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Artroptias e espondiloartropatias ESPONDILOARTRITE “espondiloartrite” é usado para descrever um grupo imbricado de doenças que se caracterizam por inflamação das articulações sacrilíacas (sacroiliiíte); da coluna vertebral (espondilite); das áreas de inserção dos tendões, das fáscias e dos ligamentos (entesite); e, em alguns casos, por oligoartrite, erupção cutânea ou doença ocular inflamatória (uveíte); Também é conhecido como espondiloartrite soronegativa com base na negatividade do fator reumatoide; Essas doenças incluem espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite da doença intestinal inflamatória e artrite reativa; Nos pacientes com espondiloartrite, as enteses são focos importantes de inflamação e doença enteses são áreas ósseas nas quais se inserem tendões, fáscias e ligamentos; Manifestações clínicas Dor no calcâneo com acometimento do tendão do calcâneo; Dor no pé́ na área de inserção da aponeurose plantar; Edema de todo o dedo (dactilite ou dedo de salsicha) consequência da inflamação dos tendões flexores e extensores dos dedos das mãos ou dos pés; Exame histológico Inflamação sinovial das espondiloartrite caracteriza-se por infiltrados inflamatórios crônicos inespecíficos e indistinguíveis dos que são causados pela artrite reumatoide; Ocorre doença óssea erosiva, ao contrário do processo reumatoide, o processo inflamatório também é acompanhado de neoformação óssea nas articulações preexistentes; Ossificação das estruturas articulares e ligamentares da coluna vertebral resulta na formação de sindesmófitos pode causar a fusão final com anormalidades radiográficas típicas; Os principais problemas clínicos que levam o paciente com espondiloartrite a procurar seu médico e requerem tratamento cuidadoso por muitos anos são dor axial, limitação dos movimentos e deformidade da coluna vertebral ESPONDILITE ANQUILOSANTE É um tipo de inflamação que afeta os tecidos conjuntivos, caracterizando-se pela inflamação das articulações da coluna e das grandes articulações, como quadris, ombros e outras regiões; Predominam em homens (3:1), com pico de incidência no início da vida adulta (média = 23 anos). O início após os 40 anos é incomum uma das poucas; Achados clínicos Coluna axial Sintoma inicial mais comum de espondilite anquilosante e ́ dor lombar inflamatória; Dor e a rigidez localizam-se na região lombar baixa ou nas estruturas profundas das nádegas início insidioso; A dor e a rigidez da doença inflamatória geralmente pioram com repouso e melhoram com atividade física; Paciente pode não conseguir dormir a ̀ noite ou se sentar por períodos longos e precisa se levantar e esticar o corpo para obter alívio; Perda da amplitude dos movimentos e a deformidade das estruturas moveis paciente com doença progressiva; Paciente com acometimento da coluna lombar geralmente tem redução da lordose natural e há achatamento deste segmento da região lombar; Ha ́ limitação da amplitude dos movimentos quando o paciente tenta inclinar-se para frente; Artrite periférica A espondiloartrite pode evidenciar-se como uma forma juvenil pauciarticular com acometimento assimétrico dos membros inferiores e entesite; A idade habitual de apresentação é em torno dos 10 anos, mas existem casos publicados de pacientes de apenas 6 anos de vida; Entesite Entesite inflamatória crônica da coluna vertebral é a primeira etapa do processo que culmina na fusão vertebral e na anquilose; Entesite das articulações costoesternais causador na parede torácica, que pode ser semelhante às síndromes de dor pleurítica, pericárdica ou anginosa; Edema nem sempre é evidente nessas áreas, mas o exame por palpação direta detecta hipersensibilidade; Oculares 30% dos pacientes com espondilose anquilosante têm uveíte anterior aguda, que não necessariamente corresponde a ̀ evolução da doença articular pode ser o sintoma que leva ao diagnóstico; início é súbito