VÍTOLO, 2015). Uma orientação adequada para casos de 
passeio, viagem ou outra situação que dificulte o preparo da refeição caseira é o 
uso de refeições congeladas para o bebê, de forma a facilitar a alimentação em 
eventos que saiam da rotina da família;
• Temperos: temperos naturais frescos como ervas, cebola, alho podem ser uti-
lizados em pequenas quantidades no preparo das refeições do bebê. O uso de 
caldos industrializados não é adequado por conta da grande quantidade de sal 
na composição deste produto;
• Sal: não é recomendado o uso de sal tampouco a utilização de alimentos indus-
trializados que contenham sódio, pois a função renal do bebê ainda não está 
preparada para o consumo deste nutriente em grandes quantidades;
• Recusa e caretas: nos primeiros dias, é normal que a criança derrame ou cus-
pa o alimento, pois ela está se adaptando a novos sabores e isso não deve ser 
interpretado como rejeição ao alimento. Recomenda-se iniciar com pequenas 
quantidades do alimento, entre uma e duas colheres de chá, colocando o alimen-
to na ponta da colher e aumentando o volume conforme a aceitação da criança;
• Alimentos amassados ou BLW (B aby-Led Weaning): Além das recomenda-
ções publicadas oficialmente por comitês profissionais, há outras abordagens 
sendo difundidas como, por exemplo, o BLW, que significa: o desmame guiado 
pelo bebê. Nessa abordagem, a oferta de alimentos complementares é feita em 
pedaços, tiras ou bastões para que o bebê tenha contato mais próximo com os 
alimentos. Assumindo os grandes questionamentos dos pais e dos profissionais 
de saúde relativos ao BLW, como risco de engasgo e de baixa oferta de ferro e 
de calorias, um grupo de estudiosos neozelandeses, criou uma versão chamada 
Baby-Led Introduction to SolidS (BLISS), que significa Introdução aos Sólidos 
Guiada pelo Bebê;
Nã o há evidências e trabalhos publicados em quantidade e qualidade 
suficientes para afirmar que os métodos BLW ou BLISS sejam as úni-
cas formas corretas de introdução alimentar, portanto o Departamento 
de Nutrologia da SBP recomenda qu e no momento da alimentação, o 
lactente pode receber os alimentos amassados oferecidos na colher, mas 
também deve experimentar com as mãos, explorar as diferentes texturas 
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UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
dos alimentos como parte natural de seu aprendizado sensório-motor. 
Deve-se estimular a interação com a comida, evoluindo de acordo com 
seu tempo de desenvolvimento. (SBP, 2018, p. 4)
Baby-Led Weaning, panorama da nova abordagem sobre introdução alimentar: revisão 
 integrativa de literatura. Disponível em: https://bit.ly/2NznriN
• Água: é importante oferecer água potável, a partir da introdução da alimenta-
ção complementar, ou em uso de fórmula infantil, porque os alimentos dados 
ao lactente apresentam maior quantidade de proteínas por grama e maior quan-
tidade de sais, o que causa sobrecarga de solutos para os rins, que deve ser 
compensada pela maior oferta de água. Deve ser oferecida em copo, xícara ou 
colher, evitando o uso de mamadeiras ou chuquinhas;
• Açúcar: o açúcar de adição ou os alimentos açucarados não são recomendados 
até que a criança tenha 24 meses e, mesmo após esta idade, o consumo deve 
ser esporádico e não rotineiro. Essa recomendação tem o objetivo de auxiliar na 
formação de hábitos saudáveis (o açúcar estimula o paladar mais receptivo ao 
sabor doce, com interferências nas opções alimentares futuras) e na prevenção 
de doenças crônicas não transmissíveis;
• Outros alimentos: devem-se evitar alimentos industrializados pré-prontos, 
refrigerantes, café, chás, embutidos, entre outros. A oferta de água de coco 
(como substituto da água) é desaconselhável, por conter sódio e potássio em sua 
composição. No primeiro ano de vida não se recomenda o consumo de mel. 
Nessa faixa etária, os esporos do Clostridium botulinum, capazes de produzir 
toxinas na luz intestinal, podem causar botulismo.
