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OSTEOPOROSE Introdução Osteoporose literalmente significa “osso poroso”. É uma doença sistêmica caracterizada por redução da massa óssea, deterioração da microarquitetura e piora na qualidade do osso. Com o aumento da porosidade, os os sos vão ficando cada vez mais fracos e com risco significaô vamente maior de fratura. Essa perda óssea acontece de forma progressiva e pouco sintomá ca. É uma condição crônica, de e ologia mul fatorial e é mais percep vel quando ocorre uma fratura. Pode ser considerado um problema de saúde pública em pra camente todo o munôdo e uma preocupação crescente em virtude da sobrevida da população. As fraturas mais comuns associadas à osteoporose são as de quadril, coluna e punho, sendo que a frequência das 2 primeiras aumenta com a idade tanto em homens como mulheres e são, sem dúvida, mais graves que a de punho. As fraturas estão associadas com algumas compli cações que incluem dores agudas e crônicas, piora da qualidade de vida, incapacidade, maior risco para novas fraturas, aumento da mortalidade e alto custo com os pacientes fraturados. Hoje, essa doença pode ser prevenida e sobretudo pode ser tratada com medicamentos e mudanças no es lo de vida, evitando as fraturas decorrentes dela. A osteoporose afeta aproximadamente 75 milhões de pessoas na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, sendo 1 em cada 3 mulheres acima de 50 anos e 1 em 5 homens. As mulheres apresentam 80% das fraturas de antebraço, 75% das fraturas de úmero, 70% das fraturas do quadril e 58% das fraturas de coluna. Em geral, 61% de todas as fraturas osteoporó cas acontecem em mulheres. Apro ximadamente 75% das fraturas de quadril, coluna e an tebraço distal acontecem em pacientes acima de 65 anos de idade. Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, foi relatado o gasto de 28 milhões de reais com fraturas de quadril por osteoporose no ano de 2004. As esta s cas no Brasil mostram que aproximadamente 10 milhões de pessoas têm osteoporose, sendo que a preva lência de fraturas ao longo da vida é de 37,5% em homens e 21% em mulheres, com a seguinte proporcionalidade: em brancos, 29%, em mes ços, 31%, e em negros, 22%. Apesar de 1 em cada 3 pacientes com fratura de quadril ser diagnos cado como tendo osteoporose, o que já é um número muito inferior ao desejado, apenas 1 em cada 5 recebe algum po de tratamento. Os dados esta s cos brasileiros mais recentes mostram que a incidência de osteoporose de nosso país não parece ser muito diferente da dos Estados Unidos. Avalia-se que 1 em cada 4 mulheres e 1 em cada 8 homens terão osteopo rose e fraturas decorrentes dessa fragilidade óssea. No ano de 2005 ocorreram mais de 2 milhões de fraturas por oste oporose na população dos Estados Unidos. Nos pacientes que veram fratura do quadril, mais de 75% precisaram de cuidados de reabilitação e de enfermagem prolongados. Existe uma projeção para o ano de 2050 de que a in cidência de fratura de quadril no mundo aumentará em 310% nos homens e 240% nas mulheres. Uma fratura prévia aumenta a chance de qualquer nova fratura em 86%. Fisiopatologia O tecido ósseo encontra-se em constante remodela ção. Em condições normais, existe um equilíbrio entre o que é formado e o que é re rado. Após a 3a década de vida, a reabsorção começa a superar a formação. Dessa forma, inicia-se a perda de massa óssea, com osteope nia e, em casos mais graves, com osteoporose. Mulheres perdem de 30 a 40% de seu osso cor cal e 50% do osso trabecular, enquanto os homens perdem de 15 a 20% do osso cor cal e 25 a 30% do trabecular. A osteoporose, atualmente, é classificada como pri mária quando é hereditária e como secundária quando é consequente a fatores ambientais. A osteoporose pós menopausa é considerada primária, pela deficiência es trogênica. A osteoporose senil também pode ser consi derada primária, devida ao envelhecimento do esqueleto e à deficiência de cálcio. Vários fatores podem interferir no metabolismo do osso, levando à osteoporose, inde pendentemente da idade. Os ossos podem ser divididos morfologicamente em 2 pos: trabecular e cor cal. Sua composição molecular é a mesma, mas a disposição de suas células e sua loca lização alteram sua propriedade biomecânica e a veloci dade de remodelação do osso. Funcionalmente, o trabeôcular está mais ligado à função metabólica, enquanto o cor cal é o maior responsável pela resistência mecânica. O grosso e denso arranjo da diáfise dos ossos longos per mite ao osso cor cal maior resistência à flexão e torção, enquanto o osso trabecular permite maior resiliência e absorção de choque. A resistência do osso é dada pelas proteínas colágenas (força de tensão) e pela mineralização do osso osteoide (força de compressão). O osso trabecular em geral é mais a vo metabolicamente e parece responder mais rapidamente à pressão e falta de carga, como visto na imobilização prolongada. O osteoblasto, o osteoclasto e osteócito são as prin cipais células envolvidas na formação e reabsorção do es queleto e, dependendo de sua ação, ocorre mais ou menos formação de massa óssea. Esse é um dos determinantes da resistência do osso. Além dessas células, estão presentes céôlulas de reves mento e componentes orgânicos e inorgâniôcos. As células ósseas não trabalham independentemente umas das outras. Existe um mecanismo interligado de controle para formação, remodelação, crescimento e con solidação de fraturas. A osteoporose é, em essência, uma alteração da remodelação, que tem por obje vo remover o osso que já não está mecanicamente competente. A remodelação é a vada quando existe desuso, deôficiência do hormônio estrógeno, insuficiência de cálcio na dieta, microfraturas e na presença de excesso do hor mônio da para reoide. A a vação é suprimida quando os es mulos contrários aos citados ocorrem: aumento da a vidade mecânica, reposição hormonal, aumento da dieta com cálcio e normalização do paratormônio. A reômodelação acontece na super cie óssea, em quan dade programada. Ocorre em primeiro lugar a a vação dos precursores do osteoclasto, na super cie óssea. Inicia-se a reabsorção por um período de 4 a 5 semanas, forman do uma escavação achatada. Após esse período, ocorre a es mulação do osteoblasto, que preenche essa lacuna deixada pelo osteoclasto, durante 5 a 6 meses Os osteoblastos, que são as células responsáveis pela formação dos ossos, parecem ser também as células que controlam a reabsorção. Eles são responsáveis pela pro dução de paratormonio= estimula a alção dos osteoclastos calcitonina= quando o Ca ta alto= estimula osteoblastos matriz orgânica que é composta por proteínas e polissacárides e que será posteriormente mineralizada. Existem evidências de que, sob influência do hormônio da para reoide e de citoquinas locais, liberam-se mediaôdores que a vam os osteoclastos. Esses osteoblastos se guem um de 3 caminhos: mantêm-se como osteoblastos a vos, transformam-se em osteócitos, ficando rodeados de matriz, ou tornam-se rela vamente ina vos como células de reves mento. Os osteócitos mostraram ser extremamente importan tes nesse mecanismo. Formam cerca de 90% das células ósseas do adulto. Eles são osteoblastos que vão sendo se pultados na própria matriz por eles produzida. Localizam se em espaços ou lacunas, tendo longos processos citoôplasmá cos que se projetam pelos canalículos na matriz e fazem contato com células adjacentes. Por possuírem esses filamentos que se interligam, os ostócitos formam uma sensível rede de células, capaz de detectar as deformações mecânicas sofridas pelos ossos durante os movimentos. Por essa razão, os osteócitos são as células responsáveis pela produção Os osteoclastos são as células responsáveis pela reab sorção dos ossos comandada pelos osteoblastos. Os os teoclastos agem removendo tanto a fase mineral quanto a orgânica do osso, em condições normais e patológicas. A formação e a reabsorção são, portanto, interligadas.O processo de remodelação de osso é regulado por hor mônios, como o PTH (hormônio da para reoide) e faôtores