e a inflamação é unilateral, sendo que os principais sinais e sintomas são dor intensa, eritema e fotofobia; Em geral, os corticoides tópicos são eficazes para o tratamento de um episódio agudo; Achados laboratoriais Isoladamente, nenhum exame laboratorial confirma o diagnóstico de espondilite anquilosante; Exames hematológicos são normais; VHS e o nível de proteína C reativa estão elevados em cerca de 50% dos casos e tendem a estar mais relacionados com a atividade da doença articular periférica; Testes sorológicos para fator reumatoide e fatores antinucleares são negativos e os níveis do complemento sérico estão normais; Teste para HLA-B27 Esta ́ diretamente relacionado com a espondilite anquilosante e ocorre em mais de 85% dos pacientes; A maioria dos indivíduos com HLA-B27 (>90%) não desenvolve espondiloartrite; Raramente é necessário para estabelecer o diagnóstico de espondiloartrite; Exames de imagem Articulações sacroilíacas O exame radiográfico das articulações sacrilíacas é o teste mais simples e específico para essa doença; Diagnóstico de espondiloartrite possa ser considerado com base na anamnese e no exame físico, a sua confirmação definitiva não pode ser realizada sem exames radiográficos; Em geral, a primeira anormalidade radiográfica e ́ esclerose óssea das faces ilíacas das bordas articulares. A partir daí as erosões ósseas avançam. Em seguida, o “pseudoalargamento” da articulação pode tornar-se evidente. Por fim, há fusão do espaço da articulação sacrilíaca com desaparecimento subsequente das alterações escleróticas iniciais , essas alterações começam no terço inferior da articulação sacrilíaca e o acometimento simétrico bilateral e ́ típico da espondilite anquilosante e da artrite enteropa ́tica; RM é um exame mais sensível e específico para detectar as anormalidades precoces causadas pela espondiloartrite; Coluna vertebral Nas radiografias da coluna lombar em perfil, os primeiros achados radiográficos são as lesões de Romanus, ou “cantos brilhantes” são erosões ósseas dos ângulos anterossuperior e anteroinferior dos corpos vertebrais, estão associadas a ̀ reabsorção óssea e a ̀ esclerose reativa. O processo das erosões inflamatórias e a neoformação periosteal subsequente faz que os corpos vertebrais pareçam “quadrados”; As lesões de Romanus também podem ser detectadas nas regiões torácica e cervical; A calcificação e a ossificação das estruturas ligamentares entre os corpos vertebrais resultam na formação dos sindesmófitos típicos (i.e., coluna de bambu). As articulações apofisa ́rias da coluna são fundidas e o resultado é imobilidade; Articulações periféricas Os achados radiográficos das articulações periféricas geralmente são causados pela sinovite das articulações proximais ou pela entesite com a sinovite, há estreitamento simétrico do espaço articular, e a entesite pode causar reac ̧a ̃o periosteal na área de inserção do tendão; A sínfise púbica – uma articulação cartilaginosa – pode desenvolver alterações erosivas e escleróticas. O estreitamento e a irregularidade da sínfise púbica podem ser detectados facilmente nas radiografias da pelve; Diagnóstico CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DE NEW YORK ODIFICADOS Clínicos - Dor e rigidez na região lombar baixa ha ́ mais de três meses, que melhoram com a atividade física, mas não são aliviadas com repouso; − Limitação da mobilidade da coluna lombar nos planos sagital e frontal; − Limitação da expansibilidade torácica a 2,5 cm ou menos, conforme medição no nível do quarto espaço intercostal; Radiográficos - Sacroileíte: unilateral grau 3 (esclerose e erosões das bordas articulares) ou grau 4 (fusão articular); − Sacroileiíte: bilateral grau 2 (esclerose das bordas articulares) a 4 (fusão articular) TTO O processo inflamatório podepermanecer confinado às articulações sacrilíacas, ou pode afetar os segmentos lombar, torácico e cervical da coluna vertebral todos os pacientes