Recomendações para Bebês 
em Aleitamento Materno
A introdução daalimentação complementar deve ser gradual, sob a forma de 
alimentos amassados, oferecidos com colher com tamanho adequado ao diâmetro 
da boca do bebê e preferivelmente de silicone, plástico ou de metal emborracha-
do para evitar o contato metálico direto com a língua. Não há restrições para a 
introdução de alimentos diferentes ao mesmo tempo. Para garantir a variedade 
necessária de nutrientes para a criança, o prato deve ser montado combinando um 
alimento de cada grupo: feijões, cereais ou raízes ou tubérculos, carnes ou ovos, 
legumes e verdura (deste último grupo, podem ser colocados mais de um tipo de 
alimento) (Figura 2). Uma pequena quantidade de comida deve ser colocada no 
prato e a aceitação deve ser observada, respeitando os sinais de fome e saciedade 
(BRASIL, 2019; SOB, 2018).
14
15
Figura 2 – Exemplos de pratos de refeições principais para crianças de 6 a 12 meses
Fonte: multirio.rio.rj.gov.br
A figura traz a evolução da consistência para as preparações almoço e jantar e 
quantidade de alimentos para diferentes faixas etárias. Para as crianças de 6 a 12 
meses, os alimentos foram dispostos em pratos de sobremesa e a refeição para 
adulto, em prato grande e raso.
A consistência dos alimentos deve ser progressivamente aumentada, respeitando-
-se o desenvolvimento da criança (Quadro 2). Alimentos muito diluídos têm menor 
densidade energética e, além disso, cr ianças que não recebem alimentos em pedaços 
até os 10 meses apresentam, posteriormente, maior dificuldade de aceitação de ali-
mentos sólidos. 
Quadro 2 – Evolução da textura dos alimentos conforme idade 
Idade Textura Quantidade
A partir de 6 meses Alimentos amassados Iniciar com 2 a 3 colheres de sopa e aumentar a quantidade conforme aceitação
A partir de 7 meses Alimentos amassados 2/3 de uma xícara ou tigela de 250 ml
9 a 11 meses Alimentos cortados ou levemente amassados 3/4 de uma xícara ou tigela de 250 ml
12 a 24 meses Alimentos cortados Uma xícara ou tigela de 250 ml
Fonte: Adaptado de SBP, 2018
Por volta dos 8 a 9 meses, a criança pode começar a receber a alimentação 
na consistência consumida pela família (Quadro 3), conforme seu desenvolvimento 
neuropsicomotor. Oferecer frutas como sobremesa é importante após as refeições 
principais, para contribuir com a absorção do ferro não heme presente em alimentos 
como feijão e folhas verde-escuras (BRASIL, 2019).
Quadro 3 – Esquema alimentar da criança a partir de 7 meses de idade 
Café da manhã Leite materno ou fórmula infantil
Lanche da manhã ou colação Leite materno ou fórmula infantil + fruta
Almoço Cereal ou tubérculo + proteína animal + leguminosa + hortaliças (verduras+legumes) + fruta
Lanche da tarde Leite materno ou fórmula infantil + fruta
Jantar Igual almoço
Lanche da noite Leite materno ou fórmula infantil
Fonte: Adaptado de SBP, 2018
15
UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
• Crianças vegetarianas: assim como as demais, as crianças vegetarianas devem 
ser amamentadas por 2 anos, com aleitamento materno exclusivo durante os 6 
primeiros meses. A partir dos 6 meses, deve ser realizada a introdução alimentar, 
considerando que boa parte do cálcio continuará a ser oferecido através do leite 
materno, complementado por alimentos vegetais ricos nesse nutriente, como es-
pinafre, couve, brócolis, tofu e amêndoas. A alimentação para a criança vegetaria-
na exige atenção redobrada quanto à variedade dos alimentos e sua combinação, 
para garantir a oferta de nutrientes adequada, principalmente ferro e cálcio. O 
monitoramento e acompanhamento por profissional de saúde devem ser constan-
tes, principalmente quando a família optar por uma alimentação vegetaria restri-
ta, sem alimentos derivados de animais (leite, ovos etc.), pois será necessário fazer 
a suplementação de vitamina B12, ausente em alimentos vegetais (BRASIL, 2019).