locais como a IL-1 (interleucina) e prostaglandinas. Na infância e na adolescência ocorre maior a vidade dos osteoblastos, por serem fases que necessitam de maior produção de massa óssea. Noventa por cento do cresci mento do osso acontece na adolescência, entre as idades de 10 e 20 anos. Dos 30 anos até o início da menopausa, existe um equilíbrio entre o que é formado e o que é remo vido; após a menopausa, nas mulheres, e após os 65 anos, nos homens, existe um predomínio da ação do osteoclasto, fazendo com que haja maior perda de massa óssea que formação. Enquanto os osteoclastos necessitam de algumas semanas para reabsorver o osso, os osteoblastos precisam de meses para produzir osso novo. Por isso, em todos os processos em que ocorre a aceleração da reabsorção, o resultado é uma perda da massa óssea, no mínimo tem porária, aumentando o risco de fraturas. As células de reves mento são alongadas, achatadas e situadas na super cie das trabéculas. Elas são extrema mente finas e fazem parte do grupo de osteoblastos que permanecem após o final da formação em um sí o de reômodelação. Em geral são ligadas entre si ou aos osteócitos por meio de extensões citoplasmá cas. São algumas vezes chamadas de “osteoblastos em repouso” ou osteócitos de super cie. Quando expostas ao PTH, seu citoplasma se retrai e elas secretam a colagenase ácida, que remove a fina camada de matriz colágena não mineralizada da super cie óssea. Essa ação parece preparar a super cie óssea para a reabsorção pelo osteoclasto. A osteoporose pode ser primária ou secundária, sendo a úl ma, causada pelo uso crônico de algumas medicações ou por doenças que levam à perda óssea.4 A osteo porose primária é a forma mais comum e está associada à menopausa ou o envelheciômento. Discu remos, neste capítulo, a osteoporose pós-menopausa, uma enfermida de que pode ser prevenida e tratada.5 Portanto, é de fundamental o conhecimento da fisiopatologia, do diagnós co e das medidas terapêu cas relacionados a ela. A osteoporose pós-menopausa ocorre geralmente nos primeiros 10 anos após a me nopausa. A deficiência estrogênica é o principal fator responsável pela osteoporose nesse período, entretanto a perda óssea ocorre por meio de vários mecanismos fisiopatológicos nos quais hormônios e citocinas estão envolvidos.6 Como o estrógeno apresenta proprie dades an rreabsor vas, a sua deficiência eleva o nível de reabsorção óssea, processo esse que ocorre pela indução de citocinas responsáveis pela reabsorção, como a interleucina-1, interleucina-6 e fator de necrose tumoral (TNF), além das prostaglandinas. Adicionalmen te, ocorre aumento da relação entre o ligante do receptor a vador do fator nuclear kappa B (RANKL) e a osteoprotegerina (OPG), predominando, assim, a reabsorção óssea.7 Entre os fatores hormonais, a deficiência estrogênica aumenta a sensibilidade do esqueleto à ação reabsor va do paratormônio (PTH). Diminui a disponibilida de de vitamina D, por meio da redução da produção da 1,25-di-hidroxi- vitamina D (l,25(OH)2D) quanto da elevação dos receptores intes nais, resultando em uma me nor absorção de cálcio. A falta do estrógeno também pode provocar queda no índice de reabsorção de cálcio nos túbulos renais.8 Além desse efeito bem documentado do aumento da reabsorção óssea, a deficiência estrogênica induz a diminuição da formação óssea por meio da redução da produção dos fatores de crescimento pelo esqueleto, como também por uma ação direta sobre os osteoblastos. Osteoporose Doença óssea metabólica caracterizada por perda da massa óssea mineralizada, causando aumento da porosidade do esqueleto e susce bilidade a fraturas.30 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a densidade óssea é relatada com base em uma pontuação T, a qual compara a densidade óssea de um adulto saudável de 30 anos à do paciente.30 As Diretrizes para Osteoporose da OMS recomendam o tratamento de mulheres na pós-menopausa e homens com mais de 50 anos de idade, de acordo com as orientações a seguir: •Aqueles com fratura de quadril ou vertebral •Aqueles com pontuação T inferior a –2,5 no colo femoral ou na coluna, após uma avaliação adequada para excluir causas secundárias •Aqueles com probabilidade de fratura de quadril em 10 anos superior a 3% e pontuação T entre –1,0 e –2,5 na coluna ou no colo femoral •Aqueles com probabilidade de fratura importante relacionada com a osteoporose em 10 anos superior a 20%.30 Ainda que a osteoporose possa resultar de diversos distúrbios, está mais frequentemente associada ao processo do envelhecimento. Como a perda óssea mostra uma associação posi va com o avanço da idade, espera-se que a prevalência de osteoporose e baixa massa óssea aumente. A osteoporose é uma doença metabólica do tecido -ósseo, ca-rac-te-rizada por perda gradual de massa óssea, que enfraquece os os-sos por deterioração da sua microarquitetura tecidual, tor-nando-os mais frágeis e susce veis a fraturas. A de-finição de osteoporose está relacionada à alteração dos va-lo-res da densitometria óssea, resultantes da perda de massa. Assim, há os seguintes termos: osteopenia, quando a per--da é de 1 a 2,5 desvios-padrão iden ficados pelo exa-me, e os-teoporose, quando a perda é maior do que 2,5 -desvios-pa-drão. A condição pode ser considerada grave quando, além do critério referido, exis r fratura. As doenças osteometabólicas englobam um grande número de condições clínicas. As situações mais frequentes no consultório do ortopedista em que ocor-re os-teo-penia são a osteoporose e a osteomalacia. A primeira é a -diminuição absoluta da massa óssea, au-mentando o risco de fratu-ra. A osteomalacia é o acúmulo de tecido os-teoide não mi-ne-ralizado no osso trabecular resul-tan-te de limitação da deposição do mineral no tecido. A osteoporose pode ser idiopá ca, situação em que a con-di-ção clínica é denominada osteoporose primária. -Também po-de ocorrer como doença secundária a uma série de condições clínicas, como anor-ma-lidades endócrinas e neoplasias. A osteoporose primária é subdividida em os-teo-po-ro-se pós-menopausa ( po I) e osteoporose senil, re-la-cio--na-da à idade do indivíduo ( po II). A TABELA 28.1 apresenta as diferenças entre os dois -pos. A osteoporose secundária pode ocorrer nas seguintes con-di-ções clínicas: •Hiperpara reoidismo. •Diabetes melito. •Ingestão de cor costeroides. •Menopausa cirúrgica. •Tumores da medula óssea. •Mieloma múl plo. EPIDEMIOLOGIA Nos Estados Unidos, cerca de 1,3 milhão de fraturas por ano são atri-buídas à osteoporose, com o custo de US$ 20 bilhões. As três localizações clássicas para as fraturas os-teo--po-ró- cas são o punho (Colles, extremidade distal dos os-sos do an-tebraço), a coluna vertebral e a região do quadril (fê-mur pro--ximal). O risco de fraturas osteoporó cas depende do se-xo, da raça e da idade do indivíduo. Por exemplo, o risco de -fratura do quadril é de 17% para a mulher branca e de 6% pa-ra o homem branco; 6% para a mu-lhe-r negra e de 3% para o homem negro. Nesse mesmo país, a cada ano, ocorrem em torno de 500 mil -fraturas ver-tebrais e 250 mil fraturas da região do quadril causadas pe-la doença. FATORES DE RISCO PARA A OSTEOPOROSE Gené cos e biológicos •História familiar. •Raça branca. •Escoliose. •Osteogênese imperfeita. •Menopausa precoce. Comportamentais e ambientais •Alcoolismo. •Tabagismo. •Ina vidade e sedentarismo. •Má nutrição. •Baixa ingestão de cálcio. •Amenorreia induzida por excesso de exercícios. •Dieta com alta ingestão de fibras. •Dieta com alta ingestão de fosfatos. •Dieta com alta ingestão de proteínas. Patogênese É pouco definida, mas a maior parte dos dados sugere um desequilíbrio entre a reabsorção e a formação ósseas,de tal modo que a reabsorção excede a formação de osso. Ainda que ambos os fatores sejam capazes de desempenhar um papel na maioria dos casos de osteoporose, sua contribuição rela va para a perda óssea pode variar dependendo da idade, do sexo, da predisposição gené ca, do nível de a vidades e da condição nutricional. A prá ca de exercícios pode prevenir ou adiar o início da