devem compreender a natureza de sua doença e a necessidade de acompanhamento médico contínuo, bem como as bases da fisioterapia e do tratamento farmacológico da doença; Fisioterapia: assegurar que o paciente possa evitar deformidade da coluna vertebral e perda da mobilidade das articulações -> iniciado mais facilmente quando os sintomas estão controlados; recomendar que o paciente mantenha uma postura ereta quando está sentado ou de pé; Dormir na posição de pronaça ̃o e ́ melhor para manter a coluna vertebral em extensão, mas a posição supina e ́ adequada se houver apoio adequado. O paciente deve evitar dormir de lado em posição enroscada; AINES: usados como primeira opção de tratamento clínico para aliviar a dor e a rigidez causadas pela doença e ampliar a capacidade de o paciente realizar exercícios físicos, que são muito importantes à manutenção da postura adequada. Quando a resposta a um esquema inicial na ̃o e ́ adequada, e ́ recomendável prescrever outra classe de AINE. Em alguns casos, quando os sintomas melhoram, a dose do AINE pode ser reduzida progressivamente ao longo de va ́rias semanas e reintroduzida se os sintomas recidivarem. A doenc ̧a pode progredir mesmo sem sintomas; por esta raza ̃o, o me ́dico deve monitorar cuidadosamente esses pacientes, ainda que não estejam utilizando qualquer fa ́rmaco. Existem algumas evide ̂ncias de que o uso contínuo de AINEs reduz o grau de progressa ̃o radiogra ́fica em dois anos; Fármacos antirreumáticos modificadores da doença: esse grupo de fa ́rmacos não tem efica ́cia comprovada como tratamento da doenc ̧a vertebral da espondiloartrite, embora possa produzir alguma melhora moderada da artrite perife ́rica que ocorre em alguns pacientes com esta doenc ̧a. A sulfassalazina usada para tratar doença intestinal inflamatória mostrou-se eficaz como tratamento inicial da espondilite anquilosante com acometimento das articulac ̧ões perife ́ricas. Alguns estudos utilizaram metotrexato para tratar espondilite anquilosante resistente aos AINEs e a ̀ sulfassalazina. Uma metanálise desses estudos na ̃o detectou qualquer efeito bene ́fico atribuível ao metotrexato; Agentes inibidores do fator de necrose tumoral: recomendações: pacientes com espondilite anquilosante confirmada e doenc ̧a em atividade (avaliada por para ̂metros validados) e que não melhorem com um ciclo de tratamento com dois AINEs; Os agentes anti-TNF aprovados (2014) sa ̃o etanercepte, infliximabe, adalimumabe e golimumabe. Estudos realizados com esses fa ́rmacos demonstraram efica ́cia comprovada para atenuar os sintomas e tambe ́m reduzir os marcadores inflamato ́rios (p. ex., HBV e proteína C reativa) nas primeiras semanas depois de iniciar o tratamento. A interrupc ̧a ̃o do tratamento pode causar reativaça ̃o da doenc ̧a depois de vários meses. TTO cirúrgico: A operac ̧a ̃o da coluna vertebral raramente é realizada, a menos que seja necessa ́ria para estabilizar uma área com fratura. Mais comumente, até 5% dos pacientes necessitam de artroplastia total do quadril. Em geral, essa operac ̧a ̃o e ́ bem tolerada, possibilita reduc ̧a ̃o da dor do quadril e aumenta a mobilidade; as próteses duram até 20 anos em 50% dos pacientes. ARTITE REUMATÓIDE É uma doença sistêmica crônica que afeta principalmente a sinóvia resultando em inflamação e proliferação sinoviais, destruição da cartilagem articular e erosão do osso justa-articular destruição e deformidades articulares progressivas; É mais comum em mulheres pode iniciar em qualquer fase porém é mais comum no final dos anos reprodutivos; Em homem começa mais comumente entre a sexta e oitava décadas de vida; Tem uma contribuição genética importante associação mais forte e conhecida é com os alelos dos gene HLA-DRB1 seus variantes que estão associados a AR; Tem uma contribuição epidemiológica com o tabagismo - com aumento da chance de desenvolver artrite reumatoide a partir de 10 anos-maço, mantido mesmo após