Quadro 4 – Esquema alimentar completo da introdução de alimentos 
complementares para crianças em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses
Alimentação da criança ao longo do dia – Aleitamento materno exclusivo
Aos 6 meses de idade Entre 7-8 meses de idade Entre 9-11 meses de idade
Cafe da manhã: leite materno Café da manhã: leite materno Café da manhã: leite materno
Lanche da manhã: fruta e leite materno Lanche da manhã: fruta e leite materno Lanche da manhã: fruta e leite materno
Almoço:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes 
e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dos feijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos 
legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço 
pequeno de fruta.
Quantidade aproximada: 2  a 3 colheres de 
sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família 
ter alguma referência e não deve ser seguida 
de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Almoço e jantar:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes 
e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dos feijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos 
legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço 
pequeno de fruta.
Quantidade aproximada: 3 a 4 colheres de 
sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família 
ter alguma referência e não deve ser seguida 
de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Almoço e jantar:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes 
e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dos feijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos 
legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço 
pequeno de fruta.
Quantidade aproximada: 4 a 5 colheres de 
sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família 
ter alguma referência e não deve ser seguida 
de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Lanche da tarde: fruta e leite materno Lanche da tarde: fruta e leite materno Lanche da tarde: fruta e leite materno
Jantar: leite materno Antes de dormir: leite materno Antes de dormir: leite materno
Antes de dormir: leite materno
O Leite materno pode ser oferecido sempre que a criança quiser
Recomendações para Bebês 
em Aleitamento Artificial
Se a criança receber fórmula infantil nos primeiros meses de vida, a recomenda-
ção é a mesma do que para crianças em aleitamento materno, começando a intro-
dução de alimentos complementares aos seis meses. Porém, em casos em que se 
observa ganho de peso insuficiente ou excessivo ou quadro de constipação intestinal, 
o nutricionista pode sugerir a antecipação da introdução de alimentação comple-
mentar, mas nunca antes dos 4 meses de idade (VÍTOLO, 2015).
16
17
Quadro 5 – Esquema alimentar completo da introdução de alimentos
complementares para crianças em uso de fórmulas infantis até os 6 meses
Alimentação da criança ao longo do dia – Uso de fórmulas infantis
Aos 6 meses de idade Entre 7-8 meses de idade Entre 9-11 meses de idade
Cafe da manhã: fórmula infantil Cafe da manhã: fórmula infantil Cafe da manhã: fórmula infantil ou leite integral*
Lanche da manhã: fruta Lanche da manhã: fruta Lanche da manhã: fruta
Almoço:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes 
e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dos feijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos 
legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço 
pequeno de fruta.
Quantidade aproximada: 2  a 3 colheres de 
sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família 
ter alguma referência e não deve ser seguida 
de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Almoço e jantar:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes 
e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dosfeijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos 
legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço 
pequeno de fruta.
Quantidade aproximada: 3 a 4 colheres de 
sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família 
ter alguma referência e não deve ser seguida 
de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Almoço e jantar:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes 
e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dos feijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos 
legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço 
pequeno de fruta.
Quantidade aproximada: 4 a 5 colheres de 
sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família 
ter alguma referência e não deve ser seguida 
de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Lanche da tarde: fruta e fórmula infantil Lanche da tarde: fruta e fórmula infantil Lanche da tarde: fruta e fórmula infantil ou leite de vaca integral*
Entre o lanche e a ceia: fórmula infantil Ceia: fórmula infantil Ceia: fórmula infantil ou leite de vaca integral*
Ceia: fórmula infantil
* O Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos (BRASIL, 2019) recomenda a utilização do leite de vaca integral a partir de 9 meses de 
idade, porém a Sociedade Brasileira de Pediatria (2018) não recomenda a utilização do leite de vaca integral antes dos 24 meses (BSP, 2018).
Para crianças que não estiverem sendo alimentadas com leite materno e nem 
fórmula infantil, a partir dos quatro meses de vida, deve-se iniciar a introdução de 
outros alimentos para suprir suas necessidades nutricionais. A partir dessa idade, a 
criança deverá receber de uma a duas refeições principais (almoço e jantar) e duas 
frutas, além do leite sem adição de açúcar, conforme esquema do Quadro 6.