osteoporose ao aumentar o pico da densidade da massa óssea (DMO) durante os períodos de crescimento. A nutrição inadequada ou uma diminuição idade-associada na absorção intes nal do cálcio, decorrente da a vação deficiente da vitamina D, pode contribuir para o desenvolvimento de osteoporose especialmente em idosos. Sob condições normais, a massa óssea aumenta de modo estável durante a infância, alcançando o pico durante os anos da fase de adulto jovem. O pico da massa óssea, ou DMO, é um determinante importante do risco subsequente de osteoporose. Em parte, é determinado por fatores gené cos, níveis de estrogênio, prá ca de exercícios, ingestão e absorção de cálcio, e fatores ambientais. Os fatores gené cos estão ligados, em grande parte, à quan dade máxima de osso em cada pessoa, denominada pico de massa óssea. A raça é um determinante importante da DMO e do risco de fraturas. As taxas de incidência entre grupos raciais e étnicos, fornecidas por estudos, demonstram que as mulheres apresentam taxas de fratura mais altas que os homens em geral, no entanto tais diferenças variam de acordo com a raça e a idade. Mulheres brancas e asiá cas apresentaram as taxas mais altas para todas as faixas etárias acima de 50 anos.30 Valores mais altos de DMO e taxas de fraturas mais baixas foram relatados para mulheres negras.30 O tamanho corporal é outro fator que afeta o risco de osteoporose e o risco de fraturas. Mulheres com cons tuições corporais menores apresentam maior risco de fratura de quadril, devido à DMO do quadril mais baixa. Os fatores hormonais desempenham um papel significa vo no desenvolvimento de osteoporose, levando ao desequilíbrio na a vidade dos osteoclastos e osteoblastos, em par cular em mulheres na pós-menopausa.31,32 A osteoporose da pós-menopausa é causada pela deficiência de estrogênio, manifestando-se com perda de osso esponjoso e predisposição a fraturas vertebrais e da porção distal do rádio. A perda de massa óssea é maior no início da menopausa, quando os níveis de estrogênio estão em queda. Diversos fatores parecem influenciar o aumento da perda de massa óssea associada à deficiência de estrogênio. A diminuição dos níveis de estrogênio está associada a um aumento nas citocinas (p. ex., interleucina-1, interleucina-6 e TNF), que es mulam a produção de precursores de osteoclastos. A deficiência de estrogênio também influencia a diferenciação dos osteoclastos via receptores RANK.32 O estrogênio es mula a síntese de OPG e, portanto, inibe a formação de osteoclastos; também diminui a responsividade dos precursores de osteoclastos ao RANK.32 Com a menopausa e a deficiência de estrogênio que a acompanha, essa inibição da produção de osteoclastos se perde.32 Ocorrem a a vidade osteoblás ca compensatória e formação de osso novo, mas esta não corresponde à perda óssea. A deficiência de hormônios sexuais pode contribuir para a perda óssea em homens com osteoporose senil, embora o efeito não seja da mesma magnitude daquele causado pela deficiência de estrogênio. Contrariamente às mulheres, os homens não sofrem uma perda da produção dos hormônios sexuais na meia-idade.33 Outro fator que proporciona uma proteção rela va aos homens é o pico de massa óssea 8 a 10% superior ao das mulheres. Ainda que há muito tempo presuma-se que os androgênios sejam crí cos para o crescimento e a manutenção do esqueleto masculino, os estrogênios ob dos a par r da conversão periférica dos precursores de hormônios tes culares e suprarrenais podem ser ainda mais importantes que os androgênios na manutenção da massa óssea nos homens. As alterações na densidade óssea relacionadas com a idade ocorrem em todas as pessoas e contribuem para o desenvolvimento da osteoporose em ambos os sexos.33 As alterações nas células e na matriz dos ossos relacionadas com a idade apresentam um forte impacto sobre o metabolismo ósseo. Os osteoblastos de idosos apresentam uma redução do potencial de replicação e biossíntese, em comparação àquele das pessoas mais jovens. Os fatores de crescimento que es mulam a a vidade osteoblás ca também perdem seu potencial, com o decorrer do tempo. O resultado é um esqueleto cuja capacidade de sinte zar osso está diminuída. A redução da a vidade sica aumenta a taxa de perda óssea, uma vez que as forças mecânicas são es mulos importantes para o remodelamento ósseo normal. Assim, a diminuição da a vidade sica que usualmente acompanha o envelhecimento também pode contribuir para a perda de massa óssea nos idosos. A osteoporose secundária está associada a muitas condições, incluindo distúrbios endócrinos, distúrbios de má absorção, malignidades, alcoolismo e determinados medicamentos.34 Pessoas com distúrbios endócrinos como hiper reoidismo, hiperpara reoidismo, síndrome de Cushing ou diabetes melito apresentam um maior risco de desenvolver osteoporose. O hiper reoidismo acelera o turnover ósseo. Algumas malignidades (p. ex., mieloma múl plo) secretam fator de a vação de osteoclastos, causando perda óssea significa va. O álcool é um inibidor direto dos osteoblastos e também pode inibir a absorção de cálcio. Os cor costeroides são a causa mais comum de osteoporose relacionada a medicamentos; seu uso a longo prazo no tratamento de distúrbios como artrite reumatoide e doença pulmonar obstru va crônica está associado a uma alta taxa de fraturas. Com o aumento do uso de prednisona e outros medicamentos que atuam como o cor sol no tratamento de muitas doenças inflamatórias e autoimunes, esse po de perda óssea se tornou uma importante preocupação clínica. O uso prolongado de medicamentos que aumentam a excreção de cálcio, como an ácidos contendo alumínio, cor costeroides e an convulsivantes, também está associado à perda óssea. Diversas populações de crianças e adolescentes apresentam risco aumentado de diminuição da massa óssea, incluindo lactentes prematuros e bebês com peso baixo ao nascimento, bebês cuja massa óssea é inferior à esperada nas primeiras semanas de vida, crianças que necessitam de tratamento com medicamentos cor costeroides (p. ex., aquelas com asma, doenças inflamatórias e receptores de transplantes), crianças com fibrose cís ca e crianças portadoras de condições envolvendo hipogonadismo (p. ex., anorexia nervosa e tríade da mulher atleta).35 Crianças com fibrose cís ca costumam apresentar comprome mento da função gastrintes nal, o que reduz a absorção de cálcio e outros nutrientes, e muitas também requerem uso frequente de medicamentos cor costeroides. A osteoporose prematura está sendo observada com uma frequência cada vez maior em mulheres atletas, em consequência do aumento na prevalência de transtornos alimentares e amenorreia.35 Afeta mais frequentemente as mulheres envolvidas em esportes de resistência (p. ex., corrida e natação), em a vidades nas quais a aparência é importante (p. ex., pa nação, mergulho e ginás ca) ou em esportes com categorias de peso (p. ex., hipismo, artes marciais e remo). A tríade da mulher atleta se refere a um padrão de transtornos alimentares que leva à amenorreia e, por fim, à osteoporose. A combinação entre nutrição inadequada e treinamentos intensos pode diminuir a proporção crí ca de gordura corporal-músculo necessária à ocorrência normal das menstruações e para a produção de estrogênio pelo ovário. A diminuição dos níveis de estrogênio combinada à ausência de cálcio e vitamina D das deficiências nutricionais resulta em perda da densidade óssea e aumento do risco de fraturas. Existe uma preocupação de que atletas com DMO baixa apresentarãoum aumento no risco de fraturas durante os anos de compe ção. Não está claro se a osteoporose induzida pela amenorreia é reversível. Estão surgindo dados que confirmam que a presença de apenas um ou dois elementos da tríade aumenta bastante o risco de morbidade a longo prazo nessas mulheres. FA TO R E S Q U E IN T E R F E R E M NA M A S S A Ó S S E A AO LO N G O D A V ID A Q Infância e adolescência A aquisição de massa óssea inicia-se no útero, e a maior parte da deposição de cálcio e fósforo ocorre no terceiro trimestre da