suspensão do tabagismo por até 20 anos (provoca inflamação e formação de proteínas citrulinadas nos pulmões) e a periodontite (associada a circulação de proteínas dos tecidos periodonticos) AR com positividade para anti-pepitídeos cirtulinados cíclicos (anti-CCP); Pode ter fatores infecciosos (parvovírus, vírus Epstein-Barr, micoplasma, Mycobacterium e bactérias da microbiota intestinal) e hormonais (estrógenos) Achados clínicos Início da doença insidioso de dor, rigidez e edema de várias articulações ao longo de semanas ao meses. Pode ter uma apresentação clinica tão fulminante que o pct não perceba o problema; Pode ser monoartrite ou oligoartrite persistente por períodos longos antes de apresentar o padrão mais típico de acometimento poliarticular; Manifestações articulares Poliartrite simétrica e aditiva, principalmente de mãos e pés [metacarpofalângicas (MCF), interfalângicas proximais (IFP), interfalângicas distais (IFD) e metatarsofalângicas (MTF)], relacionada com rigidez matinal ou depois de períodos longos em repouso; Podem ocorrer sintomas gerais, como fadiga, febre, mialgia e perda de peso; MÃOS: atrofia de interósseos; desvios ulnar de MCF e radial dos punhos; dedo em pescoço de cisne (hiperextensão da IFP + flexão da IFD); dedo em botoeira (flexão da IFP e hiperextensão da IFD); síndrome do túnel do carpo (compressão do n. medial); síndrome do canal de Guyon (compressão do n. ulnar); tenossinovite estenosante (dedo em gatilho); mãos em dorso de camelo; estiloide em tecla de piano (lesão do ligamento colateral ulnar, levando à proeminência da cabeça ulnar e estiloide); e polegares em Z (flexão da MCF e hiperextensão IF) OMBROS: redução da amplitude de movimento e progressão para ombro congelado (capsulite adesiva); COTOVELOS: semiflexão e semipronação; CERVICAL: cervicalgia; instabilidade C1-C2 (tenossinovite do ligamento transverso de C1) com subluxação atlantoaxial e mielopatia cervical; JOELHOS: cisto de Baker (herniação posterior da cápsula), que pode romper e evoluir com clínica semelhante à trombose venosa profunda; deformidades em varo ou valgo; Manifestações extra-articulares Associadas a doença grave, poliarticular, com fator reumatoide positivo e HLADRB1*0401; Em casos raros as manifestações extra-articulares podem começar antes das anormalidades articulares; A maioria dos pcts apresentam fadiga, febre baixa (menor ou igual a 38 graus) e, pode ocorrer também, emagrecimento significativo; A maioria dos pcts não referem história familiar importante; NÓDULOS REUMATOIDES: predominam em zonas de atrito (superfície extensora do antebraço, tendão do calcâneo, ísquio, MTF e flexora dos dedos); RIM: glomerulonefrite mesangial, amiloidose AA (amiloide A) e nefrite intersticial secundária à síndrome de Sjögren ou uso de anti-inflamatórios não esteroides; CARDÍACAS: derrame pericárdico assintomático (50%), aortite, aneurisma de aorta e insuficiência aórtica (dilatação do anel valvar); RESPIRATÓRIA: maioria assintomática. Pode ocorrer doença intersticial com fibrose intersticial em bases [pneumonia intersticial usual (PIU)], nódulos pulmonares, derrame pleural (glicose baixa, desidrogenase lática e proteínas elevadas) e bronquiolite obliterante (rara e grave); OCULAR: síndrome sicca (Sjögren), episclerite (benigna), esclerite (grave), ceratite ulcerativa periférica e escleromalacia perfurante; DOENÇA DE STILL: é uma doença inflamatória sistêmica rara, com apresentação clínica heterogênea. Caracteriza-se por sintomas constitucionais, como febre alta, mialgia e poliartrite, podendo ser um episódio único ou recorrente. O rash rosa- salmão evanescente, queocorre durante os episódios febris, é característico da doença. É possível também o aparecimento de quadros de serosite, linfadenopatia e esplenomegalia, assim como anemia e trombocitose; SÍNDROME DE FELTY: presença de AR associada a esplenomegalia e leucopenia (às custas especialmente de neutropenia), via