Quadro 6 – Esquema alimentar completo da introdução de alimentos
complementares para crianças em uso de leite de vaca modifi cado
Alimentação da criança ao longo do dia – Uso de leite de vaca modifi cado
Aos 4 meses de idade Entre 5-11 meses de idade
Cafe da manhã: leite de vaca integral Cafe da manhã: leite de vaca integral
Lanche da manhã: fruta Lanche da manhã: fruta
Almoço:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dos feijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço pequeno de fruta.
Quantidade aproximada: 2 a 3 colheres de sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família ter alguma referência e 
não deve ser seguida de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Almoço e jantar:
É recomendado que o prato da criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes e tubérculos;
• 1 alimento do grupo dos feijões;
• 1 ou mais alimentos do grupo dos legumes e verduras;
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos.
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço pequeno de fruta.
Quantidade aproximada entre 5 e 6 meses: 2 a 3 colheres de sopa no total.
Quantidade aproximada entre 7 e 8 meses: 3 a 4 colheres de sopa no total.
Quantidade aproximada entre 9 e 11 meses: 4 a 5 colheres de sopa no total.
Essa quantidade serve apenas para a família ter alguma referência e 
não deve ser seguida de forma rígida, uma vez que as características 
individuais da criança devem ser respeitadas.
Lanche da tarde: fruta e leite de vaca integral Lanche da tarde: fruta e leite de vaca integral
Jantar: leite de vaca integral Jantar: igual ao almoço
Ceia: leite de vaca integral Ceia: leite de vaca integral
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UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
Mesmo após a introdução dos alimentos para crianças em uso de leite de vaca 
modificado, o consumo de leite continua sendo uma importante fonte de vitaminas e 
minerais. Crianças menores de dois anos devem receber leite integral, não sendo reco-
mendado o uso de leite desnatado, no volume máximo de 500ml/dia (BRASIL, 2011).
Comportamento Alimentar 
e Seletividade Alimentar
O aprendizado alimentar depende das condições físicas e do desenvolvimento da 
criança, bem como das suas habilidades orais e sensoriais para interpretar e lidar com 
o alimento. Além disso, outros aspectos, não menos importantes, devem ser considera-
dos: emoções, motivação, contexto social e familiar e ambiente (JUNQUEIRA, 2017). 
O estilo parental e as crenças da família têm papel decisivo na forma como a criança 
irá aprender a se alimentar, sobretudo pelas estratégias que os pais/cuidadores usam 
para estimular a alimentação. Esse processo se inicia logo que o bebê começa a mamar 
no peito e se estabelece ao longo dos primeiros anos de vida. A forma de educar da famí-
lia, inclusive durante as refeições irá influenciar a forma como a criança se relaciona com 
os alimentos e com suas sensações (Quadro 7) (SILVA; COSTA; GUIGLIANI, 2016). 
Quadro 7 – Estilos Parentais e relação com o comportamento alimentar
Estilo Parental Características Relação com o Comportamento Alimentar
Autoritário: combinação 
entre baixa responsivida-
de e muito controle.
São muito exigentes, colocam muitas re-
gras e geralmente utilizam-se da punição 
para controlar o comportamento (punem 
de acordo com o humor), além de não 
serem abertos ao diálogo, muito menos à 
opinião das crianças. 
Os filhos de pais que punem de acordo com o humor e não 
de acordo com regras acabam tendo um comportamento de 
ingerir mais alimentos que o necessário em situações onde 
as emoções estejam desreguladas. Isso aponta para um dé-
ficit na autorregulação do apetite e de necessidades biológi-
cas, visto que a criança não tem interesse pela comida, mas 
quando passar por momentos de desregulação emocional, 
perde o controle e come mais do que o necessário.
Indulgente: resulta de 
uma alta responsividade 
com um baixo controle.
São abertos ao diálogo, atendendo quase 
sempre o que os filhos pedem, contudo 
não colocam limites e regras em seus 
comportamentos, sendo muito tolerantes. 
Negligente: é a combina-
ção de baixa responsivida-
de e baixo controle. 