gestação. A mineralização óssea normal conô nua na infância e na adolescência e é o resultado de 2 processos, o de modelação e o de remodelação óssea.2 A infância, assim como a puberdade, é um período da vida com intenso crescimento ósseo, pois 90% da massa óssea será formada até o fim da adolescência. Na idade adul ta, após os 30 anos, não existe mais incremento na massa óssea. Portanto, a infância e a adolescência são períodos importantes para a formação óssea e para a prevenção da OP nas pessoas mais idosas.3 Vários fatores podem influenciar a massa óssea. Esses fatores podem ser divididos entre fatores que não podem ser modificados, como sexo, idade, proporção corporal, gené ca e etnia; e fatores que podem ser modificados, como hormônios e hábitos de vida que incluem a vidade sica, tabagismo, consumo de álcool e dieta. A interação dos fatores gené cos, hormonais, ambientais e nutricionais vai influenciar o desenvol vimento do pico de massa óssea na maturidade e a subsequente perda de massa óssea com o envelhecimento. Fatores gené cos A raça e a etnia são fatores de risco não modificáveis para a OP, portanto indivíduos da raça branca e descendentes de asiá cos e hispânicos possuem mais chance de deôsenvolver a doença.5 Um dos fatores de risco mais importantes para a OP é história familiar posi va, o que enfa za a importância da gené ca na patogênese da doença.6 Estudos com gêmeos e famílias com OP mostraram alta hereditariedade da densidade mineral óssea (DMO) e outros determinantes do risco de fratura, como propriedades ultrassonográficas do osso, geometria do esqueleto e tumover ósseo. As fraturas osteôoporó cas também têm um componente hereditário, porém esse componente perde importância com a idade, pois os fatores ambientais, como o risco de queda, assumem relevância maior. A susce bilidade para a OP é governada por muitas variantes genéô cas e sua interação com os fatores ambientais, como a dieta e o exercício. Apesar de um progresso grande na iden ficação de genes e loci que contribuem para a regulação da DMO e das fraturas nos úl mos 15 anos, a maioria das variantes gené cas que regulam esses fenó pos ainda permanece obscura.7 Fatores hormonais Os hormônios sexuais também influenciam a deposição de cálcio nos ossos. Altera ções da puberdade, como puberdade tardia, amenorreia primária ou secundária, são fatores de risco para OP.8 A vidade sica O pico de massa óssea e o metabolismo de cálcio também são influenciados pela a viôdade sica, porém a intensidade de a vidade sica necessária para afetar o desenvolviômento do esqueleto na infância ainda não está bem-estabelecida.9Uma metanálise com 22 estudos mostrou que exercícios que envolvem peso têm efeito posi vo no ganho de massa óssea na infância, principalmente quando realizados no início da puberdade.10 Outro estudo u lizando a tomografia computadorizada quan ta va periférica (TCQP), que permite avaliar com mais detalhes a geometria e a força do osso cor cal, analisou 410 crianças com 10 anos de idade que se submeteram a um programa de a vidades com pesos. Houve aumento da força do osso bial em meninos pré-puberes após um período de 16 meses de avaliação.11 Um estudo recente avaliou 1748 adolescentes com idade média de 15,5 anos por meio de medidas com TCQP da bia e mostrou que a viôdades sicas vigorosas estavam relacionadas com ganho de massa óssea cor cal, porém a vidades sicas leves ou moderadas não mostraram bene cio na massa óssea.9 Nutrição O cálcio é necessário para o crescimento e o desenvolvimento normal do esqueleto. Uma ingestão adequada de cálcio é crí ca para a obtenção do pico de massa óssea e modifica a taxa de perda óssea associada ao envelhecimento. Leite e alimentos derivados do leite são a principal fonte de cálcio da dieta. Os la cínios têm a vantagem adicional de serem boas fontes de proteína e outros micro nutrientes que são importantes para o osso. Outras fontes de cálcio incluem alguns vegetais verdes, como o brócolis, peixes de águas frias como a sardinha e o salmão. Apesar de outros vegetais também possuírem quan dade razoável de cálcio, alguns também contêm substâncias que se ligam ao cálcio, impedindo a sua absorção, como os oxalatos presentes no espinafre e os fitatos presentes no feijão, nos cereais e nos grãos. Deve-se ressaltar que os oxalatos e fitatos somente ligam-se com o cálcio dentro dos alimentos que os contêm, não interferindo em outros alimentos ou bebidas. As bebidas de soja, às vezes chamadas de leite de soja, não contêm grandes quan dades de cálcio, devendo-se u lizar aquelas que são enriquecidas com ele.12 A importância do cálcio alimentar na massa óssea da infância e da adolescência já está bem-estabelecida. Existe preocupação com a proporção de adolescentes, principal mente meninas que não conseguem a ngir os níveis recomendados de cálcio alimenôtar. A suplementação de cálcio na dieta pode ajudar na aquisição de um maior pico de massa óssea e, assim, reduzir o risco de fratura com a idade. Além disso, também ajuda a reduzir o risco de fratura durante a infância, pois as fraturas estão relacionadas com baixa DMO. Um estudo envolvendo 96 meninas adolescentes com baixa ingestão de cálcio que foram suplementadas com citrato de cálcio mostrou que houve melhora da massa óssea, porém o efeito foi perdido após a interrupção da suplementação.13. Outro nutriente de grande importância para a saúde do osso é a vitamina D, que está presente em poucos alimentos, e a principal fonte é a síntese endógena que ocorre quando a pele é exposta aos raios UVB solares. Quando a criança ou o adolescente não tem exposição adequada à luz solar, isso resulta em deficiência de vitamina D, o que causa mineralização inadequada do osso.4 A adolescência parece ser a fase da vida durante as 2 primeiras décadas que tem a maior prevalência de baixos níveis de vitamina D. Níveis severos de deficiência de vitamina D provocam o raqui smo nas crianças, porém níveis moderados de deficiôência, embora não provoquem raqui smo, podem dificultar a obtenção do pico geône camente programado de massa óssea para as crianças. Estudos já demonstraram que graus de insuficiência e deficiência de vitamina D em adolescentes podem causar efeitos adversos na saúde óssea.14 Um estudo de 12 meses de suplementação com vitamina D em 212 meninas adoles centes mostrou aumento na massa óssea do fêmur de 17,2% quando comparado com o grupo placebo.14 D Gestação , Na gestação e na amamentação, ocorrem grandes mudanças na homeostase do cál cio materno e no metabolismo ósseo, a fim de atender à demanda de cálcio para o feto e o recém- nascido. O esqueleto fetal requer 30 g de cálcio durante toda a gesta ção, compensados pelo organismo materno pelo aumento da absorção intes nal de cálcio mediada por diversos fatores. Apesar da controvérsia entre os estudos, aqueles controlados e com dados de pré-gestação mostram diminuição de 4% na DMO da coluna lombar com pouca ou nenhuma alteração em fêmur. A diminuição da DMO ocorre em resposta à transferência de cálcio para o feto em combinação com a di minuição da reabsorção renal de cálcio. Na amamentação, aproximadamente 300 mg a 1 g de cálcio é perdido no leite materno por dia. Em contraste com a gravidez, o fornecimento de cálcio adicional não é compensado pelo aumento na absorção gastrointes nal.15 Após o parto, a maioriados estudos mostra diminuição na DMO relacionada com o tempo de amamentação, sendo pior nas mulheres que amamen tam por períodos maiores que 4 meses; existe, porém, uma recuperação da DMO nos 19 meses pós-parto.16 A gestação e a lactação têm um impacto muito maior quando ocorrem na adolescência, dobrando o risco de OP pós- menopausa mesmo após ajuste para diversos fatores.17 Outro impacto da gestação relacionado com o metabolismo ósseo é a relação entre o nível de vitamina D materno com pré-elampsia severa, duração da gestação e diabetes gestacional, assim como com fatores relacionados com a saúde fetal, como crescimen to ósseo e função cogni va. Os níveis de vitamina D baixos durante a vida intrauterina