de regra em uma fase mais tardia de AR destrutiva. Ocorre em menos de 1% dos pacientes com AR, e sua faixa etária predominante é da quinta à sétima década, sendo dois terços dos pacientes do sexo feminino. Apresenta vínculo com HLA DR4, nódulos reumatoides e níveis elevados de FR. Pode vir associada a nódulos subcutâneos, úlceras em membros inferiores (MMII), linfadenopatia, vasculite reumatoide e neuropatia periférica. Tem como diagnóstico diferencial importante a leucemia linfocítica granular (LLG) T. VASCULITE REUMATOIDE: ligada ao FR positivo, tabagismo ativo e doença de longa duração. Pode apresentar-se com neuropatia periférica (acometimento de vasa vasorum), vasculite cutânea (púrpura palpável e úlcera em MMII), vasculite de médios vasos com arterite visceral, mononeurite múltipla, livedo reticular, pioderma gangrenoso, infecção periungueal e necrose de extremidades; Exames complementares Reagentes de fase aguda velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C reativa devem ser solicitados periodicamente para avaliar atividade de doença; FR e o anticorpo antipeptídio citrulinado cíclico (anti-CCP) são mais específicos e servem para o diagnóstico e prognóstico da doença; Exames de imagem são importantes no diagnóstico e na avaliação da progressão de doença; Radiografia de mãos e pés pode mostrar edema de partes moles, osteopenia periarticular, erosões marginais, redução do espaço articular e deformidades. Em alguns casos é possível ver alterações nas radiografias antes mesmo dos sintomas articulares; Ultrassonografia utilizado para o diagnóstico precoce (sinovites subclínicas e/ou erosões) e para instrumento de avaliação de atividade da doença (sinovites com power Doppler positivo); RNM tem alta sensibilidade e pode mostrar edema ósseo (prediz erosão), tenossinovite, erosão e dano à cartilagem; Diagnósticos diferenciais Infecções por parvovírus B19, vírus da imunodeficiência humana (HIV), vírus da hepatite B e C, e rubéola; Outras doenças autoimunes lúpus eritematoso sistêmico (LES), síndrome de Sjögren, polimialgia reumática, espondiloartropatia, artrite psoriásica, hipotireoidismo, sarcoidose e amiloidose podem se apresentar como uma síndrome reumatoide; Critérios classificatórios ACR/EULAR 2010 São aplicados em pacientes com pelo menos uma sinovite clínica não explicada por nenhuma outra doença. É positivo para pontuações ≥ 6; Tratamento TTO não farmacológico educação sobre a doença, cessação do tabagismo, terapias físicas (fisioterapia, reabilitação e terapia ocupacional), infiltração articular e controle de comorbidades (risco cardiovascular e infeccioso); TTO farmacológico uso precoce de medicamento modificador do curso da doença (MMCD) em pacientes recém diagnosticados e sob rígido controle da resposta à terapêutica (tight control), aplicando a estratégia treat-to target alvo do tratamento é a remissão da doença ou baixa atividade em pcts com doença de longa data; Antes d e iniciar o tratamento deve fazer o rastreio infecciosos tb e hepatites. Se teste tuberculínico positivo tratar tb latente c isoniazida por 6 meses e, após 1 mês do início do tratamento pode dar início ao tratamento com o agente biológico; Consultas periódicas (entre 3 e 6 meses) para calcular os índices de atividade da doença e classificar se o pct está em estado de remissão ou com atividade de doença baixa, moderada ou alta resultados comparados com os da consultas anteriores; Recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia de 2017 1º etapa MMCD sintético convencionais 1º fase: metotrexato (MTX) deve ser a primeira escolha terapêutica, se contraindicações optar por leflunomida (LFN) ou sulfassalazina. A hidroxicloroquina pode se tornar a primeira opção em pacientes sem fatores de mau prognóstico (casos leves e com menor risco de apresentar erosões ósseas); 2º fase: caso o pct apresente toxicidade ou falta de resposta em 3 meses ou alvo não for atingido em 6 