Não demonstram nem controle e nem 
afeto para com os filhos. Geralmente 
estão concentrados em seus interesses, 
respondendo apenas às necessidades 
básicas das crianças. 
Há o apontamento de um maior índice de obesidade em famí-
lias disfuncionais, carentes de relações, afetos e cuidados, assim 
como de uma relação de evitação para com a comida, reforçan-
do sua neofobia alimentar e acarretando em uma alimentação 
pobre e fraca em nutrientes necessários ao desenvolvimento.
Autoritativo: é a combi-
nação de alta responsivi-
dade e alta exigência. 
Dialogam com seus filhos e são afetu-
osos, mas, ao mesmo tempo, impõem 
regras e limites, sempre deixando claras 
as razões para tais atitudes. A relação 
entre ambos é de respeito e amor.
Filhos que são controlados pelos pais, de uma forma saudável, 
tendem a ter mais interesse por alimentos diversos e a gostar 
de comer. Uma família que mantém certo controle sobre os 
filhos, mas também os trata de forma afetuosa, tem interesse 
por sua vida e seu desenvolvimento, tende a ter filhos que 
consideram a comida e o comportamento de alimentar-se 
reforçadores dos laços familiares e do autocuidado. A postu-
ra de impor regras e limites e, posteriormente não cobrá-los 
veementemente (dar autonomia e responsabilidade), pode 
levar as crianças a um comportamento de ingestão comida 
de forma prazerosa, bem como a não ingestão de líquidos 
para compensar a baixa ingestão de alimentos, favorecendo 
e respeitando a autorregulação (fome/saciedade).
Fonte: HUÇALO; IVATIUK, 2017
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Sabores, texturas, cheiros e cores dos alimentos são parte essencial na evolução 
da mastigação e no desenvolvimento como um todo. A alimentação contribui para a 
formação daidentidade, pois permite que a criança aprenda muito sobre si e sobre 
o ambiente em que vive. As práticas alimentares – o que, como e quando a criança 
come – desempenham papel importante na formação de hábitos para toda a vida, 
porém, alguns conceitos equivocados ou mitos (Quadro 8) podem atrapalhar no 
processo de desenvolvimento cognitivo da criança que levará a comportamentos 
associados a hábitos saudáveis. Por isso, é importante que tanto a família como os 
profissionais de saúde envolvidos, saibam interpretar os sinais emitidos pela criança 
(Quadro 9) e lidar com a especificidade de cada situação (BRASIL, 2019).
Quadro 8 – Mitos e verdades sobre aprender a comer
Mito Conceito Verdade
Comer é a prioridade
número 1 do corpo.
Respiração é a prioridade número um do corpo. Controle e 
estabilidade corporal são a segunda. Comer é a terceira prioridade do corpo.
Comer é um ato instintivo.
Comer é um ato instintivo apenas no primeiro mês de vida. Do 
nascimento até 3-4 meses de idade, temos um conjunto de 
reflexos condicionados e primitivos (por ex. sucção, deglutição) 
que nos ajudam a comer enquanto estabelecemos caminhos 
para o controle e amadurecimento motor voluntário para comer. 
Comer é um comportamento aprendido 
que depende do desenvolvimento de 
habilidades motoras orais e sensoriais.
Comer é fácil.
Comer é a tarefa física mais complexa que os seres humanos 
desenvolvem. É a ÚNICA tarefa humana que requer o uso de 
todos os sistemas e órgãos e exige que todos eles funcionem 
corretamente. Para deglutir, necessitamos do uso de 26 
músculos e de 6 nervos cranianos. Comer é uma tarefa que 
as crianças fazem que exige a coordenação simultânea de 
todo sistema sensorial. Além disso, a nutrição (alimentos) e 
o meio ambiente também precisam ser integrados para ga-
rantir que uma criança coma adequadamente.
Comer é complexo.
Comer é um processo de dois 
passos: 1 = você se senta, 
2 = você come.
Existem cerca de 25 etapas necessárias para que a criança 
possa comer. Cada etapa necessita de um conjunto de habi-
lidades e desenvolvimento motor oral e sensorial. São pré-
-requisitos para que a criança possa comer. 