podem influenciar no aparecimento de diabetes po 1, asma, rinite, composição corôporal, além de outras doenças relacionadas com o imprin ng neonatal.18 Tabagismo O tabagismo materno durante a gestação tem influência nega va no ganho de massa óssea intrauterina. Um estudo avaliou 145 recém-nascidos, por meio de absortometria de raios-X de dupla energia (DEXA) e mostrou associação nega va do tabagismo maôterno com o conteúdo mineral ósseo dos recém-nascidos Idade gestacional Um estudo sueco mostrou que a idade materna avançada (acima de 36 anos) está as sociada à diminuição do pico de massa óssea da coluna lombar em meninos, e um estudo brasileiro também mostrou a associação entre o aumento do risco de fraturas na infância e mulheres que engravidaram com mais idade.20,21 Dieta O cálcio e a vitamina D são fundamentais para o processo de formação óssea. Um estudo com 198 crianças mostrou correlação dos níveis de cálcio do cordão umbilical ao nasci mento com a massa óssea neonatal. Além disso, foi encontrado que 31% das mães apre sentavam insuficiência de vitamina D (11 a 20 mg/dL) no terceiro trimestre de gestação, e 18% apresentavam deficiência (níveis menores que 10 mg/dL). Essas crianças foram acom panhadas, e verificou-se que a massa óssea aos 9 anos era menor no corpo total e na coluna lombar nas crianças cujas mães nham níveis menores de vitamina D na gestação.22 D Vida adulta Álcool O efeito do álcool sobre a massa óssea é ainda bastante controverso, enquanto alguns estu dos mostram diminuição da DMO e maior risco de fratura devido a diversos fatores, como diminuição da absorção intes nal de cálcio; interferência com o metabolismo hepá co da vitamina D, inibição da a vidade dos osteoblastos e alterações hormonais, como o hipoôgonadismo e o hipercor solismo;23 outros estudos demonstram um efeito variável Tabagismo O tabagismo pode levar à reabsorção óssea por meio da alteração do metabolismo do cálcio e da vitamina D. Uma metanálise que avaliou 40753 pacientes envolvidos em 86 estudos mostrou que indivíduos fumantes têm diminuição significa va da massa óssea em relação aos não fumantes. A diferença é maior em homens e nos idosos e está relacionada com o número de cigarros por dia. Além disso, mostrou que a interrupção do tabagismo pode ter efeito benéfico na massa óssea. IMPORTANTE P o rta n to , o ta b a g ism o é co n sid e ra d o u m fa to r de risco in d e p en d en te , re la cio n a d o c o m a in ten sid ad e do co n su m o d iário, que a u m en ta o risco de fra tu ra e que pod e ser p arcialm en te rever do co m a su a in terru p çã o .26 A vidade Física A a vidade sica é importante para melhorar e manter a massa óssea em todas as idaôdes. Alguns estudos mostraram que exercícios específicos na forma de cargas mecâni cas mul direcionais, curtas e repe vas veram o maior ganho na força muscular.27 Dieta Uma dieta rica em cálcio e vitamina D mostrou ser efe va na manutenção da massa óssea e na prevenção da OP. Porém, na prá ca diária, é di cil manter níveis normais de cálcio e vitamina D somente com a alimentação. A suplementação somente de cálôcio teve mínimos efeitos posi vos na DMO. Quando a suplementação foi associada a vitamina D mostrou redução significa va em fraturas e melhora da massa óssea.28 Atualmente, existe uma preocupação com a suplementação de cálcio e o aumento da chance de infarto de miocárdio. Uma recomendação importante é sempre supleômentar a quan dade que a dieta não oferece, pois o aumento de risco cardiovascular não foi visto com o cálcio alimentar.29,30 Alguns fatores como a cafeína e os refrigerantes, apesar de apontados como fatores de risco, carecem de dados que comprovem ou afastem seus efeitos deletérios sobre a massa óssea. A cafeína parece induzir um balanço de cálcio urinário nega vo. O uso de refrigerantes po cola, ricos em fósforo, estão associados à diminuição da absorção de cálcio, ao aumento da calciúria e a menor DMO, principalmente em fêmur, porém as quan dades necessárias para que esses eventos ocorram não estão definidas Achados clínicos e exames complementares História clínica É importante que se faça uma história clínica com pleta, incluindo idade e outros problemas de saúde, meôdicamentos u lizados, história familiar de osteoporose, menarca e menopausa, tabagismo e iden ficação de fraôturas recentes. Exame sico A caracterís ca principal de pacientes com osteopoôrose mais grave ou que já veram várias fraturas verte brais é a diminuição da estatura associada à gibosidade da coluna dorsal e muitas vezes acompanhada de dores ge neralizadas ou miofasciais em coluna cervical e dorsal. Manifestações clínicas As alterações osteoporó cas ocorrem na diáfise e na metáfise dos ossos. Na osteoporose grave, os ossos começam a se assemelhar à estrutura frágil de um vaso de porcelana fina. Ocorrem perda das trabéculas do osso esponjoso e adelgaçamento da cor cal, a ponto de um estresse mínimo causar fraturas. As alterações observadas com a osteoporose são explicadas por dois processos patológicos dis ntos: osteoporose na pós-menopausa e osteoporose senil. Nas mulheres em pós- menopausa, o aumento na a vidade osteoclás ca afeta principalmente os ossos ou as partes dos ossos com uma super cie óssea maior, como o compar mento esponjoso dos corpos vertebrais. As trabéculas osteoporó cas afinam e perdem suas interconexões, levando a microfraturas e possível colapso vertebral. Na osteoporose senil, o córtex osteoporó co está adelgaçado em consequência da reabsorção subperiosteal e endosteal, bem como do alargamento dos sistemas de Havers. Em casos graves, os sistemas de Havers estão tão aumentados que o córtex se assemelha ao osso esponjoso (Figura 49.15). As fraturas de quadril observadas em fases posteriores da vida são mais comumente associadas à osteoporose senil. A osteoporose costuma ser um distúrbio silencioso. Na maioria dos casos, suas primeiras manifestações são as que acompanham uma fratura esquelé ca – fratura vertebral por compressão ou fratura de quadril, pelve, úmero ou de qualquer outro osso (Figura 49.16). As fraturas picamente ocorrem com menos força que o habitual, como em uma mulher na pós-menopausa que esteja em uma área muito movimentada, como o metrô, e é empurrada discretamente pelas pessoas. Nesse caso, a mulher pode sofrer uma fratura como resultado de repe dos empurrões, por várias vezes, quando as pessoas se apoiam nela em meio à movimentação da mul dão entrando e saindo do metrô, comprimindo-α o suficiente. As mulheres que apresentam fraturas são muito mais propensas a outras fraturas que as mulheres da mesma idade sem osteoporose. O acunhamento e o colapso das vértebras causam diminuição da altura da coluna vertebral e cifose, uma condição comumente denominada corcunda da viúva. Em geral, não há sensibilidade óssea generalizada. A dor, quando ocorre, está relacionada com as fraturas. Sintomas sistêmicos como fraqueza e perda de peso sugerem que a osteoporose pode ser causada por uma doença subjacente. Sinais e sintomas A osteoporose é uma doença insidiosa que pode evoluir du-ran--te muitos anos sem qualquer sintoma. É as-sin-to-má ca, a não ser que ocorrafratura. Como referido, as fraturas mais comuns são por compressão vertebral, fra-tura do pu--nho e da região do quadril/fêmur proximal e -fraturas dos arcos costais, da pelve e do úmero. Evidentemente, a manifestação clínica de fratura do corpo vertebral, por compressão, é dor na região dorso-lombar, que piora com o caminhar e com a movimentação do pacien-te, -melhorando com o repouso. As demais fraturas apresentam o quadro clínico de emergência caracterís co de cada uma delas. ATENÇÃO! As fraturas vertebrais podem ser assinto-má-- cas, sobretudo em relação à dor, havendo como queixa a diminuição da altura do pacien-te e a presença de defor-mi--dade vertebral – cifose. As fraturas vertebrais podem ser assinto-má-- cas, sobretudo em relação à dor, havendo como queixa a diminuição da altura do pacien-te e a presença de defor-mi--dade vertebral – cifose. D IA G N Ó S TIC O A história