meses recomenda-se troca ou a associação de MMCD sintéticos convencionais MTX com antimalárico (cloroquina ou hidroxicloroquina) – é a menos utilizada; MTX com sulfassalazina; MTX com antimalárico e sulfassalazina (terapia tríplice); e MTX com LFN. Para minimizar os riscos recomenda-se a redução da dose do 1º medicamento no momento da associação; 2º etapa: após 6 meses, iniciar primeiro biológico em associação com MMCD, de preferência o MTX 3º fase: após 6 meses em uso de dois esquemas terapêuticos diferentes utilizando MMCD sintéticos, e com persistência da atividade de doença moderada ou alta recomenda-se o uso de um MMCD biológico ou do tofacitinibe, sempre em combinação com MTX, sulfassalazina ou LFN. Caso tenha contraindicação absoluta contra os MMCD siuntéticos, recomenda-se a monoterapia com MMCD biológico ou com tofacitinibe; MMCD biológicos disponíveis do SUS: anti-TNF, bloqueador da coestimulação de linfócitos, anti-IL-6 ou sintético alvo-específico; 3º etapa: troca de biológicos em associação com MMCD sintético, preferencialmente o MTX TTO das manifestações extra-articulares Vasculites: - Formas leves (localizadas) ou moderadas: prednisona 20 a 40 mg associada a imunossupressores [como MTX ou azatioprina (AZA)]. Manutenção do tratamento com MTX, AZA ou LFN - Formas graves: pulsoterapia com metilprednisolona 1 g por 3 dias associada à pulsoterapia com ciclofosfamida (CFA), RTX ou anti-TNF. A manutenção pode ser feita com MTX, AZA ou LFN; Nódulos reumatoides: respondem bem ao corticosteroide sistêmico e ao MMCD sintético convencional; ARTRITE SÉPTICA É uma emergência médica, e a demora em estabelecer o diagnóstico e iniciar o tratamento pode causar destruição articular irreversível e aumentar a mortalidade; As bactérias patogênicas têm acesso aos espaços articulares por disseminação hematogenica (mais de 50% dos casos), inoculação direta ou disseminação a partir de focos infecciosos dos ossos ou tecidos moles adjacentes; As infecções cutâneas sejam os fatores predisponentes mais comuns às infecções articulares, a bacteriemia transitória associada às infecções respiratórias, gastrintestinais ou geniturinárias também pode causar artrite séptica; Manifestações clínicas Início súbito de dor, aumento da temperatura local e edema da articulação; Pacientes com doenças reumáticas preexistentes ou imunossupressão, a apresentação clínica é mais insidiosa; Os sinais comuns de artrite séptica são derrames articulares evidentes, hipersensibilidade moderada a grave durante a palpação da articulação afetada e limitação acentuada dos movimentos ativos e passivos; Paciente com artrite monoarticular aguda deve ser considerado portador de artrite séptica, ate ́ que se prove o contrário; Artrite bacteriana não gonocócica é monoarticular em 80 a 90% dos casos, mas o acometimento poliarticular (10 a 20% dos pacientes) esta ́ associado a um coeficiente de mortalidade mais alto; Nos casos típicos, a monoartrite infecciosa acomete joelhos (40 a 50%), quadris (13 a 20%), ombros (10 a 15%), punhos (5 a 8%), tornozelos (6 a 8%), cotovelos (3 a 7%) e pequenas articulações das mãos ou dos pés (5%); Causa febre em 60 a 80% dos casos, embora essas elevações não sejam muito expressivas 20% dos pacientes com febre têm calafrios com tremores, que, em geral, correspondem aos episódios de bacteriemia; Tosse, queixas gastrintestinais ou disúria podem ser sintomas de infecção preexistente; Achados laboratoriais Leucometriade sangue periférico e culturas Contagens de leucócitos do sangue periférico estão elevadas em 2/3 dos pcts; Velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C reativa geralmente estão aumentadas e podem ajudar a monitorar os efeitos do tratamento; 40 a 50% dos pacientes com artrite séptica também têm bacteriemia coletar sangue para realizar hemocultura antes do TTO com ATB; Culturas de espécimes extra-articulares (como secreções respiratórias, cutâneas, gastrintestinais