Comer é um processo que envolve 
várias etapas e subetapas. A criança 
precisa tolerar ver o alimento, depois 
interagir com ele, cheirá-lo, tocá-lo e 
prová-lo até aceitar comê-lo. 
Não é apropriado tocar ou 
brincar com a comida.
Brincar com o alimento é parte do processo normal do de-
senvolvimento para aprender a comer. É a melhor forma 
para a criança se aproximar dos alimentos, relacionar-se 
com eles e explorar suas características sensoriais (textura, 
temperatura, cor, cheiro etc.).
Brincar e interagir com os alimentos 
durante a refeição faz parte do apren-
dizado alimentar de uma criança.
Fonte: JUNQUEIRA, 2017
Conforme a criança vai crescendo, ela cria um processo de definição de suas pre-
ferências alimentares, o que justifica a importância de se estimular desde o início uma 
alimentação variada, adequada e que reflita a cultura alimentar regional. Mas não é só 
isso, deve haver interação entre o cuidador e a criança no momento da refeição, não é 
somente um processo de “alimentar” é um processo de comunicação, aprendizagem:
A interação alimentar é considerada plena quando os envolvidos con-
seguem expressar os seus sinais e o outro reconhecer. Para os pais (ou 
cuidador) ocorre quando ele alimenta a criança de forma bem-sucedida e 
para a criança quando ela é capaz de ter autonomia alimentar, através da 
emissão de sinais que reflitam seus desejos, de forma clara, o que permite 
que ela própria regule o cuidado que recebe, constitui dessa forma, uma 
vinculação altamente interativa. (SBP, 2018)
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UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
Quadro 9 – Sinais de fome e saciedade da criança
6 meses Entre 7-8 meses Entre 9-11 meses
Sinais 
de Fome
Chora e se inclina para frente. 
Quando a colher está próxima, 
segura a mão da pessoa que está 
oferecendo a comida e abre a boca.
Inclina-se para a colher ou alimento. 
Pega ou aponta para a comida.
Aponta ou pega alimentos, fica 
 excitada quanto vê o alimento.
Sinais de 
Saciedade
Vira a cabeça ou o corpo, perde o 
interesse na alimentação. Empurra 
a mão da pessoa que está ofere-
cendo a comida, fecha a boca, pa-
rece angustiada e chora.
Come mais devagar, fecha a boca 
ou empurra o alimento.Fica com a 
comida parada na boca sem engolir.
Come mais devagar, fecha a boca 
ou empurra o alimento. Fica com a 
comida parada na boca sem engolir.
Fonte: Brasil, 2019
As formas de cuidar e de oferecer a refeição para a criança podem ajudar ou difi cultar 
o aprendizado da alimentação. Assim, deve-se colocar a criança para comer junto com a 
família com um prato próprio; deixá-la livre para segurar os alimentos e/ ou utensílios; 
variar as formas de apresentação dos alimentos (cor, textura, aromas); interagir com 
a criança dizendo o nome dos alimentos que ela está consumindo, com paciência 
e tempo adequados são ações que estimulam o aprendizado. No entanto, forçar a 
comer, oferecer distrações ou atrativos (TV, celular, brinquedos etc.), alimentar a 
criança enquanto ela anda pela casa ou brinca, esconder nas preparações alimentos 
que a criança não gosta são práticas que precisam ser evitadas, pois não favorecem 
a construção de uma relação adequada com os alimentos (BRASIL, 2019).
Considerando todos os aspectos envolvidos na introdução dos alimentos e no 
desenvolvimento do comportamento alimentar, é frequente que os pais e cuidadores 
encontrem e relatem dificuldades durante esse processo, a maioria delas relacionadas 
à aceitação de alimentos, levando a conceitos como “criança seletiva” ou “criança 
com dificuldade alimentar”. Porém, na maioria das vezes, as queixas não condizem 
com quadros de seletividade, mas de práticas que precisam ser revistas e melhoradas 
ou estimuladas. Para melhor esclarecimento, seguem algumas características impor-
tantes para a avaliação de crianças nessa situação:
Quadro 9 – Seletividade ou Dificuldade alimentar?