clínica é de grande relevância para a avaliação de uma paciente com suspeita de osteoporose. Recomenda-se que a anamnese seja conduzida visando iden ficar os principais fatores de riscos para essa enfermidade (Tabela 32.1). Adicionalmente, na história clínica, inúmeras doenças consideradas causas secundárias de osteoporose devem ser excluídas. Entretanto, algumas desordens muito prevalentes necessitam de exames laboratoriais para sua exclusão, p. ex., deficiência de vitamina D, hipercalciúôria e hiperpara reoidismo primário. Nesse sen do, alguns exames laboratoriais são recomendados em uma I a avaliação (Tabela 32.2). Caso estejam alterados, os mesmos devem ser repe dos no seguimento, como a dosagem da 25-hidroxivitamina D (25(OH)D) e do cálcio na urina de 24 horas.1 O diagnós co da osteoporose é realizado pela medida da densidade mineral ósôsea (DMO) por meio da técnica de densitometria óssea por dupla emissão de raios X (DXA),11 que é um método não invasivo, preciso, disponível e de baixa radiação. Apeôsar de a DMO medida por DXA explicar apenas entre 66% e 74% da variação da força óssea, em nosso meio, ainda é o exame padrão-ouro para diagnós co da osteoporose, além de também fornecer informação prognós ca da probabilidade de fraturas e ser ú l no monitoramento da DMO em pacientes tratados e não tratados. Os valores da DMO medida por DXA são padronizados como valores de T-score, e Z-score, baseados na variabilidade do desvio padrão (DP) da DMO medida nos pacientes, comparada à média de DMO de uma população de referência. O Z-score é o número do DP abaixo ou acima da média, da DMO, para pessoas da mesma idade. O T-score é o número do DP abaixo da média, da DMO, para adultos jovens, geralmente entre 20 e 40 anos. A osteoporose pós-menopausa é diagnos cada quando o T-score da coluna lomôbar, fêmur total ou colo femoral apresentar resultado igual ou inferior a -2,5, sendo que, em determinadas circunstâncias, o rádio 33% (também chamado de rádio 1/3) pode ser u lizado.12 Outras regiões de interesse do fêmur proximal, incluindo área de Wards e grande trocânter, não devem ser usadas para diagnós co. Valores do T-score entre -1,0 e -2,4 é diagnós co de baixa massa óssea, o qual, quando associado a outros fatores de risco para fraturas, deve ser considerado para medidas preven vas ou terapêu cas Quadro laboratorial Os exames de laboratório são normais na osteoporose. A do-sa-gem da fosfatase alcalina sérica pode ser usada como me-dida de resposta clínica em pacientes que estão em tratamento. No sangue, é possível dosar também: •Hormônio para reoidiano. •Metabólitos da vitamina D. •Eletroforese de proteínas. •Teste de função da reoide. •Testosterona (no homem). Testes bioquímicos na urina: •Calciúria de 24 horas. •Crea nina de 24 horas. •N-telopep deos. Quadro radiográfico Na maioria das situações clínicas, é di cil reconhecer a osteo-po--rose pelo exame radiográfico convencional, desde que não ha-ja fratura até a ocasião do exame. Na ra-diografia simples, deve-se procurar por perda do tra-be-culado ósseo e afi-la-men-to da cor cal óssea. Nos dias atuais, o diagnós co é confirmado pela den-si-to-me-tria ós-sea. A densitometria de dupla energia baseada em raios X é uma técnica eficaz, sendo considerada, co-mo o “padrão- ouro” para a densitometria óssea. As in-dicações para o exame são: •Mulheres com deficiência de estrógeno e -fatores de -risco para osteoporose. •Indivíduos em tratamento prolongado com -glico-cor- -coi-des. •Indivíduos com anormalidades na coluna vertebral. •Indivíduos com hiperpara reoidismo primário. •Controle terapêu co da osteoporose. Biópsia óssea A biópsia óssea é realizada em casos em que seja ne-ces-sá--ria a elucidação de determinada condição do me-tabo-lis--mo -ósseo. Diagnós co A Na onal Osteoporosis Founda on (NOF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) adaptaram o WHO Working Group on Osteoporosis Screening Tool, Fracture Risk Assessment Algorithm (FRAX), para iden ficar a possibilidade de ocorrer fratura de quadril no futuro, dependendo do risco que uma pessoa pode apresentar.30 A avaliação da DMO é mais comumente realizada por absorciometria de raios X de dupla energia (DXA) da coluna e do quadril. A prá ca atual consiste em DXA de quadril total, do colo femoral e da coluna lombar anterior (L1 a L4). O sí o com pontuação mais baixa deve ser u lizado para estabelecer o diagnós co. A determinação da DMO tem se tornado cada vez mais comum para a detecção precoce e a prevenção de fraturas. Em idosos, a medição seriada da altura é outro modo simples de triagem para osteoporose. Um avanço adicional no diagnós co da osteoporose consiste no refinamento dos fatores de risco. O teste da DMO deve ser realizado com base no risco individual da pessoa. A NOF recomendou que todas as mulheres devem realizar uma determinação da DMO aos 65 anos de idade, exceto se apresentarem fatores de risco, implicando na realização mais precoce da triagem.30 Os fatores de risco que podem indicar a necessidade de testes em mulheres mais jovens incluem: Adiamento da menarca (i. e., 15 anos de idade ou mais) •Peso corporal baixo (i. e., < 21 kg/m2 ou 58 kg na menopausa) •Tabagismo atual •Histórico de fraturas após a menopausa (outras além de crânio, osso da face, tornozelo, dedo ou artelho) •Histórico de fratura de quadril em um dos pais.30 Exames de laboratório Antes de iniciar o tratamento é recomendável que se peça a avaliação da função renal, do cálcio sérico e dos níveis de fosfatase alcalina. Deve-se avaliar o hiper reoiôdismo e o hiperpara reoidismo com as dosagens de TSH e PTH. O hiperpara reoidismo pode ser secundário aos baixos níveis de vitamina D ou à ingesta insuficiente de cálcio. Devem ser avaliados os níveis séricos de cálcio, fós foro, fosfatase alcalina e da vitamina D. Exames de imagem O raio X simples é recomendado para se ter uma ideia da integridade do esqueleto ósseo. No entanto, esse exame é pouco sensível, permi ndo apenas a percepção da dimiônuição da densidade óssea quando já ocorreu uma perda de pelo menos 30% de sua massa. A tomografia pode ajuôdar no diagnós co, mas é pouco u lizada por ser cara e não trazer maiores bene cios que outros métodos. Apenas em casos muito especiais pode-se pedir uma biópsia óssea. O exame mais solicitado é a densitometria óssea. Densitometria O exame de densitometria pode fornecer informações importantes sobre a densidade mineral óssea. É o exame mais u lizado e pode ser considerado o padrão-ouro. É importante na detecção da baixa massa óssea e no contro le da evolução em pacientes que já apresentam osteopenia ou osteoporose. Os equipamentos mais modernos podem medir a densidade mineral óssea do esqueleto axial e nas vértebras em menos de 5 minutos. A densitometria emite pouca radiação, sendo bastan te segura e permi ndo que o técnico que faz a aquisição dos dados permaneça na sala do aparelho, sem a necessidade de uso de proteção de chumbo. Considera-se nor mal quando o T-score varia de 0 a -1; osteopenia, quando varia de -1 a -2,5; e osteoporose, quando a massa óssea fica abaixo de -2,5 desvios-padrão. Quedas Um dos maiores problemas no paciente com osteo porose é a queda, cuja consequência é a fratura. Quedas e fraturas são muito comuns em idosos frágeis, que ne cessitam de cuidados domiciliares e internações longas. Várias estratégias têm sido iden ficadas na prevenção das quedas. Aproximadamente 90% das fraturas de quadril são atribuídas às quedas. Diversos fatores modificáveis poôdem interferir nessa esta s ca: casa segura, diminuição da ingesta de álcool, avaliação da acuidade visual, revisão dos medicamentos u lizados (especialmente as drogas psicoaô vas) e controle da pressão sanguínea. Em vários estudos ficou evidente também que a a vidade sica é capaz de diminuir o número de quedas, em especial com exercícios resis dos. A direção da queda e a absorção do impacto são fa tores importantes na prevenção das fraturas. O uso de protetores de quadril pode dissipar as forças sobre o osso, diminuindo o risco de quebrá-lo. T R A T A M E