ou geniturinárias) também devem ser realizadas; Análise do líquido sinovial Essencial para o diagnóstico definitivo de artrite séptica; Obtido por uma artrocentese de emergência dirigida por radioscopia, tomografia computadorizada (TC) ou ultrassonografia; Quando há ́ suspeita de infecção das articulações esterno claviculares, do quadril ou do ombro, ou quando os pacientes têm próteses articulares pode-se realizar uma cirurgia aberta para a coleta do líquido e para biópsia ; Artrocentese está́ contraindicada quando a agulha precisa atravessar uma área de celulite, lesões cutâneas profusamente colonizadas (p. ex., placas de psoríase) ou infecção de qualquer tipo. Bacteremia também é uma contraindicação relativa da artrocentese; Exames de imagem Radiografia simples: pouca utilidade no diagnóstico da artrite séptica, mas são obtidas como parte da avaliação inicial e para excluir osteomielite adjacente; em geral demonstram apenas edema dos tecidos moles. Se infecção por E. Coli ou bactérias anaeróbias a radiografia pode apresentar gás dentro da articulação que inda não foi puncionada; TC: para avaliar ou realizar a aspiração das articulações dos quadris e dos ombros e as articulações esterno claviculares; RM: demonstra edema ou abscessos nos tecidos moles adjacentes e pode ser especialmente útil para detectar sacroileíte séptica. Pode detectar erosões ósseas iniciais associadas a osteomielite incipiente adjacente; Cintilografia com gálio: o gálio acumula-se nos locais em que há́ extravasamento de proteínas séricas e leucócitos e a cintilografia com este marcador e ́ mais esclarecedora que a modalidade convencional para diferenciar entre infecção e lesão mecânica; TTO Drenagem: tratamento da artrite não gonocócica séptica requer internação hospitalar para drenagem da articulação infectada. A resposta ao tratamento pode ser avaliada pela monitoração das contagens de células do líquido sinovial e pelos resultados das culturas nos dias subsequentes a internação; ATB: Depois da punção diagnóstica inicial da articulação afetada, os antibióticos intravenosos devem ser administrados imediatamente. O tratamento antibiótico empírico baseia -se nos resultados da coloração inicial pelo Gram ou no quadro clínico sugestivo de artrite bacteriana; Mobilização: exercícios de mobilização passiva para evitar formação de aderências e facilitar a eliminação do exsudato purulento depois da regressão da reação inflamatória aguda. É substituída gradativamente por exercícios de fortalecimento ativo das estruturas periarticulares para ajudar a evitar contraturas articulares; ARTRITE PSORIÁTICA Pode acometer múltiplos sítios, entre eles: pele, unhas, enteses, articulações periféricas e axiais variabilidade da apresentação clínica da doença torna o diagnóstico desafiador; Epidemiologia Mais comum na etnia caucasiana, apresentando distribuição semelhante entre homens e mulheres; Doença de grande impacto psicossocial e na qualidade de vida, estando inclusive associada à queda na produtividade laboral; Manifestações clínicas Iniciam-se 10 anos após as primeiras manifestações da psoríase; em até 15% as manifestações podem iniciar antes ou simultaneamente com o quadro cutâneo; Tem 5 subtipos: - Oligoarticular: acomete no máximo quatro articulações de forma assimétrica; - Poliarticular: afeta cinco ou mais articulações de forma simétrica, semelhante à artrite reumatoide; - Distal: envolve as articulações interfalângicas distais de mãos e pés, em geral acompanha outros subtipos, porém pode ser isolada em até 5% dos casos; - Artrite mutilante: artrite deformante e destrutiva, com importante reabsorção óssea, eventualmente com dedos em telescópio; - Axial: acomete primeiro coluna vertebral e articulações sacroilíacas; Diagnóstico Baseia-se na história clínica e no exame físico; Não existem biomarcadores que consigam predizer com acurácia pacientes que evoluirão com APs; Importante que o diagnóstico