Seletividade Alimentar 
Diminuição da variedade ou quantidade de alimentos. Tipicamente consome 30 ou mais alimen-
tos; aceita pelo menos um alimento por categoria, seja pelo tipo de textura ou pelo valor nutricio-
nal; tolera novos alimentos no prato; geralmente é capaz de tocar ou provar alimentos, embora 
com alguma resistência; frequentemente seleciona alguns alimentos para comer por determinado 
tempo, que geralmente podem variar após algumas semanas ou meses; participa da refeição em 
família; normalmente come ao mesmo tempo e no mesmo local que os membros da família; re-
quer mais de 20 a 25 apresentações para aceitar novos alimentos.
Dificuldade Alimentar 
(Seletividade Extrema)
Aceitação restrita ou com pouca variedade de alimentos. Geralmente com menos de 20 alimentos; re-
cusa categorias inteiras de alimentos, seja pelo tipo de textura, sabor, aparência ou temperatura (não 
aceita alimentos em pedaços ou purês, ou alimentos salgados ou alimento com temperatura mais fria 
ou quente) ou pelo valor nutricional (não aceita nenhuma proteína, ou nenhuma fruta); apresenta 
comportamento de fuga, luta ou medo quando os alimentos são apresentados; quase sempre come 
alimentos diferentes da sua família; muitas vezes se alimenta em um ambiente diferente dos outros 
membros da família; não aceita formas diferentes de apresentação dos alimentos que consome ou 
mesmo utensílios que utiliza; requer mais de 25 apresentações para aceitar novos alimentos
Fonte: JUNQUEIRA, 2017
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Com isso, finalizamos esta unidade após termos perpassado por todo o processo 
de introdução alimentar, seja para crianças com aleitamento materno ou aleitamento 
artificial. Discutimos as melhores práticas conforme as recomendações do Ministério 
da Saúde, contidas no Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos 
(BRASIL, 2019), e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2018) e encerramos 
destacando a importância do ambientee das pessoas envolvidas nos cuidados com 
a criança para que ela tenha condições de desenvolver hábitos alimentares saudáveis 
para toda a vida. Temas e informações essenciais para fomentar a prática do profis-
sional nutricionista em seu papel como promotor da saúde.
Até breve!
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UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Planejamento de Cardápios para Lactentes e Pré-escolares com Fichas Técnicas de Preparações
BOTELHO, A. J. Editora Rubio, 2018.
No livro, são mostrados exemplos de cardápios conforme a faixa etária da criança 
e o tipo de alimentação láctea. Nas fichas técnicas, há o detalhamento do modo 
de preparo de todos os grupos alimentares, o que possibilita a composição das 
refeições realizadas pela criança ao longo do dia.
 Leitura
Guia Prático para iniciar o Baby-led Weaning
CONALCOLab, 2ª ed., 2019. (e-book) 
https://bit.ly/31gF5jz
Método BLW no contexto da alimentação complementar
https://bit.ly/2BLQLzS 
Guia Alimentar: alimentação para bebês e crianças vegetarianas até 2 anos de idade 
Sociedade Vegetariana Brasileira. Departamento de Saúde e Nutrição, 2018. 
https://bit.ly/2Zb7G7l
Seletividade Alimentar
SAMPAIO, A. B. de M. et al. Seletividade alimentar: uma abordagem nutricional. 
J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro , v. 62, n. 2, p. 164-170, 2013.
https://bit.ly/2ZaxHn3
Neofobia Alimentar
SILVA, A. I.; TELES, A. Neofobias Alimentares: importância na prática clínica. 
Nascer e Crescer, Porto, v. 22, n. 3, p. 167-170, 2013.
https://bit.ly/3dwIDAx
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Referências
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p. 353-363, Sept. 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em ser-
viços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional 
- SISVAN / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de 
Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em : <https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropometricos.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departa-
mento de Promoção à Saúde. Guia Alimentar para crianças brasileiras menores 
de 2 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
BROILO, M. C. et al. Percepção e atitudes maternas em relação às orientações de pro-
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Introdução Alimentar: Revisão Integrativa de Literatura. Rev. paul. pediatr., 
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na-infancia/> Acesso em: 11/04/2020.
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UNIDADE Alimentação nos Primeiros Anos de Vida: Introdução Alimentar
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child feeding. Model chapter for textbooks for medical students and allied health 
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