N T O O tratamento da osteoporose deve ser dividido em não farmacológico e farmacológico. D Tratamento não farmacológico Deve ser considerado como parte essencial no mecanismo de prevenção de fraturas e ser ins tuído desde a infância até a senilidade. Esse tratamento requer, muitas vezes, uma mudança no es lo de vida, a qual certamente será benéfica também para a pre venção de outras doenças crônicas.13 Pode ser dividido em: • Nutricional (cálcio e vitamina D). • A vidade sica. • Afastamento de fatores de risco (p. ex., o tabagismo). Nutricional É fundamental que as necessidades diárias de cálcio e vitamina D sejam a ngiôdas, pois uma dieta pobre em cálcio ou a má absorção intes nal desse mineral, muitas vezes devido à hipovitaminose D, induz a um balanço nega vo de cálcio. Isso, por sua vez, es mula a secreção do PTH, levando a um quadro de hiperpaôra reoidismo secundário, ao aumento da reabsorção e a uma consequente perda óssea Cálcio As necessidades diárias de cálcio, de acordo com recentes recomendações para adultos, variam de 700 mg a 1.300 mg,7 conforme Tabela 32.3. Pela Tabela 32.4, é possível verificar que os la cínios representam as maiores fontes de cálcio. Deve ser encorajada a ingestão desse mineral por meio de dieta, principalmente porque o cálcio dos suple mentos comumente apresenta efeitos colaterais. Dentre esses efeitos, os mais frequen tes são a intolerância gástrica e obs pação intes nal. Entretanto, recentemente, al guns estudos relacionaram a presença de eventos cardiovasculares à suplementação de cálcio.14 Sendo assim, o ideal é que se faça um inquérito alimentar para avaliar quanto desse mineral o paciente está ingerindo pela dieta e somente indicar o suplemento quando necessário para a ngir a dose diária recomendada. Entre os suplementos de cálcio disponíveis e mais usados estão: carbonato (40% de cálcio elementar), fosfato (38% de cálcio elementar) e citrato (21% de cálcio elementar). O carbonato é o sal mais usado, pois apresenta a maior porcentagem de cálcio disponível, devendo ser adminis trado após as refeições. O citrato apresenta uma absorção superior, principalmente na presença de hipocloridria ou acloridria, como acontece em idosos e em pacientes com dispepsia ou antecedentes de cirurgia gástrica. Além disso, apresenta menor risco de formação de cálculos renai Vitamina D A vitamina D, por sua vez, apresenta-se em quan dades irrisórias nos alimentos, senôdo o sol a sua maior fonte. A hipovitaminose D tem sido considerada uma epidemia no Brasil e no mundo, e a necessidade de reposição de vitamina D é mandatória para a prevenção e o tratamento da osteoporose.15 Entretanto, ainda existem controvérsias com relação ao valor normal da 25(OH)D, bem como a dose diária recomendada.16 Segundo as novas recomendações, a dose diária de colecalciferol, para adultos, é de 600 UI, e a ingestão máxima diária recomendada, de 4.000 UI, para mulheres com maior chan ce de desenvolver deficiência de vitamina D, p. ex., as obesas e as da raça negra. Na deficiência ou insuficiência de vitamina D (25(OH)D < 30 ng/mL), recomenda-se uma dose semanal de 50.000 UI durante 6 a 8 semanas ou até a ngir o valor desejado A vidade sica IMPORTANTE A a vidade sica tem u m papel im p o rta n te n a prevenção d a o steo p o ro se e ta m b é m n o tra ta m en to coad ju vante qu and o a d oen ça já se in stalo u . O exercício sico m elh o ra equ ilíbrio, fo rça m u scu la r e qu alid ad e de vida. Vários estudos têm demonstrado que exercícios de impacto, treino de força espe cífica, equilíbrio e coordenação podem manter ou aumentar a DMO, como também reduzir a frequência de quedas nos pacientes com risco elevado de fraturas.18 Afastamento de fatores de risco Alguns fatores de risco para osteoporose são modificáveis, como o tabagismo. Fuman tes apresentam uma alta prevalência de baixa DMO e fraturas.19 O tabagismo é um fa tor de risco independente para osteoporose, sendo dose-dependente o efeito nega vo do cigarro e tendo redução quando ocorre a cessação do uso do mesmo Medicamentos Os medicamentos mais u lizados até os dias de hoje podem ser classificados em 2 categorias: aqueles que esô mulam a formação, como a vitamina D e a teripara da, e os os que diminuem a reabsorção, como os estrógenos, os bisfosfonatos, a calcitonina e o cálcio. Vitamina D A vitamina D é hoje considerada uma substância fun damental na prevenção das quedas e na saúde do osso. Ela é responsável por contrarregular o PTH e es mular a absorção do cálcio intes nal e renal. A habilidade da pele em sinte zar a vitamina D dimiônui com a idade. Pode chegar a 90% o número de idosos com deficiência dessa vitamina. Estudos mostram a maior incidência de quedas quando a vitamina está abaixo do normal. Quan dades insuficientes de vitamina D são responsáveis pela baixa absorção de cálcio, hiperpara ôreoidismo secundário e osteoporose. Além disso, tem-se observado maior número de quedas e fraturas, associadas trianngulo terapeutico= exercicio, alimentacao Tratamento farmacológico A terapia farmacológica é indicada nas seguintes situações: • Presença de fraturas osteoporó cas. • DMO demonstrando osteoporose (T-score < -2,5). • Osteopenia/baixa massa óssea associada a um ou mais fatores de risco para osteo porose.21 Em países onde o Fracture risk assessment algorithm (FRAX) está disponível, o seu uso tem sido uma ferramenta importante para avaliar a probabilidade de fratura em um período de 10 anos e, portanto, iden ficar os pacientes com baixa massa óssea que precisam receber tratamento farmacológico.22 O arsenal terapêu co para o tratamento da osteoporose aumentou significa vaômente nas úl mas décadas. Os medicamentos atualmente disponíveis para o trata mento farmacológico da osteoporose são classificados em: agentes an rreab sor vos, como estrógeno, bolona, moduladores sele vos do receptor do estrógeno (SERM), bisfosfonatos; agentes anabólicos, como o PTH, e agentes de ação mista, como o raneôlato de estrôncio (RE). Agentes an rreabsor vos Terapia hormonal (estrógeno) Apesar de controverso, o uso da terapia hormonal (TH), na menopausa, apresenta indicações precisas, principalmente quando associado à prevenção e ao tratamento da osteoporose. Essa terapia inclui a u lização de estrógeno (para mulheres histerectoômizadas) e combinação de estrógeno com progestógeno (em mulheres com útero). As indicações primárias de TH na pós- menopausa incluem, principalmente, os sintomas vasomotores e a atrofia vulvovaginal.23 Em 1990, vários estudos já sinalizavam para o fato de a TH ser capaz de promover ganho de massa óssea, porém nenhum deles havia comprovado redução no risco de fraturas. No início do ano 2000, umgrande estudo, financiado pelo Ins tuto Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH), o Women's Health Ini a ve (WHI), finalmente deômonstrou diminuição do risco de fraturas de colo de fêmur, de vértebra e de punho em mulheres, na pós-menopausa, que u lizaram estrógenos equinos conjugados (EEC) isoôladamente ou em associação com acetato de medroxiprogesterona (AMP). E importante ressaltar que, nesse estudo, ao contrário de outros também de prevenção de osteoporose, a população estudada era mais jovem e com menor prevalência de osteoporose. Desde as publicações do WHI, várias pesquisas têm analisado os efeitos de doses menores de estrógeno no tratamento e na prevenção da osteoporose. Um estudo com doses de 1 mg ou 2 mg de 17-p-estradiol, com a u lização de di- hidrogesterona como progestógeno sequencial, demonstrou que doses reduzidas também são eficazes para a se evitar perda de massa óssea na coluna e no fêmur proximal.24 Outro estudo com parou diferentes doses de EEC (0,625, 0,45 e 0,3 mg) isolados ou em combinação com AMP e demonstrou ganho de massa óssea na coluna lombar e no corpo total e preser vação de massa óssea em colo de fêmur mesmo com doses mais baixas de estrógeno.8 Com relação à u lização de estradiol por via transdérmica, um estudo clássico25 de monstrou ganho de massa óssea com doses tão baixas quanto 0,014 mg/dia. Apesar desses