seja precoce; Na prática, são utilizados os Critérios Classificatórios para Artrite Psoriásica (CASPAR) TTO Não farmacológico: Para todos os pacientes, recomenda-se: cessar tabagismo, controlar o peso e praticar atividade física melhoram o prognóstico do paciente e a resposta ao tratamento; Farmacológico: - AINE: são sintomáticos, reduzindo dor e edema, porém não atuam modificando o curso natural da doença nem impedem o dano estrutural; - Metotrexato: é aprovado para tratamento de psoríase grave e incapacitante. Essa medicação constitui a primeira linha terapêutica para a doença, podendo ser utilizada em monoterapia ou combinada à terapia biológica. É recomendada efetivamente tanto para a artropatia como para a doença cutânea, apresentando como principais efeitos colaterais hepatotoxicidade e mielotoxicidade; - Leflunomida: é um inibidor da síntese de pirimidinas e atua prevenindo a ativação e a proliferação de células T. Apresenta eficácia no tratamento de manifestações articulares. Sem indicação para controle de doença cutânea ARTRITE REATIVA Artrite subsequente a um quadro infeccioso urinário ou gastrintestinal, muitas vezes sem a identificação do agente etiológico nas articulações afetadas; Manifestações clínicas Oligoartrite assimétrica, que acomete preferencialmente as articulações de membros inferiores (joelhos, tornozelos e metatarsofalângicas), precedida por infecção urogenital ou gastrintestinal em 1 a 6 semanas; Entesite, dactilite, dor alternante em nádegas e lombalgia inflamatória pode ocorrer na apresentação inicial ou com a evolução; A febre e o quadro sistêmico de perda de peso e adinamia (fraqueza muscular); O quadro é autolimitado na maioria das vezes, com resolução espontânea dentro de 6 meses em cerca de metade dos casos e, na grande maioria, dentro de 1 ano; Manifestações extra-articulares Oftalmológicas: conjuntivite, uveíte anterior, episclerite, ceratite; Geniturinárias: disúria, dor pélvica, uretrite, flogose no meato uretral, cervicite, prostatite, salpingooforite e cistite; Gastrintestinais: diarreia e dor abdominal; Cutâneas: úlceras orais indolores, erupções cutâneas, ceratoderma blenorrágico (lesões hiperqueratóticas em mãos e pés, parecidas com as lesões da psoríase pustulosa). Alterações ungueais também são comuns e em muito se assemelham àquelas da psoríase; Cardíacas: são muito incomuns, porém há relatos de doença valvar (principalmente insuficiência aórtica), distúrbios de condução e pericardite; IMPACTO DA AUTOMEDICAÇÃO No Brasil, dados recentes revelam que cerca de 76,4% da população pratica cotidianamente a automedicação, principalmente a partir de indicação de familiares e amigos, mas também a partir de informações encontradas na internet e em anúncios publicitários; No Brasil, a farmácia é vista como uma loja e não como um estabelecimento de promoção à saúde; Um dos perigos da automedicação é a prática comum de aumentar a dose do fármaco por conta própria, ou misturar diversos medicamentos com a intenção de aumentar seus efeitos; Uso de doses inadequadas pode resultar tanto em ineficácia quanto em overdose de fármacos, essa última representando grave risco à saúde; Pode mascarar sintomas de condições mais sérias que necessitam do diagnóstico correto paraserem tratadas adequadamente; Uso indiscriminado de antibióticos pode acarretar no desenvolvimento de resistência por parte dos patógenos, o que aumenta o risco de ineficácia do tratamento em infecções futuras; A publicidade tem um grande impacto para a indústria farmacêutica, que investe muito em anúncios na televisão, revistas e jornais; Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta como uma das causas da automedicação a facilidade de acesso a medicamentos devido ao número elevado de farmácias e drogarias, além de práticas comerciais éticas e legalmente questionáveis cometidas por diversos estabelecimentos;
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