achados, até o momento não existem estudos demonstrando redução do risco de fratura com doses reduzidas, apesar de exis rem tendências bastante favoráveis a isso.26 A u lização da TH por períodos mais longos é uma opção para a prevenção da perda óssea e diminuição do risco de fraturas em mulheres com osteoporose, mesmo assintomá cas, quando outras terapias não são apropriadas ou apresentam efeitos colaterais. Entretanto, a recomendação atual da Sociedade Norte-Americana de Me nopausa (NAMS) é de que as pacientes devam fazer uso da TH com a menor dose efe va e pelo período de tempo mais curto possível.26 Vale ressaltar que essas pacientes necessitam de um acompanhamento individualizado. Tibolona Tibolona é um esteroide sinté co com diferentes propriedades farmacológicas e clíniôcas. Ele atua na redução dos sintomas vasomotores e também na preservação de massa óssea. Seus metabólitos apresentam ações estrogênicas, progestogênicas e androgêni cas.27 Em um estudo randomizado e controlado, mais de 4.500 mulheres entre 60 e 85 anos e com T-score de abaixo de -2,5 foram randomizadas a 1,25 mg de bolona ou placebo e acompanhadas por 34 meses. Radiografia anual de coluna foi u lizada para a verificação de fraturas vertebrais. Houve diminuição da propensão de fratura vertebral em 70 casos versus 126 casos a cada mil pessoas por ano (RR = 0,55; 95% IC 0,41-0,74; P < 0,001) e redução do risco de fraturas não vertebrais em 122 casos versus 166 casos a cada mil pessoas por ano (RR = 0,74; IC 95% 0,58-0,93; P = 0,01).28 Con clusões adicionais desse estudo, além de verificar risco mais baixo de fraturas nessa população, incluíram menor propensão de adquirir câncer de mama (não confirmado em estudos posteriores) e câncer de cólon intes nal, como também maior risco de ocorrer acidente vascular cerebral nessas mulheres com osteoporose Moduladores sele vos do receptor do estrógeno Os SERM têm a habilidade de se ligar ao receptor de estrógeno e são conhecidos por conferir um efeito agonista ou antagonista sobre o tecido alvo. De modo geral, os SERM apresentam o potencial de prevenir a perda de massa óssea aliado à redução do risco de fratura principalmente em região de coluna lombar. O raloxifeno na dose de 60 mg foi o I o SERM aprovado para o tratamento e prevenção da osteo porose e também indicado, nos Estados Unidos, para prevenir câncer de mama em mulheres na pós-menopausa.25 Embora ele tenha demonstrado diminuição do risco de fraturas vertebrais, ele não foi capaz de demonstrar essa mesma efe vidade para fraturas não vertebrais.29,30 Em 2010, um novo SERM foi aprovado para o tratamento da osteoporose: o base doxifeno. Um estudo fase III de eficácia e segurança do basedoxifeno na prevenção de novas fraturas vertebrais (n = 6847) demonstrou uma redução significa va quando comparado ao grupo placebo. Em uma análise post hoc (n = 1.773) em mulheres com alto risco para fraturas, a dose de 20 mg de basedoxifeno foi capaz de reduzir, em 50%, o risco de fraturas não vertebrais.31 A importante novidade com relação ao basedoxi feno é a sua união, em um mesmo comprimido, com um componente estrogênico, Agentes anabólicos Paratormônio O PTH 1-84 (endógeno) e o PTH 1-34 (teripara da) representam as únicas terapias anabólicas disponíveis para o tratamento da osteoporose. Diferente dos an rreabsorô vos, o PTH es mula diretamente a formação óssea, o que resulta em melhora da massa óssea como também da micro arquitetura, incluindo conec vidade trabecular e espessura do osso cor cal.43 No Brasil, somente o teripara da (TPTD) está disponível para o tratamento da osteoporose. Teripara da Os estudos clínicos, com TPTD, em mulheres com osteoporose pós-menopausa de monstraram aumento da DMO e redução do número de novas fraturas vertebrais e não vertebrais, independentemente da idade e DMO iniciais.44 Uma diminuição da incidência de dor lombar e menor redução da estatura também foram demonstradas nos pacientes em tratamento. O PTH tem efeito importante sobre a qualidade e resis tência óssea que não consegue ser mensurado na monitoramento com o a DXA. Estes efeitos benéficos do TPTD na qualidade óssea foram demonstrados em estudos de biopsia óssea, avaliação de micro to mogr afia de raios X (mCT) e tomografia computa dorizada quan ta va periférica (pQCT). O TPTD é indicado para homens e mulheres com alto risco de apresentarem fratu ras relacionadas com: • Osteoporose (fraturas vertebral por compressão, radiológica ou clínica e não vertebrais). • DMO em nível de osteoporose. • DMO com T-score menor ou igual a -3,0 DP, sem fraturas. • Falência ao tratamento com an rreabsor vos (presença de fratura ou perda de DMO) Vários esquemas terapêu cos foram testados com TPTD, na tenta va de o mizar o seu efeito benéfico e também de reduzir custos empregando-o de maneira intermi tente. O uso concomitante com bisfosfonatos somente mostrou ser adi vo quando foi associado ao ácido zoledrônico.45 O esquema cíclico do TPTD, por 3 meses, inter calado com alendronato, o qual foi proposto para ampliar a u lização em nosso meio, ajuda a diminuir os custos do tratamento e pode ser indicado como esquema inicial ou em pacientes que já faziam uso do bisfosfonato.46 Nesse sen do, foi demonstrado que o TPTD pode ser iniciado imediatamente após a suspensão de uma medicação an rreabsor va, sem haver necessidade de um período de espera. É importante res saltar que, após o término do tratamento com TPTD, ocorre uma redução da DMO, a qual pode ser prevenida com bisfosfonatos ou raloxifeno. Portanto, com o obje vo de manter o ganho alcançado com o TPTD, é mandatório o uso dessas medicações logo após os 18 meses de tratamento Agentes de ação mista Ranelato de estrôncio O RE é uma droga an osteoporó ca de ação mista, pois apresenta um efeito an rôreabsor vo e também um efeito anabólico de es mulo para formação óssea, porém em menor intensidade do que o TPTD.47 Essa medicação é administrada por VO, na dose de 2 g/dia. Funciona como um an rreabsor vo, por diminuir a a vação e a ôvidade dos osteoclastos, e como anabólico, por es mular a linhagem osteoblás ca. Acredita-se que esse resultado se deva, ao menos em parte, por sua ação no receptor de sensor de cálcio.48 Esse duplo modo de ação leva a um desequilíbrio na remo delação óssea, favorecendo a formação, com melhora, na DMO. Entretanto, o real mecanismo pelo qual o RE reduz risco de fraturas ainda não foi completamente elucidado Novas opções terapêu cas Entre as novas medicações para tratamento da osteoporose queestarão disponíveis em breve ou que estão em fase III de estudo, encontra-se o denosumab e o odanaca b. Denosumab É um an corpo monoclonal humano do po imunoglobulina IgG2, com alta afinidade e es pecificidade pelo RANKL. Quando o denosumab liga-se ao RANKL, previne a sua interação com o seu receptor específico, o receptor a vador do fator nuclear kappa B (RANK), resul tando em uma diminuição dos osteoclastos e, consequentemente, da reabsorção óssea.53,5 Inibidores da catepsina K A catepsina k é parte da família papaína das proteases cisteína e altamente expressa pelos os teo cias tos a vados. Tem como função degradar o colágeno po I, o maior componenôte da matriz orgânica na lacuna de reabsorção óssea. Os inibidores da catepsina K, entre eles, o odanaca b, que é o mais sele vo, têm sido demonstrados com potente ação an rôreabsor va e, portanto, podem ser considerados uma nova opção para o tratamento da osteoporose.61 Entretanto, a ação an rreabsor va dessa classe não altera o número nem a função dos osteoclastos. Além disso, não foi observada alteração nos marcadores de formação, sugerindo um desacoplamento entre a formação e reabsorção. Os resultados da fase II do estudo clínico do odanaca b, na dose de 50 mcg semanal, demonstraram um aumento significa vo da DMO, uma redução de 50% dos marcadores de reabsorção e nenhuma alteração nos marcadores de formação óssea. Nenhum dado de fratura foi concluído, visto que a fase III desse estudo ainda não foi finalizada
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